15 Contos Sobre Percabeth escrita por AnnaSun


Capítulo 13
Aquela era a sua deixa


Notas iniciais do capítulo

Ooi semideuses! Aqui é a M. Valdez e eu trago para vocês mais um capítulo! Demorei, não foi? Sim, estive em longas semanas de provas e tive que me dedicar por inteiro. Também confesso que tive um certo bloqueio, mas finalmente consegui escrever algo legal para vocês. Então, gostaria de agradecer por todos os reviews lindos que recebi no último capítulo, e mandar um super abraço especial para a Rafa, que me mandou uns dos MP's mais fofos de todos os tempos! Obrigada por tudo, Rafa! ^^

Bom, indo ao assunto, espero que gostem do capítulo!



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De repente, Annabeth acordou com um sobressalto. Seus olhos estavam arregalados e quase não conseguia controlar sua respiração, que ofegava terrivelmente. Era isso.

Grand Canyon. O garoto de um sapato só.

***

– Tem certeza? - Perguntava Malcolm, com a preocupação visível em seu olhos cinzas. Annabeth odiava isso. Odiava ver seus irmãos ou seja lá quem fosse preocupado. Odiava mais ainda saber que aquilo era causado por causa dela – vamos lá, vai ser bom para você.

Ela forçou mais um sorriso no canto dos lábios.

– Estou bem aqui - Por sorte não gaguejou ao dizer aquela mentira óbvia - de verdade, acho melhor você ir lá, Malcolm.

A garota inclinou o corpo para o lado e observou além da janela: Will solace já tocava alguma música em seu violão enquanto a maioria dos campistas acompanhavam o som, comendo alguma coisa, conversando, ou simplesmente observando o crepitar da fogueira, que naquele dia tinha um brilho cinza e baixo. Como refletia o humor dos campistas, Annabeth tinha certeza que não era a única a estar preocupada com o desaparecimento... dele. Na verdade, sabia que todos estavam muito relutantes, mas decidiram fazer a cantoria de sempre apenas para tentar aumentar o ânimo do acampamento. E principalmente, dela mesma.

O tempo inteiro, desde o primeiro dia, tentou soar forte, corajosa e determinada a manter-se fixa nas emoções. Mas não era fácil, e embora Annabeth tivesse vários talentos herdados de sua mãe, atuação não era o melhor deles. Por mais que tentasse parecer firme como uma pedra, todos sabiam que no fundo ela estava se desmanchando como papel molhado. Até então, todos haviam sido muito agradáveis. Ninguém se mostrou duro demais, nem fraco demais, apenas os mesmos de sempre, e Annabeth agradecia. O que menos precisava no momento era pessoas que a chamassem para chorar.

No entanto, seu emocional estava destruído. Ela sentia falta de tudo, dos beijos, dos abraços, da companhia, do rosto, do cheiro, da voz e de todo o resto, mas o que mais a deixava furiosa e ao mesmo tempo desolada, era não ter notícia nenhuma. Não sabia de absolutamente nada e não tinha nenhum tipo de ideia sobre onde poderia estar seu namorado.

O pior de tudo eram as suas ideias... Annabeth sempre adorara ser filha da deusa da sabedoria. Isto significava que sua mente sempre estaria ocupada pensando em coisas como soluções, causas e motivos. Mas no momento, ela odiava ter sua mente tão repleta de pensamentos. O tempo todo estava imaginando como estaria o seu namorado agora e o que lhe poderia ter acontecido. Tinha a sensação de ter uma mão pesada e forte comprimindo o seu coração todas as vezes que pensava no que poderia ter acontecido. Ele poderia ter sido sequestrado pelas forças de Gaia, poderia ter se voltado contra seus amigos e ido embora, poderia ter... não. Annabeth se proibiu de pensar naquele tipo de coisa. A falta dele, o medo de perdê-lo... O sumiço de Percy Jackson a estava matando aos poucos.

Malcolm respirou fundo.

– Não sei se posso ir. Não sabendo que você não está bem.

Annabeth mudou o rumo de seu olhar.

– Mas eu tenho que estar, não é? - ela se aproximou do meio-irmão e segurou suas mãos. Engraçado. Agora ela quem estava lhe dando assistência? - eu preciso que vá. Todos estão lá fora, não é justo que você fique aqui. Além do mais... - sua voz falhou - eu preciso ficar sozinha.

O semideus mudou o peso do corpo para o outro pé.

– Sim, eu entendo, mas tem certeza que...

– Malcolm - Annabeth fechou os olhos e colocou toda a sua força na voz, não podia falhar. Ela respirou fundo - eu preciso enfrentar a ausência de Percy sozinha.

