Erick carregou Sophie para o carro ainda desacordada, estava muito preocupado com ela. Ian foi até o altar do templo pegar a mochila de Erick.

– Ian! – Gritou Uriel. – Me deixe sair daqui.

Ian olhou para Uriel com ar inocente.

– Desculpe Uriel, mas foi Erick quem despejou o sangue, apenas ele pode te libertar. – Disse ele.

– Maldito seja aquele anjo! – Berrou.

– Sabe para um arcanjo mulher, você é muito boca suja Uriel. – Falou Ian.

Uriel sorriu torto, Ian estava zombando dela. Ele era mesmo lindo, pensou Uriel. O hospedeiro de Ian refletia perfeitamente o anjo que um dia conhecera e que agora era um demônio. Ela não se importara com o fato dele ter se tornado um demônio, ela inda o amava.

– Ian eu te amo, por favor, não me deixe aqui. – Disse ela.

Ian se aproximou dela. Sempre soube que era observado por alguém no céu, mas nunca soube quem era.

– Me desculpe, mas não posso retribuir esse amor. Eu amo Sophie. – Disse Ian.

– Eu não entendo, Ian, ela ama o Anjo. – Disse Uriel. - Está claro no modo como eles se olham e se comportam.

– Não importa quem ela ame, o que importa é que eu amo ela e a protegerei sempre. – Disse Ian.

– Não é justo, ela é egoísta, sem graça e é filha de Lúcifer. – Disse Uriel como uma criança mimada.

– Você Uriel, nunca chegará perto da mulher que Sophie é. Ela morreria por mim e por Erick. – Disse Ian dando as costas a Uriel e caminhando em direção à saída.

– Eu matarei todos vocês! – Gritou Uriel.

Ian nem sequer olhou para trás e saiu do templo. Erick esperava-o com Sophie ainda desacordada. Eles o salvaram mais uma vez, pensou Ian. Sophie fora torturada no lugar dele e Erick tentou impedi-lo de fazer a coisa errada. Sim, eles se tornaram fortes juntos. Sophie precisava deles. Um precisava do outro.

– Você demorou. – Disse Erick.

– É difícil ser tão irresistível e ter que lidar com uma arcanja apaixonada. – Disse Ian sorrindo torto para Erick.

– Sim, claro, senhor irresistível, temos que arranjar um lugar para ficarmos até Sophie se recuperar. – Disse Erick.

Eles entraram no carro e pegaram a estrada. Demorou algumas horas para Ian encontrar um local bom e seguro para que Sophie pudesse descansar.

Pararam em uma casa isolada, mas ainda estava em bom estado. Parecia inabitada, mas eles decidiram que não ficariam muito tempo. O interior não era ruim, mas também não era algo muito atraente. Daria para descansar, pensou Ian.

Erick entrou na casa carregando Sophie e com a mesma expressão preocupada que sempre usava quando algo de ruim acontecia com ela.

– Cuide dela, preciso fazer uma coisa. – Disse Ian.

– Não Ian, dessa vez eu vou pegar a comida. – Disse Erick.

Ian fez que não com a cabeça.

– Não é isso que irei fazer. – Falou.

Erick o encarou. Ele sabia que Ian não faria nada estúpido, mas tinha suas dúvidas.

– Ian, tome cuidado. – Disse Erick.

Ian olhou para Sophie. Ele não faria nada errado ou estúpido que comprometesse a vida dela, mas poderia fazer algo estúpido que comprometa sua vida, pensou. Ele olhou para Erick.

– Não farei. – Disse Ian.

Sophie acordou desorientada, não sabia onde estava, tampouco conseguia enxergar direito. Demorou alguns minutos até que seus olhos conseguissem se abrir e sua visão clarear. Erick estava dormindo sentado no chão e encostado no sofá. Ele parecia muito calmo dormindo, como se nada nem ninguém o aborrecesse. Como se tudo o que eles passaram fosse apenas uma lembrança ruim quase esquecida. Sophie controlou o crescente desejo de passar suas mão nos cabelos de Erick e acordá-lo.

Ela olhou envolta da sala e percebeu que Ian não estava lá. O primeiro pensamento que lhe veio à mente foi dele e Uriel juntos, mas isso era impossível. Só Erick poderia tirar Uriel da armadilha. Onde ele estava? Perguntou-se.

