The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 68
Night Walk


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas, bem vindas de volta. Sim, faz muito tempo, mas eu juro que tentei chegar antes. Eu comecei o capítulo no início do ano, mas me deu o famoso bloqueio, passei dias sem saber o que fazer, e dps a faculdade voltou e eu já tive q sair caçando mil e uma coisas pra resolver. Enfim, obrigada pela paciência e espero que agrade :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/330799/chapter/68

   O sol já tinha se escondido quando consegui chegar a minha tenda. Deixei o livro em cima do meu catre e fui comer algo. A tarde no castelo pode ter sido refrescante, mas a fome ainda me alcançara. Sentei-me perto de Sano e alguns outros homens do meu comando e tive um jantar agradável.

   Até mesmo dados eu joguei. Ideia de Sano, e ele quase me tomou uns bons trocados. Só não o fez pela ameaça de treinar em dobro debaixo do sol e sem água. Com uma risadinha, ele me dispensou.

   Nessa distração, eu quase me esqueci do livro. Quase. Assim que entrei na tenda, vi a capa de couro e apanhei o livro, e sai mais uma vez. Agora era hora de encarar o par de olhos verdes que me atravessariam.

   Ele já tinha se recolhido. Chamei-o, ainda do lado de fora da tenda. Ele ficou de pé e, logo que me viu, abriu espaço para que eu passasse. Assim o fiz, ainda sem jeito.

   – Posso lhe ajudar? – Ele me perguntou, sentando-se novamente em sua cama.

   – Na verdade, sim. Aidan e eu estamos fazendo uma pesquisa e ele pediu para que desse uma olhada nesse livro. Está escrito em élfico, logo...

   – Dê-me aqui. – Ele esticou as mãos e eu entreguei o livro, indicando as páginas principais. O silêncio entre nós era surpreendentemente confortável. Ele corria os olhos lentamente por cada escrito, franzindo o cenho cada vez mais.

   – Elwë.

   – Selos de sangue. Esse específico é o...

   – O? Elwë, fala.

   Silêncio. O elfo me olhou mais uma vez antes de ajeitar o livro nos braços e reler a página. Aquilo fez uma sensação gelada subir pelas minhas entranhas, passar pelo meu estômago e travar na minha garganta.

   – Silbena...Não tem uma palavra que traduza, mas...Não é bom. Nada bom.

   – Dá pra explicar? É um problema meu, no caso.

   – Tudo bem, deixe eu tentar. O mais perto de uma tradução seria vida compartilhada. – Aquilo sozinho me fez erguer os olhos em sua direção, mas ele não se interrompeu. – É um selo complicado, leva algum tempo para ser posto, mas depois que a magia se completa, dificilmente se rompe.

   – É possível, pelo menos?

   – Impossível não é. – Ele retribuiu, com um tom hesitante. O que era mal sinal. – Na maioria dos casos envolve o mago responsável pelo selo desfazê-lo...Mas talvez algum outro mago consiga.

   – Só assim?

   – De retirá-lo, sim. No entanto, algum mago de menos habilidade pode tentar modifica-lo.

   – Você falou em vida compartilhada...

   – As suas existências estão ligadas. Ele tem controle em unir suas sensações e separá-las. É como um rio que ele controla a corrente.

   – O que acontece se ele morrer?

   – Você também sofre. O oposto não é verdade, se você pensou nisso.

   – Não pensei...Mas já agradeço o aviso prévio.

   – Eu recomendo que você esqueça disso por agora. Não há nada que possa ser feito nesse momento. Eu vou conversar com Aidan para te ajudar.

   – É mais fácil falar que fazer. Obrigada, Elwë. Entregue o livro a Aidan quando falar com ele.

   Sai antes que ele respondesse. Se eu precisava esquecer, eu tinha que encontrar algo para tirar meus pensamentos do tal problema. E a primeira solução, estranhamente, foi ir atrás de Sano.

