Na manhã seguinte Naruto saiu bem trabalhar, nesse dia ele sequer me acordou; porém deixou-me alguns ovos fritos.

- Naruto precisa aprender a cozinhar algo além disso – comentei enquanto comia uma última garfada dos ovos fritos.

Fui para o quarto me trocar. Coloquei uma saia preta reta com três dedos acima do joelho, saia de corte reto era moda naquela época, uma camisa azul de mangas longas e meu casaco preto curto compuseram o restante de meu traje. Saí para o trabalho.

A recepção de Karin ao chegar à fábrica não foi diferente dos outros dias; sempre com seu ar arrogante e superior, ela evitava olhar para mim por mais de dois segundos.

Eu fui direto para minha mesa e comecei a ajeitá-la. Um homem de cabelos curtos loiros entrou no hall e depois de ser recepcionado por Karin, se dirigiu a mesa ao lado, a eficiente secretária de cabelos escuros presos num coque e olhos castanhos claro levantou-se prontamente para avisar seu chefe que ele tinha visita. Sasuke não costumava a receber visitas em seu escritório, normalmente era ele quem ia visitar as pessoas; e eu agradecia por isso, afinal eu não saberia o que fazer se a pessoa falasse em russo comigo.

Pela primeira vez desde que havia começado a trabalhar na fabrica, Sasuke estava chegando à fábrica depois de mim. Karin o recebeu com sorrisos e palavras que deveriam ser de bom agrado, mas Sasuke manteve seu olhar fixo em mim, eu fiquei com vergonha sua mirada intensa em minha direção.

Cruzando o hall de entrada, ele passou por mim, e sussurrou bem próximo a mesa.

- Preciso conversar com você.

Sasuke entrou na sala. Eu decidi dar um tempo antes de entrar.

Sasuke precisava falar comigo, eu nem podia imaginar o que seria. De repente me lembrei do convite ao Teatro Bolshoi, desejei que ele quisesse cancelasse o convite, mesmo que inconscientemente eu desejasse o oposto. Tomando ar, eu levantei-me e entrei na sala de Sasuke. Eu o encontrei próximo à janela olhando a paisagem externa.

- Sasuke – chamei-o e ele virou o rosto em minha direção.

Notei que ele estava com os olhos fundos e sua cara mostrava que ele havia passado a noite em claro.

- Está tudo bem? – perguntei preocupada.

- Apenas alguns problemas rotineiros.

Eu me aproximei dele. Sasuke parecia fragilizado por alguma coisa, aquele seria o momento perfeito para mais uma vez fazer o meu jogo de sedução.

- Queria encontrar uma maneira de agradecê-lo pelo convite

Sasuke agarrou em meus braços, eu senti um calafrio percorrer minha espinha nessa hora. Seus olhos eram como olhos de serpente, eles conseguiam fazer meu corpo paralisar e minha mente ficar vazia; Sasuke era capaz de criar o momento que antecede o bote com perfeição.

- Um agradecimento? – perguntou-me num tom de curiosidade.

Eu não podia recuar mais, eu estava estagnada ante a ele. E assim como uma cobra ataca suas vitimas, Sasuke me atacou e antes que eu percebesse a que ponto eu havia chegado com meu jogo de sedução, Sasuke já me beijava, e eu tive que corresponder ardentemente a seu beijo.

A mão direita de Sasuke começou a puxar minha blusa, os dois primeiros botões da minha blusa se abriram deixando meu sutiã a mostra. Suas mãos passaram para a base de minha coluna e ele empresou seu corpo ao meu.

Escutei a porta se abrir às costas de Sasuke, ele também notou que alguém abrira a porta de sua sala. Sasuke me soltou e virou-se para ver quem era o intruso, eu aproveitei para ajeitar minha blusa.

- O que quer aqui? – perguntou Sasuke furioso.

Eu olhei para frente e vi quem entrara na sala. Meu coração parou de bater e eu senti as forças sumirem de meu corpo.

Naruto girou os calcanhares e saiu da sala sem dizer uma palavra, ignorando a pergunta de Sasuke. Tudo o que restou dele foi à marca de seu olhar de decepção olhando para mim.

Eu não reagi, não chamei seu nome, nem tentei me explicar. Eu apenas fiquei o olhando firmemente tentando não demonstrar qualquer sinal de arrependimento.

- Que individuo mais impertinente! – reclamou Sasuke – como ousou entrar em minha sala dessa maneira.

Eu despertei de meu transe momentâneo e comecei a ajeitar minha blusa colocando os botões da camisa de volta em suas casas.

Sasuke agarrou o telefone.

- Vou pedir ao chefe de segurança que dê um jeito nisso.

Eu agarrei o braço de Sasuke.

- Não! – gritei.

Sasuke me olhou desconfiado.

- O que foi Sakura?

- Não precisa disso... Com certeza ele deve ter se enganado de sala.

Eu tentava justificar a atitude de Naruto.

- Você o conhece?

Se eu o conhecia? Sim, eu o conhecia mais do que desejaria conhecer.

- Não.

Eu não pude dizer a Sasuke que ele era meu marido, pelo menos assim deveria o ser.

Sasuke voltou a colocar o telefone no gancho.

- Dessa vez eu não farei nada.

Eu sorri para agradecer-lhe. Por pouco Naruto não estraga o nosso disfarce.

- Sasuke, já é tarde... eu preciso voltar para casa.

- Está bem, podemos continuar depois da apresentação.

Pelo tom de sua voz e seu olhar malicioso eu entendi que Sasuke pretendia ir mais longe comigo depois da apresentação de ballet. Só não sabia se eu estava disposta a ultrapassar meus limites para poder ter a completa confiança de Sasuke.

Ao voltar para casa encontrei o apartamento vazio, a lareira estava apagada e sala muito fria. Eu sentei-me no sofá e encolhi as pernas junto ao corpo.

A cena de Naruto me olhando na sala de Sasuke ficava passando em minha mente como um disco riscado. Seus olhos oceânicos não tinham brilho, estavam opacos e escuros; havia uma expressão de incredulidade em seu rosto. Sua figura me condenava por minhas atitudes, mas quem era ele para me reprovar? Eu não era nada dele!

E quanto a seduzir Sasuke, eu tinha que fazê-lo, mesmo que muito me custasse, eu tinha que me entregar a Sasuke para poder conseguir os documentos que comprovavam a existência da bomba; sem saber falar russo, a minha única saída era Sasuke.

- Eu não agüento mais ficar nessa missão!

Um desabafo em meio a um apartamento vazio. Eu precisava completar a missão o mais rápido possível, meu coração já começava a se partir e eu não sabia até quando agüentaria continuar.