Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 37
Afaste-se


Notas iniciais do capítulo

"Entenda que eu te peço que se vá, mas não quero te perder."... (Cláudia Leitte)



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“Você está bem?”

A voz preocupada chegou aos meus ouvidos fazendo-me querer gritar, não... Rugir de raiva.

“Tão bem quanto uma pessoa pode estar debruçada sobre um vaso sanitário!”

Não era a gravidez que me deixava naquele mau humor. Lógico que os inúmeros enjoos eram um tormento, as náuseas também... Mas o que me tirava do sério era a presença do ‘pai’ do meu bebê ali. Parado na entrada do banheiro olhava pra mim como se eu fosse uma espécie de ET com três cabeças, e não apenas uma mulher grávida descobrindo os ‘prazeres’ dessa experiência.

“Não seria melhor você tomar algum remédio?”

“Claro, um que fizesse o meu filho...”.

“Nosso filho!”

Falou exasperado.

“Que seja! Que fizesse essa criança ser expelida de mim antes dos nove meses, seis no caso?”

“Por que você tá tão agressiva?”

“Porque não quero ser incomodada enquanto coloco meu almoço pra fora! Então, cai fora daqui!”

Bruno me olhou contrariado, mas atendeu o meu pedido. Ele saiu fechando a porta do pequeno banheiro. Após vomitar ate o que não existia no meu estômago, levantei e respirei fundo. Desde o dia que voltei do hospital que a minha vida se tornou um pesadelo. Não pelo bebê, isso não. Ele é a melhor coisa que já me aconteceu. Mas sim por causa da presença constante do Bruno e seus ‘amorosos’ pais todo tempo ao meu lado. A todo instante é um palpite, um conselho, um sermão... Droga, é meu corpo, meu filho, MINHA VIDA!

Após lavar o rosto, saí do banheiro e segui para o quarto. Não havia mais sinal do Bruno, e aproveitando que hoje era minha folga, deitei na cama. Coloquei um braço sobre os olhos enquanto as antigas dúvidas surgiam. Meu emprego no Hostel estava garantido, pelo menos, ate a criança nascer, mas depois como seria? Aquele quarto não era o lugar ideal para se criar uma criança. Onde iríamos viver depois do nascimento?

“Posso entrar?”

Dinho?

“Entra!”

Meu amigo passou pela porta. Sentei na cama e bati com a mão no colchão para que ele sentasse ao meu lado.

“Vi o Bruno passando pela rua... Ele parecia, hum, contrariado.”

“Claro! Agora acha que tem o direito de mandar em mim, acredita? Ele que vá sonhando!”

“É só esse o problema?”

Não era... E isso não podia esconder dele.

“Por que tá falando isso?”

“Não sei... Talvez, porque te conheço bem demais para saber que gravidez nenhuma teria te transformado nessa doida insuportável. Não que o Bruno não mereça, mas tá pegando pesado né?”

“E como acha que eu devo agir? Eu não pedi pra ele ficar andando atrás de mim, nem pra querer participar da gravidez. Ele quem escolheu isso. Pois bem, ele agora que aguente!”

“O Bruno é um babaca, mas não é o tipo de cara que foge das responsabilidades. Ele nunca iria ignorar a existência de um filho”.

“Se é que o filho é mesmo dele!”

Pensei que Dinho ficaria confuso ou surpreso, mas não. Droga, isso que dá conviver tanto com uma pessoa. Ele sempre sabe quando eu minto!

“Ele questionou a paternidade?”

“Não... Ele se sente o ‘macho alfa’ e tem TOTAL certeza que é o pai. E eu também confirmei. Já a Marta...”.

Abaixei o olhar pensando como palavras feriam mais fundo que golpes físicos. Logo que soube da gravidez, o Bruno se dispôs a assumir – como todo bom moço – todas as ‘responsabilidades’. Isso queria dizer pacote completo: O bebê e eu. Claro que não exigi isso, eu sou doida, mas não canalha. Porém os pais, para ser mais exata, a mãe dele, não gostaram de saber que o futuro neto sairia do ventre de uma ‘perdida’ – nas suas palavras – como eu.

“Bruno, meu filho... Como pode ter certeza que essa criança é mesmo sua?”

“Mãe, eu estava lá quando ela foi feita. Lógico que o filho é meu!”

“Isso é maneira de falar comigo?”

Disse ofendida pela resposta do filho.

“Desculpa dona Marta. É que eu não quero que esse assunto se estenda mais do que o necessário. Eu e a Fatinha vamos ter esse bebê juntos!”

Ela ainda não estava convencida.

“Mas aquela menina é tão...”.

