Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 63
Nosso milagre


Notas iniciais do capítulo

"Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser."... (Clarice Lispector)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329760/chapter/63

“BRUNO!”

Estava na cozinha bebendo água quando escutei o grito de Fatinha. Quase deixeio o copo cair, mas o segurei a tempo antes que chegasse ao chão. Corri ate o quarto onde encontrei a Loira com olhar muito assustado. Voltamos a pouco da festa de casamento que de Marcela e do Doutor Lorenzo, já que Fatinha se queixava de cansaço, mas o chamado que ouvi me fez temer que se tratasse mais do que simples exaustão. Me aproximei dela que recostada a parede, gemia de dor .

“O que foi que aconteceu, Fatinha?”

“Eu não sei, eu tava indo pro banheiro quando senti uma dor... Ai!”

Não sabia que droga tava acontecendo, mas logo me veio à mente a única explicação para o que se passava com minha mulher.

“Será que chegou a hora?”

Perguntei ainda bastante confuso, meu interior era uma mistura de alegria e medo. Na ultima consulta com a obstetra, ela havia dito que estava tudo bem e que não deveríamos nos preocupar. Mas não estava mais certo disso.

“Não, ainda faltam duas semanas para eu completar nove meses... Ai, que merda!”

Reclamou de novo ao sentir o que seria uma nova contração. Não tinha mais duvida, minha filha chegaria a esse mundo e seria essa noite. Lá fora a chuva caía intensa, meu carro estava na oficia e se chamasse um táxi talvez ele não chegasse a tempo, teria que pedir ajuda.

“A gente tem que ir pra um hospital, agora!”

“Bruno, eu não sei se é preciso...”.

“Não, Fatinha. Nesse momento a gente tem que manter a cabeça fria, não podemos arriscar...”.

Ela concordou com um aceno de cabeça como se falar fosse difícil.

Peguei a grávida no colo que se esforçava para parecer bem. Com todo o cuidado, a deitei sobre a cama. A bolsa não tinha estourado, o que me dava um pouco de tempo. Tinha que pensar rápido.

“Meu carro tá na oficina, e com essa chuva acho que chamar um táxi não é uma boa ideia.”

“O Dinho... Ele tem carro. Pede para ele vir aqui.”

Peguei o celular e liguei imediatamente para Adriano, mas por algum motivo que eu esperava ser muito bom, ele não atendeu. Comecei a ficar angustiado, mas tinha que me manter calmo por ela. Fatinha estava tão ou mais assustada do que eu, e não seria perdendo o controle que eu iria ajudá-la. Minha filha e Fatinha dependiam de mim e não poderia decepcioná-las, eu não me perdoaria se o fizesse.

“Ele não tá atendendo!”

Segurei fortemente o telefone temendo o que poderia acontecer se não a socorresse logo.

“O Dinho saiu mais cedo da festa, ele me disse que iria pro apartamento dele. Vai lá!”

“Eu não posso te deixar aqui sozinha!”

“Você não tem escolha, Bruno! Vai logo!”

Ainda hesitante, fiz o que a Loira me pediu e fui ate o apartamento. Sem esperar pelo elevador, subi as escadas de dois em dois degraus ate chegar ao ultimo andar. Bati na porta sem cerimônias, quase a derrubando, ignorando o fato de existir campanhia. A porta foi aberta minutos depois, o que naquela situação tornou-se uma eternidade.

“Bruno? O que ‘Cê’ quer aqui?”

Questionou ele surpreso enquanto vestia a camisa de qualquer jeito.

“Sem tempo para perguntas, moleque! Pega a chave do teu carro e me segue!”

“Bruno?”

Uma figura feminina de mechas surgiu por detrás de Dinho: Lia. Me surpreendi ao vê-la ali, mas não tinha interesse em perguntar o que a levou a casa do Idiota. Mas a julgar pela forma como estava vestida, somente com uma camisa, provavelmente dele, descobri o porquê dele não atender minhas ligações. Adriano estava ‘entretido’ demais com a Marrenta para pensar em celular, ligação ou no fim do mundo.

“Lia? Você aqui?”

“É-é... Eu, aqui.”

Atrapalhou-se a Loira corada ate a raiz dos cabelos fazendo o Idiota rir. Mas diferente dele, eu não achei a menor graça.

“Deixa que eu explico depois, mas voltando ao assunto... Por que eu tenho que te seguir?”

“A Fatinha, ela... Acho que ela tá entrando em trabalho de parto!”

