Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 29
Apenas mais uma chance


Notas iniciais do capítulo

"Sou poesia. Sou pedido suplicado em silêncio e segredo. Sou sonho não sonhado, algo inacabado, mas ainda continuo... Tenho esperança de ser o que alguém espera. Sonhe comigo... Ainda há chance, sim?"... (Autor desconhecido)



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“Pode me explicar o motivo de estarmos aqui há exatamente – mirei o meu relógio no pulso – duas horas e meia?”

Dinho pigarreou tentando encontrar uma resposta plausível, se é que existe alguma, para minha pergunta. Mudei de posição na cadeira pela enésima vez, enquanto a Rosa servia-nos mais uma travessa de sanduíches. Fomos ao Misturama, a convite dele, para o que seria um almoço agradável entre amigos. Porém, de alguma forma, sabia que existia mais por trás desse encontro – dado a extensão do horário – do que apenas sucos e comida natural.

“Eu não posso simplesmente gostar de almoçar com minha amiga?”

“Por todo esse tempo?! Acho que você já comeu o suficiente para um mês e continua pedindo mais!” Disparei exasperada.

“Nossa... Pensei que você apreciasse a minha companhia. Ainda mais agora que tenho uma viagem marcada pra São Paulo para amanhã bem cedo. Só queria passar um pouco de tempo ao seu lado.”

Senti-me culpada. Ele parecia diferente, não sei explicar, mas Dinho estava mais frio. Talvez ele quisesse desabafar.

“Desculpa, é que eu to cansada, preciso de um banho e tudo o que mais quero nesse momento é cair na minha cama. Vou aproveitar que não tenho mais aula na Facul para descansar um pouco. É claro que eu adoro estar com você, só que... Ah, deixa pra lá.”

“Hum...” Não foi exatamente uma palavra.

Permaneci em silêncio por mais alguns minutos até observá-lo pegar outro sanduíche de ricota com queijo. Algo comum, a não ser pelo fato de que o Dinho ODEIA ricota! Sério, isso já tava indo longe demais! Tem alguma coisa rolando e eu posso sentir isso.

“Chega disso, tá? Eu vou pra casa!”

Saí andando rapidamente em direção ao meu prédio. Ainda ouvi sua voz apreensiva ao longe, mas ignorei. Cumprimentei o Severino – apesar do meu mau humor – quando passei pela portaria e entrei no elevador vazio. Ao chegar em casa, larguei minha bolsa no sofá, atirei meus sapatos para qualquer canto e caminhei ate a cozinha. Na geladeira tinha um bilhete dos meus pais:

“Ju, filha... Precisamos fazer uma viagenzinha rápida ate a Serra, mas a noite estaremos de volta. Tem suco e alguns sanduíches de ricota com queijo na geladeira. Se cuida e fica de olho no Bruno por nós. Beijos!

Marta e Olavo.”

Arg... Estremeci ao saber do cardápio do jantar! Acho que só vou querer ver sanduíche de queijo e ricota em outra vida... E como sempre, tenho que dá uma de ‘baby-sitter’ do meu maninho, que aparentemente, também não estava em casa.

Fui diretamente para o banheiro e me tranquei por lá. Aproveitei a tarde livre e lavei os cabelos, além de tomar um banho bem demorado. Saí enrolada na toalha que alcançava a altura dos meus joelhos, já que não levei roupa limpa. E enquanto seguia para o meu quarto, parei estática ao ouvir um barulho.

“Droga!” Murmurou uma voz masculina.

Pensei que fosse o Bruno, mas ele não estaria trancado no meu quarto sem avisar que tinha chegado. Caminhei nas pontas dos pés ate mais perto da porta e pude escutar mais alguns ruídos e logo comecei a ficar em pânico.

E se fosse algum tarado, assassino ou pervertido? Pior: E se fosse um assassino, tarado e pervertido tudo Junto?!

Tentei raciocinar rapidamente. O que deveria fazer? Ligar para a policia, pedir ajuda ou agir por mim mesma?

Envolta numa toalha com certeza não poderia fazer muita coisa. Pensei em sair e chamar alguém, mas e se o Bruno chegasse e desse de cara com o desconhecido enquanto eu estivesse fora? Sem parar para analisar a besteira que iria cometer, peguei um rolo de macarrão – Sim, um rolo de macarrão – e abri devagar a porta. O cara tava de costas para mim usava um casaco preto com capuz e parecia observar alguma coisa. Munida de coragem, fui até ele e acertei-lhe a cabeça com o rolo. Ele gritou de dor e caiu no chão, mas para minha surpresa não era nenhum assassino, tarado e/ou pervertido: Era o GIL!