   Já a algum tempo eu não mantinha uma conversa de amigos com Sano. Desde o dia que fui levada, se me lembro bem. Digo, só nós dois. Por isso fiquei surpresa ao ver que meus pés me guiaram até ele. Praticando fervorosamente com sua lança, antiga companheira, ele nem me escutou chegando.

   – Precisa prestar atenção ao seu redor. – Ele se sobressaltou ao som da minha voz, enquanto virava a ponta da lança para o chão, evitando me acertar.

   – Capitã, desculpa. Eu...Desculpa, eu realmente me distraí...

   – Descanso. – Ele se endireitou, girando os ombros. – Quer caminhar?

   – Oi? Digo, claro. Acho que já treinei o bastante pelo dia.

   – Não achei que viria treinar depois da jogatina.

   Uma risada sem graça veio da parte dele, ao que acabei rindo dele. Ele pediu apenas alguns instantes para trocar de vestes e me encontrou no mesmo ponto. A lua brilhava alta no céu. Os dias podiam ser quentes e quase insuportáveis, porém as noites eram um tanto quanto agradáveis.

   Sano voltou, o cabelo preso e uma roupa limpa. Sorri e iniciei finalmente nossa caminhada, aproveitando sua companhia. Ele ficou calado de início, como se temesse dizer algo errado, estudando cada movimento meu. Não me incomodei, continuei andando.

   – É estranho...digo, te ver com todas essas marcas. – Ele comentou, ainda receoso. Olhei para meus membros, só por hábito. Eu quase me esquecera que agora todo aquele desenho intrincado estava a mostra, visível a todos.

   – Também não me acostumei direito. Ao mesmo tempo que nem me lembro deles, quando os vejo fico percebendo detalhes. É a primeira vez que os vejo assim, por tanto tempo.

   – É um tanto bonito. Digo, a marca dos cavaleiros é tão distinta e a sua...É bem mais que a palma prateada. – Ele ergueu a mão, mas rapidamente a retraiu. Quase por instinto, agarrei seu antebraço e trouxe a palma próxima do meu ombro.

   – Pode tocar. Não dói nem nada do gênero. – Com a devida permissão, ele encostou os dedos de leve sobre um dos veios prateados. Era um contato físico estranho, quase como íntimo. Algo que eu já não tinha há bastante tempo.

   E pelo visto, ele tinha a mesma impressão. Primeiro seguiu um dos veios subindo do meu ombro para as minhas costas, mas logo fez o caminho contrário e passou a acompanha-lo no sentido oposto. Correu meu braço, a parte de dentro do meu antebraço para finalmente alcançar o início de tudo, na palma da minha mão.

   – É incrível. Acho que tudo em você é. – Ele falou baixo, mas no silêncio da noite, foi possível ouvi-lo com clareza. Fechei meus dedos ao redor do seu, ao que ele logo se ajeitou, entrelaçando-os. De mãos dadas, chamei seu nome. Ele ergueu os olhos e ficou esperando que eu dissesse algo. Respirei fundo, e depois de pensar alguns segundos, acabei falando.

   – Eu não sei se eu mereço, mas eu quero ser sua. – Seu semblante se tornou mais suave, mas ainda sério. Senti a ansiedade subir queimando pelas minhas entranhas, talvez como o fogo de Elrohir. Porém, quando tentei soltar minha mão, ele não deixou. Sano sorriu e, me puxando para si, concretizou parte de meu pedido.

   – Sou eu que não sou digno de você, Silbena, mas estou disposto a mover o deserto se preciso for.

   Ainda um pouco incrédula com minha própria atitude, encolhi-me em seu peito e deixei que seus braços me aconchegassem. No fundo, uma parte de mim sabia que aquele sentimento não era nem de perto o que o par de olhos verdes despertava em mim. Ainda assim, eu sabia que não queria morrer sozinha, muito menos com um amor não correspondido.

   Logo agora, que eu nem sabia em que momento tudo poderia acabar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que pela demora poderia ter sido maior, infelizmente faltou ideia mesmo ;-;



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Secret Weapon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.