Ela ficou repousando no sofá perdida em seus pensamentos até Erick acordar e dar de cara com uma Sophie pensativa olhando para ele. Erick se assustou com aquilo.

– Me assustou Sophie. – Disse ele. – Não me olhe desse jeito.

– Me desculpe, de que jeito? – Perguntou ela.

– Desse jeito. – Disse ele imitando ela. – Parece até filme de terror quando o assassino fica olhando a vítima dormir antes de matá-la.

– Eu não estava te olhando assim. – Disse Sophie na defensiva. – Espera, anjos assistem filmes de terror?

– Eu assisti alguns, mas não me lembro dos nomes deles. – Disse Erick.

Sophie se levantou do sofá.

– Onde está Ian? – Perguntou ela.

– Saiu. – Foi a resposta de Erick.

– Isso eu sei gênio. – Disse ela. – Para onde ele foi?

Erick deu de ombros. Ele estava tentando parecer indiferente para ela não se preocupar, mas não estava funcionando. Ele podia ver isso em seus olhos.

– Eu não sei Sophie, ele pode ter ido pegar comida. – Mentiu Erick.

Sophie desconfiou. Erick estava mentindo para ela, percebeu.

– Me diga a verdade Erick. – Disse ela. – Anjos mentem muito mal.

– Ele não me falou para onde ia. – Disse Erick. – Tenho medo que ele faça alguma besteira.

Algumas horas se passaram e Ian ainda não havia retornado. Sophie já estava entrando em pânico. Erick confiava em seu amigo, mas Ian era muito impulsivo e poderia muito bem se meter em encrenca. Ou pior, se meter em encrenca com o diabo.

Erick e Sophie ouviram um barulho perto da porta de entrada da casa. Era Ian, ele voltara vivo, mas estava com uma bela mancha roxa no ombro direito. O que aconteceu dessa vez? Perguntou-se Sophie.

– Onde esteve? – Perguntou Erick.

– Fui conseguir isso. – Disse Ian mostrando uma lata cheia de sangue de arcanjo.

Erick pegou a lata e a examinou.

– Onde, como e com quem você conseguiu isso? – Perguntou Erick.

– Calma Erick, Ele deve ter ido em algum dos templos que passamos e retirou o sangue de um dos arcanjos que estão presos. - Disse Sophie.

– Não Sophie, acho que esquecei de contar, mas para o sangue de arcanjo funcionar, ele deve ser dado por espontânea vontade de um arcanjo.

– Certo, então como conseguiu Ian? - Perguntou Sophie.

– Com nosso amigo Miguel. – Respondeu Ian.

– Como fez para Miguel te dar isso?

– Fiz uma troca. – Respondeu Ian.

Erick e Sophie se olharam.

– O que você trocou? – Perguntou Erick.

– Minha alma. – Respondeu Ian.

Sophie não entendera. Demônios tinham almas? E para que um arcanjo iria querer a alma de Ian?

– Você tem alma? – Perguntou Sophie.

Ela olhou para Ian esperando uma resposta, mas a resposta veio de Erick.

– Todo ser tem alma Sophie. – Disse Erick. – Até os demônios, mas Ian, por que Miguel quer sua alma?

Ian deu de ombros.

– Talvez a ache sexy. – Disse Ian.

– Eu estou falando sério Ian. – Disse Erick. – Trocar a alma é uma coisa muito séria. Você irá pertencer ao Miguel agora.

– Calma aí, eu ainda não pertenço a ninguém. – Disse Ian. – Ele me deu três meses. Temos que derrotar Lúcifer logo.

– E recuperaremos sua alma. – Disse Sophie.

Ian e Erick olharam para ela.

– Se derrotarmos Lúcifer, recuperar sua alma vai ser fácil. – Disse ela. – Iremos recuperar sua liberdade Ian.

– Mas temos apenas três meses. – Disse Erick.

– Nós vamos conseguir. – Falou Sophie encarando o anjo. – Agora temos mais sangue.

Sophie olhou para Ian.

– Onde conseguiu essa mancha? – Perguntou ela.

– Miguel não gosta que o chame.– Respondeu ele.

– Bem – Disse Erick. – Dessa vez você mereceu.