I Can See Clearly Now escrita por Kaline Bogard


Capítulo 4
Capítulo 4




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I Can See Clearly Now

—CaP 04-

— Tinham que ser Gryffindors, mesmo - Draco bufou - pra se cadastrar em uma portaria apenas porque a fila era menor... E pra participar de um concurso sem o conhecer direito... - Mantinha a voz controlada para não chamar atenção das pessoas que estavam circulando pelos arredores de Slytherin.

Harry, Ron e Mione se entreolharam e depois olharam para Draco. O loiro estava mesmo puto da vida com os três. E pra eles parecia uma bobeira de nada. Gryffindor, Slytherin, quem se importava?

— Podemos vencer essa, Malfoy. - Hermione afirmou com voz firme e decidida.

— Hunf. O que sabem sobre Gryffindor? - perguntou o loiro.

— Meu padrinho e a banda dele competiram por Gryffindor. E venceram a competição.

— Ah, sei. Seus pais faziam parte da banda, não é? - Draco esperou Harry confirmar com um aceno, então continuou falando - MacGonagall se aposentou há uns vinte anos, mas antes disso já tinha participado de algumas competições em Hogwarts como juíza. E, sabe Potty, em todos esses anos, somente uma banda passou pela velha...

— O que? - Rony se esganiçou.

— Todas as outras foram desclassificadas.

— Impossível! - Harry argumentou - Meu padrinho disse que...

— Você é um imbecil mesmo. Não sabe de nada, Potter. Os Marotos foi a única banda que venceu por Gryffindor. A única. Foi a final mais quente da história de Hogwarts. Um sucesso. Por isso a banda se projetou tão rápido: conseguiu o que nenhuma outra conseguiu.

— Oh! Mas como conseguem completar o circuito? São necessárias trinta e duas bandas para a competição funcionar corretamente... - a mente lógica de Hermione trabalhava a mil.

Mas Draco apenas ergueu os olhos como se pedisse paciência a alguma entidade superior.

— Gryffindors... - resmungou - As vagas que não se completam em Gryffindor são divididas pelas outras portarias. Hufflepuff, Ravenclaw e Slytherin acabam selecionando mais do que oito bandas cada, para completar os trinta e dois participantes.

— Droga! - Harry perdeu a esperança pela primeira vez.

— Devia ter nos dito antes, Malfoy! - Ron falou.

— Ah, claro. Eu devia imaginar que viriam pra cá sem saber o mínimo das regras... Ignorariam a minha providência de nos cadastrar em Slytherin, onde meu padrinho Severus Snape é o juiz, diga-se de passagem, e se meteriam na portaria mais difícil de todas só porque a fila era menor! Desculpe Weasel.

— É Weasley! - rebateu Ron com os dentes cerrados.

— Mas agora o mal está feito. - Harry suspirou.

É...” – pensou Draco olhando feio para Harry – “E toda essa confusão em que me meti será em vão. Meu pai vai ficar insano quando descobrir e nós nem vamos passar da eliminatória! Maldição”!

— Só por curiosidade, qual a portaria mais fácil de classificar? - mais uma vez Hermione demonstrou a insaciável fome de conhecimento.

Draco passou a mão pelo cabelo enquanto pensava um pouco.

— Hufflepuff, acho. A juíza é Sprout, e ela se deixa levar fácil por uma bandinha que se mostre melhor. Na verdade Hufflepuff acaba ficando com a maioria das vagas.

— Por isso a fila era gigantesca! Todos querem ir pra lá... - concluiu Harry.

Draco ia responder algo, mas sentiu o celular vibrar no bolso de trás da calça. Pegou o aparelho e revirou os olhos, mas atendeu.

— Padrinho... - nem terminou de falar e fez uma careta. - Padrinho... Eu... Tio Sev...

O loiro afastou o fone do ouvido e ficou fazendo caretas para ele. Harry se segurou para não rir, enquanto Hermione e Ron se entreolharam com espanto, achando a atitude muito infantil.

