Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 42
In your arms


Notas iniciais do capítulo

"Tantas noites escondendo isto, mas agora fico acordado implorando por mais. Pensar que esse coração foi dividido. Eu estou perdendo o sono porque não posso ignorar... Sentindo seu toque por todo lado, ouvindo pacificamente o som de silêncio ao nosso redor, tão contente por termos encontrado essa maneira."... (Boyce Avenue)



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 “Por que você me trouxe aqui?”

Perguntei confusa saindo do carro. Olhando em volta constatei que aquela mata tratava-se do mesmo lugar para onde tínhamos ido quando fugi de casa. Não entendia o motivo para estarmos ali, numa noite escura, sozinhos. Fazia muito tempo que estive lá pela primeira vez e não conseguia decifrar a mensagem que ele queria passar. Dinho havia saído do carro e estava parado do meu lado mirando um ponto distante.

“Lembra-se de quando a gente teve aqui da primeira/ultima/única vez? Parecíamos viver um sonho... Bem, ate os bandidos chegarem, pelo menos.”

Ele riu, mas eu não achei a mínima graça. O que passamos nas mãos daqueles dois marginais foi uma das experiências mais aterrorizantes da minha vida. Se isso era alguma piada, Dinho que risse sozinho, pois eu iria dar o fora dali!

“Eu não sei por que ‘cê’ tá rindo do que aconteceu! A gente poderia ter morrido... Não sei como pode achar graça!”

Andei em disparada sem notar o caminho que seguia. Estava com raiva, muita raiva dessa brincadeira idiota que Dinho tinha feito. Mas antes que pudesse me afastar o suficiente, Adriano pegou minha mão e me guiou de volta para perto do carro.

“O que você quer? Se perder na mata?”

Repreendeu-me Dinho. Foi imaturo, da minha parte, sair andando por aí, mas não gosto de ser feita de palhaça por ninguém!

“Foi você quem começou com tudo isso! Primeiro me traz para cá, depois fica aí rindo igual um idiota de algo que aconteceu há tempos, mas que ainda está vivo na memória... Se soubesse que era para isso que me convidou, digo que não teria vindo!”

“Hey, por que tanta raiva? Desculpa, mas eu não sabia que você ia ficar assim... Pensei que ia gostar de estar comigo aqui. Desculpa... Achei que quando visse isso aqui ia sentir o mesmo que eu, mas pela visto, me enganei... Vem, vou te levar de volta!”

“Espera, Dinho... – Respirei o ar frio da noite e olhei para o rosto dele – O que você queria quando me trouxe aqui?”

“Esquece! Foi uma má ideia...”.

“Não, por favor, me diz.”

Ele pareceu pensar um pouco me fazendo pensar que não responderia minha pergunta.

“Eu queria ter uma noite especial com você. Como da primeira vez, e pensei: Qual lugar melhor do que a mata onde a gente teve a nossa primeira noite juntos? Noite na qual você se entregou sem reservas para mim e me mostrou um mundo novo, sentimentos que eu nem sabia que existiam. Um amor que nem sabia como podia caber dentro de mim. Porque foi isso que aconteceu. Foi aqui que eu percebi que ter você era o mais importante, que uma garota muito Marrenta com a grande capacidade de me tirar o sério, era a garota da minha vida e que sou completamente apaixonado por ela.”

UAU! Não sei ao certo, mas desconfio que nesse momento, diante dessa declaração, eu não tenha lá muitas condições de falar.

As emoções agitavam-se dentro do meu corpo. Felicidade, amor, alegria... Medo que aquilo não fosse verdade. Entretanto, olhar para ele era o bastante para ter a certeza do que sentia e queria. Dinho era sincero, não tinha vergonha de se abrir, de abrir o coração e saber que eu sou o objeto do seu desejo e amor, me fazia querer ser merecedora dele.

“Isso foi bem brega... E também muito lindo!”

Disse depositando um selinho nos lábios dele.

“Fica comigo?”

“Vejamos: ‘cê’ tá me pedindo para passar a noite o meio do mato, ao relento, com insetos e outros animais no mesmo lugar onde bandidos perigosos nos sequestraram e ameaçaram? É isso? Só posso dizer que... Eu não desejaria estar em qualquer outro lugar que não fosse aqui.”

“Isso é um sim?”

“Não, isso é um ‘Eu te amo’! Ate porque só te amando muito para topar uma loucura dessas!”

Esfreguei a mão esquerda no meu braço direito para espantar o frio e notando o meu desconforto, Dinho tirou a jaqueta colocando-a sobre meus ombros.

“Devia ter te mandado trazer um casaco.”

“Não tem importância! Eu nem to com tanto frio... Então, como vai ser? A gente só deita e rola?”

“Hum, acho que curto essa ideia, mas como sou um cara prevenido...”.

