Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 69
Você é... Exceção!


Notas iniciais do capítulo

"Quando eu era jovem, eu vi meu pai chorar e amaldiçoar o vento. Ele partiu seu coração e eu assisti enquanto ele tentava remontá-lo. E minha mãe jurou que jamais se deixaria esquecer. E aquele foi o dia que eu prometi jamais cantar nada sobre amor se ele não existisse. Mas querido... você é a única exceção. Bem, você é a única exceção."... (Paramore)



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I've got a tight grip on reality, But I can't let go of what’s part of me here. I know you're leaving tomorrow, when you wake up, Leave me of some kind of proof it's not a dream… ♫

“Vamos dançar, Lia!”

“Não to afim, Tatá...”.

“Ah, como você é chata! É o casamento da sua amiga, anime-se!”

“Certo, certo... Você me venceu, Pirralha!”

Constância me arrastou ate o meio do Misturama, que definitivamente, se tornou o local preferido para comemoração de casamentos. E era a vez de Fatinha e Bruno celebrarem o enlace do matrimônio, um pouco tardiamente, diga-se de passagem. Aqueles dois nasceram um para o outro, e entre o pedido e a festa, passaram-se três meses e pelo brilho no olhar da noiva aquilo era tudo com o que sonhou. E Bruno não ficava atrás, o Moreno estava extasiado por finalmente ter-se entregue nas mãos dela. E nem toda a opinião do mundo o faria voltar atrás no que sentia e tinha com ela, vide Clarice, o seu maior orgulho. Eu estava feliz por eles, os dois mereciam toda a alegria do mundo.

“Adoro essa música!”

“Deu para notar!”

Ri do entusiasmo de Tatá enquanto ela rodopiava ao som da música. Apesar dos convidados, conseguimos nos movimentar com facilidade e apesar de ter certeza que pagava um tremendo mico, não me importei. A vida é tão curta para eu me preocupar com convenções, e hoje eu sei que devemos aproveitar todo tempo que temos, antes que ele acabe e seja tarde demais para apenas dançar, cantar ou olhar as estrelas a noite. Ou dizer que amo meus pais e meus amigos, a Pirralha da minha irmã, ou tocar minha guitarra... Só quero ter certeza que vou viver cada momento, intensamente. E que vou tirar o melhor de cada situação, feliz ou triste, sozinha ou acompanhada. Dinho estava certo, eu não sabia o que fazer com a felicidade que tinha, mas eu aprendi e já está na hora de vivê-la.

“You are the only exception.”… ♫

“To gostando de ver essa animação toda!”

“Oi pra você também! Parabéns pelo vestido da Fatinha, ficou lindo. Sempre soube que minha amiga se tornaria uma grande estilista.”

“Valeu! Você não faz ideia do trabalho que tive, mas o que eu não faço para ver meu irmão feliz?”

“E a Fatinha também, né?”

“É, a minha cunhadinha também!”

Para fugir do barulho, saí com Ju e caminhamos ate a pracinha. Cada uma sentou no seu respectivo banco do balanço.

“Adoro esse balanço.”

Peguei impulso e o balanço começou a se mover.

“Também... Já pensou se ele falasse? O tanto de fofoca que ele teria para contar da gente... Parece que foi ontem que o segundo ano começou e junto com ele todas as confusões que valeram por uma vida.”

“Para mim parece tanto tempo... Achei o meu primeiro fio de cabelo branco, acredita? É, Ju estamos ficando velhas.”

“Que tal, em honra ao momento, fazermos outra promessa?”

Sugeriu minha eterna BFF. Olhei para ela, um sorriso estampado em seu rosto.

“Por que não? Tá, manda!”

“Eu prometo... Eu prometo sempre estar junto da minha melhor amiga.”

Ju me estendeu o dedo mindinho.

“Sempre? Até quando você e o Gil tiverem trancados no quarto dele, por horas seguidas, fazendo...”.

“LIA!”

“Grafites! Espere eu terminar a frase, senhorita mente suja!”

Ri do bico que ela fez. Era irresistivelmente prazeroso implicar com a Jujuba.

“Para, Lia! Promete, vai?”

“Prometo!”

Cruzei o meu mindinho no dela, mas não eram necessárias promessas. Nunca deixaria aquela Jujuba romântica escapar da minha vida. E pensar que ela vai passar três meses fora com meu irmão postiço curtindo a vida adoidado em Nova York... Inveja boa dos dois.

“Ah, vou morrer de saudade quando estiver longe, cara!”

