Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 11
O melhor de mim


Notas iniciais do capítulo

"Então, vejo você parado ai... Querendo mais de mim. Tudo o que posso fazer é tentar. Então, vejo você parado ai. Já sou tudo o que poderia ser... Tudo o que posso fazer é tentar!"... (Nelly Furtado)



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O melhor...

Deixei o peso dos meus preconceitos interferirem na minha vida. Apeguei-me as opiniões e esqueci de olhar para o que exista dentro de mim. Mandei-a embora por medo... Por não querer admitir que alguém tão “errada” seria a pessoa “certa” para mim. Deixei escapar o que realmente importava e agora não sei como viver com o arrependimento.

Fatinha... “Facinha, doença, louca, erro, engano!” Tantos rótulos para uma só pessoa.

Lembro-me do nosso primeiro encontro durante a festa que a Ju deu sem a minha permissão. Tão atirada, insinuante... Pensei que fosse apenas mais uma cabeça ‘oca’ que não enxergava a responsabilidade dos próprios atos. Por muito tempo foi assim como a tratei, apenas alguém que não tinha a mínima noção das coisas.

E como adorava infernizar a minha vida. Atrapalhava meus namoros, tirava-me do sério, trazia à tona um Bruno que eu não conhecia e de quem não tinha orgulho. Fatinha... Anjo disfarçado de demônio? Apesar de saber que era errado e que nunca daria certo, não conseguia resistir. Sempre que nos encontrávamos o resultado era o mesmo: Confusão! E junto vinha o arrependimento. Tentei por diversas vezes me afastar, mas algo nela me puxava de volta... Amor? Não. Como poderia amar alguém como ela? Mas a verdade é que amo. Só que agora é tarde... De tanto pedir lhe par ir embora ela acabou indo. Agora sou obrigado a viver com a sensação de perda... Tive seu amor e o joguei no lixo.

“Valeu, Dinho! Nem sei como agradecer a sua ajuda.”

Estava voltando de uma reunião do CRAU, realizada na casa do Rasta, quando ouvi sua voz vinda do Hostel. Fui para frente do estabelecimento e a vi abraçando um cara... Dinho! O Idiota que namorou a minha irmã, a sua amiga e que tinha ido embora tempos atrás. A Ju contou-me que ele havia voltado por algum motivo... Bem isso não me diz respeito. Mas ao vê-lo tão perto dela senti algo quente crescendo dentro de mim. Por mais estranho que seja, admito que senti ciúmes.

“Bem, eu vou indo nessa! Vou tomar um banho... Te vejo mais tarde? Pensei que a gente podia ir ao Misturama.” Perguntou ele a Fatinha.

“Tá, vamos sim. Hoje meu turno acaba cedo e tenho o resto da noite de folga, mas enquanto isso o dever me chama meu caro.” Ela respondeu caminhado para trás do balcão da recepção.

O Dinho subiu as escadas e desapareceu no interior do Hostel enquanto ela olhava algo no computador. “Vá embora Bruno!” Dizia minha consciência, mas a ignorei e entrei no local parando diante dela. Não tinha nada o que falar... Porém, algo dentro de mim ansiava por estar junto a ela.

“Um momento, por favor!” Fala sem desviar os olhos do computador. Pensava que eu era um provável hospede.

“Oi, Fatinha!” Sei que não foi a coisa mais elabora a se dizer, mas o que poderia fazer?

A vi contrair o maxilar num claro sinal de que tentava conter as emoções. Esperei por uma enxurrada de acusações, maldizeres e já estava ate preparado para responder. Mas para minha surpresa nada disso aconteceu.

“Oi, Bruno. Que “Cê” tá fazendo aqui? Quer um quarto?” Me pergunta curiosa.

“Não... É só que tava passando e resolvi vir aqui conversar um pouco. Eu to voltando de uma reunião do CRAU, sabe?... Você faz falta lá.”

“Também sinto falta do pessoal, mas o Hostel não me permite continuar atuando no CRAU. Tive que escolher e decidi que sou mais importante aqui e na ONG.” Fala simplesmente.

“Pensei que a nossa ultima briga havia sido o motivo da sua saída...” Digo constrangido.

