The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 69
The Rite


Notas iniciais do capítulo

Gente, perdão pelo sumiço, faculdade consome todo meu tempo...fora isso, eu estava meio desanimada para escrever nesses tempos, então dei uma afastada e finalmente consegui criar algo ♥



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   Ao voltar a minha tenda, algo ainda parecia fora de lugar. Eu continuava me sentindo estranha quanto ao meu momento com Sano. Eu sabia que gostava e dele, e certamente aprenderia a gostar mais ainda com o tempo. Ao mesmo tempo, porém, a sensação de tentar curar uma ferida com uma lâmina me corroía por dentro.

   Sacudi minha cabeça para tentar afastar os pensamentos, o que acabou trazendo Elrohir de volta.

   “Agiu bem. Agora esqueça isso e descanse.”

   Concordei, aceitando o carinho que ele me passava e me desmontando para finalmente me permitir algum descanso. Se eu parasse para pensar, o dia tinha sido agitado.

   E o pior com certeza não tinha sido a situação com Sano. Aquela havia sido na verdade a parte que salvaria meu dia.

   Na manhã seguinte, eu estava disposta a agir como Elwë aconselhara. Se nada podia ser feito, só me restava aproveitar o tempo que eu ainda tinha. Até, pelo menos, alguma solução surgir.

   Retomei minha rotina normalmente. Treinei sozinha logo cedo, tomei um segundo desjejum e me limpei, iniciando então o dia com os outros soldados. Lidei com alguns imprevistos causados pelo calor ainda mais insuportável que o normal, mas os homens tentavam ao máximo não se abater.

   – Parem. Não se matem com esta temperatura. Descansem, tomem água.

   Levei a mão à nuca, sentindo a pele quente. Enquanto ter os cabelos naquela altura ajudava a não me sentir tão suada, as minhas costas eram diretamente judiadas pelo sol. Joguei um pouco de água sobre a pele avermelhada e aproveitei os breves segundos de frescor.

   Já pelo fim da tarde, quando o sol finalmente ia nos dando uma trégua e o vento começava a soprar suave, senti algo de textura peluda roçar em minhas panturrilhas. E dito e feito, a criatura peluda deitou aos meus pés, com uma expressão das não mais felizes, se sequer era possível gatos portarem expressões.

   “Posso ajudar?”

   “Seu trabalho parece irritante.”

   “Ele se mostra importante em combate. Não que o sol nos ajude muito.”

   “Angela quer te ver. Na verdade, ela ainda não está certa disso, mas logo vai querer.”

   “Por qual razão?”

   “Aidan nos relatou seu pequeno problema. Ela quer ajudar.”

   “Saiu mesmo nesse sol para isso?”

   “Não se considera desta importância?”

   “Não sei se você realmente o faria.”

   Ouvi algo como uma risada arranhada na minha cabeça e a voz cessou. Dispensei todos e mandei o gato mostrar o caminho. Bom, quando se trata de Solembum, ele mesmo decide o que fazer. Você o obedece mais que o oposto acontece.

   Angela estava em sua tenda, chocantemente escura, com todas suas plantas por todos os lados. Ela mesma estava sentada numa cadeira com um grande livro aberto em sua frente, lendo com a cabeça baixa e, ao que parecia, sem me notar.

   Só parecia mesmo.

   – Oh, querida, sente-se. Nasuada não deve tardar a chegar.

   – Nasuada? – Questionei, procurando com os olhos algum lugar onde eu realmente pudesse me sentar. Não encontrei.

   – Sim, Aidan foi buscá-la.

   Acabei fingindo algum interesse em todas aquelas plantas ao nosso redor, já que sentar não parecera uma opção real. Não tardou, a líder dos Varden cruzou a entrada da tenda seguida pelo mago, com seu traje de mago completo.

   – Pois bem, Angela. Aidan me comunicou seu avanço. Acha que temos todo o necessário?

   – Da minha parte, só preciso da autorização dela. – A mulher deu aquele sorriso singelo dela e me fitou.

   – Autorização para que?

   – Bem, em resumo eu e Angela vamos tentar modificar seu selo.

   – Ah, entendi. Bom, eu preciso fazer alguma coisa?

   – Não, apenar se deitar na mesa e nos deixar trabalhar. – Ele sorriu. Nasuada me explicou que se sentiu na obrigação de acompanhar meu momento delicado. Concordei e Aidan deixou a tenda, seguido por Solembum.