Adriano abriu o porta-malas do carro de onde tirou uma barraca, colchonetes além do que aparentava ser uma sexta de piquenique.

“Que bom que se lembrou de trazer a comida! Achei que a parte em que nós jantamos não chegaria nunca...”.

Dinho riu do ronco do meu estômago faminto. Ajudei-o a montar a barraca e estender os colchonetes lado a lado formando uma espécie de cama improvisada. A Lua estava cheia e o ambiente claro sendo dispensado o uso de uma fogueira.

“Amanhã, tudo vai ser diferente...”.

Falou ele me abraçando forte. Tínhamos jantado e estávamos no colchonete, Dinho olhava um ponto qualquer enquanto eu permanecia sentada entre suas pernas.

“Por que tá dizendo isso?”

“Porque é o que vai acontecer... Desde ontem que tem sido somente nós dois, mas amanhã mais pessoas vão fazer parte do nosso relacionamento, entende? Tem pessoas que são a favor e outras que são contra você estar comigo...”.

“Fala do Vitor?”

Não queria tocar no nome do meu ex, mas não pude evitar.

“Não só dele... Tem o seu pai também. Direta ou indiretamente, isso pode respingar na gente, sabe? Pequenas coisas podem minar o que nós dois temos.”

“É... Mas não importa o que eles pensam né? Tipo, eu to com você e nada vai mudar isso. Eu amo meu pai, mas ele não decide com quem eu me relaciono. E o Vitor, bem, eu não devo nada a ele e mesmo que não queira magoá-lo, não vou abrir mão da gente por ele... Não mesmo! Eu prometo.”

“Nada de promessas, lembra?”

Falou Adriano calmamente. Soltei-me do seu abraço e me pus de frente para ele.

“E nada de certezas! Então para de ‘nóia’, de achar isso e aquilo, e sofrer por coisas que você não sabe que vai acontecer, caramba!”

“Quando foi que a minha Marretinha se tornou tão... Centrada?”

“Não faço ideia, mas isso não importa. Só não estraga essa noite tá? Somos só nós dois aqui, além daquele grilo parado olhando para mim... Mas enfim, a gente bem que poderia aproveitar melhor o tempo, não? Ou talvez... Você não me queira mais.”

Não podia pensar, na verdade, não desejava imaginar isso acontecendo: Dinho não me amando mais. A possibilidade do seu abandono era algo terrível demais ate em pensamento, e isso me deixava confusa sobre como me sentia. Havia decidido ir devagar, medir cada passo dessa nossa volta, mas era só olhar para ele – como fazia agora – para toda a sanidade existente em mim se esvair. Adriano me fazia querer pular de cabeça, mas eu sabia que os riscos estavam lá. E talvez, só talvez, eu não estivesse preparada para dizer adeus ou ouvi-lo dizer.

“Sabe quando isso vai acontecer? Sabe quando eu não vou mais te querer?”

“Quando eu estiver velha e acabada, mais pra ‘lá do que pra cá’?”

Sorri. Eu tentava brincar com a situação para esconder meus receios.

“Nunca, Lia. Mesmo quando você for bem velhinha, e eu um homem maduro ainda em ótima forma... Aí!”

“Você é bem idiota hein?”

Falei emburrada enquanto o via passar a mão na cabeça onde havia dado um cascudo.

“E você é bem Marrenta! E ainda assim, eu te amo.”

“E eu te amo!”

Nossas bocas se fundiram num beijo quente e desesperado. A descontração de antes foi esquecida e no lugar nascia, à urgência, a vontade de tocar a pele do ‘menino homem’ a minha frente. A ânsia de estar intimamente ligada a ele, como mais cedo, naquele mesmo dia em que vislumbrei o paraíso por mais de uma vez. E era ele, só ele quem poderia me mostrar o céu e me fazer sentir a beira do abismo.

 O calor da sua pele sob o meu toque, apesar do frio que fazia, criava em mim sensações imensamente prazerosas. Mas não tanto quanto era beijá-lo, explorar sua boca com minha língua, escorregar minhas mãos ávidas por suas costas. De alguma forma que não me lembro, me coloquei sobre Dinho enquanto o mesmo deitava de encontro ao leito improvisado. Sentei sobre o seu corpo, com as os joelhos de cada lado. Olhei Dinho ofegante e excitado mirando-me como se eu fosse a pessoa mais desejável do mundo. Me queria e não escondia isso.

Ah, e eu queria também. Junto, perto, colado... Dentro de mim. Queria me unir ao seu corpo o máximo possível e sentir o seu coração bater ritmado ao meu.

“Essa noite é só você e eu: O mundo que se dane!”

Falei voltando a beijá-lo com volúpia.

