Os Marotos - A Criação do Mapa escrita por Bianca Vivas


Capítulo 6
A Varinha Quebrada


Notas iniciais do capítulo

Heeeey potterheads! Acho que hoje é um dia de muita alegria para todos, afinal O NYAH VOLTOU MINHA GENTE!!!!!!!!!!!!!
So, sei a que a desculpa do Nyah fora do ar é a de muita gente. Eu, bem, não tenho desculpa pela demora. Apenas provas, trabalhos, reuniões... Bom, mas aqui está: mais um capt. saído do forno.
P.S.: ainda não terminei de corrigir, mas decidi postar. Erros, favor me avisem.



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A porta abriu-se subitamente. Walburga Black apareceu em seguida. Pisava firme, com os saltos da bota preta batendo fortemente no piso de madeira. O rosto estava impassível, contudo o ar ao seu redor parecia mais pesado e impregnado de raiva. Sirius soube o que ela queria no exato momento em que seus olhos se encontraram.

— CRUCIO! — berrou a mulher apontando a varinha para o filho, sem nem ao menos se importar de ser ouvida pelo resto da rua inteira — CRUCIO! CRUCIO! CRUCIO!

A maldição atingiu Sirius no peito, levantando-o no ar. Dessa vez, ela viera mais forte. Pôde sentir os olhos carregando-se de lágrimas assim que a primeira delas chegou. Entretanto, apesar da dor insuportável que o fazia sentir vontade de morrer, ele não choraria. Nem gritaria. Tentaria ao máximo parecer relaxado, como se aquela maldição imperdoável nada lhe causasse. Não daria a bruxa da sua mãe o gosto de vê-lo sofrer.

— Começou cedo hoje — disse quando o efeito da primeira leva de feitiços passou — Ainda nem amanheceu — e foi atingindo, novamente, por uma Maldição Cruciatus.

— O que fiz dessa vez? — Sirius fechou as mãos em punho ao cair no chão. Tentava manter-se calmo.

— Não seja cínico! — Walburga começou a perder a cabeça — Sua cara de santo não me engana, seu moleque! — gritou de novo — Crucio!

— Se não me disser, nunca saberei — ele a olhou com nojo — Mamãe — pôs toda a ironia do mundo no título que, infelizmente, a ela pertencia.

— Régulo Arturo Black — Walburga pronunciou o nome lentamente, com os olhos vazios e um sorriso vencedor nos lábios.

A pele de Sirius tornou-se pálida quando seu irmão mais novo entrou. Ele fitava o chão com tamanha intensidade que poderia abrir um buraco ali. Sirius nunca imaginara que ele pudesse ser pego. Acreditara apenas que a louca mulher à sua frente tivesse sentindo uma vontade incontrolável de maltratá-lo. Agora estava seriamente preocupado. Se Régulo fora descoberto, provavelmente todo o plano havia fracassado.

— Seu sensato irmão me contou todo o seu plano de fuga — começou Walbruga, sentando-se em um dos pufes vermelhos de Sirius — Tem algo a dizer sobre isso, Sirius Black III?

Sirius respirou fundo antes de responder. Tinha de descobrir até onde ela sabia ou se estava apenas blefando. Conhecendo Régulo, apostaria que ele contara tudo, mas não podia arriscar.

— Fuga? — perguntou sinicamente — Pode me dizer como eu fugiria sem a minha varinha?

Ela gargalhou secamente.

— Não se faça de desentendido. Iria usar seu irmão mais novo para consegui-la de volta. E não tente negar — falou antes de Sirius ter a oportunidade de pronunciar algo — Como eu disse, seu irmão já me contou tudo.

Neste momento, Régulo levantou os olhos e colocou-os na altura dos de Sirius. Tentava pedir desculpas silenciosamente, porém Sirius não prestou atenção. Estava mais preocupado no modo como sairia dessa situação.

— Então, Sirius, não vai falar nada? Não vai se defender mais? Nem ao menos vai tentar colocar a culpa toda nos ombros do Régulo, como sempre fez?

Ele apertou mais as mãos. Deveria retaliar, sabia. Mas, caso o fizesse, estaria perdido.

