The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 25
The First Flight


Notas iniciais do capítulo

Então, pessoas, não postei antes porque estava na roça, sem internet :( Mas aqui estou, com mais gente pra vocês ♥
Boa leitura ^.^



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Acordei antes do sol nascer. Orun já estava fora da montanha, ao lado de Elrohir. A manhã estava clara, com uma brisa leve. O dragão estava eufórico pela partida, com as escamas variando entre um tom de verde e de marrom.

“Bom dia, Grande”. O dragão me cumprimentou de volta, esfregando o focinho de leve em meu ombro.

— Bom dia, Orun. Como vai? – O anão deu um sorriso de leve.

— Bem, Silbena. Foi uma noite cansativa, conseguindo mantimentos para vocês. – Ele deu de ombros.

— Obrigada. – Sorri em agradecimento. – Bem, vamos logo, Elrohir.

Me virei para meu dragão. Ele estava com uma sela simples, mas com alguns detalhes intrincados nas correias. Simples, mas ainda assim majestoso. Coloquei os pés nas estribeiras e me sentei na sela.

“Confortável?”.Elrohir abriu as asas, pronto para se lançar ao ar. Me movi um pouco, procurando a melhor posição possível. Eu usava um corpete, calças de couro e minhas botas. As espadas estavam presas às minhas costas, prontas para serem usadas a qualquer instante.

“Pronta. Agora é com você, Grande”. Ele deu um grunhido, como uma risada e deu um pulo. Senti meu estômago afundando por um instante.

Orun foi se tornando um pequeno ponto lá embaixo, na clareira perto da montanha. Elrohir subiu devagar, como se aproveitasse a paisagem. Fiquei sem fôlego quando ele finalmente se estabilizou no ar, com as asas estendidas.

Estávamos acima das árvores, o ar gélido me fazendo encolher um pouco. Era a primeira vez que eu voava em Elrohir, mas a sensação era fantástica. Eu estava com um pouco de medo, mas não podia parar de sorrir.

As copas das árvores passavam rapidamente por baixo de nós, com tons variados de verde. O sol fazia Elrohir brilhar como um diamante, num tom esbranquiçado.

“O que acha? Impressionante?”. Elrohir perguntou, se inclinando um pouco para a direita.

“Não sei você, mas nunca vi nada tão incrível na minha vida.”. Meu sorriso se alargou.

“Quer ver o que eu acho?”. Franzi o cenho com a pergunta. Não entendia o que ele poderia estar propondo. “Só feche os olhos.”

Fechei os olhos, sentindo algo estranho. Abri-os novamente. Eu via tudo de forma diferente. As cores estavam mais fortes, mas vivas. Eu sentia o cheiro da terra lá embaixo, ouvia os sons dos rios e do vento lá embaixo.

“O que você fez?”. Perguntei, hesitante. Era tão incrível observar o mundo daquela forma. Aquele grunhido de risada surgiu de novo.

“É assim que eu vejo. Se somos um, vemos como um.”. Demorei um pouco para entender. Estávamos juntos, de alma. Era como se uma parte de Elrohir, além de sua mente, estivesse em mim.

“Então, está enxergando como eu?”

“Sim”.Ele se remexeu embaixo de mim. “Acho melhor voltarmos ao normal, agora. Preciso dos meus sentidos para me guiar.”

“Claro. Quero fazer isso de novo, depois.” Sorri, sentindo minha visão voltando ao normal enquanto eu piscava.

Voamos por quase meio dia numa velocidade razoável. Tudo que podíamos ver eram árvores e mais árvores. Além do céu azul sobre nós. Elrohir passou a descer em espiral quando achou uma clareira.

“O que acha? Pode continuar nesse ritmo?” Perguntei para Elrohir depois de descer da sela.

“Se eu puder descansar um pouco agora, sim. Estamos voando em linha reta, não é tão difícil.”

Concordei e me recostei nele. Senti sua respiração ficando cada vez mais lenta, até manter-se num ritmo tranquilo. Tomei um pouco de água e comi uma fatia de queijo.

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Já estava escurecendo, quando identifiquei um acampamento mais a frente. Mandei Elrohir descer, antes que alguém nos visse. Ele estava num tom alaranjado, quase vermelho àquela hora.

Desci da sela assim que ele parou no chão, pegando uma mochila com provisões. Olhei ao redor. Eu ainda tinha por volta de uma hora para alcançar o acampamento.

“Pode me seguir se quiser, só tome cuidado para não ser visto.”

“Não se preocupe, voarei alto”Ele esticou as asas de novo, pulando para o céu alaranjado acima de nós. Joguei um pouco de água no rosto, como se estivesse suando e segui na direção do acampamento.

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Já tinha escurecido quando cheguei ao acampamento. Eram 31 homens, todos carregavam consigo ao menos uma faca, usando armaduras leves. Dois deles me viram primeiro, levando as mãos às cinturas.

— Sou uma de vocês. – Deixei as mãos abaixadas. Se as erguesse, pareceria que eu sacaria as espadas. – Vão até os Varden, certo?

