Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 22
CAPITULO 18– ESPIÕES SECRETOS




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Sem ar e forças para continuar correndo, eu entrei em uma viela e encostei-me na parede.


- Como descobriram que eu estava aqui?


Respirei fundo e tentei controlar o ritmo da minha respiração. Em minha mente havia um turbilhão de pensamentos e frases que se repetiam.


“Nós estamos numa missão”


“Não viemos a trabalho pela agência”


“Nós vamos ficar em Moscou até que você decida nos ouvir”


Eu não compreendia essa insistência em me fazer escutar suas histórias.


Shikamaru e Ino estavam em Moscou e queriam me contar algo que eu de certo desconhecia, só havia um problema, eu não sabia se eu queria escutar o que eles vieram me falar.


Voltei para casa com mais dor de cabeça do que quando saí dela. Havia sido uma péssima idéia ter ido dar uma volta.


A presença de Ino e Shikamaru na União Soviética me intrigava, eu me perguntava o que eles estavam fazendo aqui, e o que de tão importante eles tinham para me contar, no entanto para ter a resposta a essas perguntas eu tinha que escutar o que eles tinham a me dizer, mas eu não queria ouvi-los.


Shikamaru e Ino representavam meu passado; um passado que eu deixei para trás quando aceitei essa missão e saí da agência de Nova Iorque.


“Estamos numa missão”


Foi o que disseram. Fosse qual fosse à missão, eu tinha certeza que essa missão não pertencia à agência de Nova Iorque; não, a agência não era contratada para missões internacionais, apesar de resolver casos de importantes figurões do mundo político e artístico, a agência não tinha condições de assumir uma missão de porte internacional.


Olhei para o relógio pendurado na parede. Era hora de começar a me vestir.


Fui para o quarto me arrumar.


Eu estava pronta para sair apenas esperando que desse a hora combinada para descer. Sasuke havia dito que me buscaria, e eu lhe sugerira que me pegasse na esquina, eu queria evitar que Sasuke e Naruto se cruzassem, ainda que fosse impossível isso não acontecer na fábrica, porém parecia que nos dias seguinte ao flagra, Naruto não havia cruzado mais com Sasuke, aliás, eu não lembrava de tê-lo visto circulando pela fábrica.


A porta se abriu e Naruto entrou por ela.


Ele ficou em silêncio apenas me observando. Ao ver-me na sala toda produzida com os cabelos presos em uma das laterais por um grampo de perolas e vestindo um sobretudo negro que não deixava apenas um pequena parte de meu vestido a mostra, as luvas negras longas também eram disfarçadas pelas mangas do sobretudo.


Naruto ficou me olhando interrogativo.


- Vai sair?


Lembrei-me que eu ainda não havia contado para Naruto que eu iria sair com Sasuke.


- Sasuke me convidou para ver o ballet no Teatro Bolshoi.


- Eu vou com você.


Eu fiquei boquiaberta.


- Não! O que pretende? Vai acabar estragando tudo!


- Como na sala do Sasuke? – me replicou.


- É – respondi tão prontamente que nem pensei sequer direito na resposta.


O oceano dos olhos de Naruto ficou escuro, havia tristeza em seu rosto. A culpa cresceu em meu âmago, mesmo eu tendo prometido a mim mesma que não me sentiria culpada pelo o que estava fazendo, eu não podia evitar que esses sentimentos surgissem em mim.


- Naruto, não é como pensa... – eu tentei me explicar – Não podemos deixar que nos descubram, vai acabar... Estragando a missão...


- Você gosta dele?


Eu perdi o chão ante a pergunta de Naruto. Eu nunca havia pensado em Sasuke como alguém que eu gostasse.


- Por que está me perguntando isso?


- Você gosta do seu chefe?


Eu fiquei revoltada com a pergunta, eu não entendia porque Naruto tinha que pensar que eu gostava do Sasuke quando eu lhe dissera tantas vezes que apenas fazia isso pela missão.


- Eu sou uma espiã. Eu faço o deve ser feito.


Naruto também se exaltou.


