Percys POV
Que hotel era aquele? Tinha de tudo! Eu poderia morar ali para sempre, se tivesse dinheiro para isso, é claro. No momento, eu e minha esposa estávamos na piscina, a visita ao Parthenon havia sido maravilhosa e Annabeth não parava de falar em mármore, rocha, colunas, estrutura... Eu parei de ouvir depois de uns quinze minutos. A culpa não é minha, eu tenho TDAH!
Mas tenho que admitir, o templo era mesmo impressionante. Mesmo eu, que não entendo quase nada de arquitetura, fiquei de boca aberta.
- Perseu! Annabeth gritou. Você não está ouvindo nada do que eu estou dizendo, não é?
Opa.
- Claro que estou Respondi, já sabendo que ela não acreditaria. Estava falando sobre o templo.
A Sabidinha levantou uma das sobrancelhas. É, ela tinha vencido. Nessa mesma hora, uma moça veio entregar nossas toalhas. Me parecia um pouco familiar.
Annabeth enrijeceu, lembrei-me de onde conhecia a garota, era a mesma que levara o pedido de comida em nosso primeiro dia aqui.
Ela nos entregou as toalhas, os roupões e virou-se para sair. Antes de fazê-lo, no entanto, encarou-me de um modo assustador, abrindo um sorriso malicioso. Tive que segurar minha esposa para que ela não voasse no pescoço da funcionária.
Quem era aquela garota estranha? Ela não parecia ser normal. Era bonita, muito bonita (não contem para a Annie), mas seu olhar era amedrontador, causava-me arrepios. Não podia ser uma simples mortal, havia algo mais. Meu alerta de monstros estava apitando, eu deveria ter pego Contracorrente e acabado com aquela estranha ali mesmo, mas não o fiz. Antes queria conversar com Annabeth, para saber o que ela achava.

Já era tarde quando voltamos ao quarto, tínhamos tirado o dia para nós. Eu abordaria o assunto Funcionária Maluca apenas quando estivéssemos de fato sozinhos. Não pensei muito sobre isso durante o dia, afinal, se aquela moça era mesmo um monstro, por que esperaria tanto tempo para atacar? Bem, era nisso que eu queria acreditar, pois não me agradava a ideia de ter um ser mitológico atrapalhando a minha lua de mel.
- Annabeth, precisamos conversar. Disse, logo depois de fechar a porta.
- Sim ela respondeu A garota das toalhas, tenho certeza de que ela não é mortal. Passei o dia intrigada com isso. No começo eu não vi...Eu...
- Estava morrendo de ciúmes, então não percebeu que ela era diferente.
- Ah, calado, Cabeça de Alga. Annabeth lançou-me um olhar frio.
Quando eu ia responder as luzes se apagaram. Todas elas. Ouvi gritos vindos de fora.
- Isso é impossível, um hotel como esse deve ter um gerador. Eu falei.
Saquei Contracorrente e Annabeth, sua faca. Tínhamos que sair daquele lugar, algo estava vindo, eu podia sentir.
Saímos pela porta e fomos andando pelos corredores, estava tudo escuro. O mais estranho: as pessoas tinham desaparecido. Agarrei a mão livre de minha esposa, temendo que ela também sumisse.
Não sei por quanto tempo caminhamos, pareceram horas, eu não fazia ideia de onde estava.
De repente, uma luz surgiu no fim de um corredor. Uma sala iluminada estava aberta. Ok, aquilo era muito suspeito. Alguém saiu do aposento e olhou diretamente em meus olhos, era a funcionária esquisita. Com ela estavam mais duas mulheres, ambas muito bonitas.
- É ele! Disse uma delas Minha senhora ficará satisfeita, ela estava louca para conhece-lo.
Estavam falando de mim, é claro, que outro ele podia haver naquele corredor?
- Ei! Quem são vocês e o que querem comigo?
Elas deram risadinhas.
- Vai descobrir. Siga-nos.
As desconhecidas entraram no salão. Eu e a Sabidinha nos entreolhamos, isso estava realmente muito estranho. A garota das toalhas riu, ela percebeu nossa hesitação.
- Não vão conseguir sair daqui, é um labirinto. Não têm escolha.
