Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 40
CAPITULO 35 – A REVOLUÇÃO HÚNGARA parte 1




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Eu decidi que iria para a Hungria atrás de Nagato e assim o fiz. Não foi tão fácil quanto eu pensava chegar lá, mas também não foi assim tão complicado.

 

Uma lição que a vida havia me ensinado há muito tempo era que com dinheiro se chega a qualquer lugar. Eu tinha uma boa quantia em dinheiro que me foi paga por Konan para a missão; era uma ironia usar esse dinheiro para chegar até Nagato, pois era como se ele me pagasse para prendê-lo.

 

Com o pouco de russo que eu havia aprendido enquanto trabalhava na fábrica, eu consegui chegar até o aeroporto, e lá consegui comprar uma passagem de avião para a Hungria. Foi preciso depois tomar um trem para chegar a Budapeste, mas depois de dois dias eu finalmente estava na capital húngara.

 

Na cabine do trem encontrei sobre o banco um jornal. Sentei-me e peguei o jornal. Na primeira página havia a foto do primeiro ministro húngaro, Imre Nagy, e atrás dele estava Nagato. A data era 1 de novembro de 1956, e isso era tudo o que eu havia conseguido ler naquele jornal. Eu não sabia o que realmente estava se passando na Hungria, Shikamaru havia me contado apenas sobre uma revolta popular contra o domínio soviético.

 

 

Eu cheguei a capital Budapeste no dia mais fatídico da história húngara. Era final da tarde do dia 4 de novembro de 1956, jamais esquecerei essa data, assim como o povo húngaro também jamais a esquecerá.

O caos dominava as ruas da capital, as pessoas circulavam pelas ruas com cartazes e em bandos, olhando desconfiadas para todos que passavam. Havia uma grande movimentação de pessoas nas ruas, e elas pouco a pouco se reuniam em uma grande praça. Eu não sabia o que realmente estava acontecendo, tudo o que eu sabia era o que Shikamaru havia me contado:

 

“A Hungria não está nada feliz com o domínio soviético, e quer liberdade. Nagy está à frente da revolução húngara que está acontecendo nesse momento, e ele já concordou com as medidas anti-soviéticas propostas por Nagato... Na verdade, esse levante popular foi um pouco precipitado, mas foi a população que o fez”.

 

Ainda que eu soubesse do levante popular contra o domínio soviético, e mesmo vendo aquela agitação toda eu não me senti intimidada; eu estava decidida a seguir com meu plano. A minha ignorância quanto a gravidade do que estava se passando me fez ir para Budapeste e o destino me fez estar lá um dia depois da cidade ter sido cercada por mais de mil tanques soviéticos. Haveria uma luta sangrenta entre húngaros e o exercito vermelho naquela noite, mas eu, alheia do que estava por vir, segui vagando sem rumo pelas ruas carregando nas mãos a minha pequena mala.

 

- Eu tenho que arrumar uma pensão para passar a noite – eu disse a mim mesma enquanto andava.

 

Como que por sorte eu encontrei um lugar bem rápido. A casa era pequena e a fachada estava mal cuidada com a pintura desbotando das paredes, no portão velho e enferrujado havia uma placa escrita: “Foreigns - Room”. O inglês do dono daquele lugar não devia ser muito bom, pensei, afinal não havia sequer uma frase formada, apenas havia as palavras: “estrangeiros” e “quarto”; no entanto, isso não importava o que eu queria estava justamente ali. 

 

Eu entrei e fui recepcionada por uma senhora de idade avançada cujos cabelos cacheados estavam bem brancos. Ela saudou-me num idioma que eu não conhecia, mas imaginei ser o idioma local.

 

- Por favor... – eu tentei falar em inglês com ela.

 

Se eu não sabia nem russo imagina húngaro! Como é que eu ia saber esses idiomas se eu ainda arranhava no francês.

 

A mulher olhou-me curiosa por uns instantes, e em seguida ajeitou seus óculos de lentes redondas.

 

- Você americana?! – perguntou-me sorrindo.

 

Eu sorri sem jeito.

 

- Sim.

 

A velha senhora pareceu ficar bem contente por isso.

 

- Bom, bom... Você quarto?

 

Era notável que sua pronuncia não era boa, e tampouco sua gramática ausente de verbos.

 

- Sim.

 

Eu fiquei com medo de me estender demais e a senhora acabar não me entendendo.

 

- Eu americana também – disse a mulher enquanto pegava uma chave na gaveta – Muito tempo Hungria.

 

- Eu acabei de chegar.

 

A mulher olhou-me de maneira estranha, era como se ela não tivesse entendido muito bem o que falava.

 

- Você agora Hungria – repetiu o que eu já havia lhe dito – Cuidado... Guerra perto... – a mulher interrompia sua frase em busca de palavras em inglês - Pessoas muito... Triste e brava. 

 

Eu logo entendi o que a velha senhora tentava me dizer de uma maneira desajeitada. Não havia como fechar meus olhos para o que eu vinha vendo desde que havia chegado na Hungria. Havia uma grande mobilização de pessoas, e eu estava certa que o governo soviético não estava contente com esse levante popular. O problema era que eu não sabia quão descontente o governo soviético estava e nem tampouco que o mesmo já havia decidido tomar suas providências quanto a isso. Literalmente, eu não sabia onde havia me metido.

