Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 12
Negando você


Notas iniciais do capítulo

"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar."... (Leonardo Da Vinci)



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Nada anda muito bem ultimamente... Não desde que o Dinho voltou. Os últimos dias desde a sua chegada tem sido uma provação. Ando irritada por qualquer coisa, briguei com a Ju... Por que voltou? Custou tanto refazer-me e recomeçar sem ele. E agora quer reviver o que passou?! Será que o mundo não supriu suas expectativas? Bem, ele que fosse procurar ocupação em outro lugar e não aqui... Tão perto. Muito fácil acreditar que pode ir embora quando quiser e voltar quando estiver afim, esperando que tudo permaneça o mesmo! Nada é como antes... Eu não sou como antes. Cansei de dizer adeus, de ter que suportar toda a dor causada pela despedida... Ele é igual à Raquel. Vem e vão embora sem preocupar-se com o estrago que deixam para trás! Não existe mais Lia e Dinho. Há apenas Lia seguindo em frente... Com o Vitor.

“Lia, o Vitor tá esperando lá embaixo!” Grita Tatá com sua costumeira falta de noção.

“Já vou!” Grito demonstrando a minha costumeira falta de paciência.

Olhei para o relógio... 20:30! Estou atrasada para @%#$!

Dei uma ultima conferida no visual, habito adquirido desde o inicio do meu namoro com o Vitor. Cabelo penteado, roupas limpas e sem furos, nada de mechas (Ah, como eu adorava aquelas mechas!)... Perfeita! Assim como o meu relacionamento com o Vitor. Nada de problemas, conflitos, traições, segredos. Nada de Dinho mentido para mim... Droga! Por que tem que me vir à mente aquele garoto?

Sem querer analisar a profundidade dos meus pensamentos, pego minha bolsa e saio do quarto. Dou tchau para minha Vó e a Tatá, e vou ao encontro do Vitor na porta do prédio. Hoje iríamos comemorar o aniversario de seis meses do nosso namoro. Eu nunca fui dessas coisas, mas ele insistiu tanto... Não deu para dizer não quando ele sempre realiza as minhas vontades. Pelos menos, tudo seria logo ali no Misturama: um lugar conhecido, alto astral e que eu amo!

“Oi... Hum, tá linda!” Diz Vitor ao avistar-me.

“Ah... que nada! “Cê” também não tá nada mal!” Como se fosse novidade! O Vitor era... Perfeito!

“Animada para a nossa comemoração?” Me pergunta carinhoso.

Na verdade...

“Tô... Muito!” Falo meio sem jeito.

Não é que eu não aprecie esse gesto dele de valorizar o que temos, mas é que acho um pouco de exagero, sabe? São seis meses e não cinquenta anos! Eu sempre prezei a verdade, mas concordei com esse jantar de comemoração apenas para fazê-lo feliz. Devo muito a ele e essa foi a forma encontrada para retribuir um pouco do que fez por mim.

“Vamos nessa?” Fala pegando a minha mão e caminhado para a entrada do Misturama.

O lugar estava relativamente cheio. Algumas pessoas conversavam em mesas do lado de fora enquanto o restante permanecia dentro curtindo a música. Hoje era noite de Karaokê, uma ideia da Tizinha para atrair mais clientes e que se mostrava ser bem bolada. Toda a galera, mesmo os mais tímidos, curtia subir no palco e soltar a voz.

Sentamos no interior, numa mesa perto do palco. O Nando logo veio anotar os nossos pedidos e assim se iniciou a nossa noite romântica... SÓ QUE NÃO! Qual não foi a minha surpresa ao notar que o Dinho, aquele Idiota, também resolveu ir ao Misturama? Ele tava numa mesa afastada junto com a Fatinha, Orelha, Morg, Fera, Rita, Pilha e a Ju... Ju?! Bela amiga, hein?

“Lia tá tudo bem?” Questiona Vitor notando o meu descontentamento.

“Tá, tá... É que tá calor, né? Acho que é melhor a gente ir para uma mesa lá fora.” Eu preciso de distancia. A maior que conseguir daquele IDIOTA!... Peraí! Por que eu tenho que sair? Olha lá eu de novo deixando que ele interfira na minha vida!

“Se você quer...” Nossa como o Vitor é fofo!Já tava concordando comigo.

“Não, esquece! Aqui tá bom... Então, novidades do curso de Direito? Aquele professor continua pegando no seu pé?” Falo tentando transferir os pensamentos para o meu namorado.

“Ah... Tá tudo bem sim. A faculdade é tudo o que eu esperava e os professores são bem interessantes. Tenho aprendido muito e estou cada vez mais certo de que esse é o meu destino.” Apesar da descontração, notei certo desconforto nele.

“Vitor... aconteceu alguma coisa? É o Sal de novo?” Vejo-o dar de ombros. Nunca foi novidade o imenso amor que o Vitor sentia pelo irmão mais velho, assim, como Sal adorava tirar proveito desse fato.