“Aí, minha cabeça!” Reclamava pondo as mãos onde eu havia ferido.

“Gil! Gil desculpa... Eu pensei que fosse um estranho, eu não sabia! Mas que DROGA você tá fazendo no meu quarto!” Ajoelhei-me ao seu lado, enquanto ele gemia com dor.

“Eu tava fazendo um grafite...”.

“No meu quarto?! Sem a minha permissão? Me diz, como é que entrou aqui, hein? Você quase me matou de susto!” Falei com a voz elevada.

“Mais devagar, Ju!”

Ju?!

“Ju?! Por que tá me chamando assim?” Minha expressão era de confusão.

Ele sorriu.

“Porque é assim que você se chama: Ju. A minha Ju.”

“Acho que eu bati com muita força na tua cabeça. Esqueceu que pra você agora eu sou apenas Juliana: a mentirosa?”

Tentei me afastar, mas ele segurou minha mão. Apesar de sentir dor, continuou sorrindo... Estranho, o Gil quase nunca sorri.

“Bem... era para ser surpresa, mas como você já tá aqui – Ele guiou meu rosto ate a parede da cabeceira da minha cama – Eu conversei com o Dinho. Ele me falou sobre o ensaio, a confusão e todo o resto. Queria pedir desculpas por ter sido tão imbecil. Por ter dito às coisas que disse e que você não merecia escutar.”

Enquanto ele falava, me perdi no que havia na parede do quarto. Um grafite – lindo – de uma garota e um garoto, juntos, se beijando rodeados de corações. Éramos nós, eu e o Gil e aquilo era tão... Tão verdadeiro.

Acorda Ju: Vocês não têm mais nada. Ele só deve se sentir culpado pelo que disse... Só isso!

Meu coração se negou a acreditar naquilo. As coisas não poderiam ter mudado de uma hora pra outra. Poderiam?! Além do mais, ainda tinha a Fatinha e a noite que eles ficaram juntos.

“Por favor, fala alguma coisa Ju. Não gostou?” Questionou ele inseguro.

Eu era a insegura, não o Gil!

“Falar o que? Que está lindo? Bem, ficou lindo se é isso que você quer saber.”

“Não era isso que eu queria escutar. Esse desenho é um pedido, uma suplica na verdade, pra que você me perdoe. Para que, por favor, você volte pra mim.”

“Como Gil? Acha que é só fazer um grafite e tudo é esquecido? Que eu vou ignorar o fato de você e a Fatinha terem ficado juntos? É melhor você ir embora.”

Sentei-me na cama e esperei ele sair pela porta.

Gil continuou parado.

“Eu mereço isso, mas seguindo o conselho de um amigo, eu não vou embora. Você e eu merecemos uma chance e antes de qualquer coisa, temos que esclarecer o que aconteceu: Como já disse, eu e o Dinho – o tal amigo – conversamos e ele me explicou tudo o que aconteceu. Nem preciso dizer que me senti um lixo, né? Neguei-me a te escutar, menti... Sim. Nunca houve nada entre mim e a Fatinha. Naquela noite eu havia bebido demais e ela apenas me ajudou. Eu dormi no quarto da Fatinha e não com ela como dei a entender.”

Dormiu no quarto dela?!

“Então, por que me fez acreditar que vocês... Que você e ela.” Eu nem conseguia pronunciar a palavra!

Ele sentou-se ao meu lado.

“Porque eu estava ferido. Magoado e com muita raiva de você. Raiva de mim também, já que eu fui o primeiro a estragar as coisas tempos atrás quando disse que estava dividido. A Lia é uma amiga, uma grande amiga, e só. O que eu sinto por ela é apenas amizade, amor de irmão. Naquela época eu não sabia e acabei confundindo tudo e... Você me deixou.”

“Eu fiquei com medo. Medo de sofrer de novo, de estragar minha amizade, de te perder pra ela. Sofri muito com o Dinho, mas teria sido pior... Porque o que sinto por você é amor. Eu era apaixonada pela idealização de namoro e reproduzi isso nele. Com você foi diferente, simples e real.”

