Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 21
Paciência


Notas iniciais do capítulo

gente tem mais 3 caps com o epílogo #chora ksjhksjhfksdjfhskfhskfhs



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"When enemies are at your door
I'll carry you away from war
If you need help, if you need help
Your hope dangling by a string
I'll share in your suffering
To make you well, to make you well

Give me reasons to believe
That you would do the same for me

And I would do it for you, for you"

Gone Gone Gone - Phillip Phillips 

–Sem chance. -Jessica diz. -Caleb NÃO vai fazer o programa comigo.

–Mas Max talvez não venha.

–Talvez, Olívia. -Ela replica. É sexta feira. E eu estou um zumbi. Ontem Melody finalmente teve alta para voltar pra casa, e está sendo divertido ter um bebezinho maravilhoso na sua casa, tirando o fato de que os vizinhos chatos vem visitar a gente como se eles ligassem pra alguma coisa. Mas não é por isso que eu estou um zumbi. Eu estou assim porque cada vez que eu olho para o rosto de Jessica eu lembro de Morgan, e consequentemente eu lembro das coisas que ele disse e da mãe dele.

Eu perco o sono pensando no que pode acontecer se ele não contar pra polícia o que o pai dele faz e pensar em mim contando para a polícia parece cruel. Eu não quero me meter, mas tenho horror do que pode acontecer caso ele conte tarde demais. Eu estou na rádio, e Max acabou de mandar uma mensagem para Olívia dizendo que talvez não venha por causa do transito e Jessica está tento um piti porque se ele não vir, Caleb vai ter que fazer o programa no lugar dela.

Jessica sai da sala, deixando Olívia e eu sozinhas. Ela me passa alguns papeis e eu vou guardando nas pastas certas, separadas por cor e por tópico: musica, contas, contratos e eventos. Eu estou pegando o jeito nisso. Quando eu não falo nada, ela pergunta.

–Você está bem?

–Claro. -Minto e ela não acredita. Olívia levanta uma sobrancelha.

–Verdade? -Eu suspiro, deixando o ar sair.

–Não. -Ela para o que está fazendo e me encara.

–O que aconteceu? É com Morgan, não é? -Eu olho para ela surpresa. Não sabia que estava assim TÃO na cara que nós tínhamos brigado. Se é que aquilo foi uma briga. Foi mais um término.

–Eu... -Não sei se eu posso falar sobre a mãe dele. -A gente brigou.

–Qual o motivo? -Eu olho para ela, com o olhar transmitindo as desculpas que eu não consigo verbalizar.

–Eu não sei se eu posso falar...

–Ah. -Ela entende a mensagem. Eu respiro fundo.

–Ele... eu não entendo. -Eu começo a falar. -Eu conto tudo para ele e ele me ajuda mesmo quando eu não quero ser ajudada. Mas no primeiro sinal de que ELE precisa de ajuda, ele me excluí da vida dele. E ele PRECISA de ajuda. -Eu explico, jogando com mais força que o necessário alguns papeis na pasta. -Ele diz que é normal as pessoas se preocuparem com as outras, mas ele não quer ninguém se preocupando com ele.

–Talvez ele tenha medo.

–EU tinha medo, e ele se preocupou comigo do mesmo jeito. -Eu já digo irritada e Olívia pega as minhas mãos, me fazendo parar de jogar as folhas dentro das pastas.

–Ele se preocupa com você. -Ela diz, delicada. Eu suspiro e enterro meu rosto nas minhas mãos.

–Não pareceu quando ele me expulsou da casa dele.

–Jazmine, talvez, ele só esteja com os mesmos problemas que você. Ele também tem medo de se magoar. -Eu balanço a cabeça.

–Esse caso é diferente. -Tem tanta coisa que eu preciso saber sobre ele e ele fica me excluindo, agora eu entendo porque ele não disse nada nunca sobre os pais dele.

–Conversa com ele.

–Acho que ele não quer falar comigo. Ele deixou isso muito claro. -Eu digo, um pouco magoada.

–Conversa com ele.

–Você já disse isso.

–É porque é verdade.

–Tá. -Eu reviro os olhos. Eu teria mesmo coragem de falar com ele depois do que ele disse pra mim? E do que ele fez?

–Você sempre tem que pensar no que ELE pode estar se sentindo. Não dá pra julgar sabendo só um lado da história, Jazmine.

Eu só concordo com a cabeça, já que ela tem razão. Na mesma hora, Jessica passa pelo corredor e eu sei que, se tem alguma chance de eu superar aquilo que aconteceu com Morgan, vou ter que falar com ela primeiro.

–Eu já volto. -Eu digo pra ela. Ela sorri e acena. Na porta, eu pergunto para ela:

–Você acha mesmo que ele se preocupava comigo? -Ela aponta um dedo.

