Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 7
Alvo das Preocupações




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"Give your heart, then change your mind

You're allowed to do it

'Cause God knows it's been done to you

And somehow you got through it"

The Age Of Worry - John Mayer

–Jazz, corre aqui! -Melody grita lá de fora, e eu vou correndo, já que pode ser alguma coisa relacionada ao bebê. Correndo que nem uma louca, mas pelo menos não estou mais de pijamas. Só que, quando eu chego, ela não está morrendo de dor ou que seja, ela está falando com Morgan. Ela me olha animada e eu faço uma careta. -Jazz, eu quero que você conheça Morgan.

Eu quero rir. Eu quero muito rir. Mas minha irmã não pode descobrir que eu saio a noite com ele então eu pego a mão estendida dele e aperto.

–Olá garoto que eu nunca vi antes na minha vida. Meu nome é Jazmine. -Eu digo, olhando para minha irmã na parte do "Jazmine" e ela só revira os olhos. Eu não sei quanto tempo mais minha irmã vai precisar pra se acostumar com o fato de que eu não gosto de me chamar Jazz. Morgan me olha reprimindo um riso também.

–Ei! Garota que eu nunca falei antes! Meu nome é Cara-mais-incrível-que-você-conhece. -Eu não resisto e começo a rir.

–Porque você está tão esquisita? -Melody me pergunta e eu sei que eu não posso discordar. Eu estou mesmo esquisita, e rindo. Ultimamente, parece que alguém tem sugado a vontade de rir de mim. Mas eu não quero que Melody se meta nos meus problemas, então eu fico séria de novo.

–Eu não estou esquisita, Melody. Porque você acha isso?

–Eu conheço você...

–Na verdade, -Eu interrompo ela. -Você não conhece. Você não me vê há anos. -A expressão dela muda. Acho que magoei os sentimentos dela, mas tudo que eu penso agora é como eu realmente estou com raiva. É impressionante como a raiva vem tão rápido, quando o assunto é tão delicado. Eu tento evitar, mas parece que ela sempre está lá, esperando para aparecer nos piores momentos.

–Eu não quero brigar, Jazmine. -Ela diz com a voz trêmula. Eu sei que ela vai chorar, mas pensando bem, ela está grávida. Qualquer coisinha pode afetar ela.

O problema é que, bem, eu não estou grávida, mas as coisas continuam me afetando. Ela continua me afetando. Eu achei que parando de me preocupar e ligar pro que ela fazia eu ia parar de me sentir afetada pela falta que Melody fazia na nossa casa, mas é só uma conversa com ela, que isso tudo explode outra vez. E de novo e de novo até ninguém aguentar mais. Só que eu acho que Melody sempre vai aguentar. Então ela sempre vai evitar brigar e fazer um escândalo sobre nossos assuntos. Mas... às vezes, eu queria que ela gritasse. Seria tão mais fácil se ela simplesmente cuspisse tudo que ela tem a dizer, ao invés de simplesmente guardar pra evitar nossas brigas. O silêncio dela pode machucar mais que as chatices que ela fala toda hora.

Só que talvez, ela não tenha nada pra falar. Eu não sei. Eu não sei de nada, eu ainda sou uma adolescente. Mas ela não devia saber o que era a coisa certa a fazer nessa situação? Ela acha que evitar as brigas é a coisa certa a fazer? Porque isso é tão complicado? Porque ela me irrita e me afeta tanto assim? Há-há. Eu acho que eu tenho a resposta para essa pergunta. Querendo ou não, ela é minha irmã.

–Tudo bem. -É tudo que eu digo. Morgan está olhando pro chão, por educação, pra evitar encarar nossos olhares. Ela respira fundo e olha para Morgan.

–Bem, eu estava pensando... Ruby me contou que você queria dinheiro para comprar um carro e a universidade ano que vem... -Ela fala para mim, mas olha para ele.

–Sim.

–Então eu estava conversando com Morgan e ele disse que podia arranjar um bom emprego pra você. Já que ele tem amigos na cidade que podem te ajudar.

Eu quero um carro. E eu não preciso pensar muito na universidade, já que eu tenho um ano escolar pela frente ainda mas... acho que isso vai me impedir de passar os dias em casa, então, por que não?

–Claro. Gostei. -Dá pra ver o alívio na expressão de Melody. Provavelmente ela me queria fora tanto quanto eu.

–Então, vamos. -Morgan diz.

–Aonde? -Eu estou confusa.

–Ver um bom emprego pra você.

–São dez da manhã. -Eu digo, fazendo uma careta.

–Os negócios acordam cedo, Jazz. -Ele brincalhão, mas depois para de sorrir quando vê minha cara séria. -Desculpa. Mas a parte de ir é séria. Vamos?

