Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 5
CAPITULO 4 – A MISSÃO NA FÁBRICA




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A primeira noite que passei na União Soviética não foi nada tranqüila. Eu mal consegui dormir, e para piorar escutava a alta respiração de Naruto que vinha da sala.


Num determinado ponto da noite, eu comecei a me sentir incomodada com as coisas mais banais. Tudo me irritada, nada estava bem: o travesseiro estava duro demais e cheirava a mofo; meu nariz coçava por causa da poeira; o colchão não era nada confortável; o silêncio das ruas da cidade era insuportável, principalmente para alguém como eu que morava em Nova Iorque; e eu não parava de pensar na missão que realizaria no dia seguinte.


Pela manhã fui a primeira a acordar. Decidi preparar um pouco de café, e seria um café americano. Ontem Tsunade havia me acompanhado até o mercado e me ajudou a comprar alguns produtos que não eram como os produtos americanos, mas com eles eu poderia fazer algumas preparações típicas de meu país, bom, não tão típicas assim, pois alguns ingredientes não eram vendidos por aqui.


Eu misturei um pouco de farinha, leite, ovos, açúcar e sal em uma tigela de porcelana quebrada em uma das laterais. Bati bem, e levei a uma pequena frigideira. Em pouco tempo a massa frita se transformou em uma panqueca; eu havia comprado mel para colocar sobre elas.


O prato logo se encheu, e quando eu estava terminando de fritar a última panqueca Naruto apareceu na cozinha.


- Está cheirando muito bem.


Eu já esperava que ele fosse se unir a mim em meu café da manhã, e por isso fez uma quantidade a mais de panquecas.


- Isso é melhor que comida russa – comentei enquanto jogava mel por cima das panquecas.


Naruto assentiu com a cabeça e sentou-se a mesa da cozinha onde um leite quente o esperava. É, o nosso casamento estava dando certo. Eu não gostava de pensar em mim e no Naruto como um casal, mas vivendo baixo o mesmo teto era quase inegável que parecêssemos a um.


O café da manhã foi tranqüilo. Conversamos sobre Moscou e política; falamos da corrida armamentista e de como a Segunda Guerra Mundial fora um período difícil para toda a Europa. Em nenhum momento falamos de nossa vida particular, exceto de nossos gostos e preferências alimentares. Estava melhor assim, não era bom que ficássemos íntimos demais, era quase que necessário manter a nossa privacidade, pelo menos assim eu acreditava.


Após o café da manhã, Naruto foi para a sala; e eu fiquei lavando a louça. Depois segui para a sala e sentei-me no sofá único de três lugares. Naruto estava sentado no chão ao lado da lareira que estava acesa.


- Esta noite entraremos na fábrica. Amanhã pela manhã a missão estará completa.


Naruto parecia estar chateado com isso.


- Depois de tirarmos as fotos da fábrica não haverá mais nada para se fazer aqui.


Naruto me olhou e sorriu, porém seus olhos não mostraram alegria.


- Essa é a missão, não é mesmo?


- É Naruto, essa é a nossa missão.


O desanimo de Naruto em completar a missão me contagiou, e logo eu comecei a pensar se não era precipitado demais realizar uma missão num lugar que nem sequer conhecíamos. Pelo menos eu não conhecia.


- Naruto, você conhece a fábrica?


- Não – respondeu-me de pronto.


A dúvida cresceu em meu interior.


- Como saberemos onde está a bomba de nêutrons? Como faremos para entrar?


- Aquele casal de velhos deve saber – respondeu-me Naruto de mau agrado.


Questionei-me se Jiraya e Tsunade nos acompanhariam até a parte interna da fábrica; eles provavelmente deveriam conhecer o lugar, por isso eles eram os nossos contatos.


Eu coloquei meus pés esticados sobre o sofá e encostei minha cabeça no apoio de braço. Em silêncio fiquei observando o bailar das chamas sobre a madeira. Naruto também mantinha seu olhar sobre as chamas da lareira.  


Eu comecei a me perguntar como eu havia vindo parar num lugar tão distante e estava casada, não oficialmente, com um homem que me era um completo estranho; eu não sabia suas origens e nem se ele era casado ou tinha uma namorada.


Lembrei-me de suas palavras quando nos encontramos. Ele me dissera que não se importaria de ser casado comigo; bom, isso talvez indicasse que ele não era casado, mas se ele tivesse uma namorada? Eu não tinha ninguém, nunca tivera.


Eu me levantei e fui em direção ao quarto.


- Sakura? – a voz de Naruto chegou a meus ouvidos no momento que eu me aproximava do corredor.


- Eu vou descansar um pouco. Esta noite teremos uma missão importante.


- É melhor que descanse.


