The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 66
Bonding


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas (se é que sobrou alguém por aqui). Dessa vez eu exagerei um pouco na demora, mas a faculdade tava para me dar ko, precisei revidar. E antes de começar a semana de provas, pra não atrasar mais ainda, eu vim postar ♥ Espero que esteja a altura do perdão de vocês ^~^



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   – Aidan. – Chamei-o, vendo-o dar meia volta pensando que eu não o tivesse visto. Desde a apresentação de Elrohir, ele me evitava. De início achei que ele estivesse ocupado, mas eu o conhecia melhor que aquilo. Nem tendo a maior pilha de trabalho ele ignoraria alguém.

   – Capitã. – Aquele sorriso fixo que não chegava em seus olhos. Suspirei. Já havia se passado dias, mas aquela sensação incômoda ainda me corroía. E ele sabia disso. Eu tinha tentado me distrair treinando combate, mas depois que a exausta física me consumia, sobrava a mental. – Posso ajudar?

   – Parece apressado, posso saber o motivo?

   – Bom, eu estou na tenda dos enfermos e...

   – É mesmo? Não me parece que tenha saído de lá para buscar algo. – Ele olhou para as próprias mãos e sorriu novamente, para disfarçar o flagra. – Se me evitar mais uma vez eu vou lhe dar um serviço de limpeza, isso sim.

   – Eu peço perdão, Silbena. – Eu achei que ele ia simplesmente sorrir de novo e partir, mas me enganei. – Você tem razão quando está tudo bem confuso dentro de você. Só se esqueceu de dizer intenso.

   – A não ser que você queira me ajudar, eu agradeço deixar isso de lado.

   – Eu adoraria te ajudar, mas infelizmente não sei como. Pode ser algum trauma do seu cárcere.

   – Ou Galbatorix fez algo.

   – O que ele poderia ter feito? – Uma risada estranha. Não era clara como as que normalmente deixavam os lábios dele. Até ai, podia ser coisa da minha cabeça. A pior parte era nunca ter certeza se eu estava sendo enganada. Parecia sempre que sim.

   – Não sei, o mago é você. – Sustentei seu olhar por diversos segundos, imaginando se era possível direcionar toda minha desconfiança para que ele sentisse.

   – Bem, eu vou voltar para a tenda. Podemos ter essa conversa depois, sim?

   – Claro. – Ele deu um sorriso desajeitado, bem mais familiar, e foi embora. Suspirei. Talvez eu não tivesse que agir de forma tão dura, mas eu sentia que ele sabia mais do que queria dizer.

   Elrohir não me disse se concordava, só encostou sua consciência na minha. Agradeci, sorrindo pro nada. Só a presença dele era suficiente para acalmar meus nervos. E agora que eu não precisava escondê-lo, parecia mais fácil escapar para visita-lo.

   Na verdade, Nasuada quis trazê-lo de alguma forma para dentro do acampamento, mas ele mesmo respondeu que preferia sua caverna. Ela ficou um pouco assustada com a voz retumbante que a respondeu de repente, mas ela logo se recompôs.

   “Elrohir.”

   “Sim?”

   “As crianças foram te incomodar?”

   “Elas só me incomodam quando tentam puxar minhas asas.”

   “Então?”

   “A garotinha loira está coçando meu queixo.”

   Sorri. Eu nem precisava mais estar por perto para mimá-lo. A maioria das crianças tinha ficado assustada com o novo dragão, mas Elrohir era mais amigável que Saphira. Na verdade, ele só não ligava muito, desde que não o cutucassem da forma errada. E ainda assim ele não machucaria nenhuma delas.

   A garotinha loira em especial foi a única que não teve o menor medo dele. Eu a levei comigo depois de muita insistência e eles pareceram se dar bem. Ele só rugiu uma vez quando ela tentou soltar uma de suas escamas, e foi pela suposta dor, não de raiva.

   “Pode me chamar se quiser que eu os busque.”

   “Tudo bem.”

   E não chamou. Voltei a prestar atenção no treinamento no cenário plano e quente que se estendia a minha frente. Com sorte, o sol iria se esconder logo. Decidi procurar Aidan novamente, numa abordagem mais tranquila, depois do treino.

   Eu treinava principalmente durante a noite. Além de ser bem mais fresco, eu conseguia ficar só. A última coisa que eu precisava era uma plateia assistindo meu pequeno show. Eu estava evitando me dar muitos elogios, mas eu merecia este. Eu tinha recuperado minha habilidade de batalha bem fácil.

   Já minha vida...aquela parecia bem distante. Quase como se nunca tivesse existido. Como se desde o primeiro dia eu tivesse sido Eleanor. Eu precisava me lembrar a todo momento de Delrio, da Silbena que eu era.

   Ter Elrohir por perto ajudava bastante, mas não era o suficiente.

   Eu precisava encontrar a mim mesma, independente de quem estava ao meu redor.

   A lua já estava alta no céu quando eu senti que meus joelhos não suportariam mais meu peso. Deixei o braço que carregava a espada pender ao meu lado, sentindo o vento carregando o cheiro da areia até mim.

   Aidan já devia estar dormindo a muito tempo. E eu sinceramente não estava com pressa de ouvir dele o que quer que fosse. Fechei os olhos e deixei o vento esfriar os traços de suor que me cobriam. Quando abri minhas pálpebras, o brilho branco já não era mais da lua.

   Não só dela.