Draco voltou a levar o celular ao ouvido. - Eu não fiquei louco, padrinho. Não se preocupe, sei exatamente o que estou fazendo. Ele vai ver que não pode controlar tud... Padrinho... Conversaremos depois, está bem? - lançou um olhar torto para os outros integrantes da Wiz - Não estou sozinho aqui... Adeus. Desligou sem esperar reposta. Levou o polegar aos lábios e começou a mordiscar, como se planejasse algo. Diante do silêncio Harry resolveu interrogá-lo:

— As chances são tão ruins assim?

Draco deu de ombros: - Apesar de tudo MacGonagall é profissional. Exigente demais, no entanto justa. Temos que torcer para que ela se surpreenda com a nossa performance. Isso e esperar que ela supere o fato de detestar a minha família.

Harry não gostou do tom com que Draco disse aquilo. Parecia acostumado com tanta gente não gostar de sua família. Não era nem um pouco justo.

— Precisamos guardar nossas coisas... - Hermione lembrou. - As competições começam às treze horas. Temos menos de duas horas para comer algo e decidir o que vamos tocar.

— Hermione tem razão. Você ficará em Slytherin, não é? - perguntou Harry, enquanto apontava o crachá de Draco. Era do mesmo tamanho dos outros, porém na cor verde escuro e as letras eram prateadas. Nos cantos, ao invés de leões, haviam serpentes estilizadas.

— É.

— Vai almoçar com a gente? - Mione convidou.

Draco deixou os olhos pensativos analisarem as pessoas que andavam de um lado para o outro. Todas portando crachá verde escuro, ou seja, competidores Slytherins.

— Não...

Harry franziu as sobrancelhas ao ouvir o tom desanimado do loiro. Ele parecia estar desistindo antes mesmo da competição começar...

— Malfoy... Você me disse que não se conformaria com nada que não fosse o primeiro lugar! Não vai nem se esforçar?

Draco analisou a expressão decidida de Harry por um segundo e então os olhos cinzentos se incendiaram. Era como se tivesse tido uma idéia.

— Potty, eu não estou desistindo. Estava apenas pensando. Qual é a nossa colocação no ranking?

Harry piscou confuso. Ron deu de ombros e Hermione abriu a boca, mas não disse nada. Draco bufou irritando-se extremamente.

— Não sabem nem isso? - pegou o crachá e virou-o, mostrando a parte de leitura ótica - Sabem isso aqui serve pra muitas coisas. Vou lhes mostrar uma delas... Saiu andando. Os outros três não tiveram opção a não ser segui-lo. Aproximou-se de uma espécie de telefone público. Tinha o brasão de Hogwarts desenhado e um monitor de 17 polegadas que surpreendeu Harry e seus amigos.

— Vão encontrar esses terminais por todo o estádio, próximos às áreas de cada portaria, no Grande Salão, nas salas Comunais e dormitórios - o loiro explicou. Passou seu crachá pelo leitor e um menu de opções se abriu na tela - Vejam, tem tudo o que precisamos saber sobre o estádio, as competições e as bandas.

Foi selecionando as opções até chegar em ‘ordem de apresentação’.

— Uau! - Ron exclamou - São quase quinze bandas inscritas até agora só em Gryffindor. É muita gente. Eles não deviam dar crachás para todos... Como garantem que os desclassificados vão embora?

— Desativando os crachás, claro. Assim eles não têm acesso a mais nada e precisam ir embora. Mas cada um ganha entradas para continuar assistindo as competições. Só não podem mais dormir aqui.

Draco apertou uma outra opção. Apareceu uma mensagem que dizia ‘pesquisando, aguarde, por favor’. Logo a busca terminava e eles descobriram que Wiz seria a oitava banda a se apresentar.

— Demais! - Hermione vibrou com a tecnologia. - Quero descobrir todos os segredos desse estádio!

— Leia Hogwarts, uma história— Draco recomendou de forma automática - É um livro completo. Maçante, mas completo.

— Lerei. Obrigada.

Ignorando o agradecimento, Draco pegou o telefone celular e discou um número. Aguardou alguns segundos até ser atendido.