Senti que Naruto queria que eu ficasse, porém eu não estava com ânimo para ficar ali na sala ao lado dele. Se eu ficasse provavelmente terminaríamos falando sobre nossas vidas, e isso nos faria ficar mais próximos, uma amizade haveria de surgir por certo; entretanto para que eu iria querer estreitar laços de amizade com alguém que desapareceria da minha vida no dia seguinte? Não valia a pena.


Eu fui para o quarto e fechei a porta. Dirigi-me a janela e fiquei olhando a paisagem da urbanizada Moscou. Tudo parecia tão perfeito da janela de meu quarto, olhando ali ninguém diria que aquelas pessoas que circulavam pelas ruas viviam em meio ao medo de sofrerem uma nova Guerra Mundial. Acho que pelo fato dos Estados Unidos nunca ter sido atacado dentro de seu território, o clima de pré - Terceira Guerra Mundial para mim era mais ameno.


A guerra só havia gerado ódio entre os povos. Se os japoneses não houvessem atacado Pearl Harbor no Hawaii, os americanos não teriam lançado contra eles a bomba atômica, e assim os soviéticos não iam construir uma bomba nuclear para imitar a americana, e, então, os Estados Unidos não ia precisar se aperfeiçoar em construir uma bomba mais poderosa que a bomba atômica, e os soviéticos não tentariam ultrapassar os americanos e por isso eles não iriam construir uma “bomba de nêutrons”, e eu não estaria aqui em Moscou para fotografar essa tal “bomba de nêutrons” cuja existência eu mesmo duvidava. Esta noite eu poderia confirmar a sua existência.


Ao atardecer, eu comecei a me vestir para a missão. Calças, botas de cano longo e blusas de manga longa na cor preta era vestuário básico de espião, ainda mais quando a missão seria realizada na penumbra da noite. Olhei-me no pequeno espelho da penteadeira, e ajeitei meus cabelos que eram curtos demais para serem presos e longos demais para não me incomodarem; eu sempre tive um conflito quanto ao tamanho de meus fios, quando entrei para o serviço de espionagem meus longos cabelos diminuíram até a altura de meu queixo, esse era um tamanho bom, não era longo demais nem curto demais.  


Eu saí do quarto e encontrei Naruto trajando um uniforme laranja, tive que conter o riso.


- Naruto, que trajes são esses? – perguntei-lhe


Eu contraia os lábios para não rir.


- São minhas roupas


Com a ponta dos dedos tapei meus lábios para que Naruto não me visse segurar o riso, o que eu não vinha conseguindo fazer com sucesso.


 Naruto me lançou um olhar de curiosidade.


- O que há de errado com a minha roupa?


- É laranja – disse rindo.


A essa altura eu já havia desistido de tentar conter o riso. Naruto começou a olhar o próprio visual em busca de uma explicação para o meu surto de risadas continuas.


A campainha soou alto na sala. Minha risada interrompeu-se nesse momento.


Naruto se adiantou a mim, e foi abrir a porta. Jiraya e Tsunade esperavam do outro lado.


Assim que viu Naruto, Tsunade começou a rir, eu não havia sido a única a achar a roupa, como direi? diferente. Eu não a acompanhei em sua risada.


-Garoto, sua roupa é....


Até mesmo para Jiraya faltaram-lhe palavras para elogiar/criticar os trajes que Naruto vestia.


- Vão nos levar até a fábrica? – eu disse num tom sério.


Eu decidi cortar a conversa sem sentido. Eles eram os nossos contatos na União Soviética, eram eles que nos guiariam até a fábrica; por isso não havia motivos para fazer deles nossos “amigos”.


Tsunade balançou a cabeça, e seus lábios encolheram e se contrairam.


- Muito bem, nós os levaremos até o local onde é a fábrica – Tsunade começou a explicar como deveríamos proceder quando chegássemos ao local.


 - Vocês irão entrar por uma porta localizada aos fundos da fábrica. A porta dá acesso a parte do armazenamento de armas que fica na parte de trás do galpão.


Jiraya continuou.


- Os guardas costumam a ficar na parte da frente fazendo a vigia, mas ocasionalmente eles vão até o depósito para ver como estão as coisas.


- Onde fica a bomba? – perguntou Naruto indo direto ao ponto principal da missão.


Tsunade relaxou o rosto.


- Não sabemos. Por isso vocês terão que procurar.


- Como podemos vasculhar tudo em uma noite?


Tsunade sorriu.


- Pensei que haviam contratados os melhores – disse com sarcasmo.


Fiz um bico ante ao anfrontamento de Tsunade.


- Tsunade, deixe os garotos – Jiraya repreendeu Tsunade, e em seguida virou-se para nós – a bomba deve estar na parte do armazenamento de armas da fábrica.


- Vamos logo! – disse Naruto mostrando-se impaciente em começar a missão.


Tudo aconteceu conforme as explicações de Jiraya e Tsunade.


