Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 23
O Coração Fala


Notas iniciais do capítulo

gente esse é o último capítulo, massssssssssssss eu vou deixar o discurso pro epílogo até daqui a pouco kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk nem é "amanhã" ainda, mas eu não pude esperar. espero que vcs gostem (:



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"I stared up at the sun

Thought of all the people, places and things I've loved

I stand up just to see

Of all the faces,you are the one next to me"

If I Lose Myself - OneRepublic

A música se chama “Mine” porque Morgan disse que não quis botar “Jazz” no começo. O que foi bem criativo porque deixa a música mais fofinha, e não bota “Jazz” no começo. Simples. Ele ainda está tocando. Eu estou na garagem dele, e acabei de descobrir que ele sabe tocar violão. Eu não estou conseguindo ver muita coisa, por que... meus olhos estão se afogando em lágrimas, se é que isso é possível. Provavelmente não, mas é assim que eu estou me sentindo. Resumindo: ele ESCREVEU uma música PARA MIM. Dá pra acreditar?

No começo, eu até tentei descobrir que música ele estava tocando, porque era muito boa (modéstia à parte). E então chegou no refrão, e ele disse “Jazmine”. E ele botou “Jazmine” e “noite” na mesma frase, e foi assim que eu me toquei que ele tinha ESCRITO uma música... para a minha pessoa. Eu estou sentada no sofá daqui, e ele está em pé, vermelho que nem um tomate, mas não parou de tocar mesmo enquanto eu estou me acabando de chorar. Isso foi a coisa mais linda que alguém já fez pra mim.

Morgan canta bem. Muito bem, como eu nunca ouvi ele cantar. E, droga, ele me conhece mesmo. Ele sabe que uma música vai me atingir melhor do que qualquer discurso que ele me falar. Porque as músicas são que nem as batidas do coração, tem uma hora, quando você menos espera, que você vai precisar de uma resposta. Algo que te fale o próximo passo, ou algo que te faça entender seu problema, e é nesse momento que você precisa calar a boca e escutar o que seu coração tem a dizer. E o que a música tem a dizer também. Essa é a minha estrada, mas a música é o meu guia. E é simples assim.

Por falar em coração, ele está gritando que eu amo o Morgan agora, tão alto que, a julgar pelo sorrisinho de Morgan, ele também ouve. Ele termina as últimas estrofes e me olha, expectante. A única coisa útil (ou não) que eu consigo fazer é chorar. Mas ele se abaixa e fica no mesmo nível dos meus olhos, dificultando a minha tentativa de não encontrar os olhos dele, porque isso me faz chorar mais ainda. Eu respiro fundo, seco as lágrimas (são um bebê chorão) e ignoro qualquer tentativa do meu cérebro de me dizer que isso é um erro e beijo ele. Como se a minha vida dependesse disso, como se o mundo fosse acabar se eu não o beijasse aqui e agora. Como se fosse nosso primeiro e último beijo. E todos os indícios de que isso pode dar errado, que não é certo ou que me dizem que ele é um babaca simplesmente evaporam da minha cabeça, porque ele me beija de volta. Dessa vez, eu boto minhas mãos ao redor do rosto dele e puxo para mais perto, porque eu senti tanto a falta dele que eu me sinto até meio idiota de admitir, considerando que eu conheço Morgan há dois meses e faz só uma semana mais ou menos que nós brigamos.

Eu estou pensando nisso quando uma coisa me atinge. Eu estou apaixonada.

E isso parece tão simples que eu estou chocada.

É como a Jessica disse alguns dias atrás. Eu não amava meu ex-namorado. Porque eu simplesmente não sabia o que era amar. Eu não estava preparada ainda pra dar meu coração para outra pessoa e o deixar a mercê das escolhas dela. Mas agora... com Morgan, parece... seguro. Eu não estou com medo. Eu vivi com medo nesses últimos meses. Medo de brigar com Melody, medo de brigar com Ruby, medo de decepcionar Olívia, e de esquecer minha mãe. Mas eu não estou mais com medo. Eu vou enfrentar tudo aquilo, e mais isso. Eu mereço ser feliz. Eu mereço estar apaixonada, então... porque não?

Eu estou apaixonada.

Quando a gente se separa, os dois estão ofegantes, e as palavras saem da minha boca antes mesmo que eu pense que eu estou falando:

–Eu te amo.

