15 Contos Sobre Percabeth escrita por AnnaSun


Capítulo 6
Velhos costumes não mudam nunca


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fofo para vocês. Estou tão feliz com o trailer de O Mar de Monstros que resolvi postar essa fic o mais cedo que consegui.

Ps: obrigada pelos reviews, sem vocês essa fic não seria nada!



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Eles estavam no meio de uma captura da bandeira. Perseu e Annabeth estavam no mesmo time (finalmente!), mas não estavam lutando juntos. Segundo a estratégia da sabidinha, Annabeth e mais alguns filhos de Atena e uns de Apolo iriam vigiar a sua bandeira, enquanto o restante dos semideuses entrariam na batalha fictícia. Percy não estava pra lá de animado com o jogo. Ele havia acordado um pouco mais tarde do que seu horário matinal depois de ficar a noite inteira conversando com Blackjack, o seu amigo pégaso. Ei, não o culpe. A captura da bandeira havia sido surpresa para todos, e ainda mais hoje era domingo. Como Percy poderia adivinhar que ele teria afazeres nesse domingo? Então além de ter dormido pouco, acordar tarde e ir direto para uma batalha, ele iria ficar na equipe de ataque. E Percy parecia mais um zumbi sonâmbulo do que um herói.




Porém com os diversos ataques, quedas e tentativas de cortarem sua cabeça, Percy foi forçado a ficar atento. Um dos filhos de Hermes atacou Percy com seu punhal dourado. A arma de vinte centímetros passou raspando pela sua perna, e mesmo que por baixo do jeans, Percy conseguiu sentir o membro queimar. O oponente rolava e golpeava, e os dois lutavam como os semideuses natos que eram. O filho de Poseidon poderia ter simplesmente tê-lo desarmado, mas nesse jogo, o foco de Percy era encontrar logo a maldita bandeira e terminar o jogo. Ele empurrou o outro semideus para cima de um filho de Apolo do seu time que estava vindo e ele cuidou direitinho do assunto. Percy seguia por entre a floresta se escondendo e se esquivando de golpes que vinham aqui ou acolá.





Depois de mais ou menos uns vinte minutos a procurar, o semideus vê uma grande bandeira vermelha chicoteando com o vento. A começo, ele estava feliz, mas então se lembrou que ninguém deixaria a vitória desprotegida. A resposta apareceu óbvia em sua cabeça quando ele se perguntou quem estaria a sua espera. Onde estaria Clarisse La Rue, afinal? Escondendo aquele tamanho todo em meio às folhas das árvores? Atrás do rochedo perto da bandeira? Como ela pretendia lhe matar?





Percy agarra com mais força o cabo de Contracorrente e junta o pesado escudo ao seu corpo. Lento e atento, ele se aproxima da bandeira. Já esta quase alcançando seu mastro. Não há ninguém. Ele sente a vitória próxima de si, seus dedos sentem o calor do ferro que constitui o mastro quando a valentona sai de dentro da floresta. Uma lança grossa e dourada de metal grego nas mãos e um sorriso cruel no rosto. Percy perde as esperanças.





Sem falar nada, Clarisse avança e rasga boa parte da manga de Percy com a sua arma letal. Não era justo. Antes que tivesse tempo para respirar, pelo menos, Clarisse chuta o peito do meio-sangue e ele cai no chão lamacento. A força da bota de Clarisse o deixa ofegante. Ela ri de sua cara e começa a lhe dirigir ofensas, mas as dela Percy já está acostumado. Todo mundo está.





E é então que ele o vê. Engatinhando sobre os galhos da árvore próxima, pelas costas de Clarisse está Malcolm. Ele é tão silencioso quanto um peixe nadando. E além disso, Malcolm é inteligente, se a monstra virar,ele vai saber como fugir. Esperteza. Essa é uma das características dos filhos de Atena.





– Você não achava que iria ser tão fácil assim não é, Jackson? - Clarisse ri, com um pé ainda sobre o peito de Percy - Achei que burrice tinha limites, ao menos.





Percy olha para Malcolm que também o observa enquanto se movimenta cautelosamente. Clarisse nota que Percy vê algo atrás dela, e ela começa a se virar.





Pensa rápido!





