The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 59
Trapped


Notas iniciais do capítulo

Oi, meu povo ♥ Sdds. Já contei que faculdade não é mole? Vc nem entra vc já quer sair mas quer entrar de novo...enfim
Boa leitura :3



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Não consegui dormir. Também pudera, aquele quarto estava fervendo. E mesmo se não estivesse, minha cabeça estava cheia demais. A principal e mais urgente das preocupações era a marca que me cobria. Por mais diferente que fosse, Galbatorix tinha uma feito aquela. Ele saberia reconhecer a origem da minha.

Além disso, tinha o acampamento. Nasuada devia estar preocupada, mas meus amigos poderiam até mesmo estar planejando ideias idiotas. Não queria que ninguém morresse num plano suicida para me tirar daqui. Olhei mais uma vez para o céu estrelado pela janela, desejando só poder pular dali. Acredite, eu tentei. Quando me inclinei, foi como se uma lâmina invisível começasse a me partir ao meio.

─ Eleanor. ─ Se eu estivesse um pouco mais distraída, não teria escutado o sussurro que veio da porta. Ajeitei as mangas do vestido longo antes de abrir, mesmo sabendo que se tratava de Murtagh. ─ Com licença.

─ Murtagh. O que faz aqui a essa hora?

─ Vim deixar sua entrega. ─ Só então reparei o saco que ele carregava. ─ Imaginei que seria melhor que isso fosse segredo, sim?

─ Sim. Obrigada. ─ Estiquei as mãos e esperei ele me entregar a areia. Antes de soltar o saco, ele deixou as mãos nas minhas por um segundo. ─ Murtagh?

─ Sinto muito. Por um instante...por um instante eu me senti naquela cela de volta.

─ Ele te prendeu? ─ Perguntei, sentindo o vazio repentino quando ele me soltou e fez menção de se sentar na cama. Assenti com a cabeça e só então ouvi uma resposta.

─ Claro, mas não era essa cela. Era a sua.

─ Oh.

─ Está presa, mais uma vez, enquanto eu fico mentindo para mim mesmo de que irei lhe libertar.

─ Você me ajudou a fugir na última vez, Murtagh. Quem sabe não aconteça novamente?

─ São tempos diferentes. ─ Meu coração vacilou. Ele deu um daqueles sorrisos espertos dele. Uma versão muito mais triste e escura, mas ainda assim um sorriso. ─ Muito diferentes.

Não soube responder. O que eu ia dizer? Que ele não tinha mudado? Que a situação não era tão distinta? Eu nunca fui muito boa com mentiras, nem ouvindo e nem contando. Preferi ficar em silêncio, enquanto ele olhava para o teto e de volta para mim.

─ Desculpe, isso não tem nada a ver com você.

─ Aidan nos ligou por um feitiço bobo, anos atrás. Acho que nos ligou para sempre. Acho que isso me põe no problema, mesmo que não inteiramente. ─ Sorri de leve, sem saber o que mais dizer. Não era exagero dizer que Aidan tinha ligado uma parte de mim a Murtagh durante anos.

─ Eu nunca mais serei eu mesmo.

─ Delrio sempre me disse que nunca sempre é tempo demais. Não é possível que seu nome mude?

─ Mesmo que seja possível, é um processo lento. Eu teria de mudar muito de mim para conseguir isso. Não é efetivo. E ele provavelmente conseguiria descobrir da mesma forma.

─ Sinto muito. Gostaria de ajudá-lo.

─ Obrigado. ─ Ele suspirou, novamente olhando para o teto. Imitei o ato mesmo que por instinto e acabei entendendo.

─ Thorn?

─ É. Ele não para de falar.

Dei uma risada, que o fez relaxar por um segundo. Eu sabia bem aquele sentimento de ter alguém tagarelando dentro da sua cabeça. Tentei encontrar o dragão com minha mente, mas decidi deixá-lo. Saphira não gostava de ser incomodada diretamente, e Thorn era bem mais forte que ela. Melhor não correr riscos. Voltei a olhar para Murtagh.

─ Espero que ele fale bem de mim.

─ Normalmente. ─ Mais um minuto de silêncio, um pouco mais incômodo que os anteriores, e o homem ficou de pé. ─ Eu deveria ir. Tenha uma boa noite, Ele...você.

─ Boa noite, Murtagh.