— Tio Sev... Sei que ainda está zangado, mas... Poderia me ajudar? Eu preciso de um favorzinho... - Draco ficou quieto escutando. Logo um sorriso surgiu em seus lábios. - Não se preocupe. Eu cuido dele depois... Só preciso que mude a ordem das apresentações para mim. Coloque a Wiz por último, está bem? Exatamente. Ah, eu sei disso... Foi o que pensei.

Mais do que satisfeito o Slytherin fechou o celular e percebeu que era olhado com certo desagrado por Harry, Ron e Hermione.

— Malfoy, não precisamos trapacear para ganhar! Se entrarmos nessa competição será jogando limpo!

O loiro revirou os olhos parecendo ofendido.

— Vocês usam seus trunfos. Eu uso os meus. Não pedi para Severus nos colocar na competição. Ele não poderia fazer isso, não é o juiz de Gryffindor. Só consegui uma pequena vantagem para nós: vamos assistir a todas as apresentações e saberemos tudo o que enfrentaremos. E... Ninguém poderá imitar nossa tática.

— Que tática? - perguntou Harry enquanto ajeitava os óculos na ponta do nariz. Pareceu subitamente interessado na idéia de Draco.

— Vamos ver quais as músicas são as mais tocadas, e escolher uma que seja bem diferente, para surpreender MacGonagall. Eu particularmente sugiro algo do fim dos anos 70 ou começo dos 80. Poucas pessoas escolhem esses ritmos, preferindo as músicas que estão nas paradas de sucesso.

Hermione ficou pensativa: - Tem razão. Imagino que Nickelback, Bryam Adams e outros assim vão ser bem interpretados por aqui.

Ron abriu a boca, corando um pouco. Virou-se para Malfoy e num arroubo de coragem afirmou:

— Já sei qual música que cantaremos. Ninguém vai nos superar depois dessa.

Imediatamente Harry e Hermione balançaram a cabeça concordando ainda sem saber qual seria a música. Confiavam em Ron. Draco apenas torceu o nariz, duvidando seriamente do bom gosto daquele ruivo.

— Vamos vencer, Malfoy. - Harry nunca tivera tanta certeza de algo em sua vida como tinha agora. Tomara aquilo como um desafio pessoal. Não se arrependia de ter se cadastrado em Gryffindor. Provaria a todos que a Wiz era a melhor banda inscrita naquela edição do Concurso Musical.

Draco ergueu uma sobrancelha diante do tom decidido. Começando a se contagiar pela força de vontade do outro pegou novamente o celular e rediscou os números.

— Padrinho... Preciso de outro favor. Poderia apagar minha pré-inscrição em Slytherin? É exatamente isso... Se eu vou entrar nessa guerra quero ter pelo menos uns dois Ases na manga. – Desligou sem agradecer.

— Ei, Malfoy... - Ron parecia surpreso - Vamos levar isso a sério, mas não tanto...

— Guerra? - Harry completou - É um pouco de exagero, não?

Draco fechou o celular e enfiou no bolso de trás da calça.

— Bem vindo ao meu mundo, Potter. - Draco estava muito sério - E não duvide quando eu digo que esse concurso será uma guerra. Não tem nada de exagero nisso.

Harry, Ron e Mione se entreolharam. Os três acreditaram de verdade no que Draco Malfoy estava dizendo. Seus olhos eram sinceros demais naquele momento.

HPDM

Cada portaria possuía seu próprio palco adaptado para as eliminatórias. Não era uma estrutura muito grande, localizada atrás de cada Sala Comunal, em um espaço descoberto. Não possuía arquibancadas, pois não era aberto ao publico. Mas alguns integrantes das bandas ficavam circulando no gramado ao redor.

Em frente ao palco havia um palanque, onde se sentava o juiz, ou juíza, seus dois auxiliares e geralmente três staffs atentos para quaisquer eventualidades.