“Eu também! Me leva na mala?”

Pedi com os olhos marejados. ‘Putaqueopariu’ como eu vou sobreviver sem ela aqui para chorar minhas lamentações?

“O Gil é um chato! Sacanagem dele te levar daqui, eu te vi primeiro. Você é minha!”

“Nada disso, ela é somente minha.”

Gil se aproximou e Ju logo foi ao seu encontro dando um beijo no mesmo.

“Como é bom me sentir amada!”

Brincou Ju que logo em seguida voltou com o namorado para festa. Fiquei um tempo ainda sozinha, pensando.

“Soube do espetáculo que deu com sua irmã. Não acredito que perdi.”

“Oi! Demorou!”

Acusei-o, meu dia ficando melhor com a sua presença. Ele sentou-se no banco vago.

“Perdão, mas quando minha mãe liga... Você sabe, sou obrigado a dar um relatório de como estou. Dor Rio para Miami é uma grande distancia para uma mãe. Embora aposte que para dona Alice daqui ate a esquina também seria.”

“É... eu entendo que ela tá preocupada.”

“Mas mudando de assunto... Sentiu saudades?”

“Nem um pouco.”

“Lia...”

“Tá, senti. Você é sempre Idiota assim ou é só comigo?”

“Só com você, Marretinha.”

“Nossa, tava pensando no dia que você me chamou assim pela primeira vez. Quase cometi um assassinato, sabe?... Eu nunca te perguntei, mas por que você veio conversar comigo?”

“Quer a verdade?”

“Sempre!”

Ele olhou para um ponto qualquer enquanto pensava numa resposta. Minha curiosidade só aumentou nos segundos que pareceram uma eternidade. Ele sorriu aquele sorriso que só ele tinha e que eu amava tanto.

“Não sei.”

“AH, isso não é justo! Como pode não saber?”

“O que quer que eu diga? Eu vi uma menina linda chorando num balanço e só achei que não era certo. E que ela não deveria chorar.”

“E por isso resolveu implicar comigo?”

“Foi você que me recebeu com quatro pedras na mão primeiro. Eu só respondi a altura... E eu estava certo, né? Você era a garota mais Marrenta que eu já tive o prazer de conhecer. E quem diria que me apaixonaria por você.”

“É, eu tenho esse poder sobre os caras...”.

“Lia...”

O tom perigosamente baixo da sua voz era para me alertar, mas ao invés de me preocupar, eu ri. Adorava saber que ele sentia ciúmes de mim. E ele ficava tão bonito com o rosto corado de raiva, era... Lindo.

“Mas... Eu só o uso com um cara. Um certo Idiota de cachos que, por incrível que pareça, roubou meu coração. Conhece?”

“Acho que sim... É um que namora com uma Loira de cabelo colorido e boca grande?”

“DINHO!”

Soquei-lhe o braço, mas logo me arrependi. O gemido de dor dele me fazendo lembrar que ele ainda estava em recuperação.

“Oh, Deus! Desculpa, desculpa, eu não queria...”

“Espera... – Dinho estendeu o braço devagar, meu coração a ponto de pular pela boca – Você tem a mão pesada, Lia.”

Apesar do quase insulto, não liguei para o que ele disse. Me levantei rapidamente e me coloquei ao seu lado, o apoiando para se levantar também. Sabia que ele sentia dor e nem mesmo o sorriso que ele pôs no rosto me fez esquecer a culpa. ‘Estúpida!’... Me martirizei mentalmente. Não por acaso que todo mundo me acusa de ser impulsiva e Marrenta se sou capaz de ate agredir meu namorado que há dois meses fez uma complicada cirurgia. Com o olhar busquei o dele, uma pergunta velada sobre o que deveria fazer.

“Acho que a festa já deu para mim... Vou voltar pro meu apartamento.”

“Eu vou com você!”

Me prontifiquei imediatamente. Desde que ele saiu do hospital, há um mês, que não passo muito tempo longe dele. E era assim que ia ser daqui para frente, fiquei tão perto de perdê-lo que... Mas isso era passado, ele estava bem, contrariando todas as previsões, ele voltou pra mim.

“Não precisa, pode curtir a festa... Eu não quero estragar sua diversão.”

“Ate parece que eu vou me divertir sabendo que ‘Cê’ tá sozinho e com dor. Não mesmo, Adriano!”

“Detesto quando me chama de Adriano, é tão formal.”