Ele fechou a porta com cuidado e eu pude ouvir seus passos se afastando. Olhei para a areia e suspirei. Se eu queria levar aquilo para o banheiro, eu precisava estar desacompanhada. Ou seja, sem servos. Peguei a areia novamente e abri a porta, olhando o corredor.

Os corredores pareciam dez vezes maiores durante a noite e quando se esperava passar despercebida. Alguns poucos servos passavam com apenas a luz de uma vela, apenas verificando as janelas e portas. Com a tensão ao meu redor, cheguei ao banheiro.

O ferrolho cerrou a porta, finalmente deixando-me sozinha e em segurança. Pelo menos até alguém tentar entar. A banheira estava vazia no meio, com uma pequena cômoda cheia de toalhas. Tirei duas de seus lugares e coloquei o saco lá, com esforço. Depois, devolvi uma das toalhas e levei a outra comigo para o quarto. Amanhã poderia respirar novamente.

Aproveitei a toalha que trouxera comigo e sequei o suor no rosto e nas costas, esperando me sentir um pouco melhor. Tentei cochilar pelo menos até o sol raiar, meditando para que aquilo tudo logo acabasse.

 

Quando acordei, a criada batia na porta. Ajeitei as mangas do vestido e abri. Ela tinha a mesma expressão séria e carrancuda de sempre. Viera avisar que o banho estava pronto. Sorri.

─ Excelente. Sofri bastante com o suor esta noite. Com licença.

─ Não quer ajuda com o vestido?

─ Não, obrigada. Se pudesse escolher o vestido mais fresco, eu agradeceria. Com licença.

Deixei o quarto e quase corri na direção do banheiro. Quando finalmente consegui me desfazer das roupas, a brisa que entrava pela janela alta até fez com que eu me arrepiasse. Lavei-me rapidamente e, enrolada numa toalha, ajoelhada ao lado da banheira, passei a molhar a areia e fazer a mistura.

Devo ter demorado mais que o costumeiro, mas eu poderia me livrar daquela desconfiança rapidamente. Voltei ao quarto e encontrei um belo vestido bordado com flores azuis me esperando. Suspirei. Outra pessoa talvez tivesse se deixado levar por todo aquele luxo. Uma vida daquelas não podia ser de todo ruim. Cerrei a porta e me vesti, deixando a criada escovar meu cabelo, calada.

─ O café está servido.

─ Obrigada. Qual seu nome?

─ Gaya.

─ Obrigada, Gaya. Com licença.

Pela cara de suspresa da senhora, acho que ela nunca ouvira um agradecimento em toda sua vida. Passei por ela e segui pelo corredor, os pés descalços contra a pedra fria.

 

As refeições onde Murtagh estava presente estavam se tornando ocasiões raras. Aquilo era ruim por dois motivos. Primeiro, eu estava sozinha com aquele senhor manipulador e cruel. Segundo, significava que eu estava tendo refeições demais ali. Tempo demais estava se passando.

─ Eleanor.

─ Pois não?

─ Como se sente? Finalmente em casa. ─ Observei-o limpar os cantos da boca com o guardanapo antes de dar um sorriso singelo e responder.

─ E como deveria estar me sentindo, se não ótima? Confesso que pode ficar...entendiante, algumas vezes. ─ Vinho. Ah, como eu precisava do vinho que eu estava tomando. Algo para pelo menos me dar a coragem de continuar a formar palavras. ─ O que o senhor faz?

─ Ainda não andou pelo palácio, Eleanor? Temos muitos cômodos recreativos. Bibliotecas, salas de música, pinturas por todos os cantos…

─ Fiquei receosa de lhe incomodar se andasse por ai. ─ Receosa de que fosse me trancafiar numa cela menos confortável. De que fosse me torturar novamente.

─ Você é a dona deste lugar, Eleanor. Aproveite. Logo seu tempo será consumido. Tarefas e mais tarefas. ─ E o sorriso torto que me dava nos nervos e fazia com que minha garganta secasse. Consumido, é? Soava mais como se ele fosse ceifar o meu tempo.

─ Obrigada, então.

Acabei de empurrar o meu almoço garganta abaixo e me retirei, sob a desculpa de estudar meu novo lar. Com sorte, eu encontraria uma brecha naquela fortaleza mágica dele.

“O que eu não daria para poder te escutar, Elrohir?” Pensei, sabendo que não teria resposta. Aquele silêncio começou a pesar no meu coração. Só o que eu podia fazer era esperar que meu companheiro estivesse bem.


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Notas finais do capítulo

Bjs de luz :*



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