“É... O Sal tem me preocupado. Pensei que ao vir morar comigo aqui no Rio, ele tentaria mudar de vida, entende? Funcionou no inicio, mas agora ele tá andando novamente com um pessoal meio nada a ver. Tenho medo de que tudo volte... Sei que ele não é uma má pessoa, mas tá difícil.” Sua voz soava cansada.

“Não há nada o que você possa fazer. Isso depende somente dele, você precisa deixar que ele arque com a consequência das suas próprias escolhas.” Tento ser solidaria, mas em se tratando do Sal não sei se há uma chance de reparo.

Desde o nosso primeiro encontro, algo dentro de mim disparou em alerta como para sinalizar o perigo que ele representava. O Sal nunca tentou nada, além de soltar piadas idiotas, mas a forma como olhava pra mim, mesmo na presença do Vitor, deixava-me inquieta. Nunca explanei sobre esse assunto com meu namorado e as vezes que pensei em dizer algo logo foram esquecidas. O amor do Vitor pelo irmão era tão grande que o impedia de ver a pessoa que se escondia por trás de sorrisos e elogios.

A noite transcorreu sem muitos incidentes. O Vitor e eu conversamos sobre amenidades, os nossos cursos, planos de viajem, futuro... Apesar de a sua companhia ser bastante agradável, foi impossível não notar a alegria do pessoal da mesa do Dinho. Eles mantinham um papo animado, com brincadeiras, risos... E o Idiota se mostrava bastante atencioso com a “Facinha”!

Que maldade, Lia! Grita minha consciência, mas a mando ir catar coquinho na praia!

Não é que eu esteja com ciúmes, não é isso... Mas precisa ficar tão perto dela?! E o Bruno também não tá com uma cara nada contente... Ele estava sozinho em outra mesa, mais próxima a nós, e não parava de olhar para a Periguete a quem tanto esnobou outrora.

“Vai, vai, vai!” Voltando do meu devaneio, escuto o coro formado por vozes vindas da direção do pessoal do Dinho. Ele levantou-se e veio na minha direção e do Vitor... Será?!

“Por favor, não seja tão estúpido!” Dizia baixinho para mim mesma, mas contrariando o meu raciocínio ele segue para o palco. What?! Digo, que bom... Pelo menos, ele não é tão IDIOTA de vir aqui arrumar confusão.

Pegando o microfone, ele começa a falar.

“Teste, teste... Primeiro: Boa noite. Tendo perdido uma aposta, meus queridos e compreensivos amigos me obrigaram a cantar uma canção para vocês. Preocupado com a saúde auditiva de todos, visto a minha total falta de afinação vocal, peço a aquele grupo de jovens ali sentados – Fala apontando para Orelha e o resto das pessoas da mesa – que aceitem algo em troca. Podem me ajudar a convencê-los?”

Algumas pessoas riem da situação e outras se mostram curiosas. Após discutirem entre si, Orelha levanta-se e diz:

“Tudo bem, Dinho! Como somos muito bonzinhos pegaremos leve com você. Você tá dispensado de cantar, mas terá que fazer outra coisa em troca.”.

“Que coisa?” Questiona o Idiota.

“Malabarismo, dança do Ula-Ula, pular num pé só... Você escolhe!” Todos riem da situação de Dinho.

“Não... Isso seria fácil demais.” Ele sorri de forma enigmática e olha em minha direção.

“Medo de amar... De onde veio? De um sonho.
O que traz? Um coração partido.
O que procuras? A felicidade.
O que lamentas? Um amor perdido.
Amaste? Sim.
Quando? Agora.
O que achou? Achei espinhos!
De que sente falta? De carinho.
Por que choras? Porque amo.
Por que amas? Porque sou humano.
Por que sofre? Porque gosto de alguém.
Porque não pergunta? Porque tenho medo.
Medo de que? Dela não gostar de mim.
Quem é? Não posso dizer.
Por quê? Porque... É você.” *

Disse ele com a voz cadenciada empregando emoção em cada verso recitado. Em nenhum momento desviou o olhar de mim... Após o termino, ouviram-se fortes aplausos, porém ele continuava imóvel no palco observando-me... Pedindo.

Deus do céu... Não faz isso comigo!

A minha frente estava meu namorado claramente perturbado com a audácia de Dinho.

Tenho que agir... Tenho que afastá-lo!

Num gesto impetuoso, eu beijo a boca de Vitor para sanar seus conflitos, apagar minhas duvidas e negar qualquer intenção que o Dinho teve ao recitar o poema. Por alguns segundos, senti-me feliz por resistir... Mas aquele beijo deixou um gosto ‘amargo’ na boca.

Ao avistar novamente o palco noto que ele havia partido. E mesmo com o coração na ‘mão’... Eu sabia que havia feito o certo. Continuarei negando você, Dinho... Continuarei negando nós dois.



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Notas finais do capítulo

* Poema "Medo de amar" de João Pedro Modesto de Paracatu.

Awn... O Dinho é uma coisa de fofo, né? E olha como a Lia retribui: Beijando o Harry! :( Tristeza para o nosso Idiota! Gostou? Comente! Beijo!



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