Outra coisa me atinge. E eu só percebo isso porque ele me olha surpreso. É a primeira vez que eu falo isso pra ele. Falando a verdade, é a primeira vez que eu falo isso em um bom tempo. E é bom começar por ele. Ele senta do meu lado, pegando minha mão e me olhando nos olhos quando diz as palavras que fazem meu coração EXPLODIR COMO FOGOS DE ARTIFÍCIO.

–Eu também te amo. –E o bebê dentro de mim assume o controle e eu começo a chorar outra vez. Ele me abraça, do jeito que Melody me abraçou mais cedo, porque nós estamos sentados um do lado do outro. Mas não é desconfortável, é esquisitamente familiar. –Jazmine, me desculpe... mesmo. Eu...

–Tudo bem.

–Não está tudo bem. –Ele me repreende. –Eu fui um baita de um canalha.

–Bem... é. –Ele ri.

–Obrigado pelo apoio.

–Mas eu entendo porque você agiu daquele jeito. Você estava assustado.

–Eu estava bravo.

–Assustado. –Eu dou mais ênfase na palavra, pra ver se ele se liga. Vejo ele revirar os olhos. –E isso é perfeitamente compreensível, sabe? As pessoas tem tanto direito de ficarem assustadas quanto de deixarem outras pessoas se preocuparem com elas. –Eu sussurro, lembrando do que ele me disse antes de a gente ir se encontrar com a Olívia. –Eu acho, -Começo – que alguém precisa escutar suas próprias palavras.

–Já entendi. Mas voltando ao caso, me desculpa. De verdade. Eu... não sei o que eu estava pensando.

–Tudo bem. –Eu aperto ele mais forte, e depois de uns minutos de silêncio, eu continuo a falar. –Só estou preocupada com uma coisa agora. –Sinto ele ficar tenso, e sei que ele sabe o que eu vou falar.

–O quê?

–Sua mãe. Você sabe o que tem que fazer, não sabe? –Aparentemente, ele também tem seu lado bebê, porque começa a chorar também. E agora é a minha vez de consolar Morgan. –Ei, calma...

–Eu estou... assustado. –Ele soluça.

–Devia estar. Eu ia pensar que você era um robô se não estivesse. Mas você não está sozinho, eu, Ruby, Melody, Kurt... Chick. Todos estamos aqui pra você. Por falar em Chick, ele sabe sobre isso? –Ele ainda não parou de chorar.

–Não. Mamãe me fez prometer que não ia falar sobre nada disso com ninguém.

–Ela está assustada também.

–Eu sei. Mas... Jazz, ele é meu pai. –Ele percebe o que deixou escapar e me olha. –Foi mal.

–Não se preocupe. –Dou um empurrãozinho nele. –Eu... até acho legal, agora.

–Sério?

–Eu sei! Que esquisito, não é? Mas eu não ligo mais... eu gosto do meu nome. Agora.

–O que aconteceu pra você mudar de ideia? –Eu penso um pouco.

–Digamos que... eu tive uma conversa com a pessoa que me deu ele e me fez gostar um pouquinho mais. –Eu explico, me lembrando da conversa com Melody. Então eu paro. –Como você é rápido! Não mude de assunto. –Ele respira fundo.

–Faz... um ano que eu descobri. Eu pensei em contar pra alguém, mas... meu pai me ameaçou, dizendo que o próximo seria eu se eu falasse alguma coisa. Eu não estava nem aí. Mas minha mãe disse que era melhor, que ela não queria que aquilo acontecesse comigo. E que eu deveria ficar de boca fechada. –Ele seca algumas lágrimas, minhas e dele. –Foi quando eu terminei com Jessica... e sobre isso... –Ele me olha, cauteloso.

–Não se preocupe. Eu já sei.

–Como?

–Eu meio que, uh, perguntei pra ela.

–E ela te contou?

–Meio que sim... –Ele dá uma risada mínima.

–Cara de pau. Você e ela.

–Cala a boca e continua. –Ele fica sério de novo.

–Eu aprendi a esconder bem isso, mas de uns tempos pra cá, ficou pior... meu pai estava tão bravo... eu nunca entendi os motivos dele pra fazer isso, muito menos os da minha mãe... mas ela continua pedindo pra eu não falar nada.

–Às vezes, ela só precisa de um empurrãozinho, Morgan. Ela está tão assustada quanto você. Eu posso falar com Melody. Ou melhor, eu VOU falar com Melody. –Eu corrijo, quando ele começa a protestar. –E ela vai falar a melhor coisa pra se fazer. Sua mãe te ama e ela não merece mais uma vida de sofrimento.

