The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 50
Past the Anger


Notas iniciais do capítulo

Fofura entre Elrohir e Silbena < 3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/330799/chapter/50

  Três dias se passaram. Depois que eu consegui me estabilizar um pouco, sem dormir a todo momento, Aidan me ajudou com magia. Queria que ele não tivesse ajudado.

  – Vamos, pare de agir feito criança.

  – Ser esfaqueada de novo dói menos.

  – A cura é um processo doloroso, eu sei, mas é melhor se manter viva, não?

  – Aidan, não faz o menor sentido isso doer.

  – Faz sim. Eu estou mexendo com seu corpo tanto quanto uma lâmina o altera. Agora deite-se e fique quieta.

  Depois de um longo suspiro, eu fiz o que me foi ordenado e esperei a sensação horrenda que aquele encantamento dele criava. Não demorou e eu tive a impressão de ter fogo me queimando. Nunca durava mais que alguns segundos, mas era tão ruim que eu quase desistia.

  – Pronto. E, se te deixa feliz, acho que essa foi a última vez.

  – Então, eu já posso voltar à minha rotina?

  – Classifique rotina. Porque se acha que pode sair por ai lutando e matando todo mundo, escolha outra rotina.

  – Claro que não, Aidan. Você ofende minha inteligência. Eu ainda tenho que agir feito uma capitã, não sou uma selvagem que só sabe sair dando espadadas por ai.

  – Eu sei, eu sei. Pois bem, pode ir, Capitã. Cumpri meu trabalho.

  – Obrigada, Aidan.

  Eu precisava reconhecer que tinha dado algum trabalho a Aidan. Ele passara os últimos dias me amparando e cuidando da ferida. Tinha sido dolorido e exaustivo, mas agora eu me sentia melhor. E, pelo que eu pude notar, ele também. E até Elva estava menos mal humorada. Menos. Aquela menina nunca estava feliz.

  A não ser quando alguém ficava apavorado em sua presença. Pena que ela não conseguia me aterrorizar tanto, então sua diversão era interrompida. Problema dela.

  Naquela tarde, o sol de Surda estava tão horrendo quanto poderia estar. Ainda assim, a vida no acampamento estava tão agitada quanto poderia estar. O povo de Carvahall já estava se habituando ao lugar e às pessoas, Roran e Eragon conversavam animados, Sano e Elwë falavam de Orun para um dos meninos, que nunca conhecera um anão.

  – Capitã. Pronta para a próxima? – O anão surgiu não sei de onde e veio falar comigo, com a risada estrondosa. Ri também, negando.

  – Espero que não tenha próxima, Orun. Não é legal achar que vai morrer.

  – Eu devia saber que seria preciso mais do que uma adaga para te matar.

  – Pode ter certeza sobre isso. Bem, eu perdi muito nos últimos dias?

  – Ah, nada que fosse mudar algo. Os anões estão aflitos agora que nosso rei morreu. E entendemos a urgência para que seja eleito um novo rei, mas não podemos ignorar nossas tradições. É complicado.

  – Eu sei, Orun. Não é sua culpa. De nenhum de vocês, de fato. Só precisamos que seja alguém ainda disposto a nos ajudar, e logo. Fora isso, façam o que julgarem melhor.

  – Sua compreensão chega a ser pertubadora. Acho que é bom, no entanto.

  – Mesmo se eu não entendesse, nada mudaria. Só posso esperar que não demorem muito.

  – Bem, obrigado. Vou ali, mandar Sano parar de falar mal de mim para crianças.

  – Eu correria, antes que ele chegue na parte em que...

  – Eu sei, já estou indo.

  Ainda estava rindo sozinha, quando vi Roran acenar para mim. Caminhei naquela direção, vendo o olhar de Eragon se desviar. Acho que eu nunca entenderia qual era o receio dele comigo.

  – Sente-se melhor, Silbena?

  – Novinha em folha, Roran. Como estão vocês?

  – Bem, na medida do possível.

  – Eragon, preciso lhe perguntar algo.