   – Você precisa se despir, querida.

   – Ah, tudo bem.

   A ideia de me expor assim não era a mais atraente, mas se fosse me ajudar, não ia reclamar. Soltei o cordão do corpete e deixei-o cair antes de me concentrar na camisa. Nasuada se dispôs a recolher as peças enquanto eu subia na mesa para me deitar.

   O comprimento claramente era errado. Mais de metade das minhas pernas sobrava para fora da madeira, mas não reclamei. Com um pano fino sobre mim, Angela começou a amassar algumas ervas.

   Aidan finalmente voltou, mantendo-se afastado do caldeirão de Angela. Percebi que ele parecia meio incomodado com a coisa toda.

   – Como isso funciona?

   – Num resumo, Angela vai se concentrar em desconectar os pontos que o selo é ligado dentro de você, e eu vou buscar na conexão entre vocês dois e cortar o elo vital.

   – Não gostei da descrição.

   – Vai gostar menos ainda do processo. – Ele comentou com um sorriso sem graça e uma mão hesitante sobre meu ombro nu. Preferi ficar calada depois de receber tanto apoio.

   Os dois pararam ao lado da mesa, cada um se concentrando à sua maneira. Angela amarrou alguns ramos com um pedaço de cordão e molhou as pontas dentro de seu caldeirão de cheiro adocicado. Fechei os olhos e esperei.

   A voz de Aidan balbuciando palavras estranhas me fez abrir os olhos de novo, para vê-lo com uma mão sobre meu peito, olhos fechados e semblante sério. Angela ia passeando com seu pincel sobre mim, até parar de supetão e começar a molhar a pele com o que quer que fosse, também recitando algo.

   De início era apenas incômodo, mas logo foi se tornando pior. Fechei os olhos mais uma vez, sentindo a tenda girar ao meu redor, enquanto os pontos de pele molhados pareciam fisgar meus membros. E a mão de Aidan começou a aquecer meu peito de uma maneira agonizante.

   E pela primeira vez, não tive forças nem de reclamar. Senti os pelos de Solembum sobre minha testa e simplesmente o questionei, mas recebi silêncio em troca. De alguma forma, no entanto, a dor de cabeça pareceu ficar mais branda.

   Não sei quanto durou tudo. Nasuada observava ainda da entrada da tenda, enquanto os dois seguiam concentrados. Quando a voz de Aidan começou a se elevar, soube que meu mau pressentimento se cumpriria. Dito e feito.

   Arqueei as costas, arfando, tentando manter o grito de dor preso em minha garganta, mas parecia ser muito. Minha cabeça já dolorida parecia agora querer explodir. E senti meus membros começarem a tremer.

   E de repente, tudo cessou de supetão. Pisquei, tentando enxergar Aidan novamente mas parecia tudo tão escuro. Continuava arfando, até localizar a sensação cabeluda na minha testa.

   Ergui a mão, meio hesitante, acariciando a pelagem escura. E pelo visto, ele agradou do carinho. Sinceramente, eu percebi que de alguma forma a presença dele ali naquele ponto me ajudara.

   – Bom, acabamos? – A voz de Nasuada atraiu todos os olhares sobre si. Ela prosseguiu. – Silbena deveria descansar depois...disso.

   – Sim, seria bom. – Concordei.

   – Funcionou? – Angela perguntou, sorridente.

   – Só há um jeito de saber com certeza, mas acredito que sim. Não se preocupe com isso. A menininha ainda sente quando algo acontece ao redor.

   – Se ela está sentindo esse mal estar, alguém deveria ir ajuda-la. Posso me vestir?

   – Ah, claro. Vou te deixar só. Obrigado pela confiança.

   Ele fez uma leve reverência, ao que respondi com o gesto cruzando o peito com a unha que minha mãe há muito me ensinara. Ele sorriu e deixou a tenda.

   – Nasuada, pode me ajudar? Minha cara está doendo. – A mulher prontamente veio me ajudar, tomando todo o cuidado possível.

   Pela primeira vez, aceitei que ela me guiasse como uma donzela até meu cômodo e, assim que atravessei a entrada, me joguei em meu catre e esperei o cansaço me apagar, para finalmente me livrar de todo o incômodo.


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