“Tá, te chamo de Idiota então... Sabia que não era uma boa ideia você se esforçar tanto. O tempo que você passou em pé, essa agitação, meus pais disseram que não era para você se exceder.”

“Pelo visto perdi uma namorada e ganhei uma enfermeira. É só um mal estar, Lia!”

Dinho estava chateado e não era para menos. Ele que sempre cuidou, odiava ser cuidado por alguém, o problema é que para ele isso o tornava fraco aos olhos das pessoas. Mas nunca eu acharia que ele era frágil, pelo contrario, Dinho é a pessoa mais forte que eu conheço.

“Enfermeira com benefícios, fique claro!”

“Benefícios dos quais estou impossibilitado de desfrutar.”

“Será que nem uma operação acaba com seu fogo?”

Isso foi estranho... E o riso que ele deu foi mais do que prova disso.

“Para, as pessoas tão olhando pra gente.”

“E qual o problema de todos saberem que quero fazer amor com minha namorada?”

A expressão inocente com a qual ele perguntou quase me tirou do sério, mas ao invés de surrá-lo, acabei rindo.

“AI, como você é brega!”

“O amor é brega, minha cara!”

“Hey, casal aonde pensa que vão?”

Fatinha apareceu acompanhada do agora marido, Bruno. Nos braços trazia Clarice, minha afilhada e de Dinho. A filhinha deles era linda, e mal me contive quando Fatinha estendeu o convite que havia feito a Dinho para mim para ser madrinha da menina.

“Para meu apartamento. E vocês?”

“Para o nosso apartamento.”

Respondeu Bruno sorrindo. Olhando-os juntos, não pude negar... Eles eram uma verdadeira família.

“E a lua de mel? Vão ficar em casa depois de casar?”

“Sim... A Clarice é muito pequena, não quero deixá-la sozinha. Os pais do Bruno e os meus se ofereceram para cuidar dela, mas a gente resolveu adiar. Por enquanto, vamos curtir nossa família aqui mesmo.”

“Bem, então vamos?”

“Espera! Eu tenho que jogar o buquê!”

Lembrou-se Fatinha que logo reuniu as mulheres solteiras que numa disputa acirrada, acotovelam-se pelo simples arranjo de flores.

“Você não vai?”

Perguntou Dinho como quem não quer nada.

“Olha bem pra mim e me diz que eu sou o tipo de garota que se descabela por um buquê.”

“Hum... E se eu te desafiar? Aposto que não consegue pegar.”

“O que?! Espera aí, Idiota. Se é um buquê que você quer é um buquê que você vai ter!”

Deixei Dinho na companhia de Bruno e a filha, e me aventurei entre as convidadas. Deus, não acreditei no que estava fazendo, mas enfim... Eu não fujo de um desafio, ainda mais um de Dinho!

“Preparem-se, que aí vai!”

A noiva jogou o desgraçado arranjo e entre tapas e puxões, apesar de ser a mais baixa, consegui pegar pra mim o buquê. Aplausos foram ouvidos, mas só pude reparar no sorriso satisfeito de Dinho do outro lado da praça.

Eu vou matá-lo!

Dolorida, fomos para o apartamento. Fatinha, Bruno e a filha foram para o deles.

“Pensei que não ia sair viva!”

“Bem, mas você conseguiu, não?”

“Ou quase... Já tomou seus remédios?”

“Não, mamãe.”

“Eu pego pra você. Vai pro quarto que daqui a pouco eu chego.”

“Me lembro de uma época em que ‘ir para o quarto’ era divertido...”

Fez birra Adriano por sua obrigatória abstinência. Ria dele, mas para mim também era difícil ficar perto de Dinho e não ter, digamos... Certos desejos.

“Confortável?”

“Sim... Vem.”

Entreguei os remédios que ele devia tomar para se recuperar mais rapidamente. Ele bebeu junto com água e colocou o copo na mesa de cabeceira. Diferente de antes, o apartamento já era um lugar habitável com móveis, objetos, completamente decorado. Fui a responsável por quase todo o trabalho, mas fiz tudo como ele gostaria.

Deitei com cuidado ao lado dele na cama de casal. Dinho implicava, mas eu sabia que agia mais protetoramente com ele. Bem, não era para menos depois de tudo o que aconteceu.

“Acha que vai ficar cicatriz?”

“E isso importa por quê?”

“Não importa, só que... Sempre será uma lembrança do quão perto estive de perder a vida.”