“Já? Mas ainda não está na hora!”

Exclamou Lia com a mesma reação que eu tive quando encontrei Fatinha.

“Bem, hora ou não, parece que a minha afilhada não quer esperar...”.

“Menos conversa e mais ação! Ela tá sozinha no apartamento, eu to sem carro, a gente tem que ir para o hospital.”

“Claro, claro! Eu vou pegar as chaves do meu carro!”

Dinho foi ate o quarto enquanto eu aguardava com Lia na sala.

“Fica calmo, Bruno. Vai dar tudo certo.”

Falou a Marrenta segurando meu braço. Olhei para o rosto confiante que me mirava.

“Eu espero que sim, Lia. Mas ela ainda não tem nove meses e se acontecer algum problema?”

“Não vai, pode ter certeza!”

“As chaves!”

Dinho surgiu novamente com o objeto em mãos me fazendo respirar um pouco mais aliviado.

“Você me espera aqui?”

Perguntou ele a sua Marrenta.

“Não, eu vou para casa. Não posso acompanhar vocês vestida assim, mas, por favor, mandem noticias! Pode deixar que eu aviso seus pais e a Ju, Bruno.”

“Valeu Lia, mas temos que ir agora Dinho!”

Sem perder mais tempo, fomos para o meu apartamento. Fatinha permanecia deitada na cama, o rosto molhado com suor, a respiração entrecortada. A intensidade das contrações havia aumentado e a dor também, ela tendo dificuldades para se mover. Dinho se aproximou da amiga e segurou sua mão.

“Como você tá?”

“PÉSSIMA! Parece que tem algo me rasgando por dentro.”

“Logo, logo vai passar.”

“Eu to com medo, Dinho...”.

Falou Fatinha chorosa após outra contração o abraçando com força. Observando a cena, pude entender o motivo dela gostar tanto do idiota. A preocupação do rapaz era genuinamente verdadeira, e apesar de estar tão despreparado quanto eu, ele transmitia uma paz a ela que, lamentavelmente, eu não fui capaz.

“Eu sei que parece assustador, nem que posso falar nada, mas você confia em mim?”

“Confio.”

“Respira, tenta relaxar tá? Eu e o Bruno vamos te levar ao hospital, você não precisa se preocupar com nada. Só pensa que daqui a pouco você vai tá com tua filha nos braços e que ela vai ser tão linda quanto você.”

“Obrigada, Dinho... Ai!”

Me culpei por no passado sempre ter hostilizado aquela relação. Não havia nada alem de amizade, mas meus ciúmes me fez agir como um babaca quando os encontrava juntos. Nunca acreditei na amizade entre homem e mulher, mas para provar que meus conceitos estavam errados, eles mostravam o contrario.

“Onde tão as coisas do bebê? Documentos?”

“No... quarto. Sobre a... cômoda. Numa maleta.”

“Consegue andar?”

“Eu não sei... Eu... acho que não.”

“Eu te carrego!”

Me prontifiquei imediatamente. Podia não existir malicia entre Fatinha e Dinho, mas ela era a MINHA mulher e só eu a carregaria, o resto de nossas vidas.

“Você leva ela e eu pego a mala.”

Com Fatinha no colo, deixamos o apartamento. Já na entrada do prédio, esperei que Dinho manobrasse o carro. O Idiota abriu a porta do banco de trás, onde acomodei Fatinha. O percurso ate o hospital foi mais demorado devido à chuva, sem falar do transito. No caminho, liguei para Dra. Luiza, médica de Fatinha, que deu todas as instruções necessárias para quando chegássemos, por sorte ela estava de plantão. Na entrada, uma enfermeira aguardava com uma cadeira de rodas, acompanhada da médica.

“Vamos levá-la para alguns exames, pai. Você espera aqui na recepção e preenche a ficha dela, sim?”

“Claro! Por favor, cuida delas.”

“Pode deixar.”

A médica dirigiu a mim um sorriso calmo de alguém que já havia escutado muitas vezes aquele pedido. Mas nunca tinha passado por uma situação como aquela, nem parecida, a confusão de sentimentos, a alegria, a angustia, tudo caía sobre mim de uma vez só. Pedir para que ela cuidasse delas foi tudo o que me restou naquele momento.

“Se você continuar andando de um lado pro outro desse jeito vai acabar fazendo um buraco no chão.”

“Cala a boca, Dinho! Não é a mulher que você ama nem a sua filha que estão lá dentro!”

