The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 10
Forgive Me


Notas iniciais do capítulo

Mais triste, mais devagar, espero que gostem!Deixem as opiniões nos reviews!!Bjs



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Rine me cutucou com um pé descalço. Abri os olhos, devagar, temendo o que acharia. Só encontrei o escuro. Ainda assim, fiquei alerta. Como se eu pudesse fazer muito se alguém me atacasse.

– Você sabe ler? – Rine estava sentada, olhando algo entre uma fenda de dois pedaços de madeira, bem grossa. Me levantei de forma atrapalhada e cambaleei até a fenda.

– Sei. As letras dos humanos.

– Não acho que isso seja élfico. Consegue ver? – Ela se afastou um pouco e eu olhei pelo buraco. Quase fiquei cega com a claridade, mas em pouco me acostumei.

Aquilo realmente não era élfico. Era alguma outra coisa. Estávamos parados, eu ouvia algumas risadas vindas de fora daquela caixa onde me prenderam.

Me concentrei nas formas, tentando ler. Consegui, aos poucos. Por mais que gostasse de ler, a falta de prática me deixou parecendo uma criança aprendendo as primeiras letras.

– E então? – Rine estava empolgada.

– Tem muito tempo que não leio. Me parece um quadro de recompensas. – Talvez já estivéssemos em Uru’bâen. – E você está nele. Rine, jovem, alta, magra. Procurada por...

– Traição à coroa. Eu estava procurando os Varden. – Olhei para ela por um instante. – Quem mais?

– Minha mãe está aqui! – Eu disse mais para mim do que como resposta à Rine, mas ela ouviu.

– Quem?

– Delrio. Procurada por saque, assassinato e traição à coroa. – Engoli seco, imaginando quem mais estava ali. Não conseguia ver muito bem muitos dos papéis, que sumiam da minha vista no quadro.

Me movi um pouco e vi o rosto que eu não queria ver. O meu, procurada por traição à coroa e informante de informações sigilosas dos traidores. Olhei as recompensas de cada, como Rine pediu. Estavam oferecendo uma quantia razoável por Rine, mas minha mãe valia quase o dobro.

Por mais que não quisesse descobrir, não resisti à vontade de saber quanto queriam por mim. Era quase o mesmo tanto que minha mãe, só que mais.

Voltamos a nos mover com um solavanco repentino. Aquilo não era Uru’bâen ainda. Era Bullridge. Eu ainda tinha algumas horas de vida.

– Acho que não vamos ter muita sorte, não? – Ride tinha se deitado de lado. A pergunta trouxe os cartazes de volta à minha mente. E um detalhe me deu esperanças.

– Talvez ainda tenhamos, Rine. Ele nos queria viva, todas nós. Ainda podemos conseguir, quem sabe. – Tentei sorrir confiante, mas meu maxilar doía.

Me deitei de novo, pensando naquela faísca de esperança.

Paramos. Uma claridade cegante nos atingiu de imediato. Fechei os olhos, abrindo-os aos poucos para me acostumar.

Nos puxaram para fora, arrastando- nos pela madeira até o chão. Não nos soltavam um momento que fosse. Consegui abrir os olhos devagar, a claridade ainda incomodava.

Rine tentava se soltar, mas eu simplesmente andava, como me foi ordenado. Mesmo que eu conseguisse me soltar, quanto eu conseguiria correr? Alguns metros, talvez? Provavelmente não.

Me vendaram. Continuei andando, dessa vez procurando algum som diferente dos grunhidos e berros de Rine e das botas esmagando cascalho. Eu já não usava as minhas mais, e meus pés doíam.

Cai de joelhos de repente. Tiraram a venda e fecharam a porta da cela atrás de mim. Corri até as barras da pequena abertura na porta e gritei. Um soldado deu um chute na porta, me assustando.

– O que vocês querem de mim? O quê?

– Fique quieta.

Obedeci. Não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Tentei escutar a voz de Rine berrando, mas não consegui. Percebi que já tinha um certo tempo que eu não a escutava.

Me sentei num canto da sala quadrada e pequena, quase sufocante. Fechei meus olhos, passando os dedos de leve sobre as marcas fundas nos pulsos.

Abriram a cela de repente. Tentei ver alguma coisa lá fora, mas só o que vi foi uma lanterna, diferente. Depois disso vi que Durza entrou na cela, com o olhar cruel.

Sem dizer uma palavra eu me senti flutuar por um instante, antes de começar a ver tudo embaçado. Fechei os olhos para não me sentir mal com todo aquele borrão a minha frente.

Fui colocada de leve no chão, mas senti duas grossas correntes se fechando ao redor dos meus pulsos. Agora sim eu estava aprisionada. Ouvi a porta se fechar, fiquei no silêncio total, no escuro absoluto.

Descobri que conseguia me levantar, por completo. A cela era bem maior do que a outra. Andei para a frente, mas as correntes me impediram de passar do meio.

Fechei os olhos, pensando. Pensando em Rine, em minha mãe, em toda a tripulação do The Sender e em mim. Principalmente em mim. Porque, fundo na minha alma, eu sentia que tinha falhado.

Falhado em encontrar os Varden, em cuidar das espadas, de nunca abandonar Thunderbolt, de ficar em sã e salva.

E, naquele momento, maior do que a vontade de chorar, eu tive a sensação de que eu devia pedir perdão, por tudo aquilo. A todos que eu pudesse. Até mesmo a deuses que eu não tinha certeza se existiam.

Finalmente, quando a primeira lágrima caiu, eu desmoronei. E chorei, de joelhos, alternando olhares entre minhas mãos acorrentadas e o teto, que eu imaginava esconder um belo luar.

– Me perdoe! Por favor! Se existe alguém me ouvindo, alguém capaz de me julgar e de espalhar meu pranto, eu lhe imploro! Por favor, me perdoe! – E voltei a chorar, calada.

Tentei controlar meu choro, ou ao menos os soluços altos. E só quando consegui parar de soluçar percebi um cantarolar baixinho em frente a minha cela.

Prestei atenção no que aquela canção dizia. E aquelas palavras me acalmaram, quase de imediato.

And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
could it be worse?

E então, quando a última frase ecoava na minha mente, ele me disse, com pena e carinho ao mesmo tempo.

– Você tem que ser forte. Sei que consegue. Vai sair daqui, de um jeito ou de outro. Só seja forte. – E se calou, me deixando ali com uma canção ecoando em minha mente e uma última lágrima.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam os reviews :D



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