O palco era pequeno, mas suficientemente grande para acomodar uma banda e seus instrumentos e, ainda, uma mini orquestra, que auxiliava nas melodias com instrumentos extras que a banda em apresentação não possuísse, mas nunca se sobrepondo.

Harry achou que a juíza MacGonagall era realmente muito severa. Vestia-se com sobriedade, mantinha uma expressão tão séria que parecia irreal. Os cabelos grisalhos estavam presos em um coque tão apertado, que Harry esperava ouvir um estalo a qualquer minuto.

Ele e Draco assistiam a apresentação da penúltima banda. Depois seria a vez deles.

Hermione e Ron se encarregaram de ir avisar ao staff responsável pela organização da das músicas, qual melodia iriam apresentar.

Incrivelmente Draco aceitara logo de cara em cantar a escolhida por Ron. Ele concordou que seria uma música oportuna para a estratégia que haviam pensado. E alegrou-se um tanto ao comentar com os três que MacGonagall participara de um recital junto do cantor da música em questão.

A música oficial do namoro de Ron e Mione. Ambos estavam explodindo de felicidade de estrear o Concurso Musical de Hogwarts com a canção tema dos dois. Era uma coisa bem romântica.

A apresentação da banda estava quase acabando (e Draco não se cansava de comentar o quanto era ruim, convencendo Harry pelo cansaço) quando Ron se aproximou esbaforido e meio vermelho.

— Caras, é a nossa vez! Mandaram a gente se preparar...

— Vamos lá então.

Draco balançou a cabeça concordando. Os três se encontraram com Mione que estava atrás do palco afinando o contra-baixo vermelho que usaria. Ron se apossou de uma guitarra. Harry teria de esperar, pois usaria a bateria que estava no palco.

Uma garota simpática se aproximou deles com uma prancheta na mão. Usava uniforme em vermelho e ouro e tinha a palavra staff estampado na frente da blusa.

— Olá. Sou Katie Bell. Cuido dos instrumentos junto com Susan Bones, Miguel Corner e Marcus Flint. Como vocês são de Gryffindor devem procurar a mim. Mas podem tratar com qualquer um desses outros três. Usarão esses instrumentos para a eliminatória. Cuidado com eles, é sua responsabilidade.

Harry achou a moça agradável. Prestou atenção em tudo o que ela disse. Assim como Ronald e Hermione.

Draco fez um ar enfadado e disperso. Não se importava com nada daquilo. O loiro conhecia a estrutura de Hogwarts de trás pra frente, afinal, crescera ali, acompanhando seu pai concurso a concurso. – Seu pai...— O pensamento fez o vocalista da Wiz estremecer de leve. Sorte que ninguém percebeu. Draco prometeu a si mesmo que depois se preocuparia com o patriarca da família Malfoy.

— Muito bem, é a vez de vocês! - Katie avisou sorrindo - Boa sorte!

Os quatro se entreolharam. Era hora da verdade. Ron estava tão nervoso que parecia prestes a desmaiar. Hermione mal continha a excitação, Harry vibrava e Draco escondia seu nervosismo com uma perfeita máscara de indiferença.

Não temia a apresentação em si, pois estava cansado de fazer shows, não era exatamente um iniciante, apesar de não ser um profissional. Ele temia as conseqüências do que estava prestes a realizar. Quem o conhecia sabia que coragem não era uma das suas principais características.

Harry entendeu errado o súbito congelamento do loiro. Para incentivá-lo deu-lhe um tapinha nas costas e aproximando o rosto da orelha de Draco sussurrou:

— Se vencermos essa, Malfoy, vamos sair para comemorar.

O loiro não teve tempo de responder, pois Harry avançou e galgando três degrauzinhos, subiu ao palco. Foi seguido pelos amigos.

Draco sorriu de lado. - Sei... Potty. Isso sim é interessante...

Sem perder mais tempo subiu ao palco. Mal registrou Ron e Hermione a postos. Nem se deu conta de Harry terminando de se ajeitar na belíssima bateria.

