Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 15
Inimigo oculto


Notas iniciais do capítulo

"O homem de palavra fácil e personalidade agradável raras vezes é homem de bem."... (Confúcio)



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“Mudam as estações e nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu... Esta tudo assim tão diferente...”.

“Lia telefone pra você!” Grita Tatá na sala.

Estava no quarto com a minha fiel companheira guitarra e descontando nela as frustrações dos últimos dias. O meu relacionamento com o Vitor já não é mais o mesmo. Desde que o Dinho chegou, brigamos quase que diariamente e isso não é nada do que eu espero de um namoro. Claro que ele tem seus motivos, porém essa situação tem se tornado cada vez mais desgastante.

“Alô?” Pego o telefone ao chegar à sala.

“Alô? Lia? É o Vitor... Por que demorou tanto pra atender?” Fala impaciente.

Fecho os olhos e respiro fundo. Tem se tornado quase rotina o exercício de controlar as minhas emoções. Mas sei que se ele continuar agindo dessa maneira, logo chegará a hora em que não poderei me conter e vou mandá-lo para ‘os quintos da Vacatina’! O que me impede de fazê-lo imediatamente? Simples: a culpa que sinto. Não que eu seja culpada pelas atitudes do Dinho, entretanto a causa por ele está tão perto sou eu e o Vitor tem o direito de se sentir mal.

“Eu tava tocando no quarto... Demorei porque tive que chegar à sala. Por que tá ligando? A gente não marcou nada, né? Ando meio esquecida...” Falo suspirando.

“Não... não marcamos nada. Liguei pra avisar que vou viajar ate Brasília. Meu pai tá meio doente e eu e Sal vamos lá dar uma força pra minha mãe. Na semana que vem eu to de volta.”

“Quer que eu te acompanhe ate o aeroporto?” Pergunto educada, mas sem a mínima vontade de por os pés para fora de casa.

“Não precisa... Eu já to aqui. Era só isso... Tenho que ir. Te amo Lia!” Diz esperando que eu retribua o carinho.

“Tchau Vitor. Boa viagem e qualquer coisa me liga...” Desligo antes de receber uma resposta.

Coloquei o telefone no gancho. Eram apenas três palavras, uma simples frase e ainda assim não disse. Nunca disse, na verdade... Não que eu não goste dele, mas aprendi que no momento que disser novamente ‘Eu te amo’ para alguém será para uma pessoa que mereça.

Caminhei lentamente ate o quarto para continuar a tocar, mas desisti da ideia. Estava lá há horas e as paredes pareciam diminuir ao meu redor formando uma espécie de prisão. Essa sensação de confinamento me tira do sério. Não gosto e nem quero me sentir assim... Tão presa ao passado.

Peguei minha bolsa e sai para espairecer. Decidi ir à casa da Ju pra conversar um pouco... Minha BFF sempre pede para me abrir, acho que chegou a hora de uma conversa franca.

“Oi, Lia!” Diz Bruno atendendo a porta.

“Oi... A Ju tá ai? Não disse que vinha...”.

“Não. Lamento... A Ju acabou de sair. Ela falou algo sobre uma sessão ou algo do tipo. E parece que ela foi na companhia daquele moleque.” Fala Bruno com o semblante contrariado.

“Tá... Era só isso. Acho que já vou... Tchau!” Digo seguindo para o elevador.

Dinho e Ju juntos...

Eles estavam bem unidos ultimamente. Onde um estava geralmente o outro estava também, assim como na época em que namoravam... O que será que isso quer dizer?

“Ah... Para Lia Martins! A Ju pode não admitir, mas sei que ela ama o Gil. Esse lance com o Dinho é só amizade.” Digo para mim mesma, porém um estranho sentimento nascia dentro de mim.

Não quis voltar para casa. Meu pai tava no hospital e minha avó tava cuidando da Tatá. Resolvi ir à casa do Gil para grafitar com ele... Grafitar sempre me fez bem.

“Oi, cunhadinha!” Fala uma voz familiar.