Eu volto pra casa e escovo os dentes, enquanto Morgan pra casa e pega o carro dele. Estou vestindo meu cardigã quando Ruby para na minha porta.

Eu sempre fui mais ligada a Ruby que à Melody. Talvez pelo fato de que ela nunca me abandonou. Mesmo ela sendo oito anos mais velha, eu sinto que ela é o mais próximo que eu tenho de uma melhor amiga, o que é esquisito, porque ela fala de noivos e empregos permanentes enquanto eu falo de namorados e trabalhos de verão. Mas mesmo assim, ela é uma boa ouvinte.

–Está rolando uma química entre você e Morgan? -Ela está me provocando, eu sei.

–Não. E como você sabe o nome dele? -Ela parece meio encabulada.

–Ei, ele é nosso vizinho. Não sou que nem você que não se apresenta para os vizinhos. Isso é falta de educação. -Eu devo ter me "apresentado" pra ele bem mais cedo que ela, mas ela não deve saber disso, e não pode também. Então eu deixo ela achar que ganhou essa briga.

–Eu acabei de me apresentar. E agora ele vai me levar pra arranjar um emprego.

–Isso é bom! Porque não ache que eu vou dar o meu dinheiro pra você pagar a escola. Se o dinheiro do seguro do papai e da mamãe não derem, você vai ficar sem estudar. -Eu dou um riso extremamente falsa, pra ela perceber que não teve graça.

–Melody não deixaria a irmã sem escola. -Eu replico e ela faz uma careta. Dessa vez, eu ganhei.

–Que seja. Pronta? Acho que ele já está aqui na frente. -Ela diz, dando uma olhada pela janela do corredor. Eu fecho a porta do meu quarto, pegando meus fones, meu celular e desço, sem dar um "tchauzinho" pra Ruby ou Melody. Ele está mesmo na frente da casa da minha irmã, escutando música pelo rádio do carro. Um carro lindo, mas que eu não sei o nome. Ele abre a porta pra mim de dentro do carro (ah, o que é cavalheirismo mesmo?) e eu entro. Está geladinho por causa do ar condicionado.

–Oi.

–Oi. -Eu respondo, meio sem graça.

–Esquisito te ver a luz do dia. Enfim, aquilo mais cedo foi engraçado e tudo mais. Nem imagino porque Melody estava te achando esquisita.

–Hmm... é. -Eu não quero falar sobre isso. Não agora. Não quero chorar. -Belo carro. -Ele liga e sai para as ruas.

–Obrigado. Eu sei. O que foi aquilo com a sua irmã hoje?

–Nada que seja da sua conta.

Eu não me importo de ser grossa. Eu sempre fui grossa com pessoas que se metiam na minha vida. Primeiro quando meu pai morreu, depois quando Melody foi embora, e agora quando minha mãe bateu as botas também. Eu me acostumei a ser grossa com gente que só quer saber o que está acontecendo pra depois poder fofocar para as amigas. Pode ser que Morgan não seja assim, mas não posso correr o risco. Eu não quero pena ou curiosidade vindos dele.

–Foi mal, cristo, eu só quero saber se está tudo bem. -Ele se defende.

–Tem uma pergunta pra isso. E é "você está bem?" e sim eu estou bem, O.K? Então, próxima pergunta.

–Sabe, você é muito mais legal de noite.

–Só... não se preocupe comigo. -Ele não me olha, mas eu não preciso ver sua expressão pra saber que ele está pensando em alguma coisa inteligente pra falar.

–Não é crime se preocupar com as pessoas, Jazmine.

–Eu não preciso de sua preocupação Morgan. Eu estou bem, está vendo? Se choro, sem gritaria, sem remédios antidepressivos, estou ótima. Como você está?

–Um pouco irritado agora, pra falar a verdade. Mas você deve estar com mal humor matinal, então vou ignorar.

–Nem todo mundo tem que ser educado com você.

–Credo, Jazmine, vou calar a boca, pronto. -Droga.

–Desculpa. Eu só... não estou acostumada com pessoas se preocupando comigo toda hora. -Eu respondo. -Estou tentando pensar em alguma coisa que te faça entender isso então só não pressiona, O.K?

–Foi mal. Vou calar a boca, eu juro.

–Bem, você pode me responder uma coisa...

–O quê? -Ele pergunta, estacionando em um lugar vazio da rua. Os carros estão todos andando e várias pessoas também.

–Onde a gente está indo? -Ele deu de ombros.

–Bem, eu sei que você gosta de música, -Morgan vira pra me olhar. -Então achei que você podia trabalhar na rádio da Olivia.

–Quem é Olivia?

–É uma garota, óbvio. Vamos? -Eu estou prestes a ganhar um emprego (ou não). Isso quer dizer que eu estou prestes a ficar um passo mais perto do meu caro novo. Então eu não hesito quando eu digo:

–Vamos.


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