Tinha calafrios só de pensar nisso. Odiava a facilidade com a qual ele falava sobre a morte. Os dias de angustia voltando à mente e o medo que senti se fazendo presente dentro de mim.

“Detesto quando você fala disso, sabia? Já passou, Dinho. Você tá aqui, comigo, é isso o que importa. Claro que não dá para esquecer, mas nós temos que tocar nossas vidas. Eu amo você, lembre disso, não que levou um tiro, DROGA!”

“Não precisa ficar assim também, precisa?”

Olhei descrente para Dinho. Como podia me perguntar uma coisa dessas?

“Quer saber? Melhor eu ir embora...”.

Tentei me levantar, mas ele me puxou de volta. Quis empurrá-lo, mas temi machucá-lo e talvez por isso tenha feito com palavras o que queria fazer com as mãos.

“Você é um Idiota, sabia? Um completo Idiota incapaz de pensar no quanto essa história me fere. Será que não vê o quanto me dói, Dinho? Eu quase perdi você e quando a gente deveria tá aproveitando você fica falando de morte, tiro... Droga, por que faz isso comigo?”

“Por que você faz isso com você? Desde que eu acordei naquele hospital que você tá estranha, Lia. Não é a mais a mesma, não completamente. Acredita mesmo que não sei que se sente culpada? Achou que eu não iria notar a sua mudança? Se falo o que não quer ouvir é porque não quero que você fique presa a sentimentos ruins. Não foi sua culpa, Lia. Entende isso, por favor! Você não é responsável pelas ações de ninguém e se quer mesmo ‘tocar a vida’, precisa deixar a culpa para trás. Acabou, eu to aqui... Deixa essa maldita culpa enterrada junto com Sal.”

“Eu não...”

A minha fala foi interrompida pelo choro que arranhava minha garganta e me impedia de falar. Dinho estava tão calmo, e eu... Eu só o preocupava mais e mais. Não fiz de propósito, não pensei que ele soubesse, mas a verdade é que ele me conhecia melhor que ninguém e sabia me ler melhor do que eu mesma.

“Mas eu me sinto responsável, Dinho. Sei que já passou... Ate o Vitor voltou de vez para Brasília, mas eu confesso que tenho pesadelos com isso. E eu sinto tanto... Eu o pus na sua vida.”

“Não sinta, então! Olha para mim, Lia – Ele segurou meu rosto com as mãos – Eu amo você e não vou deixar que volte as velhas duvidas e culpas, me entendeu? – Acenei que sim – Pois bem, eu tenho algo pra te dar.”

Enxuguei as lágrimas enquanto ele abria a gaveta da mesinha e tirava uma caixinha de dentro. Ele a pôs na minha mão e esperou que eu abrisse. Dentro havia um anel, o que ele sempre usava no dedo indicador e que gostava tanto. Não entendi o que ele queria com esse gesto.

“É o seu anel.”

“Agora é seu.”

“Eu não posso aceitar, você adora ele!”

Fechei a caixa e tentei devolver, mas Dinho se negou a recebê-lo de volta.

“Eu quero que fique com ele. É um presente.”

“Por quê?”

“Para de fazer pergunta e aceita, Lia.”

“Não ate você me dizer por que quer me dar ele.”

“Com você nada é simples, né? Tudo bem... Não sei se você sabe, mas eu gosto muito desse anel. Tenho ele desde que me lembro e quero que fique com ele para lembrar de mim. Não que eu pretenda ficar longe de você, mas... AH, apenas aceita!”

“Tá... Não to entendendo nada, mas eu aceito.”

Tirei o anel da caixa, mas era largo demais e só coube no polegar.

“É lindo!”

“Lê a gravação que tem dentro.”

“Dinho e se mistérios – Debochei ao olhar o que estava escrito. Meus olhos logo se encheram de lágrimas de novo – Como?”

Eu acredito em nós... Era o que tinha escrito.

“Não sei... Acho que foi você.”

Ele segurou a minha mão como fiz com a dele no hospital. Ele sabia que eu estava lá, de alguma forma, ele me entendeu.

“Oh, por que agora?”

“Por que todo pedido tem que ter um anel e esse é o meu. Nada convencional, como nós.”

“Tá dizendo que...”.

“Quer casar comigo, Lia?”


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Notas finais do capítulo

:*D AH... Finalmente! Bem, como eu prometi, fiz o melhor e não exista nada melhor do que a Marrenta e o Idiota JUNTOS! Gostaram? Esperem que aí vem mais! Vamos ao próximo! XD Quero reviews, hein? Beijos!