The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 67
Tears


Notas iniciais do capítulo

Olá, amados. Há quase uma semana do natal, estou aqui lhes dando um pequeno presente ♥ Espero que gostem :3



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   Eu nem me lembrava da última vez que eu tinha chorado tanto. Imagino que tenha sido ainda no navio de minha mãe, com Wayn e suas mãos imensas acariciando minhas costas e sem jeito, sem saber como me ajudar.

   E agora a sensação era parecida, com o focinho de Elrohir esfregando no meu braço de leve, com a respiração quente. Ele também não sabia o que dizer, como me ajudar. Sinceramente, eu não ligava. Era até melhor do que ouvir um bando de bobagens e promessas vazias.

   “Silbena.”

   Ergui o rosto, encontrando as escamas brilhantes de Elrohir. Subindo um pouco mais o olhar, eu encontrava o olho dele, o tom azulado quase esbranquiçado cheio de preocupação. Eu nem sabia que dragões conseguiam se expressar pelo olhar.

   “O que eu vou fazer?” Questionei, abaixando a cabeça para encostar minha testa em seu focinho. Ele deixou nosso contato por alguns instantes antes de se afastar e se deitar com o corpo perto de mim.

   “Eu também não sei. Mas até agora eu só senti o que você sentiu. Ao que parece, essa ligação não me afeta diretamente.”

   “Tem certeza?” Perguntei, me virando para ele. A cabeça imensa concordou, fechando os olhos por alguns segundos. Imaginei que ele deveria estar cansado de ficar suportando meus lamentos. “Você deveria descansar um pouco.”

   “Isso foi pra você? Eu passo a maior parte do dia dormindo. Já você...”

   “Não posso largar tudo. Vivi até ontem sem saber disso, posso continuar vivendo.”

   De novo, silêncio. Quando ele me chamou de Silbena, eu sabia que era eu. Eu, a verdadeira. E quando eu percebi que tinha vivido tudo e sobrevivido, o mais importante, eu percebi que mais cedo ou mais tarde eu encontraria uma solução.

   – Senhor dragão! – A vozinha doce ecoou pelo ar, fazendo-o erguer a cabeça e olhar na direção que a pequena silhueta logo surgiu. A garotinha vinha saltitando pelo caminho, sorridente. Sorri.

   – Parece que você tem visita. – Falei em voz alta, sentindo Elrohir ajeitar suas asas como se para mantê-las fora do alcança. – Desculpe por te entristecer.

   “Eu sentiria mesmo de longe. Agora...”

   Eu já ia tomar rumo, quando a menininha surgiu, acenando para mim. Sorri para ela, meio alarmada ao me lembrar do rosto inchado e dos riscos sujos de lágrimas nas bochechas. Ela reparou, mas não pareceu ser algo grande.

   – Oh, oi moça. O senhor dragão te fez algo? – Ela parecia prestes a dar um sermão daqueles em Elrohir. Sorri. Como eu gostaria de ser aquela menininha agora, simplesmente se divertindo com dragões numa floresta.

   – Não, não. Não foi ele quem me fez mal.

   – Ah. Ainda bem, ele é sempre tão bonzinho.

   – Sim, é sim. E ele adora suas visitas, sabia? – Ouvi algo como um grunhido incrédulo, que me fez sorrir mais ainda. – Vou te deixar brincar com ele, tudo bem? Tome conta por mim.

   – Tudo bem. Oi, senhor dragão.

   Ele continuou fazendo sua cara de quem não se incomodava, mas no fundo eu sabia que ele adorava quando a mãozinha coçava o seu queixo. Voltei ao acampamento, pronta para reassumir o controle. Se era para estar sob comando, pelo menos eu poderia impor alguma resistência.

   – Chamem quando terminarem. – O guarda fechou as portas atrás de nós, me deixando ainda meio estupefata pela quantidade de prateleiras. Depois de horas de conversa, Nasuada conseguiu uma permissão para que eu e Aidan entrássemos no castelo. A pedido meu, claro. E agora estava eu ali, na biblioteca real.

   – Silbena... – Aidan me cutucou, finalmente me fazendo olhar para ele. – Vou precisar de ajuda.

   – Ah, sim. Óbvio.

   – Nunca viu nada tão grande?

   – Estive na do castelo de Galbatorix, mas no momento não nutri grande interesse. Não duvido que seja glorioso.

   – Evidente que sim. Infelizmente, ele tem os melhores títulos possíveis. Vamos andando. – Ele ajeitou-se no manto e saiu batendo o cajado pelo piso lustroso. Aidan sempre se arrumava quando tinha que ser o mago.

   Segui-o por entre prateleiras, enquanto ele ia olhando títulos entre os livros. Suspirei. Eu sabia ler, mas não sabia se enxergaria os nomes nas capas mais altas. Ele não parecia ter esse problema.

   – Estamos procurando por magias dominantes. Ligações, selos, qualquer coisa que remeta a isso nos pode ser útil.

   – Dominantes?

   – Magias de sangue também servem, mas não sei se vão ter livros de magia negra aqui.

   – Negra? Realmente, aquele homem...

   – Te surpreende de verdade. Vamos, só temos hoje.

   As tardes dentro do palácio eram menos exaustivas. Era possível respirar e sentir o ar seco, mas a temperatura era bem mais amena. E só isso foi suficiente para nos dar mais energia. O rei tinha ordenado que nos fosse dado uma jarra d’água, para manter-nos hidratados.

   – Você se lembra de algo onde ele possa ter recolhido seu sangue?

   – Não. Talvez quando me levaram de volta ao castelo. Eu não consegui me mover.

   – Em momento nenhum?

   – Não. Quando eu recuperei meus movimentos já estava na cela.

   – Hum, é possível. Não sentia dor nenhuma?

   – Doeu quando fiquei paralisada. Depois foi como se eu não tivesse mais ossos.

   – E depois?

   – Grilhões machucam, mas ele não me torturou com nada cortante ou perfurante. Foi só...

   – Eu conheço a lista, não se incomode. – Ele falou, o tom de voz baixo enquanto ele passava algumas páginas amareladas.

   – Enfim, eu passei algum tempo desmaiada. Pode ter sido durante esse tempo.

   – E se ele queria que isso fosse segredo, poderia ter te curado para evitar que você notasse qualquer coisa. É possível.

   Voltamos a nossa pesquisa, lendo tudo e qualquer coisa que pudesse remeter à tal ligação. Quando meus olhos já estavam começando a embaralhar as palavras, Aidan resmungou algo.

   – O que foi?

   – Será que é? Se for, seria muita sorte.

   – O que?

   – Acho que temos o que precisamos. Eu vou pedir ao rei para passar a noite aqui, só para me certificar que não estou deixando nada para trás.

   – Tudo bem, mas...

   – Tome, quero que leve isso para Elwë. Essas páginas, mais exatamente.

   – Por que Elwë? – Eu estava fazendo o melhor que eu podia para respeitar a decisão do elfo e estava buscando me afastar dele, mas Aidan parecia não reparar ou não ligar.

   – Está escrito em élfico.

   – Ah. – Ele sorriu quando viu meu suposto alívio e me entregou o volume coberto em couro preto. Com o sol já se escondendo no horizonte, eu deixei o palácio e fui atrás do que eu gostaria de acreditar ser meu destino.


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Notas finais do capítulo

Se não lhes ver mais, bom Natal ♥



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