Concentrou-se muito, tentando ignorar o olhar surpreso de MacGonagall, que perdera a expressão de severidade e olhava para Draco com verdadeiro espanto. A velha juíza não podia acreditar que Draco Malfoy, seu ex-aluno, um adepto indubitável da portaria Slytherin, estava ali, no palco, representando Gryffindor.

Foi naquele momento recheado de grave expectativa e profunda surpresa que os primeiros acordes se fizeram ouvir e a voz de Draco tomou a atenção de todos.

Hey Nikita is it cold

(Ei Nikita, está fazendo frio?)

In your little corner of the world

(Em seu cantinho do mundo?)

You could roll around the globe

(Você pode rolar ao redor do globo)

And never find a warmer soul to know

(E nunca encontrar uma alma mais calorosa para conhecer)

Se MacGonagall foi surpreendida pela escolha da música não demonstrou. Talvez houvesse um pouquinho de alívio nos olhos experientes. Mas talvez fosse decorrente de estar cansada de ouvir interpretações de Breatney Spears, Shakira, Nickelback, e só no final das apresentações estar ouvindo algo que julgava como ‘boa música’.

Talvez aquilo não tivesse nada a ver com o fato de Draco cantava a música divinamente. Que Ron e Mione davam tudo de si na música que era símbolo do namoro de ambos. Que Harry marcava o compasso com a bateria sem atropelar as notas suaves, porque ele queria passar pela eliminatória e levar certo loiro para comemorar...

Cada vez mais confiante, Draco Continuou:

Oh I saw you by the wall

(Oh Eu ví você ao lado do muro)

Ten of your tin soldiers in a row

(Dez de seus soldadinhos de lata em uma fileira)

With eyes that looked like ice on fire

(Com olhos que pareciam gelo pegando fogo)

Draco curtia aquela música. Gostava das notas e sabia que combinava com a sua voz, nem muito grave nem aguda. Ele sabia que era perfeita.

Harry deu uma olhadinha para as costas do loiro. Notava a apresentação tecnicamente excelente, sem erros. Faltava apenas paixão para que ficasse realmente humana. Porque o loiro se recusava a dar tudo de si cantando? Harry não entendia.

Suspirando, tocou com mais força para animar o refrão:

Oh Nikita you will never know, anything about my home

(Oh Nikita, você nunca saberá coisa alguma sobre meu lar)

I'll never know how good it feels to hold you

(Eu nunca saberei como é bom segurar você)

Nikita I need you so

(Nikita, preciso tanto de você)

Oh Nikita is the other side of any given life in time

(Oh Nikita, é o outro lado de qualquer vida dada no tempo)

Counting ten tin soldiers in a row

(Contando dez soldadinhos de lata em uma fileira)

Oh no, Nikita you'll never know

(Oh não, Nikita, você nunca saberá)

Ron sorriu para a namorada do outro lado do palco. Hermione dominava o contra-baixo tão bem, que parecia impossível de se acreditar. A garota era de longe a melhor dos três. Era melhor do que Harry e melhor do que o próprio Ron.

Também, ela devorava revistas e mais revistas de partituras. Decorara cada nota, sabia mais letras de cor do que qualquer um que o ruivo conhecia. E esse desespero por conhecimento era uma das coisas que mais agradava Ron, apesar de o por maluco de vez em quando.

E pensar que quase desistira dela...

Do outro lado, Mione respondeu ao sorriso do namorado.

Do you ever dream of me

(Você alguma vez sonha comigo?)

Do you ever see the letters that I write

(Você alguma vez vê as cartas que eu escrevo?)

When you look up through the wire

(Quando olha através do arame)

Nikita do you count the stars at night

(Nikita, você conta as estrelas à noite?)

Hermione respondeu ao sorriso do namorado. Estava feliz. Feliz por estar ali em Hogwarts, por estar tentando. Mesmo que não vencessem, mesmo que não passassem das eliminatórias... Estava ali por um sonho. Seu sonho. Antes de namorar Ronald pretendera realizar o sonho de seus pais, modestos dentistas, que desejavam ver a filha seguir carreira militar e se tornar oficial das forças Britânicas.

