Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 17
Explosões


Notas iniciais do capítulo

oi gente, desculpem a demora, então... a fic tem mais uns seis ou sete capítulos *chora rios* e eu tô tentando ao máximo escrever bem pra vcs
meu lado dramático, queria que a fic tivesse mais dez capítulos, porque eu tinha muita tragédia programada pra essa fic kkkkkkkkkkkkkkk mas meu lado adolescente me diz que não porque a Jazmine já sofreu/sofrerá demais. bem, tá aí o cappppppppppp



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"Lately, I've been, I've been losing sleep
Dreaming about the things that we could be
But baby, I've been, I've been playing hard, 
Sitting, no more counting dollars
We'll be, counting stars"

Couting Stars - OneRepublic

"Night Keepers" começa lenta, como se estivesse preparando a pessoa para entrar em um mundo totalmente novo. O som do violino começa, mas, diferente das outras vezes, eu não troco de música quando escuto o instrumento sendo tocado. Eu posso quase visualizar a mão de Johnny B. tocando, subindo e descendo lentamente os dedos pelo violino e fechando os olhos como ele sempre faz nos clipes. Depois disso, a bateria começa a marcar o ritmo, porque o som começa a ficar mais urgente. E então não é como se preparasse a pessoa para um mundo novo. É quase contando os passos dela enquanto ela caminha para o desconhecido. Foi assim que eu me senti na primeira vez que eu escutei ela. Você não sabe o que esperar, só sabe que o ritmo é viciando, porque parece complementar perfeitamente as notas que o violino toca. E então, a guitarra e o baixo começam também, tocando notas curtas, e é como se eles estivessem só se acostumando com o ritmo. Ta. Ta. Ta. Ta. Algo parecido com isso.

Lenny Kwiatkowsi começa a cantar. Justo naquela parte em que você acha que os instrumentos vão explodir de tanto se segurarem pra não soltar um som... normal. Sabe? Quando você quase sente a ansiedade chegando, ele começa a cantar. A letra é uma das coisas que eu acho que eu nunca vou entender na minha vida. Mas o título é fácil de se interpretar. "Night Keepers" fala sobre as cores explodindo na primeira estrofe, e sobre rodovias cheias de energia. E então, a pessoa da música, voa para o espaço para poder ver o mundo lá de fora, já que na terra tudo é quieto e cinza demais. Ela vê a Via Láctea e então corre para a Terra, já que ela queria compartilhar com todo mundo as maravilhas que viu no desconhecido. Então ela corre pela avenida, gritando que a vida é bela, e quando você escuta, você acredita nisso também. Ela vê balões de ar quente subindo, ao mesmo tempo que borboletas gigantes sobrevoam o céu, e a pessoa acredita que isso é verdade, porque a vida é bela, e então ele começa a falar várias e várias vezes sobre cores e rodovias e espaço e a vida que é bela ao mesmo tempo que o som explode como você esperava que acontecesse no começo da música, mas aí você percebe que ainda bem que eles não "explodiram" os instrumentos no começo, porque não ficaria nem em um milhão de anos tão bom quanto ficou no meio da música, combinando com as palavras que Lenny canta. E o refrão chega, uns segundos depois da explosão acontecer, e aí você se confunde mais ainda, porque tudo que ele fala é

"I love you, I love you, I love you." E não é que nem as outras músicas repetitivas. Essa é legal, mesmo com um refrão repleto de "I love you"s.

Então ele fala de carros antigos, praias, e o espelho enorme que é o mar, e como de noite tudo fica mais bonito, e então as cores explodem de novo ao mesmo tempo que os instrumentos explodem de novo, e Lenny dá um grito contido, mas que dura uma eternidade, e então a batalha de instrumentos chega, e a última coisa que Lenny Kwiatkowsi fala é "We are night keepers." te fazendo querer ouvir cada vez mais a música, só que então o violino para de tocar, como se fosse o único instrumento que estivesse sendo tocado todo aquele tempo. E você fica parado alguns segundos, tentando entender a maravilha que acabou de escutar, e mesmo não entendendo (como eu) aquilo continua sendo uma maravilha, simplesmente porque é.

Eu acho isso engraçado também. A música só tem um "night keepers" na letra. E é só no final. Tipo, você nem esperava que Lenny fosse falar "night keepers" e então, quando a música está quase acabando, ele fala, só pra deixar claro que ele não escolheu aquele título por acaso, que por mais que eu não tenha entendido, alguém entendeu e esse alguém finalmente sabe o que toda música significa.