O semblante do rapaz tornou-se culpado. Fazia quase uma hora que Fatinha havia sido levada e nenhuma informação de como ela estava foi dita depois disso. Estava angustiado, atormentado emocionalmente, e andar de um lado para o outro, como ele disse, apesar de não resolver era melhor do que ficar sentado como se nada estivesse acontecendo.

“Foi mal, eu sei. Mas você precisa se acalmar, cara! Você precisa pensar nelas.”

“É tudo o que eu tenho feito! – Suspirei pesadamente, ele não tinha culpa – Desculpa, eu não posso despejar sobre você minha frustração. É que foi uma surpresa, ela parecia tão bem mais cedo, mas se queixou de tá cansada, eu devia saber que era mais que isso. Eu devia!”

“Esse tipo de coisa não dá prever, o importante é que estamos aqui e que ela tem o atendimento necessário. Vai ficar tudo bem, você vai ver!”

“Foi o que a Lia disse... Fiquei surpreso em ver vocês juntos.”

Me sentei ao lado dele, a sala de espera quase vazia aquela noite. No relógio, 21h45min.

“É sério essa volta de vocês?”

Perguntei para me distrair um pouco, mas claro que me importava com a relação dos dois. A Lia era como uma irmã e os sentimentos dela sempre contariam pra mim. Sei que Dinho a amava e se ele a fazia feliz, isso era o que importava.

“Claro que é! A gente ate andou planejando o futuro, filhos, uma casa na praia, um cachorro... Essas coisas que casais apaixonados fazem.”

“Espero que dê certo dessa vez. Você sabe, a mãe dela, a impulsividade... Não deve ser fácil.”

“A Fatinha também não é nenhum doce de garota, é?”

“Não! – Não contive o riso – Acho que nesse ponto somos bem parecidos, gostamos de desafios. Quem diria que teríamos algo em comum?”

“Eu não, não sou tão Babaca quanto você!”

“E nem eu sou tão Idiota!”

“Bruno, filho!”

Exclamou Dona Marta quando chegou a sala acompanhada do meu pai, Olavo. Me levantei e fui fortemente abraçado por ela.

“Oi, mãe. Pai...”.

“A Lia nos ligou, falou sobre a Fatinha... Como ela está? E minha neta?”

“Nossa neta, Marta! – Interrompeu Dr. Olavo, um pouco agitado – Filho porque não nos ligou? Pediu ajuda?”

“Não foi preciso, pai. O Dinho... Ele ajudou a gente.”

“O acompanhante de Maria de Fátima dos Prazeres?”

Questionou uma mulher vestida de enfermeira ao entrar na sala.

“Aqui! Eu sou o esposo (?) dela.”

“Bom, eu vim avisar que a criança já nasceu. A Dr. Luiza fez o parto, e embora ela não tenha uma gestação completa, tudo ocorreu bem. Foi muito rápido, e sua esposa foi levada para o quarto e a criança, depois de ser avaliada, será levada para a mãe.”

“Eu posso vê-la? Por favor, eu preciso saber se ela tá bem!”

Supliquei emocionado. Apesar de saber pela enfermeira que tudo estava bem, eu tinha que comprovar com meus próprios olhos.

“Claro! Ela está cansada, por isso só poderá ficar por alguns minutos, sim? Por favor, me acompanhe.”

Segui a enfermeira pelos corredores do hospital ate chegarmos ao um quarto. Entramos silenciosamente e vi imediatamente minha loira deitada na cama.

“Vou deixar vocês a sós, daqui a pouco trarei a menina. Com licença.”

“Obrigada.”

A enfermeira saiu trancando a porta. Me aproximei de Fatinha que parecia dormir, mas quando segurei sua mão ela abriu os olhos. Um sorriso lindo surgindo no seu rosto. Não resisti, e beijei os seus lábios de leve, uma sensação indescritível nascendo dentro de mim. Sentir seu gosto era como vislumbrar o paraíso, não havia remédio, eu estava para sempre preso a ela. E o mais importante, eu não precisava nem queria ser liberto.

“Você a viu?”

Sussurrou Fatinha um pouco sonolenta.

“Não, mas já vão trazê-la... Como você tá?”

“Bem, apesar de nunca ter sentido tanta dor. Juro, quase desisti, mas a médica me pediu pra fazer força. Nunca mais quero passar por isso, sério! Dá próxima vez, você sente a dor!”

“Se for preciso.”

“Aqui está, papais! A sua filha.”

