Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 19
Segredos


Notas iniciais do capítulo

provavelmente o pior capítulo que eu já escrevi EM TODA MINHA VIDA E VCS VÃO ODIAR. SE NÃO FOR POR CAUSA DA MINHA ESCRITA QUE FICOU UMA PORCARIA É POR CAUSA DO QUE VAI ACONTECER.
Ok, talvez eu esteja exagerando um pouquinho, mas eu ainda tô me sentindo meio afetada pelo que eu escrevi. Gente, isso tá trágico. Tipo, sério.



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"'Cause you're a mountain
I can't climb yet
And I'm a painting
But you're blinded"

Moutains Gabrielle Aplin 

Duas semanas já se passaram. E eu ainda estou tentando digerir o fato de que nossa casa vai ser vendida. Nossa casa. O mais engraçado de tudo isso, é que eu não conseguia chamar aquela casa de minha até ter ido lá aquele dia com Morgan. E então eu finalmente consegui falar que aquela era a minha casa. Antes era a casa da minha mãe, mas agora que eu estou prestes a perder, ela virou a minha. E eu vou perder.

Nos dias que se passaram, eu virei um completo zumbi. OK. Foram APENAS três dias, mas foram os mais longos da minha vida. Os pesadelos voltaram, e eu (por algum motivo idiota) não queria sair de casa. Morgan respeitou, assim como Olívia e todo mundo. Acho que eles não tinham vontade de respeitar, era provavelmente medo do que eu poderia falar e fazer caso eu explodisse. Todo mundo tem medo que eu exploda - até eu. E o pensamento me assusta também.

Esses três dias se passaram como três meses pra mim, até porque eu gritava todas as noites e Ruby teve que vir praticamente morar no meu quarto por causa disso. E Jessica pareceu mil vezes mais irritante do que o normal, e o mundo parecia cinza. Ainda parece às vezes, quando eu fico sozinha, mas agora, todo mundo está se esforçando para não me deixar sozinha. O que é gratificante e ao mesmo SUFOCANTE porque parece que eu preciso de babás. E não, eu não preciso, muito obrigada.

Eu sei lidar com problemas, e até as merdas que acontecem comigo. Às vezes, não muito bem, mas de um jeito ou de outro eu lido com minhas merdas. Querendo ou não. Tendo condições ou não. Só está sendo um trabalho muito, MUITO doloroso, porém Chick e a banda, Lacey e Morgan estão me ajudando. Lacey apareceu aqui em casa e me obrigou a me vestir como "gente normal" e me levou para o shopping. Cherry Pie dedicou uma música para mim em um dos shows de garagem que eles fizeram semana passada, e Morgan... ele ficou umas mil e quinhentas vezes mais romântico, só que esse romantismo está passando agora, que eu estou voltando ao normal.

Talvez eles estejam mesmo me ajudando e eu tenho que reconhecer isso, só que... é novo. E esquisito. Acho que tudo que é novo é esquisito até não ser mais novo, mas eu espero que isso não se torne frequente, porque aí sim eu explodiria.

–Jazz, você pode pedir pra mãe do Morgan se ela empresta o forno dela pra gente semana que vem?

Com semana que vem, ela quis dizer próximo domingo, ou seja, a família super-hiper-mega conservadora do Kurt está vindo pra checar como Melody está. Pelo que ela disse, eles são rigorosos e criticam tudo que ela faz, e ela está tentando procurar "aprovação" deles desde que os conheceu, mas eles sempre acham um defeito em alguma coisa. Ela até brincou que eles vão achar um defeito no filho deles, mas eu não acreditei muito. Qualquer bebê quando é bebê é bonito.

Mas então, para impressionar eles, ela quer fazer O jantar. Com tortas e toda aquela baboseira que a gente vê em filmes. Porque ela acha que isso vai fazer com que eles a "aprovem". Eu disse para ela que isso era besteira. Quer dizer, a única pessoa que precisa gostar dela é Kurt e isso ele gosta, então pra quê? Acho que no fundo ela acha que Kurt vai largar ela se ela não for o que os pais queriam pro filho. Mas Kurt não é assim, só que parece que ela não vê.

