Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 1
O Começo do Dia


Notas iniciais do capítulo

eu espero que gostem



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"Don't you ask me if it's love my dear,

Love don't really mean a thing around here,

The big screens the plastic made dreams,

Say you don't want it

Say you don't want it"

Say You Don't Want It - One Night Only

A música se chama "Night Keepers" e eu já escutei ela umas quinhentas vezes, sem nem me cansar. É uma daquelas músicas chiclete, mas que você não se importa nem um pouquinho de escutar. É como aquela comida ruim que você não consegue parar de comer. Só que a comida dessa vez, é muito boa e não engorda. Eu estou batendo meus dedos no banco traseiro enquanto eu vejo minha irmã xingar um motorista e soprar o cabelo para fora do seu campo de visão. Orange Lemonade é minha banda preferida, e essa música, no momento, também é a minha preferida. Não sei por quanto tempo eu vou gostar dela, mas eu sei que no momento, ela parece a trilha sonora de um filme inteiro, chamado "minha vida". Não por causa da letra, nem do ritmo. Pra falar a verdade, eu não sei nem o motivo da minha fixação. Mas isso é só mais uma daquelas coisas que eu não consigo explicar sobre mim mesma, então, não me incomodo muito em achar o motivo do meu amor, porque acho que - eu sei que pode parecer idiota - quando eu descobrir, eu não vou mais conseguir me conectar com a música do jeito que eu me conecto hoje. Eu só sei que ela é a primeira da lista do meu player quando eu seleciono as "mais tocadas" e eu sinto até um alívio, já que aí eu não tenho que procurar pela playlist inteira a música. "Night Keepers" foi o primeiro single do segundo álbum da banda. O clipe é mais esquisito que a música, mas acho que isso faz parte do mistério por trás da letra. É enigmática, misteriosa, como se tivesse um segredo por trás das palavras que só quem escreveu, e quem vivenciou esse segredo entendem. Minha irmã diz que eles escreveram quando estavam chapados, mas eu ignoro esses comentários, porque querendo ou não, eles mancham a imagem que eu tenho da banda, na minha cabeça. Orange Lemonade foi a segunda banda que meu ex-namorado me mostrou, antes de me largar pela minha melhor amiga. Ou ex melhor amiga. Que seja. Enfim, a primeira foi "Where's Katy?" que é muito boa, mas as letras só falavam de sexo, então eu parei de ouvir. Essa Katy deveria ser uma garota muito, mas muito desequilibrada pra ser inspiração pra uma banda daquelas. Que seja de novo, eu não escuto mais mesmo.

–Jazz, será que dá pra abaixar o volume? Eu estou aqui na frente e estou conseguindo ouvir a música dos fones de ouvido. Eu não quero que você fique surda, então, por favor, abaixa logo isso. -Eu abaixo o volume, aproveitando pra botar "Night Keepers" no replay outra vez. Meu nome é Jazmine. Se você procurar no dicionário de nomes ou qualquer coisa assim, você vai encontrar significados como "destino" "personalidade" "flor" e "alma". Tudo besteira. As pessoas sempre dizem "ah, que nome lindo" quando eu me apresento, ou elogiam o significado dele, mas a verdade? Meu nome é Jazmine porque Ruby queria uma irmã para chamar de Jazz. Ela é toda Frank Sinatra mais Tony Bennett desde criança, então ela queria uma irmã pra poder chamar do seu estilo musical preferido. Como minha mãe devia ser péssimas com nomes, deixou minha irmã escolher meu nome, e agora eu me chamo oficialmente o estilo musical mais chato do mundo.

–Pronto. A gente já está chegando?

–Quase. -Eu não falo mais nada, porque minha parte preferida começa na música. É quando tem algo parecido com uma batalha de instrumentos entre um violino e uma guitarra e eles ficam nessa de tocar-parar-tocar-parar até o cantor começar a cantar o refrão tudo de novo. Eu olho pela janela e eu consigo ver as árvores familiares da estrada. É esquisito, as árvores são todas iguais, mas eu reconheço elas. Eu sempre sei em qual parte do caminho a gente está, olhando para as árvores da estrada. Pra mim, elas são melhores que as placas.

