Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 56
Ser assim


Notas iniciais do capítulo

"Longe daqui, longe de tudo... Meus sonhos vão te buscar. Volta pra mim, vem pro meu mundo. Eu sempre vou te esperar."... (Paralamas do Sucesso)



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“DINHO?!”

A Loira grávida me segurou pelo braço quando já chegava à saída. A música estava alta, pessoas conversavam, dançavam, tão distantes de como eu estava. Eles pareciam felizes, mas eu não tinha o que comemorar.

No quarto que deixei a pouco, estava à única pessoa que poderia me fazer feliz, mas ela não quis. Preferiu ficar presa no seu mundinho e abrir mão do que poderíamos ter, juntos. E o que eu fiz? Bem, eu não posso e não quero continuar numa relação sozinho, muito menos, obrigá-la a enfrentar seus traumas. Isso é algo que somente ela pode fazer. Não é egoísmo meu, egoísmo seria ficar e vê-la acabar consigo mesma. Eu apenas não suportaria.

“Cadê a Lia? Vocês conversaram?”

Acenei afirmativamente com a cabeça. Não tinha vontade de falar, não tinha animo para mais nada que não fosse ir para o meu pequeno quarto no Hostel e preparar minha mala. Tinha um voo marcado para logo cedo e não poderia perder o horário, embora soubesse que dormir seria a ultima coisa que faria essa noite.

“Como foi?”

“Não foi.”

Fatinha me olhou solidária. Apesar de ser minha melhor amiga, ela não sabia sobre o que tinha acontecido, realmente, entre mim e Lia, e queria que permanecesse assim. Ela tinha os próprios conflitos pra resolver, além de estar num estágio avançado da gravidez. Não iria importuná-la com um assunto que era somente meu e da Marrenta.

“Como assim? Pensei que você estava disposto a reatar.”

“Eu sim, ela não... Fatinha, desculpa por esse transtorno, tá? Mas eu preciso ir. Você sabe, amanhã eu vou para Miami e não quero dormir tarde.”

“Você falou sobre a viagem?”

“Não.”

Não que quisesse esconder isso dela, mas faltou oportunidade para tocar no assunto. Depois do seu ‘desaparecimento’, não tive contato com a Loira e não foi possível avisá-la que iria aos Estados Unidos para visitar meus pais, além de participar de uma premiação sobre fotografia. Premiação essa da qual eu participava.

“Eu vou te acompanhar ate o aeroporto.”

Ofereceu-se minha amiga, mas recusei prontamente.

“Não, não precisa. Eu pego um táxi... Vai ser bom esse tempo longe. Preciso esfriar a cabeça, me encontrar.”

Não queria me afastar da Lia, e por mais que tivesse prometido não deixá-la, era o que estava fazendo. Não por vontade própria, mas por obrigações profissionais e pessoais também. Há muito tempo que meus pais me cobram uma visita, e como iria de qualquer jeito para Miami, decidi passar um tempo com eles.

“Nada disso, eu vou!”

Fatinha bateu o pé, decidida, e não pude argumentar.

“Tudo bem! Te vejo amanhã, então.”

“Até amanhã!”

Deixei a loira para trás e saí do apartamento. Andei distraído de volta para o Hostel, ate parar em frente ao Misturama, decidi entrar e ficar um pouco. Não havia ninguém, só Nando tocando sua guitarra e sem querer me toquei que a Lia era exatamente igual, embora ela não tivesse mais um instrumento.

“Fala garoto! Quer alguma coisa?”

“Não, eu só... Posso ficar e escutar?”

“Claro! Plateia é sempre bem vinda.”

Sentei numa mesa próxima ao palco, em silêncio. Pensamentos vagando para a festa de Fatinha e, consequentemente, para a loira Marrenta que deixei no quarto.

“VAI PRO INFERNO!”

Foi o que ela gritou antes que fechasse a porta. Mas era ela quem estava nele, desde que a mãe foi embora, era Lia que vivia imersa na dor. E eu não posso fazer nada para ajudá-la. O sentimento de impotência era tão grande que chegava a doer, mas não podia evitar.

Olhos fechado prá te encontrar. Não estou ao seu lado, mas posso sonhar... Aonde quer que eu vá levo você no olhar. Aonde quer que eu vá...

Lia, por que faz isso com você? Droga, odeio me sentir assim... Tão perdido.

Não sei bem certo se é só ilusão, se é você já perto ou se é intuição. E aonde quer que eu vá, levo você no olhar. Aonde quer que eu vá... Longe daqui, longe de tudo, meus sonhos vão te buscar. Volta para mim, vem pro meu mundo, eu sempre vou te esperar...

“Aonde quer que eu vá... Lará! Larará!”

A musica que Nando cantava acabou e sem ter mais o que fazer, resolvi ir embora.

“Valeu, Nando... Foi bom ficar aqui um tempo.”

“Sei bem como você se sente. Às vezes também encontro às respostas na solidão.”

“E se a resposta não for a que a gente espera? O que se faz nessa hora?”

O guitarrista ponderou um pouco sobre a pergunta.

“Nada.”

“Nada?”

Questionei já de pé. Ele olhou para fora como se buscasse algo que explicasse seu ponto de vista.

