Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 16
Escolhas Desconhecidas


Notas iniciais do capítulo

esse tá triste gente, não tem muita coisa engraçada, feliz etc etc pq... ah vcs vão ler, xoxo



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"Do you know where your love is?
Do you think that you lost it?
You felt it so strong, but
Nothing's turned out how you wanted"

Say (All I Need) - OneRepublic 

Eu e Morgan estamos no campo onde ele me trouxe naquele dia, onde dava pra ver as luzes da cidade. É sexta feira, oficializando um mês desde que eu vim passar as férias na casa de Melody. Ontem, apesar do ódio de Morgan por comemorações, a gente foi pra pizzaria dos pais de Max, o garoto da rádio que é amigo de Morgan também, e comemos até estourar nossa barriga. Mentira... mas foi QUASE isso. Eu nunca comi tanto na minha vida. Mas é culpa das pizzas, que estavam boas demais. O estranho foi não ouvir uma palavra da mãe ou do pai dele sobre isso, mas acho que eles só estavam respeitando os desejos do filho. Para compensar, Chick estava mil vezes mais emotivo e quase chorou quando foi fazer o "discurso do irmão mais velho" só que nessa parte ele já tinha tomado algumas cervejas.

–Esse lugar é bonito, não é? -Eu pergunto. Essa noite está fria, porque choveu a tarde, pra compensar o sol dos últimos dias, então nós estamos com casacos e botas de chuva, e eu estou sentada no colo dele, enquanto ele está com as costas encostadas em uma árvore, desviando das gotas que caem das folhas, fazendo elas caírem em mim. Idiota. -Seria ainda mais bonito se alguém não me fizesse ficar molhada. -Eu provoco. Apesar de terem se passado só dois dias, as coisas estão legais entre a gente. Melody ficou feliz em saber que eu e ele estamos namorando, Ruby ainda está brava por eu estar "namorando o irmão do inimigo" mas logo, logo ela me perdoa, ela gosta de Morgan também. Kurt ficou contente quando eu contei, mas não disse muita coisa, porque queria subir pra ir dormir. As coisas parecem estar tranquilas agora. Eu acho que elas sempre estiveram, mas só agora eu consigo ver. As coisas estão... certas.

–Não posso molhar meu cabelo, fiz minha progressiva hoje. -Eu rio da cara dele, e da voz também, já que ele faz uma voz de garotinha. Dou um tapa de leve no rosto dele.

–Você é tão gay.

–Claro, claro. -Ele me dá um beijo, me apertando mais forte. São três da manhã, e faz umas três semanas desde o último dia que eu tive um pesadelo com a minha mãe. Ela ainda me assombra de manhã, quando eu estou fazendo pequenas no dia-a-dia, só que pelo menos agora eu consigo dormir a noite. O que ajuda bastante. Eu continuo ignorando completamente Melody, o que é bom por que nós não brigamos. Mas eu sinto vontade de chorar toda vez que a gente conversa.

–Você ainda não me contou o porquê da choradeira semana passada...? -Eu trago esse assunto, tentando parecer discreta. Quer dizer, eu preciso saber dessas coisas, não preciso? Eu conto tudo para ele e ele não fala nada sobre a vida dele. Eu sei que tem algo a ver com Jessica, o que piora tudo, já que, bem... eles eram namorados. Mas o motivo do tapa, o término, e o choro me intrigam. Será que ele ainda tem sentimentos por ela? O que eu sou então? -Ou o porquê do tapa de Jessica. -Ele não sabe que eu sei sobre ele e Jessica, então tenho que tomar cuidado com o que eu vou falar. Eu sinto ele ficar tenso.

–Isso é complicado.

–Tenta explicar. -Eu pressiono. Ele não olha para mim, apesar de eu estar olhando para ele. Ele só olha para as luzes da cidade, mas eu não estou interessada nelas mais, eu só quero saber porque ele não quer me contar.

–Isso é meio pessoal, você não acha? -Ele diz, num tom irritado e eu começo a ficar irritada também. Isso NÃO é justo. Não se pode confiar em alguém que não confia em você. E ele não confia em mim o bastante para me contar uma coisa dessas. Eu estou prestes a responder alguma coisa, não muito educada ou calma, quando meu celular toca, e interrompe nosso momento. Mas eu ainda percebo que Morgan relaxa outra vez. Quando vejo o número no meu celular, me surpreendo ao ver o nome de Chick em cima.

–Chick? -Eu pergunto, curiosa. Ele nunca me ligou antes. Assim que eu digo o nome dele, Morgan olha para mim com curiosidade também.

–Não, eu sou Parker. Hm... Chick é seu amigo? -O que é isso?

–É sim, quem é você? Conhece Chick?

–Escute, garota. Eu sou dono da loja de peças na rua 52, e... eu acabei de achar seu amigo caído na rua. Ele está respirando, e falando coisas sem sentido, e cheira a drogas. Eu... só achei melhor avisar alguém e você estava na lista de contatos dele. Ele não tem muita gente.