Meia-hora depois, eu e Naruto fomos deixados frente à fábrica. Jiraya acelerou o carro que eu não conhecia nem a marca e nem o modelo, deveria ser algum modelo nacional, num piscar de olhos ele e Tsunade já estavam em meio ao bosque; assim que tivéssemos as fotos em mãos deveríamos nos encontrar no bosque de eucaliptos que ficava na parte de trás da fábrica.


A primeira vista a fábrica me pareceu gloriosa, apesar das paredes serem rústicas, o desenho dos arcos que havia tanto na parte de cima quanto na parte debaixo da fábrica, davam ao lugar um esplendor único. O galpão era enorme, acredito que deveria ter uns duzentos metros quadrados.


Naruto e eu ficamos a espreita, escondidos entre as árvores altas do bosque, à espera do momento certo para entrarmos. Assim como Tsunade e Jiraya haviam nos relatado, havia uma pequena porta nos fundos, porém havia um guarda de vigia lá.


Não demorou a que outro guarda saísse por aquela porta, os dois conversaram e em seguida o guarda que estava de vigia entrou com o outro; aquele era o momento que esperávamos para entrar na fábrica.


Naruto foi a minha frente, e abrindo a porta verificou se podíamos entrar. Eu ouvia sua respiração alta e as batidas fortes de seu coração, a adrenalina começava a dominar nossos corpos. Ele me olhou com um olhar que pareceu-me de ternura, e voltou sua atenção para o interior da fábrica.


Naruto entrou primeiro, e eu o segui bem de perto.


Na parte interna da fábrica havia pouca iluminação provinda de algumas poucas lâmpadas acesas e da luz do luar que se infiltrava através das grandes janelas no teto da fábrica. Havia caixas de madeira possivelmente com armamentos espalhadas a nossa volta; certamente havíamos entrado pelo deposito de armas.   


- Vamos ficar juntos – disse Naruto bem baixinho.


Eu arqueei as sobrancelhas sem entender a razão de me ter dito tal coisa.


- Temos que nos separar – objetivei e na seqüência expliquei meus motivos – se ficarmos juntos cobriremos apenas uma pequena parte da fábrica


Naruto voltou a olhar-me com ternura fraterna.


- É mais seguro desse jeito.


Eu pensei em expor a Naruto o fato de que eu já havia trabalhado em muitas missões sozinha anteriormente, mas o som de passos vindos em nossa direção me fez calar.


Nós prendemos nossa respiração, e eu coloquei minha mão sobre meu revolver que estava preso em minha cintura. Eu não gostava de usar armas, mas se fosse preciso eu a usaria.


O som de passos se afastou do local onde estávamos, e eu pude respirar aliviada.


- Há muitos guardas aqui – comentei com Naruto num de tom de voz bem baixo.


- Eu posso completar a missão sozinho.


Eu fiquei indignada com tal proposição.


- Não mesmo, eu estou com você até o fim.


Havíamos começado a missão juntos, e a terminaríamos juntos. Como habitual ele me sorriu.


Naruto seguiu a minha frente como se fosse meu escudo, eu peguei a máquina fotográfica pendurada na lateral de meu corpo e me preparei para fotografar o interior da fábrica, mais especificamente eu pretendia fotografar a tal “bomba de nêutrons”. Eu sei que não conhecem meu currículo, por isso vou lhes dizer que eu não era uma espiã especialista em armas, simplesmente as sabia usar; bom, não sendo especialista em armas, eu não as conhecia muito bem, e se eu não conhecia muito bem as armas tradicionais, como eu poderia reconhecer uma bomba de nêutrons? É, acho que desde o começo da missão eu inconscientemente acreditei que a bomba teria uma enorme etiqueta, escrita em inglês, óbvio, “bomba soviética de nêutrons”. O engraçado dessa história é que eu só me dei conta de que não conhecia uma bomba de nêutrons quando estava disposta a fotografá-la.


Eu pensei a perguntar a Naruto se ele conhecia a aparência de uma bomba de nêutrons, porém desisti ao pensar que ele sabia dessa bomba tanto quanto eu. Vil pensamento.


Sem alternativa, eu comecei a fotografar as caixas de madeira a minha frente, para algo aquelas fotos haveriam de servir. Percebi que Naruto se mantinha atento a cada movimentação dos soldados que estavam na parte da frente da fábrica.


- m0;k2;l4;? (Quem está aí?) – perguntou uma voz masculina grave as minhas costas.


Eu gelei, e a máquina fotográfica escorregou de minhas mãos ficando pendurada na lateral de meu corpo.


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Notas finais do capítulo

Uma missão bem estranha... Naruto e Sakura tiveram que entrar na fábrica sem conhecer as imediações, bom, eles acabaram aceitando entrar e agora estão numa enrascada.



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