Sim. Aquilo lhe doeu profundamente. a garota sentiu como se uma faca perfurasse seu coração com violência. Mas sabia que era verdade. Por mais que recebesse o apoio de todos, sentia que encontrar o namorado era sua missão. E que acima de tudo, ninguém poderia amenizar a dor que era ficar sem ele.

Por mais que aquilo tivesse machucado, Malcolm pareceu entender. Ele apertou um pouco mais a mão de Annabeth, assentiu relutante e saiu do chalé, com passos lentos.

Assim que seu irmão saiu, a semideusa seguiu de uma janela até a outra, fechando-as. Não pôde deixar de se sentir uma pessoa antipática, dando as costas para tudo que seus amigos lhe fizeram de bom, mas esta era a única forma que tinha para ficar realmente sozinha. Após trancar a última janela ao lado da beliche de uma de suas irmãs, Annabeth correu até sua cama e desabou. Sim, ela literalmente desabou. Aquele era o momento que tinha para sofrer como uma criança. Faziam apenas três noites desde que Percy havia desaparecido, mas cada segundo se arrastava como se fossem anos. Novamente, Annabeth se sentiu como a criança de sete anos que habitava as ruas. Sozinha, perdida, sem saber o que fazer. Por mais que tentasse, não conseguia superar os seus temores. Ela se sentia apenas uma semideusa inútil que não conseguia nem controlar as próprias emoções. Sua cabeça estava uma bagunça e só tinha uma certeza: precisava encontrar Percy.

Ela lembrou-se da última vez que haviam se visto, há três dias atrás. Percy estava como sempre fora. O garoto alegre, bonito e um tanto sarcástico de sempre. Eles estavam dando uma volta pela praia do acampamento, à noite. A cantoria toda já tinha acabado, e como ninguém sentia sono, eles decidiram dar uma volta ao longo do litoral do acampamento. Com lágrimas idiotas se formando em seus olhos, Annabeth relembrou as palavras do namorado.

– Não sei muito bem se gosto dessa ideia - dizia Percy

– Do que está falando? - Annabeth perguntou, fitando a areia em seu caminho enquanto continuava andando de mãos dadas com o garoto.

– Da cantoria - Percy olhava para o horizonte com o cenho franzido.

Annabeth se voltou para ele. Aquilo era sério? Aquele era o único momento normal que tinham no dia e ele estava dizendo que não gostava?

Está brincando, não está?

Percy a olhou, mas não parecia constrangido. Na verdade, estava bem decidido sobre sua opinião. Pelo menos era o que aparentava. Isso deixou Annabeth ainda mais boquiaberta.

– Não. Claro que não - Percy revirou os olhos, mas a semideusa deduziu que aquilo não era para ela - não acho que Cher seja a melhor escolha para tocar em um violão para um bando de jovens. Aquilo foi meio estranho.

Ah. Annabeth não conseguiu evitar uma risada. Então era disso que ele estava falando.

– Ah, certo. Você não gosta de Cher, entendi.

Percy fez uma careta.

– Na verdade não tenho nada contra ela - ele confessou - de vez em quando eu era obrigado a escutar por causa de... argh, Gabe Cheiroso.

Annabeth se voltou para ele e abafou um riso com a palma da mão.

– Seu ex-padrasto escutava Cher?

Percy mirou à sua frente.

– Eu aturava sem problemas. Até ele decidir começar a cantar.

Eles riram, e a noite não poderia ter sido mais perfeita. Eles se beijaram e aproveitaram a ventania fresca do mar um ao lado do outro, certos de que nunca iriam se separar. Certos de que enfrentariam todos os seus problemas juntos e nunca precisariam se render às tristezas que surgiam. Agora, aquela lembrança parecia ser de cem anos atrás.

Annabeth levou a manga da camiseta até os olhos e enxugou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Lembrou do dia anterior: todas as suas tentativas de contatar Percy via mensagem de Íris, a visita que fizera a Sally para contá-la sobre tudo que havia acontecido e o quanto havia buscado soluções para o problema enquanto observava algumas fotografias que guardava no fundo de seu baú de roupas.

No primeiro momento, Annabeth havia pensado que Percy tinha saído para alguma missão secreta, ou algo assim. Depois que questionou Quíron, ambos começaram a desconfiar que algo de errado tinha acontecido. Agora, seu medo era dominante. Podia pensar em milhares de coisas horríveis, mas realmente, não tinha ideia que se concretasse sobre Percy.

Percy... onde está você?

Ela virou-se de lado na cama. Não aguentava mais a dor. Não queria se levantar da cama, não queria fazer mais nada. A semideusa puxou o seu cobertor e afundou a cabeça no travesseiro. Odiava se sentir tão vulnerável, tão frágil. Mas não podia fazer mais nada senão dormir ou chorar.

