Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 8
Deveria ser eu


Notas iniciais do capítulo

"Essa deveria ser eu. Eu gostaria que fosse você... Mas agora não há nada que possamos fazer. Nós tivemos que desistir, o amor apenas não era o bastante."... (Taylr Renee)



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“Você tá bem?” Pergunto a Lia.

Estávamos no seu quarto tentando absorver os últimos acontecimentos. O Dinho voltou e ela tocava insistentemente a sua guitarra... Tradução: história mal resolvida!

Por que quando o assunto é amor tem que ser tudo tão complicado? Detesto ver quem eu amo sofrendo assim. A Lia pode não admitir, porem eu sei que a chegada do Idiota mexeu com seus sentimentos. Ela nunca fala sobre ele ou como se sente em relação à história dos dois... Prefere guardar tudo pra si e se martirizar em silêncio. Tento ajudar, lógico, mas quanto mais eu me aproximo mais ela se fecha em seu mundo de “Rock’n Roll”. Tenho medo disso... Medo de que ela se afunde nessa tristeza e não saiba como sair. Por isso tenho que ser firme! Tenho que fazê-la admitir o que tanto quer esconder: Que não esqueceu o Dinho.

“Claro que estou bem. Por que não estaria?” Me responde com o semblante entediado.

“Não sei... Tipo, seu ex-grande amor volta de uma longa viagem e te vê dedicando uma música feita para ele para o seu atual namorado. Não sei para você, mas isso soa um pouco, para dizer no mínimo, constrangedor.”

“Ah... Ju! Não vem querer dar uma de Psicóloga pra cima de mim não, tá? O Dinho voltou e daí? Esse fato não muda nada na minha vida... Eu sou namorada do Vitor. Ponto! E quanto à música... Era só uma música: Fim! Não me lembro de ter dado direitos exclusivos sobre ela ao Dinho!” Fala Lia impaciente.

“Tá, vou fingir que acredito nessa sua cura milagrosa da ‘Paixonidite Dinho aguda’! Sério? Lia a gente é amiga... Você sabe que pode me contar tudo, né?” Insisto novamente.

“Sei Ju... Só que não há nada par contar. Ele foi e eu fiquei. Ele voltou e eu ainda estou aqui, mas isso não significa que tenha que relembrar tudo que passou. O passado ficou lá atrás... E é lá que vai permanecer. Eu vivo o agora e o meu presente é o Vitor.” Fala Lia calmamente.

Eu quase... Quase acreditei nela. Entretanto, a conheço bem demais para conseguir identificar uma mentira. Não que ela tenha deliberadamente mentido, não é isso... Só acredito que assim como ela quer me convencer de que está tudo bem, é o mesmo que tenta fazer consigo mesma. Como se fosse necessário reavivar a todo o momento os motivos pelos quais o Dinho não merece perdão. O Vitor é um garoto muito legal e não quero que esses conflitos acabem por machucar ainda mais pessoas. E é isso que vai acontecer se todos: Lia, Dinho e Vitor continuarem a insistir numa história que tem todas as possibilidades de fracassar.

“Continue dizendo isso para si mesma. Talvez um dia seu coração se convença. Lia, eu te adoro... juro que faria qualquer coisa por você. Por isso me desculpe se é atrevimento da minha parte, mas tenho que dizer que não acredito em nenhuma palavra do que você disse... Só acho que essa história pode acabar muito mal e não quero ver você ferida”. Digo francamente.

“Quem disse que eu vou? Ju acho que você tá vendo coisa onde não tem. Eu gosto do Vitor, ele é bonito, inteligente, gentil, carinhoso, fiel... Tudo o que...” A voz da Lia some no meio da frase.

“O que o Dinho não é? Então, você vai se agarrar a esse relacionamento como uma espécie de salva-vidas? Eu vi você e o Dinho ontem no bar. Pareciam que vocês queriam se agarrar ali mesmo. Diga o que disser tá claro que ele não vai desistir tão fácil. Você não vai poder evitá-lo.”

“Como você tem evitado o Gil? Irônico da sua parte dizer isso... Afinal, é exatamente o que você faz com ele, né? Desde que terminaram o namoro você foge dele como o ‘diabo foge da cruz’ e agora que me dizer que eu não posso fazer o mesmo? Não vou evitar o Dinho... não tenho motivos para isso. Já você...” Fala aquela que é a minha melhor amiga.