— Ajihad te enviou? – Um terceiro homem, dos cabelos da cor de ferrugem se aproximou, sinalizando para os outros dois relaxarem.

— Sim. – Não olhei para o alto, mas podia sentir Elrohir sobrevoando a área acima de nós. – Vocês tem algum tipo de líder?

Todos fora das tendas olharam o ruivo à minha frente. Ele trocou o peso de perna e cruzou os braços sobre o peito, antes de falar.

— Bom, eles têm seguido minhas decisões, mas só porque querem. – Ele deu de ombros. Concordei de leve com a cabeça.

— Estamos a alguns dias de marcha até os Varden. – Comecei, apoiando as mãos nos quadris. – Se algum de vocês quer desistir, a hora é essa. Temos que partir o mais cedo possível.

— Vai nos liderar? – Um dos homens parecia atordoado. – Mas, você...é...

— Uma garota? – Ergui uma sobrancelha. – É, eu sei disso.

— Não, eu... – O homem começou a encarar o chão, como se procurasse palavras para se desculpar.

— Acho que ele ia dizer jovem demais. – O ruivo deu um sorriso e deu um tapa de leve no ombro do outro. – Concordo com ele.

— Você também não é tão velho assim, é? – Olhei o ruivo, cruzando os braços.

— Provavelmente sou mais velho que você. – Ele deu de ombros. – Quantos anos você tem afinal?

— 15. – Respondi indiferente. Ele tentou disfarçar, mas vi uma pontada de surpresa em sua expressão.

— Sério? – Concordei, me divertindo com a expressão de descrença deles. – Bom, isso definitivamente é mais nova que eu.

— Quantos você tem?

— Sou o mais novo deles, tenho 18. E não sou nenhum soldado sozinho por ai. – Ele cruzou os braços, sorrindo. – Ajihad deve mesmo confiar em você.

— Bem, sou Silbena. – Estendi a mão para ele, que a apertou, ainda sorrindo. – Você é?

— Sano. – Ele parou de sorrir, me olhando agora. – Silbena...Belo nome, incomum.

— Sano também é interessante. – Os olhos dele pareciam duas esmeraldas, se destacando junto aos cabelos cor de ferrugem. Por alguma razão ele me lembrava Elwë.

Elwë...meu coração ficou pesado de repente. Já fazia tanto tempo que ele enfrentara seu antigo clã que eu me convencera de que ele nunca mais voltaria. Talvez nem mesmo estivesse mais vivo.

— Bem, não esperávamos uma garota, então receio não termos uma tenda para você, a não ser que queira dividir uma com nossos adoráveis cavalheiros. – Sano voltou a sorrir, brincalhão.

— Posso dormir ao ar livre, não tem problema. – Dei de ombros. Ele olhou sobre o ombro, pensativo.

— Pode dormir na minha tenda se quiser, mas só vou ficar um turno de vigia. – Ele me encarou, esperando uma resposta. – Ou vai para a tenda do próximo que for ficar de guarda, ou fica de guarda você mesma.

— Faria algum tipo de brincadeira se eu não me mudasse de tenda? – Cruzei os braços, dando um leve sorriso e erguendo uma sobrancelha.

— Depende do que você chama de brincadeira. – Ele retribui meu sorriso com outro. – Mas não, não farei nada. Só falei pensando no que te faria se sentir mais confortável.

— Sendo assim, não me importo de passar a noite com você. – Dois homens me olharam, sorrindo para Sano.

— Não sejam tão maliciosos perto de uma dama, ora. – Sano fez uma expressão irritada, mas que eu podia facilmente perceber que era brincadeira.

Só então percebi o sentido que minhas palavras poderiam tomar. Tentei continuar indiferente, mas senti que estava corando.

— Muito bem, muito bem, chega disso. – Ele gesticulou com as mãos. – Vão dormir, partiremos amanhã, ao alvorecer.

Os homens se moveram, uns entrando em tendas, outros se posicionando para o turno de vigia. Sano parou ao meu lado e apontou uma tenda perto da fogueira, no meio do acampamento.

— Fique a vontade. Estarei lá daqui três horas. – Concordei com a cabeça, observando ele se afastar.

“Se ele fizer qualquer coisa imprudente vai perder cada membro do corpo em questão de segundos”. Elrohir parecia estar realmente nervoso.

“Não se preocupe. Posso arrancá-los por conta própria se precisar” Sorri para ele, mesmo que ele não me visse.

Entrei na tenda, ainda consciente da presença de Elrohir se afastando um pouco do acampamento. Me deitei no chão ao lado do catre, usando minha mochila como encosto de cabeça. Joguei um cobertor que eu levara sobre as pernas e dormi.

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Acordei no meio da noite, alerta. Eu podia sentir algum perigo perto dde nós. Ergui um pouco a cabeça. Sano estava deitado em seu catre, dormindo um sono pesado.

Me levantei devagar, pegando minhas espadas no chão ao meu lado. O acampamento parecia calmo, dormindo tranquilamente, mas eu sentia alguma coisa errada.