- Você vai atrás dele porque gosta dele! – rebateu bravo.


- E por um acaso você está com ciúmes? – a pergunta era para ser retórica


- Sim – a resposta de Naruto foi direta.


- Naruto, eu não sou sua mulher! Sou sua parceira! – eu diminui meu tom de voz - Por isso é errado amar-nos.


Eu fiquei em silêncio por um tempo. Naruto parecia abalado por minhas palavras, ele se manteve em silêncio me olhando com tristeza; então, eu percebi que talvez tivesse ido longe demais com as minhas palavras. Tentei em vão consertar a situação.


- Eu não vim para a União Soviética arriscar a minha vida para não levar nada. Eu tenho que cumprir essa missão e não me importo com o que eu tenha que fazer para isso!


Eu tentava mostrar a Naruto uma certeza que nem mesmo eu tinha sobre meus objetivos nessa missão. Naruto foi irredutível em seu silêncio.


Eu passei por ele e coloquei a mão na maçaneta.


- Nada vai mudar meus sentimentos por você – disse Naruto por fim.


As palavras de Naruto quase sussurradas deixaram-me sem forças. Meus pensamentos divagaram pelo vazio de minha mente, eu saí de casa antes que eu desistisse de tudo e voltasse a beijá-lo. Em meu coração eu desejava poder dizer a Naruto que de uma maneira que nem mesmo eu compreendia, eu o estava amando, e queria que ele soubesse que eu apenas usava uma mascara, e que por dentro havia uma outra pessoa.


Eu fechei a porta as minhas costas depois que saí.


Sasuke levou-me até o segundo andar do teatro, lá um balcão exclusivo nos esperava.


- Ficaremos junto à elite – disse Sasuke para mim num tom baixo de voz.


Havia quatro lugares no balcão, eu sentei-me em uma das pontas e Sasuke ficou sentando a meu lado direito. Eu permanecia calada todo o tempo, eu não podia deixar ninguém ali saber que eu era uma americana.


Atenta a cada movimento, eu observava o andar de pessoas no piso inferior. Alguns minutos depois de termos nos sentado, um oficial do exercito vermelho uniformizado sentou-se ao lado de Sasuke na única cadeira vazia que havia.


O homem aparentando ter uns 50 anos era careca e tinha uma figura esguia e pálida; palidez por conta dos longos invernos soviéticos. Eu logo percebi que ele pertencia ao alto escalão do exército por conta do enorme número de medalhas e estrelas que tinha na lapela do casaco.


Ele falou alguma coisa para Sasuke, que logo tratou de responder-lhe com um sorriso nos lábios. Escutei Sasuke falar meu nome, e vi que o oficial lançou-me uma olhada demorada. Eu não entendia uma palavra que eles falam mesmo assim me pus atenta a cada palavra que eles pronunciavam como se tivesse algum interesse na conversa.


Não demorou a que eu perdesse o interesse, e sem perceber meus olhos começaram a percorrer todo o ambiente do teatro Bolshoi.


O Bolshoi era indescritivelmente maravilhoso: amplo, bem iluminado, com cortinas de veludo vermelho em todos os balcões. Havia uma perfeita harmonia de dourado e vermelho-bordo, assim como a cor do meu vestido. Eu ansiava para ver o espetáculo de ballet...


Ballet, um antigo sonho que fora destruído após a morte de meus pais. Eu um dia fui uma bailarina, não profissional, mas pretendia me inscrever para uma grande companhia de ballet quando completasse 12 anos, por isso eu costumava a treinar todos os dias... Um sonho que morreu no dia que um homem bateu a minha porta dizendo que meus pais haviam morrido durante a missão que realizavam.


Recordar velhas feridas fez com que eu começasse a me sentir mal por estar ali. Eu estava prestes a assistir pessoas que haviam realizado seu sonho de dançar em uma grande companhia de ballet, e quanto a mim? Eu havia me convertido em uma espiã, eu havia seguido a carreira de meus pais, uma carreira que eu desde tenra idade dizia odiar.