–Meu pai é um babaca, mas como eu posso fazer isso? Eu... não consigo odiar ele pra fazer alguma coisa.

–Você não escolhe a família que tem, você sabe disso.

Ele chora mais, e por mais tempo também, perdendo toda a merda que ele vem carregando nos ombros por um longo ano. Ele bota a cabeça no meu colo, enquanto eu mexo no cabelo dele, secando eventualmente as lágrimas que escorrem dos seus olhos. Às vezes fica pior e ele chora mais forte, e respeito ele o suficiente pra não perguntar o porquê dessas crises, mas elas me assustam um pouco também, porque coisa boa não deve ser, mas eu deixo ele chorar. Porque ele precisa. Pra ter coragem. Pra seguir em frente. Pra melhorar.

Quando ele começa a parar, fica me encarando por um tempo.

–Como você esteve? –Eu pergunto, e ele sabe que eu me refiro aos dias que a gente ficou separados.

–Uma merda. Eu não consegui dormir...

–Eu imagino, com sua mãe do lado...

–Na verdade –Uma expressão torturada enche seu rosto. –Foi por causa dos seus, hm, gritos. Não por causa deles tecnicamente, -Ele explica, quando vê a expressão de remorso no meu rosto. –Mas o porquê deles. –Eu fecho os olhos. Rezo para Deus que as lágrimas não caiam, mas elas vão do mesmo jeito.

–É esse mesmo pesadelo com a minha mãe. Ela sempre morre no final, e eu sempre me sinto como se estivesse morrendo no sonho... eu estou me afogando em, hm, sangue, e é aí que eu começo a gritar. Eu sinto muito.

–Não sinta. Eles bem, me assustaram pra porra, OK. Mas você não consegue escapar deles.

–Eu não tenho mais eles... eu e Ruby fomos no cemitério alguns dias atrás. –Eu digo, olhando no relógio e vendo que já passa da meia noite. –Eu chorei pra caramba também. Isso ajudou.

–Que bom. E ninguém mais fala “caramba”.

–Eu falo. Eu não quero xingar... –Ele ri, depois mais uma rodada de um silêncio confortável passa por nós e ele levanta, sentando outra vez. Ele olha para o chão, parecendo triste. –Ei, olha pra mim. –Eu digo e ele faz, olhando atentamente nos meus olhos. –Nós vamos dar um jeito. OK? Eu prometo. Amanhã, a primeira coisa que nós vamos fazer é falar com a Melody. Se alguma coisa acontecer hoje, você liga pra polícia. Ou me chama e eu ligo. Tanto faz. Eles já estão dormindo? –Ele faz que sim com a cabeça. –Bom. Vamos acampar hoje. Ficar acordados a noite toda, vendo se alguma coisa acontece. Se qualquer coisinha acontecer, a gente liga pra polícia, se não, amanhã Melody fala o que nós temos que fazer, pra melhor segurança da sua mãe, de você e do Chick também. Você tem que falar com ele também, sabe?

–Eu sei. Vai ser barra pesada.

–Eu te ajudo. Que tal meu plano? –Ele pensa, suspira e faz um sim com a cabeça outra vez. Depois fica em silêncio outra vez e quando me olha, eu vejo um sorrisinho crescendo nos seus lábios, enquanto ele chega mais perto para me beijar de novo.

E é assim que nós estamos – nos beijando – quando a banda e Lacey entram na garagem. Eles estão rindo de alguma coisa que Peach disse, e ela, está de mãos dadas com um garoto, então eu acho que eu estou perdoada por, bem... namorar com Morgan.

Morgan não fala sobre nada daquilo para Chick, mas ele está visivelmente mais relaxado, como se um peso tivesse saído dos seus ombros. Eles começam a conversar, às vezes eu respondo algumas perguntas, rio de algumas piadas, mas minha cabeça não está muito bem aqui. É como naqueles filmes, onde tudo está tão bom, que a música do final do filme começa a tocar e o ator principal só encara os amigos, todos conversando e rindo e ele só sorri satisfeito, porque no final as coisas deram certo. É assim que eu estou. Só que no meu caso, não é a música do final do filme.

É “Night Keepers”. E esse é só o começo.



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Notas finais do capítulo

e aí?



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