Enfim, é verão. Um verão bem esquisito já que está com um clima de outono, mas, quem liga, eu não estou indo para a praia mesmo. Se minha mãe estivesse viva, a gente iria para a casa da irmã dela, na praia e passaria o verão dentro da água. Mas ela morreu e aparentemente minha irmã quis seguir a tradição da minha mãe de um jeito diferente e agora, nós estamos indo para a casa da nossa irmã. Eu sou a mais nova. Somos em três, todas garotas e todas iguais. Bem, não tão iguais, já que agora Ruby, a irmã que está na minha frente, pintou o cabelo de loiro. Minha irmã mais velha, Melody, se casou alguns anos atrás e vai ser a primeira vez que eu vou realmente conhecer seu marido. No dia do casamento dela, minha mãe ficou bêbada demais, então eu não consegui ir falar com ele, já que eu tive que levar minha mãe pra casa.

Essa coisa de ser criada pelas irmãs ainda é nova pra mim, já que minha mãe morreu há apenas três meses, mas acho que elas estão fazendo um bom trabalho. Eu passo a maior parte do tempo com Ruby, já que Melody mora em outra cidade, mas eu escuto as duas conversando sobre como cuidar de mim. Como se eu precisasse que alguém me cuidasse toda hora. Nós vamos visitar Melody porque ela está no último mês da gravidez, então precisa de ajuda, já que o marido passa boa parte do tempo no escritório.

Minha irmã estaciona na frente da casa de Melody, e suspira. Eu entendo o suspiro dela. Isso vai ser difícil... essa coisa de juntar nós três em uma casa, sendo que uma de nós está grávida. Mas pelo menos minha irmã está feliz por saber que a irmã grávida não sou eu, acho que isso ajuda ela a ter coragem de sair do carro. Melody sempre foi viciada em perfeição. Ruby também era, mas desde que mamãe morreu, ela não se preocupa mais em parecer a garota perfeita só para Melody. Com a mania de perfeição mais a gravidez, os dois meses aqui vão ser difíceis, até para Ruby, que sabe ser bem paciente e tudo mais. Nós saímos do carro, pegando as coisas e vamos até a porta. Ruby bate, esperando, enquanto eu olho a rua. Melody tinha que morar num subúrbio chato. Isso era o destino dela. Um subúrbio com baixas taxas de mortalidade e roubo, onde tudo era seguro e tranquilo. Na casa do lado, eu vejo uma mulher beijando o marido, e indo com as malas até o carro, estacionando alguns metros na frente do nosso. Tem um garoto também, mas ele não faz nada - só observa ela ir embora. Fico pensando se é a mãe dele ou alguma coisa, quando ele olha para mim. Deve ter minha idade ou talvez seja mais velho. Ele me encara, e fica alguns segundos sério, mas depois sorri e eu desvio o olhar, porque minha irmã abriu a porta. Melody está inchada, e muito, muito, MUITO grávida. A barriga dela está enorme quando ela abre a porta pra gente. Ela olha para nós, depois para a mulher que está entrando no carro, e acena, depois a mulher acena de volta. É claro, ela tem amigas vizinhas, tão típico.

–Jazz! Como você cresceu! -Ela me abraçou de um jeito esquisito, por causa da barriga. Melody não me vê há dois anos, desde que se casou. Quando a mamãe morreu, Melody estava no hospital por causa do bebê, então não foi ao enterro. Não que muita gente tivesse ido. Só eu, minha irmã e meu primo Albert.

–Oi, Melody. -Depois ela abraçou minha irmã e a gente entra. É de se esperar que a casa dela estava na mais perfeita ordem, calma e silenciosa. Porque Melody é assim. Perfeccionista. Não sei como vai ser quando o bebê nascer. Acho que ela vai pirar. Só espero que não pire do mesmo jeito que mamãe pirou quando ela nasceu, porque aí todo mundo pirava junto.

–Onde está Kurt? -Kurt é o marido de Melody. Acho que Ruby só perguntou pra puxar assunto, porque nós três sabemos a resposta.

–Trabalhando. Como sempre. Enfim... Vou mostrar os quartos de vocês. -Ela mostrou primeiro o meu. Pequeno, com uma cama e só. Depois o de Ruby. Então nós nos sentamos, e ela começa a conversar sobre produtos de limpeza com minha irmã. Seu assunto preferido ao que parece.


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Notas finais do capítulo

Eu ODIEI o jeito que esse capítulo terminou, mas mas mas mas não achei jeito melhor pra terminar bye