As palavras da Lia alcançaram o seu objetivo. Doeu à menção do Gil e do nosso término. Foi há meses, mas estava muito vívido no coração de uma forma que ela não sabe. Como poderia? Eu prometi que nunca mais um garoto ficaria entre a nossa amizade e foi o que eu fiz. Só que ela desconhece esse fato, não contei os meus motivos. Talvez, a Lia tenha razão... É hipocrisia minha julgá-la quando eu faço igual. Doeu Lia e você não imagina o quanto.

“Acho que a denominação que dão ao que você acabou de fazer é ‘Fogo amigo’. Chega por hoje, né? Desculpe por qualquer coisa e tchau. A gente se fala depois.” Pego minha bolsa e caminho para a porta.

“Espera... Ju! Desculpa, eu não queria falar isso. Acontece que ...” Fala Lia tentando contornar a situação.

“Acontece que a melhor defesa é o ataque? - Interrompo suas desculpas – É. É o que dizem... Tudo bem Lia, eu pedi por isso. Não deveria me meter num assunto que não é meu. Eu tenho mesmo que ir... A gente se fala depois!” Minha voz revelava mágoa, mas nesse momento não quis poupá-la. Não quando isso é tudo o que tenho feito.

Voltei para casa com os pensamentos à mil. Não tinha ninguém, meus pais haviam saído e o Bruno tava na rua fazendo alguma coisa que eu não sei o que é. Rumei para o meu quarto e tranquei a porta, pois queria ficar sozinha comigo mesma. Liguei o meu Ipod e coloquei para tocar a música que descreve perfeitamente a minha história.

“Wish it were you”... ♫

Uma Ode sobre como o amor não foi o suficiente. O quanto o nosso amor não foi suficiente, né Gil? Eu que pensei que nunca mais passaria por essa situação novamente me vi sendo arrastada para os antigos conflitos. Antes foi o Dinho... Imaginei estar apaixonada por ele. Coloquei uma ilusão acima de tudo: de mim, da Lia e de nossa amizade. Tudo por nada. Ele não me amou... Amava minha melhor amiga. Quando penso na raiva que senti, a humilhação, a traição dos dois... Porém, ninguém foi culpado. Eu não quis admitir que o Idiota não gostava de mim, neguei os sentimentos da Lia e os dois esconderam o que sentiam um pelo outro. Toda essa confusão só podia acabar em tristeza.

Foi nesse momento turbulento que eu me aproximei do Gil. De certa forma, ele me entendia... Ele também sabia o que era gostar de alguém e não ser correspondido. Ficamos amigos, desejamos ate nos vingar, mas isso logo foi esquecido. Não se pode lutar contra o amor, né? Descobrimos isso juntos. O companheirismo prevaleceu e o tempo fez nascer uma ligação mais forte. Eu adorava quando estávamos juntos, as nossas conversas, o apoio mútuo. No início não quis aceitar, mas foi impossível negar meus sentimentos: Eu me apaixonei e acreditei que ele também. Engatamos um namoro e tudo parecia ir tão bem... Ate a Lia ir morar com ele. Não COM ele, e sim na mesma casa.

A intimidade entre os dois trouxe novamente à tona uma Ju de quem eu não gostava. Ciumenta, possessiva, implicante... Qualquer coisa era motivo para briga. A gota d’água foi a admissão do Gil de que ele sentia-se confuso, dividido em relação a mim e a ela. Foi demais para mim. Mais uma vez o garoto por quem eu era apaixonada... Correção, por quem eu AINDA sou apaixonada escolhia minha amiga.

Não havia mais volta para nós. Como conseguiria manter uma relação quando ele ainda amava a Lia? Não... Não quis cultivar raiva nem ódio. Terminei tudo e preservei a minha amizade, e mesmo ele não tendo ficado com ela, não há mais concerto. O mais triste é pensar que a pessoa a ocupar o coração do Gil deveria ser eu... Mas ele não permitiu.


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Notas finais do capítulo

:O Bafão! Ju e Gil terminaram porque o carinha ainda tava afim da Lia! Pobre da JU... Terão esses dois uma chance de reconciliação? Gostou? Comente!

*AVISO: Por causa de alguns imprevistos, só poderei postar os próximos capítulos no sábado. Peço um pouco de paciência.. Obrigado e continuem lendo! Beijo!