Roupas foram tiradas e largadas pelo chão, e o silêncio da mata era quebrado apenas pelo som das nossas respirações ofegantes. Estávamos deitados, agora, lado a lado, nos tocando e acariciando, descobrindo, deleitando-se cada um com o corpo do outro. Eu queimava por dentro, não só pela paixão despertada, mas por inúmeros sentimentos que não sabia distinguir. Dinho era um amante maravilhoso: Carinhoso, ardente, gentil, brusco. Uma verdadeira contradição, sempre preocupado em me oferecer prazer na mesma medida em que buscava a magia que eu sentia.

Amamo-nos intensamente, ali, no meio do nada, enquanto a noite avançava. Amamo-nos com urgência, mas com muito carinho. Perdi a conta de quantas vezes Dinho me levou ao orgasmo ate ele próprio chegar ao limite do prazer. Agora estava aqui, entre seus braços, com o corpo suado e desnudo coberto apenas por um lençol a espera do sono que já havia vencido Adriano.

“Dinho?”

“Hum?”

Gemeu o rapaz de cabelos cacheados levando meu corpo ainda mais de encontro ao seu.

“Tá dormindo?”

“Eu estava tentando...”.

Dinho permaneceu de olhos fechados e sorriu.

“Oh, desculpa... Eu não queria...”.

“Shhh... Tá tudo bem. Mas é tarde e nós temos que sair cedo amanhã, então, dorme. Relaxa Marretinha... Não se preocupe com nada que possa acontecer, eu vou estar aqui pra cuidar de você.”

Cuidar de mim... Apesar das duvidas internas, relaxei um pouco. Estranho, mas Adriano tinha o poder de me acalmar quando nem sabia que estava nervosa. Me aninhei ainda mais ao seu corpo, suspirando feliz pelo contato. Aos poucos o sono chegou e eu acabei dormindo. O resto da noite foi calma, sem mais conflitos, e quando dei por mim, o sol já brilhava no céu.

“Bom dia!”

Dinho estava de pé. Sentei-me trazendo o lençol para proteger o corpo. Minha aparência era lamentável, toda descabelada, a cara inchada de sono, mas pelo visto ele não parecia se importar já que me beijou com carinho.

“Quer dar um mergulho antes da gente ir?”

“Há essa hora?!”

“Lia, são 08h45min da manhã.”

Falou Adriano com o ar de quem explica algo para uma criança.

“Hoje é sábado, dia mundial da preguiça, eu deveria é tá dormindo não pulando na água gelada!”

“Certo... Você pode ficar aí se quiser, mas eu vou lá pra cachoeira. E para sua informação, um banho gelado pela manhã é ótimo para a saúde.”

Falou rindo do meu mal humor.

Droga, como ele podia acordar tão disposto?

“Você não é normal! Ah, droga... Espera eu vestir minha roupa que vou com você.”

A água ate que não estava tão ruim, e pude aproveitar um pouco apesar de ainda achar que estar na cama era mil vezes melhor. Dinho nadava de um ponto a outro com braçadas vigorosas, e eu ficava parada com a água batendo na altura da cintura. Não tinha vontade de molhar o cabelo, mas o idiota não pensou nisso quando me agarrou e me levou para o fundo.

“Droga, Dinho!”

Falei ao voltar à superfície.

“Adoro quando você fica toda bravinha assim...”.

“Nem vem...”

Mas meu protesto não impediu que ele se aproximasse e me beijasse. Resisti por um tempo, dois? Três? Três segundos para logo depois embarcar junto com ele no gesto. Depois de mais alguns beijos, voltamos para onde passamos a noite, guardamos tudo e fomos embora. A viagem de volta foi tranquila, conversamos a maior parte do tempo e após pouco mais de uma hora chegamos em casa. Dinho me acompanhou ate o apartamento.

“Vou voltar pro Hostel. Tenho que ir ao estúdio depois do almoço... Te ligo mais tarde, tá?”

“Uhum... Mas antes de você ir...”.

Fiquei na ponta dos pés para beijá-lo. Não sou uma garota melosa nem chiclete que adora ficar na ‘aba’ do namorado, mas... Namorado? Peraí, eu e o Dinho ‘tamo’ namorando?

Antes que eu tivesse a chance de esclarecer essa dúvida, alguém muito inconveniente e irritado apareceu.

“LIA MARTINS!”

Que não seja meu pai, na porta, gritando meu lindo nome furiosamente!

Porém, mesmo que desejasse que o Doutor fosse uma ilusão, ele era bem real, assim como, a sua raiva.


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

Hum... Será que a Lia tá segura dos próprios sentimentos? Sei não... E como alegria de 'LiDinho' dura pouco, o pai 'linha dura' chegou para atrapalhar o romance... #TENSO! Então, o que acharam? Gostou? Comente!

PS: Sei, hoje é sexta, mas a demora na postagem se justifica: Trabalho e dor de garganta! Semana que vem tem mais capítulos novos para vocês! Beijos!



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