–Primeiro: eu tenho certeza. E segundo: ele se preocupa.

–Como você tem tanta certeza? -O sorriso dela é engraçado, como se estivesse se segurando para não sorrir mais.

–Eu só sei. Acho que você tem que ir... -Eu corro antes dela terminar a frase. Eu passo pelos corredores até chegar na sala de áudio, mas a luz está desligada, então não está no ar ainda. Faltam algumas horas pra isso.

–Jessica. -Eu chamo e ela vira. Quando me vê, faz uma careta.

–O que você quer?

–Posso perguntar uma coisa? -Minhas bochechas estão vermelhas porque eu não posso acreditar no que eu vou perguntar para ela agora.

–O quê? -Ela parece divertida, mas curiosa.

–Por que você e Morgan terminaram? -A expressão dela fica séria.

–Está falando sério?

–Na verdade... estou. -Eu olho pro chão. Eu sinto ela respirar fundo antes de falar.

–Eu era uma vadia, OK? Eu sei disso. Eu não ia para lugar nenhum. Eu ia acabar sozinha. Eu bebia, me drogava, e dormia com qualquer cara que aparecesse na minha frente. Com dezessete anos. É eu sei que é meio chocante mas é verdade. Morgan me ajudou. Eu me odiava verdadeiramente porque eu sabia que isso era errado, mas eu não conseguia parar. Mas é claro que ele me ajudou. -Somos duas. -Ele me fez perceber que tinha mais coisas na vida que só festas e ser uma vadia sem futuro. Eu podia ser alguma coisa. Escuta, se você acha que eu gosto dele ou alguma coisa assim...

–Não! -Eu interrompo. -Eu sei que você não gosta dele. Eu só... estou curiosa.

–Eu gostei dele de verdade. Não posso dizer que eu amei ele, porque eu não sabia o que era amar naquela época. Mas ele mudou minha vida. Mas as coisas aconteceram do jeito que aconteceram... porque ele começou a se distanciar. -Eu então percebo que ela sabe que tem algo acontecendo na casa dele. Ela sabe e está tentando me explicar sem deixar algum detalhe solto.

–Eu sei. -Eu digo, com convicção. Ela parece surpresa, mas se recompõe.

–Então, eu queria que ele me desse alguma luz sobre o que fazer. Porque eu estava desesperada, ele estava ficando cada vez mais preso na sua própria bolha e eu tinha medo de ficar sozinha. Então, um dia, eu confrontei ele. Eu perguntei... o que estava acontecendo, e ele se recusou a me dizer, ou talvez não soubesse o que estava acontecendo. Eu não sei. Mas ele se fechou completamente. Então eu vi que ele não me falaria nada. E eu achava que ele não gostava realmente de mim.

–Nossa. -Ela me ignora e continua.

–E então ele terminou comigo. Foi barra pesada, é verdade. Mas isso me ajudou. Eu aprendi que ficar sozinha não é tão ruim do que ficar com um babaca que não liga pra você. E eu não estou falando do Morgan. Eu fiquei meio magoada é claro, mas o que se pode fazer? São questões do coração... -Ela se perde um pouco depois acha o foco outra vez. -Enfim, algum tempo depois, ele veio se desculpar, porque ele não tinha a intenção de me magoar e blá blá blá, e não estava preparado pra falar alguma coisa ainda. Eu desculpei ele e nós resolvemos deixar nosso relacionamento pra trás. E foi assim que aconteceu.

–Mas... e o tapa e aquela coisa toda? -Eu pergunto sem ao menos pensar. Ela ri levemente.

–Nós estávamos falando... sobre você. -Ela dá de ombros. -E eu falei que estava saindo com um garoto novo da cidade. Ele só falou que não queria me ver voltando a ser o que era antes e eu fiquei irritada. -Ela suspira. -Só depois eu percebi que ele REALMENTE quis dizer aquilo. Não era ciúme ou para me ofender.

–Ele não faz bem esse tipo, não é? -Eu pergunto, mais relaxada agora.

–É. Escute, eu sei que nós não nos damos... muito bem. Mas ele te ama. Ele te ama desde aquele dia que você veio pra cá. Talvez ainda não tinha percebido mas eu já percebi. Foi bem rápido, porque vocês não se conhecem nem a dois meses direito, mas é verdade. Então... se você ama ele também... só tenha um pouco de paciência. Eu e ele nunca tivemos... "amor". Nosso relacionamento foi só preciso pra que eu mudasse e ele também. Com vocês é diferente, então não faça como eu e force ele a te falar alguma coisa. Ele tem que estar preparado. E... quando estiver, ele vai te contar. Não se preocupe.

Sem pensar em nada melhor pra falar, eu abro a boca para dizer:

–Obrigada. -Ela ri.

–Não se acostume.


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Notas finais do capítulo

o que acharam/