Falou a enfermeira ao entrar trazendo um embrulho nos braços. Era a minha filha, a minha filha e a de Fatinha. O bebê foi colocado nos braços da mãe que a olhou encantada. Lágrimas se formando nos seus olhos e nos meus.

“Oi, bebê! Eu sou sua mamãe... Eu te amo. Amo muito. Esse aqui é o papai, ele é um chato às vezes, mas não se preocupe é só sorrir que ele se baba todo!”

“Não fala isso, Fatinha! O que ela vai pensar de mim?”

Repreendi a Loira que riu. Me aproximei das duas e pude ver melhor o rostinho da nossa filha. Era branquinha como a mãe, cabelos castanhos como o meu, os olhos fechados impossibilitavam saber a cor deles. Mãozinhas tão pequenas que teimavam em agarrar os dedos de Fatinha.

“Quer pegar?”

Sugeriu a Loira para minha surpresa.

“Eu não sei, eu não...”.

“Moreno, você inseguro? – Brincou Fatinha me fazendo corar – Para de besteira, é só ter cuidado. Vem, eu te ajudo.”

Com zelo, segurei o pequeno ser nos braços, meu peito enchendo de carinho. Era tão frágil, tão linda, tão... Minha. Um milagre que Deus deu a mim e a Fatinha, uma continuação do nosso amor. Verdade que não foi planejada, mas com certeza foi mais que sonhada e esperada.

“Ela é tão linda...”.

Murmurei baixinho sem conter as lágrimas. Não sentia vergonha de chorar, não podia estar mais feliz, nunca em toda minha vida imaginei sentir o amor que sentia por aquela criança. O período da gravidez foi só uma mostra de tudo o que estava por vir, toda a intensidade de sentimentos.

“Awn... Minha netinha é linda!”

“Nossa neta, Marta! Nossa!”

“Para de ser chato, Olavo!”

Discutiram meus pais extasiados com a chegada da primeira neta. Eu abraçado a Fatinha, ria da cena. Dinho também veio conhecer a afilhada e estava tão feliz quanto nós.

“Qual o nome dela? Espero que seja um nome a altura de um Menezes!”

Exclamou minha mãe tocando num assunto importante.

“Eu não sei, o Bruno pediu pra escolher! Passei a gravidez todinha chamando ela de bebê que não sei se vou me acostumar com outro nome!”

“Então, qual o nome você escolheu filho?”

“Bem, eu pensei muito e cheguei à conclusão que o nome para minha filha teria que ser especial e que nome mais especial do que o da mulher que eu mais amo nesse mundo?”

“Bruno, filho...”

Dona Marta estava muito emocionada, certamente, confundido o que seria minha intenção. E embora, não quisesse magoá-la, não voltaria atrás na minha decisão.

“Será Maria como o da mãe.”

“Maria?”

Falaram em uníssono Fatinha, feliz, e minha mãe, um pouco decepcionada. As duas já tinham uma boa relação, na medida do possível é claro, e temia que sua escolha interferisse nisso.

“Eu acredito que é uma boa escolha! – Interviu meu pai – Um nome simples, forte e bonito. Não acha Marta?”

“Sim, é lindo! Maria... É muito bonito. O como o da mãe de Deus!”

Falou minha mãe já recomposta. Olhei agradecido para meu pai que apensa sorriu satisfeito.

“E você Fatinha, o que acha?”

Perguntei a Loira que ate então não tinha dito a sua opinião.

“Eu gosto, gosto mesmo... Mas acho que falta um outro. Lá em Carambolas tem Maria ate não poder mais e o que diferencia é um segundo nome. Mas qual?”

“É mesmo preciso?”

“Lógico, Bruno!”

Fatinha franziu o a testa pensando em que nome escolher.

“Será que é tão difícil?”

Manifestou-se Adriano, com a afilhada no colo. Minha filha abriu os olhos quando o viu e como se fosse possível para bebês recém-nascidos, sorriu os olhinhos de um azul incomum, herdados da avó de Fatinha, brilhando. Prefiro pensar que foi uma careta ou algo do tipo.

“Você pode ajudar né, Dinho? ‘Cê’ é padrinho dela, que nome você sugere?”

“Não sei, mas acho que tem que ser um que você goste e que tenha um significado na sua vida. È só pensar Fatinha, qual o nome que você mais fala e culpa na vida?”

“Sei lá... Moreno?”

Para meu desgosto, o Idiota e ela riram. Meus pais, alheios a tudo, apenas observavam a cena.