As palavras fluíam naturalmente, sem dar-me conta de que estava me expondo pra ele. Deixando o meu coração vulnerável.

Uma lágrima teimosa escorreu por meu rosto.

“Eu tinha certeza disso, e tentei resolver os meus erros. Só que você mal olhava pra mim. Daí o Dinho voltou e vocês viviam juntos e depois aquele Outdoor. Esses acontecimentos caíram como raios em minha cabeça. Acreditei que tivesse te perdido, que fosse ele e não eu. E doeu tanto, tanto imaginar meus dias, minha vida sem você.”

Uma outra lágrima escorreu, mas foi dos olhos dele.

“Por isso que você bebeu?”

Estava curiosa, não conseguia imaginar o Gil de ‘pileque’! Rsrsrsrs!

“Hum... Foi.”

Awn... Ele estava vermelho de vergonha! Eu não resisti e acabei selando os meus lábios aos dele. O Gil ficou surpreso no inicio, mas logo passou a corresponder. Me aproximei mais , apesar de estar só de toalha, queria senti-lo perto de mim, junto ao meu corpo. Fazia tanto tempo que não o beijava que não o tocava... Interrompemos o beijo, ambos, sem fôlego.

“Isso quer dizer que... Que eu e você? A gente?”

Ele parecia um menino na eminência de ganhar o presente pedido ao papai Noel.

Sorri.

“Isso quer dizer que a gente tem muito que conversar, mas que... Eu amo você.”

EU AMO esse Grafiteiro! E quero gritar isso pro mundo todo!

“Ju... Eu amo você!”

Voltamos a nos beijar, mas um gemido de dor do Gil nos fez parar. Olhei o local onde causei a pancada e parecia inchado. Minha vontade era de permanecer ali, mas precisava levá-lo ao hospital. Nada de ele morrer ou algo do tipo antes de poder matar a minha saudade e dizer o quanto o amo, né? E para isso era preciso mais que uma vida inteira.

Troquei de roupa e seguimos para o Pronto Socorro. Após relatar o ocorrido, em duas horas o médio diagnosticou corte superficial na cabeça, mas nada grave.

“Está tudo bem rapaz. E moça, por favor, não agrida mais o seu namorado dessa forma.” O médico sorriu e piscou para nós.

Eu corei enquanto o Gil me enlaçava com seus braços pela cintura. Ao chegarmos à saída o celular dele tocou.

“E aí? Como foram as coisas?”

Era Dinho no outro lado da linha.

“Dinho?! Então era por isso que você me obrigou a comer todos aqueles sanduíches! Você era cúmplice do Gil!”

“Ah... o que eu posso dizer? Não aguentava mais o Gil chorando pelos cantos e dizendo o quanto era imbecil, o quanto só fazia besteira... Eu tinha que agir, né? E você sabe como ele é ‘Marcha lenta’!”

“Hey, olha lá como fala de mim tá? Idiota!” Nós três caímos na risada.

“Bem, pelo visto tá tudo bem. Vou nessa... E Gil: Faça essa garota feliz, hein? Ou eu juro que te busco até no fim do mundo só pra ter o prazer de te socar de novo. Tchau!”

Ele desligou.

“Como assim ter o prazer de te socar de novo?” Perguntei curiosa.

“Não liga pro que aquele moleque diz... Ele ficou pior do que eu!” Ele fez cara emburrada. Caí novamente no riso.

“Awn... TaGilnho dele! Brigou por mim? – Ele balançou a cabeça afirmativamente – Não precisa se preocupar, o Dinho é só um grande amigo. Sempre foi e sempre será você o grande amor da minha vida.”

Nos beijamos mais uma vez.

Voltamos para o meu apartamento e com a ajuda do meu NAMORADO (Adoro poder dizer isso!), trocamos a minha cama de posição. Agora iria dormir todas as noites admirando o grafite que ele havia feito pra mim. Deitamos juntos na cama e ficamos em silêncio observando aquele recomeço da nossa história.

“Amo você, Ju”

“Amo você, Gil.”


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

Numa sexta feira de paixão o amor está no ar! :P Awn... Esses dois precisavam só de um empurrãozinho para se acertarem! E com a ajuda do Idiota mais lindo do mundo, estão juntos outra vez! Curtiu? Gostou? Comente!

Bom feriado para todos e até a próxima semana! Beijos!



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