Uau, imaginou. Nunca havia pensado desta maneira.

Os seus olhos pesavam. Ela não queria. Naquele momento, preferiria rodar o mundo e enfrentar dezenas de Labirintos de Dédalo se fosse preciso para encontrar seu namorado. No entanto, tudo o que podia fazer era dormir e torcer para... torcer para tê-lo de volta.

Sua noite foi tranquila. Pelo menos até o final dela. Annabeth não teve sonhos e dormiu como uma pedra por um bom tempo. Até um certo momento. Foi tão real que ela quase poderia jurar que estava realmente alí.

Em seu sonho, ela corria pelo vale do Grand Canyon. Devia ser muito tarde, pois a Lua estava no alto do céu, e o vento frio era cortante. Ainda assim, a garota parecia desesperada. Suas bochechas estavam sujas de poeira e seu cabelo, rebelde, solto, esvoaçando com o vento. Ela sentia algo frio puxar seus pés, como se uma mão invisível quisesse que ela voltasse. Mas apesar do frio, do cansaço e do medo, Annabeth não queria parar. Seus olhos cinzas continham um brilho feroz de desespero, implorando para se livrarem daquela dor. Obviamente, estava perdida.

A semideusa corria, apostando que estava indo para o lugar certo, mas na sua mente havia uma grande confusão. Ela parava, olhava de um lado para o outro e continuava a correr, como se sua vida dependesse disso. O Grand Canyon estava vazio. Sem turistas, sem guardas nem nada. Provavelmente por causa da hora, mas Annabeth desconfiou que havia algo errado alí.

Ela corria loucamente, quando ao longe, avistou uma luminosidade branca. Parecia uma chance de salvação, um brilho, uma luz no fim do túnel. Mesmo que algo naquele chamado parecesse ser perigoso, a garota correu até ele, pulando pedras e dobrando o que fosse preciso até estar de cara com uma mulher.

Era uma mulher de meia-idade, com um olhar de superioridade e até um pouco de rejeição. Estava envolta em uma túnica branca ao estilo grego, com um cinto de fios de ouro um pouco abaixo da cintura. Seu cabelo, na altura dos ombros, estava repicado e preso com uma tiara de trança, que reforçava sua expressão cruel. Após olhar no fundo daqueles olhos escuros, Annabeth soube exatamente de quem se tratava.

– Hera - disse a garota, já com tristeza na voz por rever a deusa.

A rainha dos deuses assentiu, sem expressão alguma além da de sempre.

– Enfim nos vemos novamente, Annabeth Chase.

Annabeth pôs algumas mechas de cabelo atrás da orelha, evitando-as de atrapalharem sua visão. A garota ofegou.

– O que quer de mim? - perguntou - por que me trouxe aqui?

A menina estava ficando nervosa com aquilo. Foi quando a pergunta que mais queria fazer, surgiu em sua mente. Ela estreitou os olhos e perguntou, lançando um pouco de fúria em sua voz.

– Onde Percy está?

– Você faz perguntas de mais, menina - Hera respondeu, parecendo estranhamente calma.

Se a rainha dos deuses não fosse tão poderosa e não estivesse esvoaçando no ar, Annabeth seria capaz de de dar-lhe um soco. Pelos últimos dias, sofreu como não sofria há tempos, tudo pelo desaparecimento de seu namorado. Agora uma deusa brilhante vinha lhe dizer que ela fazia perguntas demais? Felizmente, Annabeth conteve os impulsos.

– Só pergunto o que eu preciso saber - Annabeth falou - mas você me trouxe aqui por algum motivo, não foi? diga-me.

Por um segundo, Hera olhou para cima. Como se quisesse se certificar de alguma coisa ou apenas apreciar a Lua. Como se tivesse a noite inteira pela frente.

– Sim, é verdade - disse finalmente - eu trago uma notícia para você. Uma notícia sobre... Percy Jackson.

Em um instante, Annabeth quase sentiu seu coração parar. Logo em seguida, ele se acelerou brutalmente, de modo que a semideusa mal conseguia suportar. A força do seu corpo começava a fazer seus membros ficarem doloridos, e suas ideias começaram a enlouquecer em sua cabeça.

A semideusa ficou sem voz.

Hera continuou.

– Ele está bem. Quero dizer, não totalmente bem. Algumas coisas não posso prometer, mas está vivo.

Após ouvir aquilo, Annabeth foi trazida de volta à realidade com um baque.

– Onde ele está? - quase gritando perguntou, com nervosismo em sua voz - me diga onde ele está, eu preciso...