“Como diria a Fatinha, Lispector... Talvez.”

“Seu ordinário, eu adorei!”

Fatinha riu mais ao chegar ao que parecia uma conclusão.

“Alguém pode me explicar o que tá rolando aqui?”

“Claro, Moreno... Não percebeu o que o Dinho quis dizer? Quem é a pessoa que eu mais cito em qualquer situação, que alem de ser uma grande pessoa, sabia demais da vida? CLARICE! Clarice Lispector, minha DIVA máster! Como não pensei nisso antes? È perfeito! Maria Clarice dos Prazeres Menezes, o nome de uma grande mulher!

Estava decidido, seria Maria Clarice. Fatinha ficou extasiada com a escolha além de se encantar com cada gesto da nossa filha, Clarice. Dinho após alguns minutos, retirou-se, iria encontrar a namorada e contar a novidade. Ju também já estava a caminho do hospital com Gil, que havia bebido um pouco demais, e precisou de um tempo para se recuperar.

Aproveitando a saída dos meus pais para ir a cantina, resolvi falar sobre algo muito importante com Fatinha. Nossa filha dormia num berço ao lado, e a mãe coruja não se cansava de olha-la.

“Fatinha, senta aqui... A gente precisa conversar.”

Nos encaminhei ate a cama, sentado ao lado dela. Segurei suas mãos com força, meu olhar refletindo o que existia na minha alma.

“O que foi? Algum problema?”

“Não, se a sua resposta for a que eu espero – Suspirei, era chegado o momento – Eu sei que errei muito, sei que já te fiz sofrer mais do que alguém tem direito. Eu sempre fui um babaca, ‘Cê’ sabe, tão cheio de certezas, mas isso mudou no dia que cheguei em casa e vi minha irmã dando uma festa. O que eu não sabia era que encontraria uma garota muito pirada e que seria meu tormento por meses, e o melhor, que eu acabaria completamente apaixonado por ela. E embora já soubesse, não pude evitar fazê-la derramar lágrimas, mesmo quando tudo o que mais queria era trazê-la para perto e abraçá-la tão forte que ela nunca iria querer ir embora. Eu já errei tanto, Fatinha, mas tenho pagado por isso. Com sua indiferença, seu distanciamento. Quando soube que você tava grávida eu fiquei tão feliz, feliz porque eu sabia que por mais que você não me quisesse mais, você e eu sempre teríamos um laço. E esse laço é tão precioso pra mim, assim como você, tão importante que nada me faria desistir da ideia de te reconquistar. Por isso te peço, aqui desarmado, que se ainda houver um pouquinho daquele amor do inicio, nem que seja quase nada, se você, por favor, poderia me dar uma chance. Eu amo você, Fatinha. Amo e amo a nossa filha e quero que a gente seja uma família... Eu sei que to me enrolando todo, mas é que não é fácil. Eu te amo e preciso saber, quer casar comigo?

“Bruno...”

Lágrimas escaparam dos olhos da Loira emocionada. Temia sua resposta, temia um futuro sem ela, temia tantas coisas, mas tinha a esperança de que ela me perdoasse. Eu precisava dela para viver, precisava das duas mulheres mais importantes da minha vida. Lágrimas também rolaram pelo meu rosto. Estava indefeso e completamente entregue nas mãos de Fatinha.

“Amo você, mesmo que tenha sido um babaca comigo, amo você. Amo tanto que cheguei ate a te odiar, mas era só amor misturado com magoa. E tenho tentado todo esse tempo superar o que eu sinto, mas é inevitável, eu te amo. Tanto, tanto, tanto... E amo tanto a Clarice, eu não saberia viver sem vocês.”

“Isso quer dizer que...”.

“Eu aceito – um sorriso surgindo no rosto molhado – Eu aceito casar com você, viver com você, aceito ir para o fim do mundo com você.”

“Fatinha, meu amor...”.

E com as palavras dela e a certeza de que sempre estaríamos juntos, fiz o que mais amava nessa vida. A beijei com toda a paixão que contive durante os últimos meses.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo by:Érica!

Mais um capítulo pra vocês! :D A filha da Fatinha e do Bruno resolveu chegar antes para a surpresa dos pais, mas deu tudo bem! :D Awn... Adorei o nome: Clarice! *----* Gostou? Amou? Comente!

Ps: Hoje é apenas um cap. :( Deu ruim essa semana, por isso me desculpem :(! Semana que vem tem mais! Beijos! :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Sempre Lidinho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.