Mas Percy pega sua espada e a finca no pé da semideusa. Clarisse grita e cai para trás praguejando contra Percy. Porém ela logo se levanta e pega sua lança. A garota ainda manca, e está com um ódio supremo do filho de Poseidon, mas não importa. Tudo que ele precisa é tirá-la dalí e dar tempo a Malcolm.





Percy sai correndo do local. O posto de Clarisse era guardar a bandeira mas seu ódio era tanto que ela o acompanhou furiosa atropelando arbustos e tudo que aparecesse pela sua frente.





Eles correm por mais alguns cem metros, e então anunciam um vencedor. Percy se senta encostado em uma árvore para respirar e ter tempo para sorrir. Mas então uma enxurrada de semideuses passam por ele, com elmos vermelhos e azuis. Mas algo parece errado. Por que os semideuses de vermelho comemoram a vitória? Afinal foi Malcolm que...





– Ganhamos de novo, babaca - Clarisse chega até ele. Ela não está ofegante, está apenas arrastando o pé com um pouco de dor em sua expressão - obviamente.





Percy se levanta bruscamente, reerguendo a sua espada e dando passos para trás. Clarisse mesmo com um pé machucado consegue ser letal.





– Do que está falando? Malcolm estava...





– Eu sei onde Malcolm estava, otário. O burro aqui é você. VOCÊ não sabia onde Larcks estava. - Larcks era um dos campistas brutamontes filho de Ares - e a propósito pode baixar seu brinquedo. Não estou com paciência para arrancar cabeças agora.





Clarisse abriu um sorriso torto e foi se afastando, junto com a multidão de semideuses que voltava para o chalé. Mas antes que ela pudesse sumir da vista do semideus, ela voltou-se para ele mais uma vez.





– Ah e se eu fosse você eu iria socorrer sua namoradinha. Larcks fez um bom trabalho com ela.





NÃO! Annabeth!





Percy sai correndo em disparada de volta para o acampamento. Não conseguia pensar em mais nada a não ser em que situações encontraria sua garota na enfermaria. Larcks... Com todo aquele tamanho e braços monstruosamente grandes contra Annabeth, uma menina magrinha e do tamanho de uma formiga comparada ao filho de Ares. É certo que Annabeth é extremamente esperta e inteligente, mas pelo que Clarisse disse...





Percy chacoalha a cabeça tentando afastar a lembrança enquanto empurra meia dúzia de semideuses do seu time. Então ele chega à enfermaria.





E lá está ela, Annabeth.



Mas ela está bem diferente do que ele pensava. Ela está conversando de pé com uma das filhas de Apolo responsável pela Enfermaria. Ela lhe entrega curativos.



Sem hesitar, Percy agarra com força a sua namorada. Que susto!





– Percy? - Annabeth vira a cabeça para ver os olhos cor de mar de Percy. Ela ergue uma sobrancelha.





– Wow, vocês não acham que namorar dentro de um hospital é um pouco exagerado? - pergunta a filha de Apolo, nervosa.





– Eu achei que você... Clarisse disse que... Larcks.





Então uma luz parece se acender na consciência de Annabeth. E de repente Percy nota que ela não está completamente intacta. Uma parte do seu braço esquerdo está enrolado em gaze, que está um pouco vermelha. Mas fora isso, tudo bem.





– Eu e Larcks nos encontramos na frente da bandeira do nosso time. Ele foi mais rápido do que eu imaginei e junto com mais alguns semideuses eles me deixaram para trás. - Ela diz, normalmente - E pegaram a bandeira.





– Achei que você tinha se machucado sério, Annie!





– Como é que é, Perseu? - ela abre um sorriso - está dizendo que não sei me defender?





– Não é isso, é que... - Um novo ferido entra pela porta da enfermaria. Ele está deitado numa maca improvisada. Parece bem, só tem alguns cortes na barriga sangrenta. - É melhor sairmos.





Annabeth assente olhando para o garoto ferido e nós saímos.





Ela me conta como tentou defender a bandeira e como Larcks a machucou. Ela diz que não foi nada sério, só está com o braço um pouco dolorido, mas segundo a filha de Apolo, com os curativos que ela lhe entregou, Annabeth vai melhorar rápido. Agora que está tudo explicado, Percy não sabe se quer ir atrás de Clarisse ou usar esse tempo para conversar com Annabeth.