— Tudo bem. Já que é assim... — Walburga mexeu nas suas vestes e tirou dali a varinha de Sirius — Acho que não sentirá falta dela.

Walbruga segurava a varinha do menino e estava prestes a quebrá-la quando Régulo gritou. Ela parou e olhou-o desconfiada. Nunca vira os dois irmãos protegendo-se. Guardou a varinha e olhou seriamente para Régulo:

— Qual é o problema?

— N-n-nenhum-um-um-um — Régulo ia para frente e para trás, com se estivesse em um balanço de brinquedo quando, na realidade estava apavorado. A língua enrolava-se na boca e quase não conseguia falar nada — Só a-cho-cho exa-exa-gerado...

— Quebrar a varinha? — Ela quase sorriu mediante o nervosismo do mais novo — Por que, meu bem?

Régulo arregalou os olhos sem saber o que dizer. Existia realmente um motivo para achar a medida exagerada? Olhou para Sirius pedindo auxílio, contudo este mirava a porta atrás da mãe e, novamente, não percebeu.

— Foi o que eu pensei — pegou a varinha e ia começar a quebrá-la quando Sirius olhou para ela.

— Que horas são? — Os olhos do menino estavam vazios, contudo seu costumeiro sorriso maroto estava no rosto.

— Que relevância tem isso? — um vinco se formou na testa branquíssima de Walburga.

Sirius parou, fingindo pensar.

— Daqui a dez anos, quando me perguntarem o que aconteceu com a minha primeira varinha, eu vou querer contar todos os detalhes. Isso inclui as horas.

Walburga fitou-o sem acreditar em nenhuma palavra. Obviamente havia algo por trás daquela pergunta. Um objetivo secreto, mas ela não podia provar nada. Então, restou-lhe apenas dizer a verdade.

— Quase três.

— Pode esperar até as três? Gosto de exatidão. — disse dando de ombros, sem se importar de estar mentindo descaradamente.

— Não. Não posso. — preparava-se para quebrar a maldita varinha quando Sirius a interrompeu novamente.

— Então pode, pelo menos, abrir as janelas? — Sirius perguntou já se divertindo ao ver o olhar irritado da mãe — Será muito mais poético dizer que perdi minha varinha durante a madrugada, com estrelas brilhantes ao fundo, e que o cabelo da minha amada mãe balançava ao vento quando o último fio de magia da minha varinha perdeu-se no infinito.

Walburga suspirou e mirou a própria varinha na grande janela do quarto de Sirius. Ela abriu-se com um estrondo e o ar quente — não gélido, como previra o menino — entrou por ela e invadiu o cômodo.

— Satisfeito agora? — perguntou irritada.

— Seria melhor se você esperasse pelas três da manhã. Fica mais assustador. — ele disse despretensiosamente, como se fosse apenas um detalhe insignificante — Segundo os trouxas, é o melhor horário para invocar um espírito — acrescentou baixinho, apenas para causar medo na mãe.

— Me poupe das suas bobagens Sirius — ela disse, mas então pensou melhor e acrescentou — Por acaso você vai calar a boca se esperar pelas três horas?

— Mas é claro — Sirius sorriu majestosamente, tentando demonstrar uma sinceridade que não existia.

Walburga quedou-se quieta na poltrona em que estava e começou a mudar as cores das unhas magicamente. Preto, verde, cinza, preto, verde, cinza, preto... Nunca se decidia. Entrementes, Régulo buscava, de qualquer maneira, comunicar-se silenciosamente com o irmão mais velho, que ocupava-se de fitar intensamente o Largo Grimmauld.

Na verdade, o primogênito dos Black procurava o sinal de um dos seus amigos. Eles chegariam em breve, ele sabia. Não poderiam demorar muito, já que o resgate prometia ser na calada da noite. E que hora melhor que depois das três da madrugada, quando até os bêbados já estavam dormindo? Contudo, Tiago, Remo e Pedro não davam sinal de existência.

— Prontinho — disse a Sra. Black olhando seu relógio — Espero que nunca esqueça esse dia — falou malevolamente, rindo de escárnio do próprio filho.