“Tão o que?”

Bruno começava a ficar impaciente.

“Tão... Não me leve a mal, mas aquela garota não é uma moça de respeito. Que valores ela pode passar para uma criança? O meu neto?!”

Escutando atrás da porta, ouvia toda a conversa entre mãe e filho. Havia ido ao apartamento do Bruno para conversar e esclarecer algumas coisas, mas o som das vozes exaltadas me fez permanecer na entrada. Com a porta semiaberta, pude descobrir – o que eu sempre soube – o que pensavam de mim. Fui embora antes que eles acabacem de falar e também acabacem comigo.

“Foi isso que aconteceu! Segundo a Marta, eu não sou a pessoa certa para o filhinho dela.”

“E o Bruno? O que ele acha disso tudo?”

Revirei os olhos diante da pergunta.

“Ele me pediu em casamento.”

“Você vai casar?”

Sorri ironicamente.

“Eu disse que ele me pediu em casamento, não que eu aceitei.”

“Por que não? Você gosta, ama ele... Por que não ficar com ele de uma vez?”

Questionou Dinho sagaz. Ele sabia o motivo, mas queria me ouvir dizer.

“Por que não é o que ele quer. O Bruno é típico cara correto que sempre vai fazer o certo. E o certo pra ele é casar comigo, dar seu nome ao filho e posar de ‘família feliz’ pro resto do mundo... Eu não posso admitir uma coisa dessas, entende? Não quero ser empecilho na vida de ninguém, muito menos na dele. Já pensou o que aconteceria se a gente casasse? Nossa vida ia ser um inferno e não quero acabar numa vara de família lutando por nosso filho.”

“Você já disse isso pra ele? Falou como se sente?”

“Já... Não com todas essas palavras, mas deixei claro que casamento tá fora de questão. Ele acha que sãos os meus hormônios que tão me deixando assim. Por isso decidi ser a pessoa mais insuportável do mundo e fazê-lo desistir dessa ideia absurda. Pode parecer maldade mais é o melhor a se fazer... Por nós dois.”

Dinho ainda ficou no quarto comigo por mais um tempo. Conversamos sobre ele e a Lia, e a relação estranha que eles tavam tendo. Não entendi muito, mas ele meio que virou uma sombra, meio guarda costas dela e os dois andam brigando que nem ‘gato e cachorro’ pelos cantos. Quem anda muito feliz da vida é a Ju que vive uma quase lua de mel com o Gil. Fico feliz que o mal entendido entre nós tenha se resolvido. É bom tê-la por perto, mesmo que seja apenas pelo sobrinho.

“Fatinha?”

E lá vamos nós de novo!

“Entra Bruno.”

Estava pronta para dizer mais algumas coisas para o meu futuro ex-noivo, mas a voz me faltou quando o vi entrar no quarto com uma mala na mão e um colchonete na outra. Ele não? Sorri pelo pensamento.

“Vejo que seu humor melhorou. Posso saber qual a piada?”

“Claro! É que vendo você aí com essas coisas nas mãos cheguei a pensar que pretendia morar aqui! Engraçado, né?”

“Nem tanto... Eu vou morar aqui.”

Bruno caminhou ate o armário onde guardava minhas roupas.

“OI?! Tá pensando que o meu quarto é o que? Bruno, pega suas tralhas e vaza daqui antes que eu dê uma de Dinho e te mostre a saída!”

Ele sorriu. Aquele babaca tava rindo de mim!

“Acho meio difícil você com esse corpinho, delicioso diga-se de passagem, me tirar do lugar!”

“Pensa que eu to brincando? Eu já disse uma vez, mas não custa repetir: VAZA!”

Ele me ignorou. Tirou as roupas da mala e guardou junto as minhas, dando uma risada ao encontrar uma calcinha de renda esquecida numa gaveta.

“Hum... sexy!”

“Isso só pode ser um pesadelo!”

Arranquei a peça intima das mãos dele.

“Não, Fatinha! Isso é a realidade: A nossa realidade. Pense na minha estádia aqui como um ensaio para quando formos casados. Você não aceitou morar comigo...”.

E com a Marta?! Não, prefiro ser uma sem teto!

“Não, obrigada!”

“Como dizia antes, você não aceitou morar comigo, e em vista de que eu tenho que ficar de olho na senhorita, venho eu para cá. Mas é temporário... Eu já to procurando um apartamento tão logo a gente case.”

“EU NÃO VOU CASAR COM VOCÊ!”

“Sim, você vai!”

Cerrei os punhos e contei ate dez. Gritar não resolveria nada, estrangulá-lo poderia quebrar minhas unhas... Sem falar que matar o pai do filho me traria problemas. A minha única saída era apelar para a razão.