Eu gosto de pensar que ALGUÉM entendeu e eu gosto de pensar que alguém sente o mesmo que eu quando eu escuto a música. Não é preciso entender alguma coisa pra gostar dela, e a música no topo dessa lista.

Alguém tira meus fones de ouvido, e eu suponho corretamente que é Morgan, porque ele é o único que está sentado do meu lado. O negócio é o seguinte: estamos no festival da cidade. Agora, a parte interessante é que viemos por dois motivos. O primeiro é que Cherry Pie vai tocar daqui há pouco, e a segunda, é porque depois de Cherry Pie tocar, nós vamos acabar com uma banda chamada Shooting Star, que também é da cidade. Quando eu digo acabar, eu quero dizer que Chick, Thomas e Shepley (se ele não estiver bêbado, como ele SEMPRE está) vão socar os integrantes da banda até eles chorarem. Eu devia ser contra isso, e a princípio fui, até descobrir o porquê.

David Alguma-Coisa, o vocalista da Shooting Star, foi o responsável pela quase-overdose que Chick ingeriu de drogas, alguns dias atrás.

Segundo Chick, David apareceu no bar que Chick estava e eles começaram a conversar. Shooting Star sempre teve que dividir espaço com a banda do Chick nos festivais, porque elas são as bandas regionais que mais fazem sucesso, então as duas sempre são convidadas como destaques regionais no festival de música da cidade. De acordo com o que Thomas explicou, se Cherry Pie não tocasse, o cachê ficaria para Shooting Star. Todo o cachê, que é igual a MUITA grana. Lacey disse que era o suficiente para pagar o resto da mensalidade dela e pagar um tempo a universidade de Chick. Mas como a banda dele está programada também, David e o resto da Shooting Star não ficam com essa quantidade de grana. A última coisa que Chick se lembra é que David ria dele enquanto ele caia na rua. Então só foi preciso Lacey juntar uma coisa com a outra, pra nós termos uma ideia de quem fez isso com ele.

Eu desconfiei no começo. Quer dizer, ninguém pode ter tanta certeza assim, mas até Morgan ficou com raiva e concordou que a versão que Lacey deu era a melhor. E que combinava perfeitamente com o jeito de David Alguma-Coisa.

–Vamos? -Ele pergunta, e então eu percebo que estava parada até agora.

–Foi mal. -Ele ri da minha cara. -Vamos lá.

Eu decidi deixar de lado por um tempo as coisas que eu quero que Morgan me conte. Porque, pensando bem, ele tem que QUERER me contar. Não posso forçar ele a nada, e não quero que ele fique ressentido comigo porque eu estou forçando. Eu também ficaria assim se alguém falasse da minha mãe. Eu saio do carro, e Morgan passa quase instantaneamente os braços braços ao meu redor, me puxando para um abraço.

–Que horas Melody disse que era pra você voltar? -Ele pergunta no meu ouvido, porque eu não conseguiria ouvir ele, já que uma banda já está tocando. Tem uma multidão aqui, como sempre.

–Meia noite, no máximo. Mas a gente pode sair depois. -Eu respondo, no ouvido dele também, rindo. É esquisito pensar que todos os meus "encontros" com Morgan foram e são à noite e quando todo o resto do mundo está dormindo. Sinto o corpo dele tremer, e percebo que ele também ri.

–Beleza. -Ele me solta, mas deixa um braço no meu ombro, caso venha algum engraçadinho pra cima de mim. Nós passamos pelos portões, e andamos espremidos pelo público. Morgan tira nossos passes livres do bolso e bota um ao redor do meu pescoço, e assim que o segurança do evento vê os passes, deixa a gente passar pro outro lado.

Esse lado é quieto, porque nós entramos na casa de som. E como a casa de som tem isolamento, a gente não escuta nada que está se passando lá fora. Todos da banda já estão lá, e Lacey também, que se pega num canto da sala com Thomas. Eu desvio os olhos, mesmo sabendo que eles não estão vendo. Todo mundo também ignora, porque é uma cena bem intima apesar de tudo.

–Oi. -Morgan diz por nós dois e eles só balançam a cabeça. Antes do show, todo mundo fica nervoso. Peach está num canto da sala, mas não olha para nós. Então eu lembro que Morgan é a paixão secreta dela e eu fico com um pouco de pena dela. Isso é horrível mesmo. Eu vejo que Chick ainda está meio abalado e vou sentar do lado dele no sofá, passando um braço ao redor do ombro dele e apertando levemente.

–Você sabe que não fez nada de errado, não sabe? Foi culpa daquele filho da mãe. -Eu tento confortar ele.

–Eu não paro de me sentir culpado e triste. Merda, eu não devia ter ido no bar. Muito menos ter deixado David falar por uma porra de minuto comigo. Merda.