 

- Você – mala – quarto – tentei ser bem sucinta na hora de pedir a velha senhora o que fazer, e dessa vez, ela me compreendeu porque logo ela acenou com a cabeça – Eu vou dar uma volta.

 

- Perigo! – gritou a mulher com uma expressão de horror no rosto.

 

Eu balancei a cabeça e sorri.

 

- Eu vou ter cuidado.

 

E sem dizer nada mais eu deixei a minha mala na velha pensão e saí para as ruas de Budapeste. Eu queria entender o que estava acontecendo.

 

A noite havia caído sobre a cidade. As ruas estavam bem escuras, entretanto as pessoas seguiam circulando; havia um número menor de pessoas do que antes. Eu voltei para a praça onde havia a grande concentração de pessoas, porém mal que eu me aproximei do local escutei tiros e disparo de canhões. As pessoas começaram a passar por mim correndo. 

 

Os tanques soviéticos avançavam contra os manifestantes, e o exército vermelho atirava contra a população. Eu comecei a correr em direção a praça, eu queria encontrar Nagato, queria ver seu rosto; um rosto que eu apenas conhecia por foto. Ah, acho que eu nunca mencionei antes que eu não conhecia pessoalmente o homem que havia matado meus pais; eu apenas havia visto seu retrato dos arquivos do FBI. Relembrar do passado me permite ver que acabei cometendo erros demais nessa missão, e sinto-me idiota por naquela época nunca ter parado para pensar por um momento que meu objetivo de prender Nagato era simplesmente impossível de acontecer, ainda mais sem o apoio apropriado. Esses meus atos de loucuras poderiam ter me levado a morte, porém devo confessar que quando eu decidi ir para a Hungria, eu não me importei se eu voltaria viva ou não; afinal porque eu me importaria com a minha vida quando eu não tinha mais nada a perder... Pelo menos assim era o meu pensamento até o começo daquela fatídica noite.

 

Voltando ao meu relato. Eu corri atrás de Nagato certa de que ele estava lá do lado húngaro, incitando a população a continuar seus protestos contra os soviéticos.

 

Por mais que meus olhos atentos buscassem uma forma de atravessar aquela multidão a minha frente que corria de um lado para o outro e assim poder chegar até Nagato, eu não conseguia encontrar um meio de atravessá-la. De repente em meio a um grupo de manifestantes que se dispersava eu o vi.

 

- Naruto – o nome dele escapou-me dos lábios num sussurro.

 

Em minha mente eu me perguntava se ele era real ou apenas uma ilusão criada por meu cérebro como um sinal de alerta para o perigo. 

 

Eu vi os olhos de Naruto olhando em minha direção, ele correu para me alcançar e eu comecei a correr na direção oposta. Definitivamente ele não era uma ilusão, porque ilusões não corriam tão rápido.

 

Meu corpo se chocava contra o corpo dos manifestantes que recuavam a medida que o exército vermelho e seus tanques pareciam avançar.

 

Enquanto corria eu tentava imaginar o que ele estava fazendo lá. Será que a CIA o havia mandado atrás de mim? Provavelmente não, eu não era assim tão importante para eles, o que eles queriam era apenas... O microfilme que eu levava em meu pescoço. É, talvez a CIA o tivesse mandado atrás de mim; eu não podia deixar ele se aproximar.

 

- Sakura!

 

A voz de Naruto chamando meu nome distraiu-me e eu virei para trás para olhá-lo, no momento seguinte voltei meu olhar para frente e me detive ao ver um soldado do exército vermelho apontar uma revolver em minha direção. Senti meu corpo gelar.

 

Fechei os olhos e senti dois braços fortes agarrando a meu corpo ao ouvir o disparo da arma.

 

Ao abrir os olhos, vi Naruto a minha frente esboçando uma expressão de dor, olhei por sobre seu ombro e vi que o soldado que atirara estava caído de bruços no chão, um dos manifestantes saiu do correndo de trás do guarda e passou rapidamente por nós. Passei minha mão por baixo do braço direito de Naruto a fim de ampará-lo e senti um líquido quente molhar meus dedos. 

 

- Por que fez isso? - minha voz travou antes de sair.

 

- Eu te amo – disse-me com um sorriso nos lábios.

 

Essa pequena frase composta de três palavras explicava muita coisa, mas ainda assim não me fazia compreender outras coisas mais.

 

- Vamos sair daqui – eu disse me recuperando do meu choque inicial.

 

Naruto enrijeceu o corpo e começou a andar por entre as pessoas com a mão sobre o ferimento, eu caminhei a seu lado. Nós seguimos por um beco próximo a nós; o beco ficava mais escuro à medida que avançávamos. 

 


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Agora que a fic vai ficar mais emocionante. Sakura chega a Budapeste no pior dia da história da Hungria, e para a sua surpresa se encontra com Naruto que termina ferido tentando protegê-la. Os dois estão prestes a presenciar um dos maiores massacres que a história já viu, será que em meio a guerra haverá espaço para o perdão?



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