Saí da tenda, evitando fazer qualquer tipo de barulho. Olhei ao redor. Os guardas estavam sonolentos, apoiados em árvores e até mesmo cochilando, sentados em pedras.

Eu não gostava da ideia, mas era preciso. Deixei a luzinha da minha mente negra e observei a mente dos homens. Não observei a dos guardas nem a de Sano, tinha certeza de que eles não ofereciam perigo.

Um movimento atrás de mim, na tenda ao lado da de Sano, chamou minha atenção. Me virei, devagar, vigiando a mente de quem estava lá dentro.

Um homem, moreno, dos olhos de um castanho-avermelhado estava dentro da tenda, com um punhal na cintura. Mas o que me chamou a atenção foi um cordão que ele usava. Era igual ao que eu encontrei entre as coisas da minha mãe, com a marca do Império. Traidor.

Corri até a tenda dele, bem a tempo de encontrá-lo saindo da tenda. Agarrei os cabelos dele, puxando sua cabeça para trás. Ele deu um grunhido, tentando se soltar, mas o arrastei até o centro do acampamento, berrando.

— O que infernos é isso? – Sano estava alerta, com uma lança nas mãos. – O que está fazendo com Hansard?

Soltei Hansard, mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, afundei uma lâmina em sua perna, fazendo ele se encolher de dor. Os outros me olhavam horrorizados, levando as mãos em direção as próprias armas ou só ficando tensos.

— Estou salvando a vida de vocês, não é mesmo, Hansard? – O virei com pé, fazendo-o ficar de barriga para cima.

— É por isso que foi escolhida, garota, é esperta. – Ele sorria, como um maníaco. – Estou com eles por duas semanas e nem suspeitaram.

— O que ia fazer? Matar Sano? Talvez me matar? – O puxei para cima pelo cabelo, sem me preocupar se ele estava sofrendo ou não. A raiva que eu estava sentindo dele estava quase me cegando.

— Hansard? – Sano olhava o homem agora, apertando o cabo da lança. – O que ela está falando?

— Exatamente o que parece. – O sorriso dele se alargou. – Sano era um bom líder, mas ia acabar suspeitando. Já estava desconfiado.

As mãos de Sano apertaram ainda mais a lança. Coloquei a ponta da minha lâmina em seu pescoço. O homem apenas sorriu, os olhos brilhando.

— Eu não te mataria tão cedo, meu bem, não. Talvez depois que chegássemos aos Varden. Depois de alguma diversão. – O sorriso vacilou com o chute que levou de Sano.

— Fala logo o que você tem pra falar e cala sua boca. – A voz do ruivo soou cortante, quase ameaçadora.

— Eu ia te matar, Sano. Depois ia até os Varden e passaria informações ao Império.

— Como? – Puxei ainda mais seus cabelos. – Como ia passar as informações?

— Magia, claro. Como fiz para falar sobre esse acampamento ao rei. Ele só quis saber os nomes, e me mandou descobrir a localização dos Varden. – Ele falava sério agora.

— Bom, não vai mais. – Ergui minha espada para matá-lo, mas o homem caiu no chão antes que eu o acertasse. Sano puxou a lança para fora do corpo de Hansard, endireitando a postura.

— Voltem ao que estavam fazendo. – Sano passou a ponta da lança na grama, voltando para dentro da tenda. Peguei minhas espadas e o segui.

Ele se deitou no catre, de costas para mim. Me sentei no chão, colocando as espadas no chão de novo, depois de limpar o sangue da que usei para ferir a perna de Hansard.

Sano estava imóvel no catre, mas eu tinha certeza de que ele não dormira. Respirei fundo e falei, hesitante.

— Por que fez aquilo? – Ele nem se mexeu, mas continuei. – Podia ter me deixado matá-lo, como eu ia fazer. Vingança?

— Por que quer saber? – Ele se sentou, tenso. Me encolhi um pouco com a voz dele. – Só o fiz porque não queria que você o fizesse. Achei que fosse hesitar.

— Eu não estava hesitando quando você o trespassou com a lança. – Rebati, no mesmo tom de voz. Ele suspirou.

— Não achei justo colocar o peso de uma morte nas suas costas, só isso. – Ele fechou os olhos, como se tentasse relaxar.

— Obrigada. – Me deitei de novo no chão. – Eu realmente ia hesitar.

Ele não respondeu, mas tenho certeza de que ele ouviu. Fechei os olhos, buscando Elrohir.

“Vai ter que carregar esse peso, mais cedo ou mais tarde. Silbena, se hesitar quando for matá-los, vai acabar morrendo.”

“Eu sei, eu sei. O que não quer dizer que eu goste da ideia.”

“Não precisa pensar que está sozinha. Estou com você, sempre.”

“Obrigada, Grande.” Me encolhi, abraçando a mochila. Dormi logo, ouvindo a respiração de Sano.


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Notas finais do capítulo

Então ainda não acostumei com essa paradinha de postagem nova, to meio irritada com isso :T Mas então, o que acharam do Sano? E do Hansard?
Bjs



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