“O Michel não vai aceitar você aqui!”

Sorri vitoriosa. Ele sorriu ainda mais!

“Engana-se minha linda noivinha. O Michel está a par de tudo e é da mesma opinião de que pais devem criar filhos juntos. Ele ate se ofereceu para ser nosso padrinho...”.

Michel seu traidor!

“Ótimo! Sou uma intrusa no meu próprio quarto! Quer saber? Já que você não sai, saio eu!”

Sai do quarto enquanto o Bruno continuava a arrumar suas coisas nas gavetas. Fui ate a soverteria, pedi o maior e mais calórico sorvete que era vendido, e fiquei pensando o quanto aquele moreno podia ser teimoso. Ele não poderia tá falando sério sobre morar comigo, né?

“Senhor, a carne é fraca – a minha principalmente – e ter o Bruno vinte quatro horas por dia do meu lado não vai prestar! Eu vou acabar casada sem nem me dar conta disso!”

Fiquei horas, sentada rezando mentalmente para que ele desistisse da ideia de ficar no mesmo espaço que eu. Todas as emoções que eu sentia estavam à flor da pele, e ele lá tão lindo, moreno e babaca faria desabar por terra meu objetivo de afasta-lo.

A noite havia caído, e sem ter mais o que fazer, voltei para o Hostel. Michel me cumprimentou enquanto eu passava de cara amarrada. Soube que o Dinho tinha saído com a Lia e fiquei feliz pelos dois. Entretanto, qualquer sentimento bom foi esquecido ao entrar no meu quarto. Confortavelmente deitado NA MINHA CAMA, estava Bruno lendo um livro.

“Demorou pra voltar! Posso saber onde estava?”

Fiquei calada.

“Não vai me responder?”

Não!

Peguei minha camisola e fui para o banheiro. Após tomar um longo banho, fazer a higiene e trocar-me, retornei ao quarto. Ele continuava na cama.

“Quer sair daí?”

Cruzei os braços diante do corpo.

“Você já vai dormir? São 20h00min da noite!”

“Eu to cansada! Então, sai!”

Bruno levantou-se me olhando de solaio.

“Já jantou?”

“Não.”

“Como assim não? Você não pode ficar sem se alimentar. Segundo o ‘Manual do grávido’ uma alimentação saudável é essencial para o bem da mãe e do bebê.”

“Eu tomei um sorvete enorme... Manual do que?!”

Eu não pude conter o riso!

“Hum... Manual do Grávido.”

Ele mostrou o livro que estava lendo quando cheguei.

“Há-há-há! Não pensei que você fosse se interessar por isso.”

“Por que não? Eu nunca fui pai, nem sei por onde começar... Comprei esse livro para saber o que fazer. Eu tenho outros também... Talvez você queira dar uma olhada.”

“Quero sim...”

O clima tenso de antes acabou. Ele me olhou e não pude evitar me perder na escuridão dos seus olhos. Aquele era um caminho muito perigoso, eu sabia. O Bruno me fazia sentir coisas, querer coisas que eu não podia desejar.

“Quanto maior a altura maior é a queda...”.

Falei sem me dar conta.

“O que?”

Perguntou confuso.

“Nada... Eu vou dormir agora. Boa noite.”

Deitei-me e virei de costas para ele. Bruno ficou parado uns instantes, mas logo depois estendeu colchonete sobre o chão, onde também deitou.

Odiava fazer isso. Odiava afastá-lo daquela forma. Mas ele havia ido embora tantas vezes... Eu só não quero ver isso acontecer de novo, pois sei que dessa vez não poderia suportar. Fechei os olhos e dormi... Mal sabia eu, que de onde estava, Bruno me olhava triste sem entender por que não o aceitava perto de mim.

“Boa noite... Amor.”

Mas eu não ouvi.


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica! (UFA!)

Awn... Quem diria: O Bruno nem é tão babaca assim! Até lendo livro para ser bom pai ele tá lendo! Mas a Fatinha ainda não tá convencida das intenções do Moreno. É... O jeito é ele correr atras! Gostou? Comente!

Ps: Queria informar que os ultimos capítulos tem sido da minha autoria (Érica, vulgo, Hebe, Naja, etc, etc) por questões de força maior. A Mari R. tá doente, e portanto, impossibilitada de escrever. Mas assim que ela melhorar retomaremos a parceria na Fic. Espero que entendam!
Ah... e Dedico o capítulo "Me peça pra voltar" para ela que AMOU o Dinho fofys!

Até a próxima quarta meu povo e minha pova! Beijos!



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