A mulher segurou com força o pedaço de madeira que era a varinha de Sirius e forçou-o para baixo com um prazer inenarrável. Castigar Sirius por todas as heresias que ele dizia e fazia era, para ela, um dever. Traidores do sangue mereciam a morte, e a lei era a mesma até para o seu filho. Porém, jamais a aplicaria a alguém tão jovem, que ainda podia mudar seus conceitos. Por isso precisava tanto castigá-lo. Para salvá-lo de si mesmo.

Sentiu a madeira começar a ceder e, segundos antes de dar seu golpe final, olhou para o filho. Ele estava sereno. Era como se nada daquilo estivesse acontecendo. Contudo, o que sua mãe não percebeu, foi o brilho em seus olhos negros. Um fulgor perturbador, beirando a fúria violenta. Sirius estava prestes a atacar Walburga feito um animal selvagem e descontrolado. Ele estava se controlando apenas porque via algo num futuro muito próximo.

Régulo percebeu o que ele via. Era algo óbvio para qualquer um menos para Walburga, que estava cega na vontade de cumprir com seus deveres. Sirius via Tiago. Não como algo abstrato ou como uma esperança a qual se agarrar. Ele via seu melhor seu melhor amigo escondido nas sombras do corredor que levava ao seu quarto — o quarto em que eles se encontravam.

— Petrificus Totalus — Tiago murmurou, e a Sra. Black tornou-se imóvel subitamente.

Ele saiu das sombras e abraçou o melhor amigo, que abriu um sorriso.

— Desculpe pela demora, teria sido mais rápido se Tiago não tivesse teimado em apostar corridas — disse Remo, que carregava, magicamente, Monstro.

— Por que ele não se soltou? — Perguntou Régulo, estupefato com a precisão dos amigos do irmão.

— Um bruxo nunca revela seus truques — Tiago piscou — Vamos, pegue suas coisas, antes que seu pai acorde.

Régulo ajudou Sirius a carregar o malão até a frente da casa, onde sua vassoura já estava a postos. Pedro também estava ali, guardando as coisas dos outros dois meninos.

— Podemos partir? — perguntou, quando viu Sirius.

— Ainda não. Eu e Tiago precisamos pegar algo. — Sirius respondeu, fitando sombriamente a casa número 12 do Largo Grimmauld.

— Êpa, êpa — Lupin interviu imaginando o que viria — Se o problema for a sua varinha, podemos comprar outra no Beco Diagonal. Nada de nos colocar em confusão...

— Ah, cala a boca lobinho! — Tiago o interrompeu, caminhando diretamente para a casa de Sirius, e sendo seguido por ele.

— Tiago, se formos vistos, até o seu pai pode ser prejudicado!

Remo seguiu-o, tentando chamá-lo à razão, contudo Tiago nem se virou para olhá-lo. Deixou-o falando sozinho no gramado. Ele apenas adentrou na sala, e acendeu sua varinha, para guiar Sirius pelos cômodos escuros.

— Onde ela guarda...

— No quarto — respondeu, sem precisar ouvir o resto da frase.

Caminharam silenciosamente até lá e, por sorte, Orion não estava no cômodo. Provavelmente deveria ter ido à cozinha beber água, ou algo do tipo.

Sirius caminhou até o guarda-roupa e o abriu. No espaço, que visto de fora era minúsculo, estendiam-se corredores cheios de roupa e acessórios e sapatos. Era um mundo sufocante cheio das últimas modas bruxas. Os dois amigos foram diretamente ao fundo do labirinto.

Lá, numa cômoda de ferro negro, estava uma caixa de veludo verde. Estreita e fina poderia passar despercebida se guardada dentro da capa de um bruxo. Eles se aproximaram e perceberam que na tampa da caixa, em letras inclinadas na cor prata, estava escrito “Rosier”. O nome de solteira de Walburga. Sirius achou aquilo estranho, porém preferiu ignorar seus instintos e abriu a caixinha.

Como havia previsto, dentro era possível encontrar uma bela varinha. Completamente negra, com espaços prateados circundando-a. Era incrível, digna de um bruxo do escalão de Merlin.