“Sei que o motivo de você tá assim é a doidinha do rock e se tem algo que eu possa dizer para te ajudar é que não fazer nada já é muita coisa. A gente não tem a capacidade de moldar as pessoas segundo a nossa vontade, elas são o que são, e por isso as amamos. E o que amamos deixamos livres. Se voltarem é porque era nosso, se não... Bem, não era para ser.”

“É fácil quando colocado em palavras, mas na prática é bem mais complicado.”

“Nós é que complicamos demais a vida, garoto. Tudo é bastante simples, cabe a cada um enxergar.”

Talvez ele tivesse razão, e nós somos quem complicamos tudo. Sempre colocando obstáculos onde não tem ou inventando, fantasiando situações que não existem. Foi o que a Lia fez sobre mim e Luana, apesar de parecer suspeito, não houve nada demais. Mas ela não sabe e eu não vou contar. Ela só precisava ter confiado um pouco mais em mim e essa noite não teria acontecido.

Como já sabia, eu não consegui dormir. Depois da conversa que tive com Nando, voltei para o Hostel, preparei minha mala e já a altas horas da madrugada, continuei acordado olhando para o vazio. Não era a raiva ou mágoa que me impediam de encostar a cabeça no travesseiro e dormir, era ela. A sua lembrança na minha mente. Tão frágil, mas tão Marrenta, pondo a figura da mãe entre nós dois. E essa distância eu nunca poderei vencer, não se ela não quiser.

O dia amanheceu, e sem ter mais como evitar, saí da cama e fui para o banheiro. Tomei um banho rápido, a água fria aliviando um pouco a tensão das ultimas horas. Vesti uma roupa qualquer, conferi meu passaporte e passagem, peguei a mala e desci para a recepção.

“Aqui tá sua conta. Quer fazer reserva para quando voltar?”

Perguntou Michel enquanto lhe entregava o cartão de crédito.

“Não... É que não sei bem ao certo quanto tempo vou ficar fora, mas qualquer coisa eu ligo para marcar uma reserva.”

“Como assim não sabe quando vai voltar?”

“Fatinha?”

Olhei para trás e me deparei com minha amiga parada na porta.

“Vai falar ou não? Que história é essa?”

“Fatinha, por favor, não torna a situação pior do que ela é...”.

“E isso é possível? Meu melhor amigo vai embora, minha amiga tá arrasada, a Ju tá brigada com a Lia... E como é que eu fico? Você disse que se fosse embora iria me levar junto, lembra?”

Sim, eu me lembro. Mas eu não posso Fatinha, será que não vê?

“Claro que eu me lembro!”

“Então por que tá fazendo isso? Você prometeu! E prometeu muitas outras coisas também... Como pode sequer pensar em deixar a gente para trás? Vai virar as costas, sumir mais um ano e depois voltar arrependido?”

Fatinha começou a chorar e aquilo partiu meu coração. Ela tinha razão, eu não podia fazer isso de novo. Não podia fazer isso com ela, meus amigos nem com a Lia. Abracei-a forte enquanto ela falava frases inteligíveis de como eu era idiota, mentiroso e um péssimo amigo. Foi impossível não rir.

“PARA DE RIR, seu idiota!”

Queixou-se Fatinha já recuperada do choro.

“Tá mais calma?”

“To...”

“Eu volto, Fatinha. E não prometo, porque é algo certo. Eu não ia te deixar aqui nas mãos do babaca do Bruno.”

“Nem abandonar a Lia...”.

Isso também, mas não iria dizê-lo a ela. Com os ânimos refeitos, pegamos um táxi e seguimos para o aeroporto. O percurso foi feito em silêncio, Fatinha olhando pelo vidro da janela. Os tramites para o embarque foram rápidos, e só me restou me despedir da minha amiga.

“Acho que isso é um adeus...”.

“Não adeus, um ate logo!”

“Certo, um até logo...”.

A Loira me abraçou novamente.

“Você vai viajar sozinho?”

“Vou, por quê?”

“Por nada...”

Desconversou Fatinha me fazendo acreditar que sabia mais sobre aquela história do que eu imaginava. E certamente existia mais por trás, mas nem ela nem Lia iriam saber disso. Enquanto pudesse evitar, manteria o perigo longe.

Olhei em volta, na esperança de que Lia aparecesse, mas me lembrei de que ela não sabia que viajaria hoje. E mesmo se ela soubesse não se importaria. O quanto mais longe estivesse, melhor seria para ela.

Lia... Não tinha que ser assim.

“Não tinha que ser assim...”.

Mas era tarde e meu voo já havia sido chamado.


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

Olá, meus amores! Hoje é quinta, to atrasada, mas tenho motivos: Fiquei sem net e ainda por cima to doente! Mas nada disso vai tirar a minha alegria: ELE VAI VOLTAR! Isso mesmo, o Idiota mais Dinho lindo do Quadrante vai voltar para novela! Sei que é só para uma participação, mas to nem aí. Só quero poder ver ele de novo com o pessoal, os seus amigos... ENFIM! To lascada, mas to feliz! Esse é o primeiro de hoje. Leiam, comente, amem, vivam! To muito Loka! VOLTA #VoltaDinho! Quero reviews hein? Ps: TaDinho do meu Idiota na Fic, viu? Cortou meu coração ter que escrever esse capítulo, mas valeu a pena! Vamos ao próximo...



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