  Minha intenção não era que Roran se afastasse, mas ele entendeu que era algo pessoal. Talvez fosse. Eu não me importava muito, só queria tirar aquele peso de cima de mim.

  – O que foi?

  – Naquela luta, aquele dragão...Era Murtagh, não era?

  – Era. Galbatorix o capturou e o fez um de seus cavaleiros. Thorn, o dragão chocou para ele.

  – Eragon. Eu sei que ele te ajudou antes, que eram amigos. Eu sei até como se sente. Ainda assim, quando a hora chegar, sabe o que vai ter que fazer...

  – Se for preciso, eu o farei. Não sabe como Murtagh era antes de...

  – Sei sim. Acredite, eu sei.

  – Oh, eu...

  – Fico feliz que esteja de volta. Vai ser tudo pior a partir de agora.

  – Eu espero que o resultado não seja o pior.

  – Hum, eu também espero. Tenho confiança de que não será.

  Eragon era pouco mais novo que eu, mas eu conseguia me reconhecer nele. Apesar da diferença na autoconfiança e na maturidade, ele carregava o peso de ser o heroi de toda uma nação. E eu carregava esse peso escondida, o peso de ser a arma secreta dos inimigos. No fundo, estávamos os dois com o mundo nos ombros.

  Depois da breve conversa, eu aproveitei meu tempo sozinha e, despistadamente, fui para o lugar mais especial para mim. Bem escondido numa caverna que descia para dentro da terra, Elrohir estava deitado, me esperando.

  “Olá, Grande.”

  Elrohir nem conseguia pronunciar seus pensamentos direito. Ele ficou de pé, tomando o cuidado de se manter distante do teto da caverna e esperou que eu me aproximasse. Sorri e fui lhe dar um abraço. Também sentia aquela alegria transbordante.

  “Senti sua falta.”

  “Eu também, Grande. Fico feliz que tenha ficado a salvo.”

  “Fico mais ainda se você parar de tentar se matar. Sabeq ue eu não vou durar muito sem você.”

  “Sei.” Elrohir adorava ficar me lembrando que dragões sem seus cavaleiros, normalmente, morrem também. Eu achava injusto, mas não mudaria muito o fato. “Tomarei mais cuidado.”

  “Obrigado. Fico preocupado com você.”

  “Eu sei disso. Eu também fico por você.”

  “É sobre aquele vermelho, não é? O cavaleiro.”

  “Murtagh, Grande. É. Ele já foi um...amigo, por assim dizer. E agora é nosso inimigo. Depois de todo mundo achar que ele tinha morrido, ele aparece e faz um mal tão grande contra os anões. Ele não era assim.”

  “Ninguém permanece o mesmo sob o poder de Galbatorix. A não ser você, mas teve ajuda.”

  “Exatamente. Ajuda dele. E do antigo mestre dele.”

  O silêncio da caverna deixara de ser confortável. Elrohir fez aquele grunhido que se parecia com um sussurro muito alto, esfregando seu pescoço contra meu corpo.

  “Vai ficar tudo bem. Quando Galbatorix for derrotado, o poder que ele exerce irá junto. Poderá ter seu amigo de volta, você verá.”

  “Tem razão. Agora, preciso voltar e falar com Nasuada. Ela vai me por a par de todas as últimas decisões.”

  “Tome cuidado. Preciso de você.”

  “Não vou mais lhe dar tantos sustos, Grande. Até porque, você deixa tudo ainda mais confuso, berrando na minha cabeça.”

  “Não repita o feito e eu não farei mais isso”

  “Seu bobo. Eu te amo.”

  “Eu te amo. Agora vá, antes que percebam sua ausência.”

  Depois de passar os dedos pelas escamas grossas, agora num tom esbranquiçado pela claridade que entrava pela caverna, eu voltei para o acampamento, ainda com a sensação carinhosa dentro de mim.

  Depois de me sentir mais leve em relação a Murtagh, eu fui ao meu encontro marcado com Nasuada, na tentativa de recuperar os dias perdidos no processo de cura. Entrei na tenda, sentindo o calor ficar ainda pior ali dentro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Secret Weapon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.