   O cabelo dele refletia a luz brilhante e chamava minha atenção. Aidan ficaria feliz em ver todos aqueles sentimentos confusos e imensos se transformando na alegria melancólica que eu sentia agora.

   Estávamos destinados a estar separados, ele deixara isso bastante claro. Já havia muito que nos separava. Ele queria que eu formasse uma família, fosse feliz depois que tudo isso passasse. Só não com ele.

   – Devia estar dormindo.

   – Posso dizer o mesmo em resposta. – Suspirei, embainhando a espada e voltando a olhar para o céu.

   – Eu te vi e decidi saber se estava tudo bem.

   – Longe de estar, mas eu vou dar um jeito. Não deveria se preocupar comigo assim.

   – Eu sei que eu te magoei. Eu não quero que se esqueça disso, nem que me perdoe, mas...Eu não consigo evitar a preocupação.

   – A gente devia ir dormir. – Soltei o braço gentilmente da mão dele que havia me impedido de ir embora e sorri. – Boa noite.

   Ele concordou e me deixou ir.

   Talvez ele estivesse certo em não me querer.

   Eu mesma não me queria mais.

   Encontrei Aidan pela manhã, logo cedo, tomando seu desjejum. Ele não tentou correr quando me viu carregando minha própria comida para me sentar perto dele. O salão ainda estava vazio.

   – Bom dia. Como passou a noite?

   – Vai dizer que não sabe? – Eu tinha me visto no espelho antes de deixar minha tenda. O cansaço estava evidente na forma de olheiras sob meus olhos. – Como passou a sua?

   – Bem, na verdade.

   – Quando pretende me contar?

   – O que?

   – Aidan...

   – Oh, parece que eu não vou ter muita escapatória.

   – Pode começar a se explicar.

   – A verdade é que eu realmente não sei de nada. Não certamente.

   – Mas tem suas teorias?

   – Correto. Durante muito tempo, eu tive bastante acesso às estantes da biblioteca real, deve se lembrar que já fui um pobre escravo do rei...

   – É, foi minha primeira visita ao meu adorado pai. Desembucha, anda.

   – Claro, perdão. Bom, acontece que havia dezenas de livros magníficos na arte de ligações e selos.

   – Acha que eu tenho um selo em mim? Ele jurou retirá-lo. A marca sumiu também.

   – Acalme-se, deixe eu terminar. – Ele soltou o pão e segurou meus pulsos, só na tentativa de fazer eu me calar. Concordei, disposta a ouvir. – Bom. Um desses livros, em especial, ficou comigo durante um tempo, mas eu nunca tive a oportunidade de estuda-lo por inteiro. A parte que lhe interessa, porém, talvez...

   – Talvez o que?

   – Eu tenha lido algo. Minha memória pode não estar a mais fresca, no entanto, logo eu pretendia consultar mais algumas informações antes de chegar a uma conclusão fixa...

   – Aidan, seja direto. – Bati a mão na mesa, o que o fez pular, e soltar de uma só vez a informação, sem mais floreios.

   – Ele fez uma ligação entre vocês.

   – Como?

   – Eu não sei de que forma, mas...

   – Aidan, não. A ligação, o que é isso?

   – Oh, é verdade que você não avançou tanto na magia. Bom, como eu explico...

   – Com palavras. E logo.

   – Tudo bem, é bem o que a palavra significa. Uma ligação conecta dois seres, ou dois objetos, ou até mais em um laço. Pode se fazer de diversas formas, através de um terceiro objeto ou qualquer imagem, mas os mais fortes...

   – O que? Aidan.

   – São ligados por sangue.

   – Sangue?

   – Bom, não acho que essa deveria ser a parte que te preocupa.

   – Pois então fala. – Todo o turbilhão confuso dentro de mim voltara, junto da preocupação que Elrohir estava sentindo. Aidan engoliu seu vinho todo de uma vez antes de continuar.

   – Em uma ligação, o mago de maior poder assume a rédea da situação. Como dizer...Praticamente o que acontece é que ele interliga a si mesmo a outra pessoa, e assume controle dela. Em parte.

   – Ele me controla. – Não foi uma pergunta, mas Aidan ainda afirmou fracamente com a cabeça. Eu sentia meus olhos ardendo, mas meu desespero não conseguia deixar as lágrimas despencarem. – Como se corta isso? Você consegue, não consegue?

   – Se fosse um mago comum, talvez. Em casos assim, eu duvido que alguém além do próprio Galbatorix seja capaz de desfazer o laço. – Ele viu meus olhos presos aos meus dedos e os segurou levemente. – Você ainda possui controle de si mesma, apenas em algumas situações o exercício da ligação vai realmente te afetar. E em todo caso, não temos certeza absoluta de nada.

   – Temos sim. Essa não sou eu. Esse veneno todo dentro de mim deve ter vindo do sangue dele. Talvez seja porque ele já corre dentro de mim há muito tempo.

   – Isso deveras faz a ligação mais forte.

   – Pois bem. – Soltei minhas mãos, secando os olhos e respirando fundo. Aidan me fitava, esperando para ver o que eu falaria em seguida.

   – O que pretende fazer?

   – Nada. Ele quer me controlar, que o faça. A última coisa que eu quero é ver o rosto dele. Nem que pra isso eu me mate antes.

   Deixei com os restos da minha refeição e fui na direção que meu coração realmente me chamava. Elrohir.


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Notas finais do capítulo

Juro que volto logo ♥



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