Durante algumas horas, o casal ficou a conversar sobre a cansativa manhã que tiveram e algumas besteiras. Poucas vezes programavam uma captura da bandeira sob a luz do Sol, mas Percy preferia assim. Havia mais chances de sair vivo.

Annabeth lhe contou que embora tenha sido algo inteligente mandar Malcolm escondido para buscar a bandeira, os integrantes do time vermelho eram e mais fortes, assim derrubavam os oponentes rapidamente sem se ferir até chegar à bandeira, onde juntos conseguiram vencer Annabeth e mais uns poucos semideuses em batalha.

– Não foi justo. Eram mais de dez contra três só - Ela destaca, embora não pareça preocupada. Até lembrar de algo. - Oh meu Zeus, o templo de Hermes!

Annabeth se levanta em um salto do banco de pedra em que estávamos sentados.

– O que? - pergunto.

– O templo de Hermes. Eu deveria ter começado a desenhá-lo a mais de duas horas! Tenho muito trabalho pela frente, Percy.

Ah é. O templo. Desde que Annabeth recebera dos deuses a honra de poder reconstruir o Olimpo, ela se preocupava demais com isso. Já havia feito metade do trabalho e não se dava nem um fim de semana de folga. Todos os dias ela inventava e desenvolvia algo novo e posso dizer com toda a certeza, que tudo estava ficando incrível. Mas algo está errado para Percy.

– Hum, achei que faltava construir o templo de Apolo– Percy comentou, confuso.

Então Annabeth arregalou os olhos e enterrou os dedos com força dentro dos cabelos.

Droga. Porque ele não ficou calado?

– O de Apolo também..!

– Ahh, sabidinha, acalme-se um pou...

– Não dá, cabeça de algas! Eu ainda tenho dois templos para fazer e...

A voz de Annabeth falhou e ela e recostou sua cabeça no peito de Percy com força. Ela a abraçou e beijou sua cabeça.

– Vai dar tudo certo, não se culpe assim.

– Eu não estou me culpando. - ela começou. - Você não imagina como estou feliz, é só que eu tenho muito trabalho a fazer para poder ficar esquecendo.

Ele apoiou seu queixo na cabeça loura de Annabeth e pensou. Eles ficaram em silêncio alguns segundos.

– Eu vou te ajudar.

Annabeth afastou seu corpo e ergueu uma sobrancelha.

– Você?

Percy assentiu com a cabeça e Annabeth riu um pouco.

– Não acho que vá ser uma boa ideia, cabeça de algas.

– Ei, eu mereço essa chance. Posso ser um artista oculto. Posso ser um arquiteto melhor que você, sabidinha. - Percy comentou com um sorriso maldoso.

– Ah é? - Annabeth usou um tom desafiador.

– Sim.

Annabeth suspirou.

– Então ta, artista oculto. Espero você no chalé 6 daqui há dez minutos. Não demore. Temos muita coisa para fazer.

Assim, eles deram um último abraço e se despediram, cada um partindo para o seu chalé. Percy tomou um banho rápido para lavar os ferimentos e tirar o restante da sujeira da Captura da Bandeira. Ele veste uma bermuda cáqui, uma camiseta verde e antes de passarem os dez minutos combinados, ele vai até o chalé de Atena, a mãe olimpiana de Annabeth. Quando a porta abre, Annabeth acena para que a garota da porta deixe Percy entrar, e assim é feito. No fundo do chalé, a sabidinha está sentada em uma cadeira simples porém almofadada prestando muita atenção à detalhes ainda em esboço incompleto de um prédio grande e majestoso, com portões bem feitos e pilares gigantes. Pelo luxo e força que aquele templo exalava, Percy concluiu que Annabeth havia preferido começar fazendo o templo de Apolo, pois o do deus Hermes, com toda certeza seria mais simples.

Ela contava sem fazer barulho, pontos do templo. Media a distância, a área e fazia coisas que Percy nunca nem sonharia conseguir fazer sem se explodir. Por fim ele desejou falar algo para quebrar o silêncio.

– E então... o que eu faço?

Annabeth se silenciou por alguns segundos, ainda contando, mas depois respondeu, sem tirar os olhos do papel.

– Pode apontar estes lápis.