Minha cabeça abaixou-se e meus olhos passaram a acompanhar sem interesse o andar das pessoas no piso inferior do teatro. As pessoas elegantemente trajadas ajeitavam suas poltronas de veludo.


De repente em meio aquelas pessoas eu vi surgir Tsunade e Jiraya trajando roupas bem elegantes; Jiraya estava com um terno azul marinho com camisa branca e Tsunade usava um longo vestido verde com luvas brancas, o cabelo estava preso em um coque no topo da cabeça. Perguntei a mim mesma, o que eles faziam naquele lugar.


Olhei para o lado e vi que o oficial do exercito também olhava para baixo assim como Sasuke; o oficial apontou para o meio da multidão, bem onde estavam Jiraya e Tsunade.


- i0;l6;l4;l0;m0;kl9;m0; h3;l6;l9;m1;k6;k2;l9;ll9;m0;k4;kl5;l5;l6;l1; h1;kk9;l6;l7;k2;l9;l9;l5;l6;l9;m0;l0; k9;k6;kl9;n – comentou com Sasuke logo recolhendo o braço.


Gravei essas palavras em minha mente, e antes que elas fossem esquecidas comecei a repeti-las e analisá-las. O final da frase eu havia entendido, mais ou menos, era uma palavra que Karin sempre me dizia quando entregava algum documento ou carta “k9;k6;kl9;n”; deveria significar algo como “estão aqui” ou “aqui está”. Quanto às primeiras palavras, comecei a repetir o som delas mentalmente “i0;l6;l4;l0;m0;kl9;m0; h3;l6;l9;m1;k6;k2;l9;ll9;m0;k4;kl5;l5;l6;l1; h1;kk9;l6;l7;k2;l9;l9;l5;l6;l9;m0;l0;”, e repentinamente elas me pareceram familiar.


Enquanto a conversa entre o oficial e Sasuke seguia, eu tentava decifrar o código que era para mim tais palavras. Eu simplesmente não podia perguntar o significado delas para Sasuke.


“i0;l6;l4;l0;m0;kl9;m0; h3;l6;l9;m1;k6;k2;l9;ll9;m0;k4;kl5;l5;l6;l1; h1;kk9;l6;l7;k2;l9;l9;l5;l6;l9;m0;l0;”.... Tentei lembrar-me de onde já havia escutado essas palavras antes; e eis que a resposta veio a minha mente e saiu por minha boca num sussurro.


- KGB.


Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti, numa tradução seria algo como Comitê de Segurança do Estado. Esse era o nome da principal agência de informação e segurança  da União Soviética; ela que desempenhava em simultâneo as funções de polícia secreta do governo soviético. Sua atuação dentro da União Soviética podia ser comparada a CIA mais FBI juntos. E onde eu as havia escutado? Logo me lembrei, eu as havia escutado durante uma competição interna na agência de Nova Iorque de quem conseguiria falar o nome do comitê de segurança soviético em menos tempo; graças a imensa repetição que meus colegas fizeram do nome, eu pude decorar o seu som.


 - Sakura, está tudo bem? – perguntou Sasuke para mim.


Balancei a cabeça num sinal afirmativo. Na verdade não estava assim tão bem agora que eu sabia que Jiraya e Tsunade pertenciam a KGB... eu estive trabalhando para a policia secreta soviética todo esse tempo!


As luzes diminuíram de intensidade e a cortina do palco se abriu. Eu mal consegui me concentrar no espetáculo, a descoberta que eu havia feito estava deixando meus pensamentos agitados, e meu corpo refletia isso através de movimentos involutários de aquietação. Eu apenas consegui me acalmar um pouco mais alguns antes de terminar o primeiro ato.


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Jiraya e Tsunade eram suspeitos desde o inicio, e agora vcs já sabem que eles são espiões da KGB!

Por que será que eles estão nessa missão?

Vou deixar vcs pensarem um pouco antes que eu possa levantar as verdadeiras questões por trás da participação deles na missão.

O jogo começa a se abrir com a entrada da Shikamaru e Ino na história, e agora com essa importante descoberta.



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