Annabeth cerrou os olhos, ela odiava ser pega de surpresa. Fomos, então, em direção a luz. O salão era enorme, tinha um estilo da Grécia Antiga que me fez perder o fôlego, os móveis brilhavam com acabamentos de ouro, frutas estavam dispersas pelo cômodo.
Um grupo de vinte mulheres - algumas de túnica, outras vestidas como funcionárias - formava um círculo em torno de uma deusa. Eu soube logo que ela era uma deusa, nem de longe poderia ser confundida com uma mortal, era muito bonita e tinha um brilho dourado.
- Finalmente. Ela sorriu olhando para nós O casal preferido de minha senhora.
- Espera um minuto, está falando de Afrodite? Perguntei, um pouco confuso.
- Ah, sim. A moça sorriu. Estava doida para conhece-los, ou melhor, conhece-lo.
A deusa veio andando até mim, examinando-me dos pés à cabeça, era um pouco constrangedor. Pude sentir minha esposa enrijecendo.
Segurei Contracorrente com mais força, aquela mulher podia ser subordinada de Afrodite, mas algo nela estava errado.
- Ora, ora, vejo porque minha senhora gosta tanto desse herói. Tão bonito... Posso sentir o seu amor por essa menina. Tão jovens e tão apaixonados. Devo dizer que, ao contrário de milady Afrodite, prezo mais pela paixão e pela sedução. O amor... Bem, eu e ele não nos entendemos tão bem.
- Eu sei quem você é Annabeth rosnou. Peitho.
Agora que eu não estava entendendo mais nada mesmo. Peito? Que peito?
- Como assim? Peito? Peito de quem? Annabeth, está maluca?
- Não é peito, idiota. É Peitho. E não desrespeite minha senhora. Disse uma das moças.
- Essa, Percy, é a deusa grega da sedução. Esclareceu minha esposa, que parecia furiosa.
- Sim Peito, digo, Peitho sorriu. Deusa da sedução. Eu queria conhece-lo há muito tempo, Perseu Jackson, estou trabalhando com Afrodite há eras e até hoje não entendo o amor, quando ela me disse que os dois eram o casal mais apaixonado desde Páris e Helena, tive essa ideia.
- Ideia? Perguntei.
- Sim, claro. Os dois vão me ensinar a entender e medir o amor. Isso vai ser interessante.
- Medir o amor? O amor não pode ser medido, Peitho, não entende isso? Annabeth parecia indignada.
- É o que vamos ver.
A deusa estalou os dedos e nossas armas foram pelos ares.
- Ei!
- Vamos começar o experimento. Peitho riu. Você ela apontou para minha esposa. Lá!
Annabeth desapareceu e reapareceu amarrada do outro lado do salão. Tentei correr até ela, mas, de repente, estava preso em uma jaula.
- Não, não, não... Vocês devem estar separados para que a experiência funcione.
- Você é louca! Gritei.
- Talvez um pouquinho... A deusa ponderou.
- Portia, Patricia, vigiem a garota. Eu cuido desse aqui. As outras podem assistir, é claro. Diga-me, Percy, é bom de luta?
Levantei as sobrancelhas. O que aquela deusa louca iria fazer?
Peitho estalou os dedos mais uma vez. Ouvi um sibilo, atrás de mim havia uma dracaena totalmente armada, com armadura, lança e rede.
- A luta vai começar! Peitho riu. Agora, semideus, eu acho melhor devolver sua espada. Lute para me agradar, ou sua garota ali já era.
Esse era o experimento? Eu tinha que lutar contra monstros? Bem, por mim tudo bem, já estava acostumado mesmo...
Percebi que minha espada estava em meu bolço. Destampei Anaklusmos.
A dracaena atacou e eu revidei, ela tentou segurar minha espada com a rede, mas eu já esperava por isso, arranquei a rede de suas mãos, saltei e cortei sua lança. Um giro de Contracorrente e o monstro virou pó. Aquilo foi tão rápido, nem teve graça.
- Chato... Disse Peitho bocejando dramaticamente. Você é bom demais... Eu quero emoção! Talvez esse monstro resolva.
Meu queixo caiu quando vi quem era o novo monstro. Meu velho amigo, o Minotauro. Pelas minhas contas, esse era nosso terceiro encontro, mais um e seria oficial. Ok, brincadeira.