Hermione quase fizera aquilo. Até que um dia, flagrara seu amigo de infância cantando uma música romântica que ela logo reconheceu. Porém Ron dedilhava a guitarra e cantarolava trocando o “Nikita” por “Mione”, sabendo que a garota logo prestaria as provas, e inteligente do jeito que era, conseguiria realizar o sonho dos pais. Iria para longe dele... Nunca mais se veriam. Ron sentia-se triste. Mas Hermione fora tocada por descobrir que Ron nutria uma paixão por ela, igualzinho ela nutria por ele. E o melhor, Ron sofria pela decisão dela! Ela ficara tão feliz... Tão feliz, que desistira das Forças Armadas e resolvera seguir seu verdadeiro sonho: uniu-se a Wiz ao lado de Harry, Ron e Cho, passando a levar a sério a brincadeira de criança. Logo em seguida, Ron se declarara... E eles ficaram juntos.

And if there comes a time that

(E se alguma vez chegar um tempo que)

Guns and gates no longer hold you in

(armas e portões não te mantiverem mais presa)

And if you're free to make a choice

(E se você estiver livre para fazer uma escolha)

Just look towards the west and find a friend

(Apenas olhe na direção do ocidente e encontre um amigo)

Draco controlou a respiração. Estava acabando. Pouco mais que três minutos durava aquela canção, mas ela provavelmente definiria seu futuro próximo. Ou nem tão próximo assim, ela poderia mudar sua vida por completo.

Dera o melhor de si. Ok, não dera o melhor de si. Sabia que era capaz de cantar muito melhor do que aquilo. Só não podia... Não podia quebrar a palavra que dera. Ele não tinha um caráter dos melhores, mas sua palavra valia alguma coisa.

E Draco Malfoy nunca quebraria uma promessa.

Oh Nikita you will never know, anything about my home

(Oh Nikita, você nunca saberá coisa alguma sobre meu lar)

I'll never know how good it feels to hold you

(Eu nunca saberei como é bom segurar você)

Nikita I need you so

(Nikita, preciso tanto de você)

Oh Nikita is the other side of any given life in time

(Oh Nikita, é o outro lado de qualquer vida dada no tempo)

Counting ten tin soldiers in a row

(Contando dez soldadinhos de lata em uma fileira)

Oh no, Nikita you'll never know

(Oh não, Nikita, você nunca saberá)

Pouco a pouco a bela voz foi sumindo, assim como os acordes da bateria, contra-baixo e guitarra. Um som de teclado se prolongou um pouco mais e vinha da orquestra fornecida por Hogwarts.

Quando a apresentação terminou, os staffs aplaudiram animados, enquanto alguns integrantes das outras bandas se entreolharam. A maioria não conhecia aquela música, pois não se ligavam em clássicos antigos.

Os poucos que conheciam duvidavam que uma canção tão velha pudesse quebrar a difícil juíza Minerva Macgonagall. E de fato, ela continuou tão séria quanto sempre, evitando dar indicação do que achara da apresentação.

Sem mais o que fazer, a Wiz deixou o palco.

HPDM

Ron estava tão nervoso que perdera a voz. Hermione permanecia sentada ao lado dele, alisando as costas do ruivo e tentando acalmá-lo. Eram quase oito horas da noite e o resultado ainda não fora divulgado, pois havia muitas bandas naquela edição. Draco permanecia calado, sentado entre Hermione e Harry. Aliás, o moreno também estava muito quieto. Os quatro aguardavam no Grande Salão, uma estrutura semelhante a uma sala de esperas de algum aeroporto. Era um salão espaçoso, onde todos os integrantes das bandas estavam esperando a divulgação dos resultados. Dois telões dominavam o centro da estrutura.

­- Se nós conseguirmos, vou beber até cair. - Harry gracejou.

Draco olhou para ele de esguelha.

— Você bebe, Potter?

— Às vezes. Pra comemorar algo.

— Hum. Não é muito Gryffindor...

— Pare de ficar comparando Gryffindors e Slytherins! Que coisa chata. E você é Gryffindor agora.