“E você ficou com peso na consciência? Não se preocupe Bruno... Os meus motivos não tiveram nenhuma relação com você. É como eu disse, o Hostel me ocupa muito, só isso.” Diz educada.

Não sei como agir. Essa Fatinha fria e educada era uma estranha para mim. Era mais fácil enfrentar as explosões de temperamento da antiga Periguete do que essa civilidade tranquila.

“Bem... só acho que você era uma parte indispensável do grupo.” Tento despertar algum tipo de reação, mas ela permanece impassível.

“Ninguém é assim tão indispensável, Bruno. Ainda mais eu... Não sou lá um modelo de garota ‘politicamente correta’. No fundo, sei que você deve estar aliviado por me ter longe. Sem Fatinha: Nada de confusões!” Diz rindo.

“Isso não é...”.

“Verdade? Não sei... Você nunca escondeu seu desagrado com a minha presença. Sejamos francos: Foi melhor assim.” Sei que ela tem razão, mas não quero ouvi-la dizer isso.

“Não é bem assim. Sei que nossa historia é complicada, mas nunca desejei te ver ‘pelas costas’ como você tá dizendo.” Falo impaciente.

“Acho que alguns ‘pseudo encontros’, insultos e humilhações não constituem, propriamente, uma história. E veja pelo lado bom, a sua noiva não vai mais criar caso por ter que me ver junto a você. No seu lugar, estaria muito feliz por não ter que lidar com uma pessoa como eu.”

Ela não demonstrava nenhuma emoção, mas a forma como ela se referiu a si mesma me fez rever tudo o que já fiz e disse sobre ela. A Fatinha nunca foi uma santa, mas não foi a única culpada pelas enrascadas em que nos metia. Eu sempre fui parte bastante atuante mesmo não admitindo isso. Preferi culpar somente ela e abster-me de qualquer responsabilidade. Enquanto ela era apontada, julgada e condenada, eu me colocava na confortável posição de vitima. Acostumei-me a esse papel, quando era tão culpado quanto ela. Tudo que neguei passava pela minha mente. Toda a dor que eu lhe impus, as mentiras, o falso noivado... Nunca estive noivo da Ana. Falei isso apenas para afastá-la de mim e consegui.

“Não fale assim... Você é uma pessoa muito especial Fatinha.” Quero redimir-me com ela.

“Especial... Mas não boa o bastante para você, né? Eu te agradeço, sabe? Apesar de tudo, foi bom o que você me fez. Eu sou mais forte agora e não preciso me importar com o que você ou qualquer outra pessoa pensa... Estranho, mas “Cê” é tão parecido com o meu pai. Ele pensa que eu deveria ser diferente, mais digna. Não foi capaz de me amar, assim como você também não foi.” Seu olhar ficou enevoado, provavelmente, por lembranças ruins.

Fatinha parecia tão forte, mas a fragilidade se escondia sob aquela aparência. Pensei na pessoa que ela se tornou e em tudo que teve que enfrentar. A rejeição dos pais, a saída de casa, o emprego... Tantas coisas pesavam sobre seus ombros. Imaginei a menina que ela foi, tentando ser aceita... Tentando ser amada.

“Eu sinto muito... Nunca pensei, não imaginei que...”.

“Que por debaixo do meu jeito ‘Periguete de ser’ houvesse um coração? Você não é o único! Desculpa, mas eu tenho que voltar ao trabalho. Preciso pegar algumas coisas no estoque... Acho que isso é tchau.” Fala subindo às escadas.

“Desculpe, Fatinha... Por não ter visto antes. Por ter sido tão cego e não ter reparado na pessoa maravilhosa que existe dentro de você.” Falo para o vazio.

Saí e andei em direção ao meu prédio. A cada passo dado, a dor que atacava meu coração se intensificava... Tantos erros, tanto tempo. Não me dei conta de que meu amor por ela sempre esteve ali. Amar Fatinha: Um erro... E ainda assim, o melhor que poderia me acontecer.



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Notas finais do capítulo

É, Bruno: Perdeu Playboy! Eita... Nenhum relacionamento tá funcionando nessa Fic! LiDinho, JuGil e BruTinha andam "mal do coração". Isso deve mudar? Gostou? Comente!



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