–Calma, mano. -Morgan diz, mais relaxado que eu.

–A Ruby não quer nem olhar pra minha cara.

–Ela é sempre assim, você sabe disso. Eu vou falar com ela.

Os olhos dele brilham de esperança e ele me dá um abraço esquisito - já que a gente está sentado - antes de levantar.

–Valeu, Jazmine.

Ele fala depois cochicha algo pra Morgan, que sorri e senta do meu lado, me puxando para o colo dele. Eu colo as nossas testas e pergunto.

–O que foi que ele disse? -O sorriso dele fica ainda maior.

–Que eu sou a porra de um sortudo. -Eu rio e ele me beija. Ele me beija por tanto tempo, que quando a gente se separa, só Lacey está lá, tomando água. -Cadê todo mundo?

–Saíram pra ir tocar. Depois eles vão pra barraca da Shooting Star e David vai se ferrar. Eles pensaram em avisar vocês, só que eu disse pra deixarem vocês aproveitarem seus hormônios. -Nós rimos e então nós três saímos juntos para aproveitar o show de uma das minhas bandas preferidas. A gente fica atrás porque tem gente demais na frente e nem eu nem eles estamos com paciência pra aturar gente irritante hoje. Disso a gente já tem demais. Chick pula, cai, grita e canta, enquanto Shep faz o mesmo. Dessa vez, Thomas está na bateria, e Peach no baixo. Eu fico feliz por ouvir a multidão gritando. Mesmo não tendo nada a ver com a banda, eu me sinto tão orgulhosa quando Morgan vendo o público reagir tão bem a banda. É claro que isso tem uma explicação bem lógica - já que eles arrasam.

Eles ficam meia hora tocando, mas quando acabam, eu e o resto do mundo ali já estamos suados e com a voz rouca. Graças a deus eu vim de tênis porque o tanto que eu pulei... não ia ser agradável estar de saltos.

Quando eles saem do palco, estão como a gente - cansados e suados e a todos sorrisos. Principalmente sorrisos orgulhosos.

–Vocês arrasaram! -Morgan grita, puxando o cabelo para trás.

–Valeu, mano. -Todo mundo dá parabéns um para o outro, e então ficam sérios, quando David Alguma-Coisa passa por eles, com a cara séria.

–Chick. -Thomas diz, e ele assente. Os dois se entreolham e eu procuro Shep também, mas não acho ele em lugar nenhum. -A gente já volta.

Lacey, Morgan e eu vamos até a barraca de cachorro quente, enquanto eles saem pra meter porrada naquele idiota.

–Vocês acham que a Peach está afim do Thomas? -Lacey pergunta, parando atrás de nós na fila.

–Não. -Eu digo. -Ela provavelmente gosta de Morgan. -Lacey ri e ele me olha chocado. Eu só dou de ombros. Enquanto a gente espera, eu fico de mãos dadas com Morgan enquanto eu apoio minha cabeça no peito dele.Ele e Lacey continuam conversando e rindo. Eu fecho os olhos aproveitando esse momento.

Eu achei que as férias na casa de Melody iam ser chatas. Por causa da gravidez, das brigas, e tudo o mais, mas eu percebi que está sendo a melhor experiência da minha vida. Pela primeira vez, eu não tenho que me preocupar com minha mãe, ou Ruby, ou Melody, ou a escola. A única coisa que eu tenho que me preocupar é aproveitar esse momento, e me preocupar comigo mesma. Eu tenho tudo que eu poderia querer HOJE, AQUI E AGORA. E eu nem precisei procurar como uma louca pra achar essas pessoas que me fazem me sentir incrível. E isso é incrível.

Eu só abro os olhos, quando eu escuto a risada eufórica de Chick. Ele está correndo em nossa direção, junto com Thomas e quando eles nos alcançam, Morgan me puxa porque todo mundo começa a correr.

–O que aconteceu?

–Olha pra trás! -Chick responde. Eu vejo dois seguranças atrás da gente. Eu começo a rir que nem eles.

–A gente está ferrado, cara.

–Merda, -Lacey diz. -Eu queria o cachorro quente, Thomas.

–GORDA! -Chick grita.

E mais uma rodada de risos alcança a gente, e nós continuamos seguindo correndo entre as pessoas, pra fugir dos seguranças. Eles devem ter pego Chick e Thomas socando David. A cena deve ter sido hilária.

De repente, como a explosão dos instrumentos em Night Keepers, eu entendo perfeitamente a vida bela que a música tanto fala. Porque eu estou simplesmente a vivendo.


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