— Nos seus sonhos! Eu praticamente nasci em Slytherin. Meu coração é Slytherin... Minha mente, minha alma e meu sangue são Slytherin! Eu vou morrer Slytherin. Mas não espero que um Gryffindor recém adepto entenda isso.

— Não entendo mesmo. - o moreno grunhiu. Até compreendia uma competitividade saudável entre as casas, mas Malfoy levava aquilo a níveis muito altos.

— Hogwarts não vende bebidas alcoólicas... - Draco declarou num tom de voz de quem adora estragar a brincadeira alheia.

No entanto Harry não se deu por achado: - Não tem problema. Eu te levo pra beber em Londres. Meu tio me mostrou alguns Pubs... Draco virou o rosto para encará-lo por alguns minutos. Estava surpreso pela persistência do outro. Não que discordasse do bom gosto de Harry em convidá-lo. Aquele interesse era um tanto lisonjeiro. Devia considerar que Potter sentia atração por outros caras?

Os dois ficaram se encarando por um longo tempo até que Hermione soltou um gemido abafado e apontou para o telão.

— Estão revelando os resultados! Vejam meninos!

Imediatamente todos prestaram atenção no telão. Ron ficou ainda mais nervoso, e foi o único que cobriu os olhos com as mãos.

A tela se dividiu em quatro partes iguais. Cada uma tinha o nome de uma portaria no alto. A primeira de todas era Ravenclaw. Estava escrita em azul sobre um fundo bronze.

Logo a tela exibia o nome de oito bandas diferentes. Harry ouviu algumas pessoas comemorando mais a sua esquerda.

— Hunf. Ravenclaw sempre elege oito. - Draco parecia mal humorado - Maldita portaria previsível.

Harry sorriu diante do tom quase ofendido.

Logo outras informações brilhavam na tela: dessa vez na parte de Hufflepuff. O fundo escuro de letras amarelas revelou o nome de dezoito bandas. Harry assobiou.

Mais pessoas comemoraram. Algumas iam saindo do salão, pois sabiam que estavam eliminados. Precisavam juntar as malas e ir embora.

— Será que a Cho conseguiu? Ela deve estar participando, não acha, Harry?

O moreno evitou olhar para Mione e deu de ombros. Não se importava por Cho, aquela garota não era amiga de verdade, pois trocara a Wiz por uma banda que parecia ser mais promissora. Era uma caça-sucessos.

— Quem é Cho? - Draco tentou não parecer interessado. Falhou miseravelmente.

Harry riu baixinho e não respondeu. Voltou os olhos verdes para o telão. Estavam revelando os selecionados de Slytherin.

— Cinco! - Draco quase berrou - Severus aprovou cinco bandas? Não acredito! Hum... Pansy conseguiu...

— Quem é Pansy? - Harry perguntou sem tentar esconder a curiosidade que sentia.

Draco considerou não responder, mas deu de ombros. - Era aquela garota que estava falando comigo quando vocês chegaram. Ela é vocalista da Death Eaters, junto com Zabini, Crabbe e Goyle. Eles competiram por Slytherin e estão classificados.

— Ah. - Harry pareceu perder o interesse. Pareceu.

Faltava apenas Gryffindor. Várias pessoas se abraçavam, comemorando. Outras saiam do salão, tristes pela derrota. Draco tinha certeza de que sairia com uma expressão semelhante. Não! Manteria a classe em qualquer situação.

— Oh, Meu Deus! - Hermione gemeu, enquanto Ron perdia o fôlego e começava a hiperventilar.

Harry ficou de pé com um salto, os olhos brilhando emocionados. Draco esqueceu a própria recomendação de manter a classe: quase começou a arrancar os cabelos enquanto abria a boca e arregalava muito os olhos.

Por Gryffindor apenas uma banda se classificara. Havia um único nome brilhando em dourado sobre um fundo vermelho.

Wiz.

 


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Notas finais do capítulo

Musica que Draco cantou e a Wiz tocou:

Nikita - Elton John