Imediatamente uma onda de medo passa por mim, enquanto eu processo o que ele está dizendo. Chick está DROGADO? Eu nunca imaginaria isso. Sinto o sangue sair do meu rosto e as mãos de Morgan puxam meu rosto para meus olhos encontrarem os dele, que estão preocupadas.

–Você pode me dar o endereço certinho? -Ele me dá.

–Eu tenho que ir pra casa, meus filhos estão me esperando. Venha rápido antes que a polícia ache ele assim. -A essa altura, eu já estou em pé e puxando Morgan de volta para minha casa.

–Obrigada, de verdade.

–Cuide dele, garota. -Então ele desliga e é aí que eu começo a correr para minha casa. Meus pés trabalham por conta própria, já que minha mente está pensado em tudo que pode ter acontecido com ele ou o que vai acontecer se eu não chegar a tempo. Eu só tenho consciência que Morgan está falando comigo, quando ele grita no meio da rua.

–Jazmine! -Eu dou um pulo de susto e me viro para ele. -O que aconteceu? Merda, Chick está bem?

–Era... um cara. Ele achou Chick caído na rua, -Eu volto a correr e ele me acompanha -Ele está vivo, mas parece que está drogado. -Os olhos dele se arregalam e ele fica tão pálido quanto eu. -Vou voltar pra casa, você pode pegar o carro? -Eu pergunto pra ele. Nós estamos na frente da minha casa. Ele balança a cabeça.

–Não dá, meus pais desconfiariam se eu tirasse o carro da garagem. A gente pode pegar um táxi.

–Não dá. Eles não vão querer levar um cara quase desmaiado de bêbado, mesmo com a gente junto.

Eu sei o que a gente precisa fazer. Eu sei o que eu vou ter que fazer, mesmo que isso signifique ter a minha irmã brigando comigo pelo resto da vida.

–Fica aqui. -Eu digo, enquanto abro a porta de casa e subo as escadas até o quarto de Ruby. Bato na porta repetidamente, até ela abrir sonolenta.

–Mas que porra você quer a essa hora, Jazz? -Eu estou tremendo de medo e ela percebe, porque arregala os olhos.

–Preciso do seu carro emprestado.

–Pra quê? -Eu considero mentir pra ela, mas seria pior quando ela descobrisse o que realmente teria acontecido, e acho que ela vai querer saber disso também.

–Eu preciso, hm, pegar Chick. -Ela acorda de repente.

–POR QUE?

–Não tenho tempo pra explicar, por favor, por favor, por favor. -Ela sai pra pegar as chaves, mas volta com um casaco para ela também. -Você vai vir junto? Tem certeza que é uma boa ideia?

–É Chick. -Ela diz, como se isso respondesse minha pergunta. Nós descemos as escadas quietamente, porque nenhuma de nós quer acordar Kurt e Melody. Quando ela vê Morgan lá fora, se surpreende, mas não pergunta nada. Eu também me surpreendo, mas por ver o redor dos olhos dele inchados. Ele está chorando. O carro dela está estacionado na frente de casa, porque ninguém se incomodaria de roubar alguma coisa nesse subúrbio, então é completamente seguro. Ela entra e liga o carro, enquanto nós entramos também. Eu dou o endereço para ela e Ruby dirige sem falar nada, mas eu também ouço os soluços dela. Morgan segura minha mão forte, enquanto eu sinto as lágrimas dele caírem e ele bate a perna nervoso.

A gente chega no exato lugar, e graças a Deus, Chick está lá. Caído, mas eu vejo o peito subindo e descendo, mostrando o ritmo da sua respiração. Ruby e Morgan correm para pegar ele e o trazem pro carro. Ele está com uma aparência horrível. A camiseta dele está encharcada de suor e um pouco de sangue, a calça está rasgada e ele está descalço. Seu rosto está inchado, mas pelo menos está desmaiado e não falando coisas sem nexo - acho que isso seria pior de aguentar. O cheio de drogas, que eu não consigo especificar, infesta o carro quando eles entram. Morgan, Ruby e Chick no banco de trás. Os dois estão chorando abertamente, mas eu sei que Ruby está assim porque está assustada. Porque eu também estou assustada e eu escuto meus próprios soluços.

Chick parece exatamente como minha mãe estava quando eu encontrei ela caída no chão da nossa casa. E isso me assusta mais do que o que aconteceu com ele agora mesmo. Porque ele fez isso? Ele sempre pareceu tão feliz. Por que ele fez isso com ele mesmo? Eu não entendo. Ele sempre teve esse jeito meio drogado, mas aquilo era natural - era sua personalidade. E agora... o que aconteceu?

Eu sento no banco da frente, porque Ruby não faz qualquer movimento indicando que vai voltar para dirigir, e até me dá a chave do carro. Ela tenta não tocar em Chick, mas ele é grande, então é quase impossível. Ele está com a cabeça apoiada no ombro de Morgan, que eu nem ouso olhar, pra não desmoronar vendo a expressão dele. Ele deve estar se sentindo horrível. Eu não estou entendo como Chick pôde fazer isso. Parece tão... errado.

Se ele acha que não vai ouvir de mim quando acordar, está muito enganado.

Eu ligo o carro, e nós lentamente partimos em direção à nossa rua, chorando cada vez mais.


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