Sophie adormecera no banco de trás do carro. Estava muito cansada e usar seus poderes a deixara mais cansada ainda.

Erick também adormecera. Ian continuava acordado dirigindo. Eles estavam indo bem, já conseguiram dois dos sete selos, mas Ian estava preocupado. Lúcifer ainda não fora atrás deles. Por quê? Perguntou-se.

Claro que ele mandara Beatriz e Max, mas ele sabia que não seria o bastante. Por que ele ainda não viera atrás de deles? Ian queria saber. Talvez Lúcifer esteja tramando algo grande. Ele só não sabia o que era. Será que ele já percebeu que eles estavam atrás dos selos?

Sophie estava inconsciente. Seu sonho começara com o rosto de Erick, mas seus olhos eram de Ian. Azuis celestiais. Sophie era completamente apaixonada pelos olhos de Ian, ela só se perguntava se eram apenas os olhos. Claro que não era. Em seu sonho ela admitia. Ela amava Ian. E amava Erick igualmente. Mas não poderia ficar com nenhum dos dois. Que ironia. No meio de seu devaneio seu sonho começou a mudar. Ela está em uma sala escura. Uma sala não, um templo, pequeno. Sophie se encontrava bem no meio do altar do templo. Suas mãos estavam amarradas e ela estava em pânico. O que estava acontecendo? Uma forma começa a sair do meio das sombras. Era Lúcifer. Seus olhos vermelhos brilhavam de prazer de ver Sophie presa no altar pronta para ser morta. Sophie via a maldade nos olhos de Lúcifer, tão clara como água. Os olhos dele não passavam de chamas.

Ele caminhou até Sophie e estendeu seu braço para tocá-la. Ela gritou e acordou. Estava soando frio.

Erick acordara com o grito de Sophie.

– O que houve? – Perguntou ele sonolento.

– Sophie. Por que gritou? – Perguntou Ian.

Ela não respondeu. Estava tremendo e soando frio. Ela tentou, mas não encontrou sua voz. Erick pulou para o banco de trás ao lado de Sophie e pôs uma mão em sua testa. Ela estava queimando.

– Precisamos parar Ian. Já estamos a muito tempo na estrada. – Disse Erick. – Sophie está ardendo em febre.

– Arranjarei um local para ficarmos. – Disse Ian.

Erick embalou Sophie em seus braços. Ela ficaria bem, ele prometeu a si mesmo. Tudo ficaria bem. Era apenas uma febre.

Ian não gostara do que via. Sophie estava tão fraca e vulnerável, ele queria estar ao lado dela ajudando-a, mas Erick chegara primeiro.

Sophie tremia nos Braços de Erick.

– Por favor, Ian. Pare em qualquer lugar. Eu preciso de ar. – Disse Sophie com a voz fraca.

Ian olhou para ela. Seu rosto estava branco como de um fantasma. Ian parou em uma área que não era habitada e tampouco havia construções. Eles teriam que acampar. Mas não seria problema. Conhecendo bem Erick, ele teria tudo que seria preciso para curar Sophie.

Como Ian havia imaginado, Erick tinha sacos de dormir e remédios mortais em sua mochila. Ele estendeu um saco de dormir no chão para que Sophie pudesse se deitar.

– Por que ela está assim Erick? Isso é normal nos mortais? – Perguntou Ian.

– Uma febre de trinta e sete graus é uma coisa normal, mas Sophie está acima de setenta graus. – Disse Erick retirando o termômetro que colocara de baixo do braço de Sophie.

Sophie continuava branca o que os preocupou mais.

– Minha pele está queimando. – Disse Sophie.

– Não use mais os seus poderes. – Falou Erick. – Seus poderes são uma ligação que você tem com Lúcifer. Quando você os utiliza Lúcifer fica mais próximo de você a ponto de poder entrar na sua cabeça. Essa queimação, deve ser ele.

Sophie lembrou-se de seu sonho e estremeceu. Lúcifer a fizera ver aquelas imagens.

– Sophie, você precisa controlar sua mente. Pensar em coisas que ama. Esquece as que te intimidam. – Disse Erick sentando-se ao lado de Sophie.

Sophie tentou pensar em seus pais, ou quem um dia ela achou que eram seus pais. Tentou pensar nas piadas de Erick. No sorriso torto de Ian.

A queimação parou pouco a pouco. Seu corpo admitira que estava apaixonada. Por um anjo e por um demônio. Que triste, pensou Sophie. Não poder ter aquilo que quer, porque aquilo que quer é errado. A cor voltara para o rosto de Sophie. Estava parecendo gente outra vez, pensou Ian.

– Sophie, não sei o que você pensou, mas funcionou. – Disse Erick.

– Sim, olhe, ela até está corada. – Disse Ian fazendo Sophie corar ainda mais.

– Vamos descansar, amanhã retornaremos para a estrada. – Disse Erick se deitando. – Temos que prender um arcanjo.

– Quem é o próximo? – Perguntou Sophie.

– Uriel o arcanjo da paz e harmonia. – Respondeu Erick. – Vamos para o Templo da Alegria.

– Onde fica? – Perguntou Ian.

Pelo rosto de Erick, Ian soube que eles passariam o dia e um pouco mais na estrada.

– Fica em Cuba. – Respondeu Erick.

Ian estava certo. Uma longa viagem vinha pela frente.