Eu estava passando em frente ao Hostel, quando minha mão foi pega por alguém. Olhei para a pessoa e vi aquele que tanto me intriga: Sal.

“Sal? Você não ia viajar pra Brasília?” Pergunto sem demonstrar emoção.

“É... meu maninho queria que eu fosse, mas não tenho paciência para cuidar de gente doente.” Fala com pouco caso.

Sal se aproxima de mim... Odeio a forma como ele me olha. Como se eu fosse animal indefeso e, consequentemente, uma presa fácil para ele. Sempre foi assim... Ele com aquele jeito extrovertido usava as palavras como arma para me atingir. Piadas e insinuações idiotas eram suas formas preferidas de me tirar do sério, algo que ele nunca conseguiu. Sei que Sal quer me impor medo, entretanto nunca demonstrei isso e sinto que esse fato o irritava bastante.

“Só que a pessoa doente em questão é o seu pai! Como pode não se importar?”

“Simples... Tenho coisas mais importantes para fazer. Já que meu irmão te deixou aqui sozinha, carente por que não sai comigo essa noite? A gente pode sair e curtir... Se entender.” Diz insinuante.

“Acho que não!” O aperto da minha mão aumenta, mas ele mantém o aspecto calmo.

“Por que? Só porque não sou o Vitinho? Seu namoradinho não tá por perto Lia: ‘O que os olhos não veem o coração não sente’. É o que dizem... Por que não aproveitar?” Fala sorrindo.

“Porque eu não to afim.” Vejo a raiva nos seus olhos.

“Lia, Lia, Lia... Não deveria tratar assim o seu cunhado. Eu gosto tanto de você! A minha cunhadinha preferida... Mais ate do que isso!” Diz Sal se aproximando mais.

Sal estava conseguindo me assustar... O aperto na minha mão estava quase insuportável, mas demonstrar que ele me causava medo seria muito pior. Tenho que me afastar rápido!

“Oi, Lia! Que bom que te encontrei!” Fala Fatinha saindo do Hostel.

“Oi, Fatinha... Tava me procurando?” Pergunto surpresa.

“Claro! A Ju me emprestou umas roupas, mas to sem tempo de devolver... Tô presa na recepção. Pode entregar para mim?” Pergunta Fatinha sorridente.

“Ah... claro. Sou sua serva particular?” Ela revira os olhos.

“Tá vendo Sal... Marrenta essa menina, né?” Ele manteve-se calado desde que ela chegou.

“Sim... muito marrenta. Bem, tenho que ir. Tchau!” Fala se afastando.

“Certo! Onde estão as roupas?” Fatinha observava Sal se afastar. O jeito espontâneo de antes havia desaparecido.

“Não tem roupas.” Diz simplesmente.

“Como assim... Então, por quê? Por que veio aqui?” Indago confusa.

“Por isso.” Ela pega a minha mão que havia sido segurada por Sal. Notei que estava vermelha e um pouco roxa onde os seus dedos haviam apertado.

“Não foi nada...” Falo puxando a mão.

“Diga para alguém Lia. Você precisa tomar cuidado com ele... Aquele jeito despreocupado do Sal é só uma fachada. Ele é perigoso e nós sabemos disso.” Fala Fatinha séria. Nunca a vi daquela forma.

Eu e Little Fátima nunca fomos muito amigas e nos últimos tempos havíamos nos afastados ainda mais. Olhei nos seus olhos... Ela sabia do meu receio. Fatinha também enxergava por trás da mascara do irmão do meu namorado.

“Não sei do que você tá falando... Já que não tem roupas, eu já vou. Tchau!” Digo me afastando.

“Lia...” Ela ficou parada alguns instantes e depois entrou no Hostel.

Eu sei que estava agindo errado e que Fatinha tinha razão... Mas o Sal era irmão do Vitor! Como poderia dizer algo sem magoar o meu namorado? Não quero ficar entre dois irmãos.

Desisti de ir à casa do Gil e voltei para o meu apartamento.







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Notas finais do capítulo

:O Medo desse PsicoSal! Será que a Lia agiu certo? Acha que Fatinha tem razão? Gostou? Comente! Beijo!



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