–Tudo bem. -Como nós não temos fornos o suficiente pra fazer tudo que ela tem planejado, ela quer usar o dos vizinhos também. Ou melhor, da mãe de Morgan. Eu desço as escadas nervosa, porque é a primeira vez que eu vou falar com a mãe dele. Ele não fala dela, nem do pai. Pra falar a verdade, o único membro da família dele que eu já cheguei a ver e conversar foi Chick. Eu só vi os pais dele uma vez, quando eu tinha chego na casa de Melody, quase dois meses atrás. Isso me faz lembrar nas poucas informações que Morgan me dá sobre qualquer coisa. Jessica, os pais, a vida dele, qualquer coisa. Mas outra vez, eu tento afastar esse pensamento da cabeça, porque eu estou MUITO PERTO DE UMA EXPLOSÃO e ninguém quer me ver explodir. Que seja.

Dessa vez, quando eu saio para o jardim da casa de Melody, Morgan não está parado na porta como sempre, o que dificulta as coisas, porque eu pretendia perguntar pra ELE ao invés de perguntar pra MÃE DELE.

–Chick? Morgan? Mr. e Mrs. White? -Eu pergunto, batendo a porta deles, ficando cada vez mais ansiosa. Eu realmente não quero falar com os pais dele. Quer dizer, eles são meus... sogros. E a palavra me dá um certo medo. Ninguém abre a porta e eu, por instinto, tento abrir a porta, e por sorte, ela está aberta. A casa está silenciosa, mas ainda dá pra escutar passos e... pessoas gritando. O.K. Eu tomo coragem e grito, da porta ainda: -Morgan? Chick? -Eu sei que isso é errado, mas eu dou um passo para frente.

Para ficar de frente com a escada da casa dele, que eu acabei conhecendo de tantas vezes que nós fugimos por aqui. Mas a cena que eu vejo não é da escada familiar. É a mãe de Morgan, quase totalmente irreconhecível. Talvez porque ela está cheia de hematomas, ou porque ela está chorando. Mr. White acaba de dar... um soco nela. E Morgan tenta com todas as suas forças separar um do outro. E então eu acho os olhos de Morgan, assim como os outros dois na escada, e a expressão dele é de puro horror. As mãos do pai dele se abaixam, e ele sai enquanto a mãe fica parada, chorando e não sabendo o que fazer. Como eu. Meu coração está acelerado, minhas mãos estão suadas e eu tenho quase certeza que eu estou tremendo. Eu não acredito que eu acabei de ver. Talvez seja por isso que ele nunca fala dos pais. Talvez seja um segredo daqueles que a gente não tem coragem de contar pra ninguém. Morgan desce até onde eu estou.

–O que você está fazendo aqui? -O tom dele não é o daquele garoto que eu conheço. A voz dele é tão sem emoção que chega a me assustar.

–Melody me mandou, a-a porta estava aberta.

–Você tem que ir embora. -Ele me puxa pra porta de novo.

–O que foi aquilo? Morgan, seu pai... fez aquilo com a sua mãe? -Eu pergunto, preocupada, alarmada e assustada, tudo ao mesmo tempo. Ele me olha com raiva. O. Que. Está. Acontecendo?

–Não é da sua conta. Vai.

–Você vai fazer alguma coisa sobre aquilo, não vai? Isso é sério.

–Só, vai. Jazmine. AGORA. -Ele grita a última palavra. -Por favor.

–Eu preciso falar com você.

–Eu não quero falar com você. -Eu congelo. Ele está falando sério, porque eu nunca vi ele tão sério na minha vida. Ele me olha com raiva, e a voz sem emoção me dá arrepios. E não é dos bons.

–Você está falando sério?

–Vai. Só. Cale a boca. Para de falar. E vai.

–Mas eu PRECISO falar com você, Morgan.

–Então deixe de precisar. A gente não tem nada pra falar. Vai. Embora.-E com isso, ele bate a porta na minha cara. Meu coração ainda está acelerado, e a adrenalina está correndo nas minhas veias. Parte de mim quer correr pra longe daqui, e esquecer disso, esquecer de Morgan, esquecer dos pais dele e de tudo. Mas a outra parte, quer entrar ali e fugir com a mãe dele pra longe também. Aquilo foi horrível. Como um ser humano pode fazer uma coisa daquelas? Como ela deixa? Será que Chick sabe dessas coisas? Eu fico alguns segundos simplesmente parada na porta dele. Sentindo as lágrimas virem no meu rosto. Morgan não quer falar comigo. Eu acabei de ver o pai dele batendo na mãe dele. E isso está fazendo minha cabeça girar. E eu faço o que ele disse, vou embora, e a minha sorte é que eu sei o caminho até a minha casa, porque as lágrimas simplesmente dominaram meus olhos.


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