Ela empurrou uma dúzia de lápis de cores e um apontador com a mão livre. Percy olhou fixamente para o material.

– Quero te ajudar a fazer algo mais necessário.

– Isso é necessário. Daqui a pouco eu vou pintar o desenho. - disse Annabeth examinando a sua folha com os dedos.

Percy bufou.

– Acho que sei fazer cálculos também, Annabeth.

Finalmente, os olhos de Annabeth se voltaram para o semideus.

– Então você quer fazer cálculos como esses?

– Eu devo ser capaz, ao menos..

– Percy, capaz você é, claro que é, mas é complicado. Eu passei várias semanas estudando para conseguir obter os resultados e cálculos exatos. Você não vai conseguir assim de primeira. Ninguém conseguiria. - Annabeth olhava fixamente nos olhos verdes de Percy.

– Eu quero tentar.

Annabeth suspirou. Calmamente, ela puxou uma folha branca de cima da mesinha e começou a rabiscá-la. Ela olhava para o desenho e escrevia na folha. Pensava um pouco e escrevia na folha. media algumas coisas de seu chalé (provavelmente como referência) e escrevia na folha. Por fim, ela entregou ao semideus uma folha inteira repleta de contas, letras, números, sinais e símbolos que ele nem sabia que existiam. Percy engoliu em seco.

– Esse é o cálculo da área de uma parte mais rasa do telhado sobre a medida esperada do tamanho do saguão maior com os móveis que estou pensando em colocar e tudo mais. É bem complicado, mas se você quer tentar, senhor sabe tudo, fique a vontade.

Annabeth deu um beijo na bochecha do namorado e voltou para a sua folha.

Percy manteve seus olhos vidrados na folha tentando entender todo aquele jogo algébrico.

Mas que diabos é isso?

Ele pegou um lápis e começou a analisar ainda com mais atenção a folha. Ele respondeu uma primeira parte, depois uma segunda, mas conforme ia resolvendo, mais esquisito ficava o cálculo.

O meio-sangue tentava lembrar-se de coisas que aprendeu na escola parecidas com isso, mas sua memória só trazia notícias piores: ele nunca tinha feito cálculos tão complexos quanto esse.

Vez ou outra, ele conseguia resolver uma operação, mas conforme os minutos foram se passando, ele começou a ficar cansado. Sua cabeça doía de tanto procurar uma resposta, seus ouvidos ardiam por culpa do silêncio e seus olhos pesavam por conta do sono. Dentro de mais alguns minutos, não deu para resistir. A cabeça de Percy se apoiou sobre a mesa e seus pensamentos se esconderam num sono longo e gentil.


Percy abre os olhos assustado ao perceber o que aconteceu. Ele tinha prometido ajudar Annabeth e acabou caindo no sono, deixando ela sozinha. Ele olhou para os lados. Estavam sozinhos no chalé agora. Annabeth ao seu lado havia soltado os longos cabelos loiros e tinha um sorriso gentil no rosto.


– E-eu dormi? - disse o semideus preocupado, porém ainda muito sonolento.

– Dormiu sim, cabeça de algas. Eu disse que o cálculo era complicado.

Percy desviou o olhar para a folha da namorada um pouco constrangido. Então ele notou algo estranho. Annabeth não tinha terminado o seu desenho. Pelo contrário, tinha um outro desenho, bem finalizado e pintado por cima do que antes era um esboço. Percy chegou mais perto e observou o desenho com traços divertidos de um garoto de cabelos escuros usando uma camiseta verde e uma gota de saliva escorrendo pela lateral da sua boca. Sem saber o por quê, Percy sorriu.

– O que é isso? - perguntou.

– É um semideus - Annie respondeu com os olhos brilhando em seu tom cinza e um sorriso gentil. - Um que dorme tentando resolver uma conta matemática e acima de tudo... - ela suspirou - que baba enquanto dorme.


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Notas finais do capítulo

Annabeth não conseguiu se concentrar com aquele babão lindo dormindo do seu lado *--* Ah e tem mais! Não sei se vai ser agora ou não, mas de vez em quando agora vou escrever capítulos com o foco no dia a dia da Annabeth, não só do Percy. Gostaram da ideia? Não esqueçam de comentar o que acharam de tudo, meus amores.



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