— Pegue-a logo — sussurrou Tiago, maravilhado com a visão da varinha da Sra. Black. Afinal, a bruxa tinha mesmo um bom gosto.

Sirius estendeu a mão para pegá-la, no entanto, ao tocá-la, um barulho horrível o fez cair de joelhos. “Droga! Droga! Droga! Como fui me esquecer dos feitiços?” Perguntava-se enquanto tentava manter a ordem mental em meio ao estrépito.

Pelo canto do olho, percebeu que Tiago estava deitado no chão, com as mãos cobrindo as orelhas e decidiu imitá-lo. Ficou assim sabe-se lá por quanto tempo, até que o estrondo cessou.

Levantou-se e ajudou Tiago a fazer o mesmo. Já estava pronto para partir quando percebeu que a caixinha verde voltara para o lugar. Fez menção de pegá-la, porém seu amigo gritou:

— Não! O alarme vai disparar novamente!

— Shhh! Vai chamar a atenção do papai se continuar a gritar assim — repreendeu-o, Sirius.

— Você realmente acha que ele não está vindo para cá neste exato momento? — Tiago perguntou sarcasticamente — Temos que dar o fora antes que ele se recomponha.

— E a minha varinha?

— Compramos outra. Vamos logo! — Tiago puxou Sirius e já iam caminhando quando se depararam com uma figura vestida de verde e azul, alta e com uma expressão severa.

Sirius olhou para cima e viu um rosto enraivecido. Olhos negros iguaizinhos aos de um predador sedento por sangue, um rosto vermelho e uma boca que tremia incontrolavelmente. Orion Black não parecia nem um pouquinho feliz.

Os dois meninos se encolheram. Não havia desculpa para aquilo e, agora, Tiago percebia o estrago que fizer aceitando a ideia de Sirius em roubar a própria mãe. Por outro lado, Sirius se sentiu encorajado para enfrentar o pai. Não tinha nada a perder, exceto o silêncio.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou com sua voz grossa de sempre.

Por alguns segundos, até o vento parou de soprar. Ninguém disse nada e Orion ficou ainda mais bravo com a falta de resposta dos garotos.

— O que está acontecendo aqui, Sirius Black? — repetiu mais alto.

Sirius estava pronto para responder “Nada que interesse ao senhor meu pai”, contudo Remo e Pedro chegaram escorregando pelo corredor do guarda-roupa ampliado magicamente. A expressão de surpresa de Orion era a mesma que estava estampada na face de Tiago e Sirius.

— Expelliarmus — Lupin pronunciou o feitiço antes mesmo que Orion pudesse sacar a própria varinha — Eu avisei! — acrescentou para Sirius e Tiago sem, entretanto, olhá-los. Estava mirando fixamente o Sr. Black.

— Mas que diabos...?! — gritou Orion — Exijo uma explicação imediatamente, Sirius.

Sirius o olhou e a única coisa que conseguiu ver foi um pai autoritário que jamais o entenderia. Um pai que sempre se curvara as vontades de sua mãe, mesmo quando esta estava errada. Um pai que amava, mas que o decepcionara imensamente no último ano.

Estendeu a mão e Tiago depositou ali a própria varinha.

— Sinto muito, pai — murmurou fitando o chão, porque não conseguiria olhar para o rosto do homem a sua frente — Obliviate.

Sirius Black apagou as últimas duas horas da memória do próprio pai, pegou a caixa de veludo e saiu correndo da casa do Largo Grimmauld. Os amigos o seguiram, fazendo um esforço enorme para não sucumbirem ao barulho ensurdecedor do alarme e, chegando ao jardim, pularam nas vassouras que esperava por eles.

Voaram o mais rápido possível rumo ao Caldeirão Furado.


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Notas finais do capítulo

Hahahaha, aposto que acharam que o Sirius ia ficar sem a varinha, certo? sashasuhau, garanto que a da Tia Bruxa é bem mais bonita que a dele ;)
Então, o que esperam do próximo? Já adianto que tem personagem novo no ar people o//
Até a poróxima :*



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