– Grand Canyon - a deusa respondeu, sem nenhum tipo de emoção.

Annabeth estava paralisada. Não podia mais sentir seus músculos.

– Você encontrará a resposta no Grand Canyon, na passarela Skywalk - completou a rainha dos deuses, com seu típico ar de superioridade.

– E-eu... eu poderei encontrá-lo, lá?

– Não vá com tanta sede ao pote, menina. As coisas não serão assim, tão fáceis para você.

Annabeth mal conseguia respirar.

– Eu preciso vê-lo...

– Vamos lá, menina - por um segundo sequer, a luminosidade branca que cercava a deusa pareceu enfraquecer, mas logo voltou ao normal - sabe que eu não tenho nenhum tipo de afeição especial por você ou pelo seu namoradinho filho do deus do mar. Mas se é este o sacrifício que preciso fazer para evitar a total destruição do Monte Olimpo, posso aturá-la um pouco.

Por mais que procurasse, a garota não tinha palavras para usar.

– No entanto - continuou Hera - você sabe tanto quanto eu que não temos muito tempo. Então se quer salvar aquele garoto e começar logo os trabalhos, vai ter que me escutar com calma.

Hera respirou fundo.

– Vá até o Grand Canyon. Procure pelo garoto de um sapato só e você conseguirá, aos poucos, as respostas que precisa.

– O garoto... de um sapato só?

– Exatamente - a deusa confirmou - ele lhe trará as respostas que precisa e será a chave inicial para que possam começar a trabalhar na luta contra Gaia.

O cérebro de Annabeth estava começando a ficar confuso. O garoto de um sapato só, a chave inicial... nada daquilo fazia sentido. Ela chacoalhou a cabeça. Odiava não compreender alguma coisa, mas se quisesse encontrar Percy, precisaria passar por cima do seu orgulho.

– Você não está sendo precisa.

– Não devo ser precisa - respondeu Hera, com um tom rude na voz - mas na hora certa você vai entender. Não gosto de você, mas a escolhi porque sei que não é burra. Apenas siga as minhas instruções e você vai chegar a conclusão certa.

Annabeth assentiu, ainda um pouco confusa, mas precisava confiar naquela deusa. Não tinha outra opção senão tentar. Ela levantou a cabeça e encarou Hera, que a olhava cada vez mais profundamente, como se buscasse alguma coisa no interior da semideusa.

– Uma grande guerra está por vir, Annabeth Chase. Os olimpianos estão com poucas chances de vitória, mas acredito eu que a vossa união possa ser um fator forte desta vez. Siga em frente. Vá até o seu limite. Una os acampamentos e lutem em nosso favor. Também não se esqueça que ninguém mais lhe pedirá isso. Então atenda.

Vossa união, una os acampamentos. Ótimo, pensou Annabeth. Mais charadas.

Hera olhou para o céu mais uma vez, um brilho de preocupação em seus olhos mostrou para Annabeth que ela não estava apenas admirando a Lua.

– Agora eu preciso ir, semideusa - a rainha dos deuses e das vacas falou, firme - não tema as suas missões. Não desaponte o Olimpo. Muitas coisas estão em sua mão agora. O fim ou a salvação do mundo... você fará parte disso.

Hera ergueu ainda mais a cabeça e seu brilho começou a ficar forte, tão forte que Annabeth precisou tapar parte da visão com a mão.

– Mas... - começou a protestar, mas era tarde de mais. A deusa estalou os dedos e o sonho chegou ao fim.

De repente, Annabeth acordou com um sobressalto. Já era manhã, seus olhos estavam arregalados e quase não conseguia controlar sua respiração, que ofegava terrivelmente. Todo aquele sonho... Hera, os avisos, tudo. Era uma mensagem. Annabeth mal conseguia pensar direito, mas tinha uma certeza. Era isso.

Grand Canyon. O garoto de um sapato só. Aquela era a sua deixa.


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Notas finais do capítulo

E então? Me digam o que acharam, sim? Perceberam que eu detalhei uma cena de O Herói Perdido? :B
Não deixem de enviar as suas opiniões sobre o capítulo, sobre a fic e tudo mais. Também estou aberta a sugestões e sintam-se à vontade se quiserem mandar alguma pergunta pessoal, ok? De coração, obrigada por tudo gente ♥ Ah, e mandam mensagens também, viu? Façam dessa simples escritora uma semideusa feliz :P

Mais uma coisa... Feliz Percy Jackson Day! Sim, eu sei, o dia só é amanhã (sábado dia 21 de dezembro), mas como não postarei amanhã, aproveitem bem o sábado e o final de semana. Amo muito vocês, amores!