P.O.V. Percy

   Fiquei parado vendo Annabeth sair correndo chorando dali, porque eu fui tão burro a ponto de fazê-la chorar, ela parecia uma garota dura e fria, mas hoje percebi que mesmo se tratando da loira, podemos ferir os sentimentos de alguém, fiquei assustado pelo modo como falou comigo, e ao mesmo tempo curioso, quem não se importava com Annabeth? sua madrasta a Melissa, pelo que eu vi fazia de todo para vê-la feliz, meu pai também a considera como da família, eu não a entendi nesse ponto, mas de uma coisa tenho certeza nesse momento ela parecia tão indefesa, precisando de alguém para acolhe-la e confortá-la, um nó se formou em minha garganta sabendo que eu fui o causador disso.

   Tirei esses pensamentos da cabeça e voltei para a sala, juro que tentei fazer o que sempre faço na aula de física: pensar em nada, mas meus pensamentos ficaram com uma certa dona dos olhos cinzas, eu odeio admitir, mas quando ela briga comigo ou faz algo que me irrita eu até que gosto, adoro quando só está nós dois em algum lugar sozinhos e Annabeth começa a se soltar, também tinha aquele sorriso que só ela sabia dá quando suas provocações me deixava furioso, adorava até mesmo aquele olhar assassino que me lançava quando mexia em suas coisas, sem querer solto uma risadinha. Esses pensamentos se vão quando o sinal do almoço toca, me retirei da sala e me juntei ao pessoal na mesa de sempre.

   - Onde está a Annie? – perguntou Nico assim que me sentei.

   - Oi pra você também Nico – disse de maneira sarcástica, porém ele somente rolou os olhos e fez uma careta.

   - Para de me amar um pouquinho Percy – nem é convencido né – E me responda onde Annabeth está?

   - Não sei da vida dela, deve está se metendo em alguma confusão por aí, ou melhor ainda, enchendo o saco de outra pessoa – Jason começa a rir.

   - Não sei por que vocês se odeiam tanto – o olhei incrédulo, o que só fez o pessoal cair na gargalhada.

   - Isso é porque você não vive com ela na mesma casa.

   - Não vejo problema em morar com uma gata daquelas – Grover disse e dei um tapa em sua cabeça – Ai, só falei a verdade.

   - Não você só falou merda, então feche a boca – eles conseguiram me tirar do sério. De longe vejo Frank e Hazel se aproximarem, e estavam de mãos dadas, eles chegam e se sentam ao meu lado, todos na mesa passaram a encarara-los surpresos. Entendam no final do ano passado, os dois foram fazer uma viagem, se não me engano foram para Califórnia, e não deram mais noticias, ai agora sem mais nem menos eles aparecem.

   - O que foi? – pergunta Hazel meia desconfortada.

   - Vocês – responde Nico, eles ainda estavam bastante confusos.

   - O que tem a gente? – Frank estava envermelhando.

   - Primeiro vocês foram fazer uma viagem final do ano passado, não deram notícias, agora do nada voltam e nem se comunicam – Léo fala deixando os dois sem graça.

   - Ah e pelo que sei, vocês foram como melhores amigos – Piper disse olhando para as mãos entrelaçadas deles e com um sorrisinho no rosto.

   - Desculpem, queríamos fazer uma surpresa – rir pelo jeito que Frank disse, então me levantei e abracei os dois, a galera fez o mesmo.

   - Bem vindos de volta – falei, recebendo um sorriso em troca – Mas vocês estão mesmo namorando?

   - Não Percy eles estão de mãos dadas, porque grudaram com cola – brincou Léo arrancando gargalhadas de quem estava na mesa.

   - Sim, estamos namorando. Frank se declarou quando estávamos na viagem – demos os parabéns ao novo casal.

   - Bom acho que falta mais pessoas nessa mesa – lembrou Frank.

   - Talia faltou por preguiça, e Drew e suas barangas devem estar em alguma esquina – revirei meus olhos com o doce comentário de Jason. Depois de Hazel soltar uma pequena risada ela pergunta.

   - Perdemos alguma coisa de interessante? – todos olham para mim com aqueles olhares travessos, abro a boca para falar, mas sou interrompido por Léo.

   - Além da garota que entrou esse ano já enfrentando o bonitão ai – disse apontando para minha pessoa – Não perdeu nada.

   Frank e Hazel se ajeitam no banco com um sorrisinho nos rostos.

   - Não acredito que finalmente alguém para cortar o topete do Percy – zuou Frank.

   - Conte-me mais sobre isso – Hazel gesticulou com as mãos querendo saber da famosa novata. Eu ia interromper, mas Nico se meteu na minha frente.

   - Além dela ser uma loira linda, ainda tem coragem e atitude.

   - E adivinha com quem ela está andando, com o Luke.

   A boca de Frank se abriu em “O’’ perfeito, mas Hazel possuía um sorriso.

   - Então finalmente podemos conversar com o Luke novamente – ela se animou, e eu fiquei puto de raiva, na verdade todos aqui ainda gostavam daquele imbecil e sempre que surgia uma oportunidade eles tentavam me fazer mudar de opinião referente ao ato que ele fez, isso me matava de raiva, me levantei da mesa.

   - Fiquem ai falando da querida Annabethizinha e do adorável Lukinho – e me mandei, sai daquele refeitório furioso, passei na sala e peguei meus materiais e também os da loira. Não estava nem ai sobre o que iria acontecer se eu matasse aula, apenas sair daquela escola e entrei no meu carro dando partida e indo em direção á um boteco. Eu aliviava essa raiva bebendo, não tinha coisa melhor que isso. Parei no primeiro bar que vi.

   - Uma voldka – pedi à moça que estava atrás do balcão, em poucos instantes eu já tinha minha bebida nas mãos, paguei e me mandei dali. Estacionei á beira da praia, e me sentei no lugar mais afastado que tinha, abrir a garrafa e mandei tudo para dentro, era incrível aquela sensação de fogo descendo pela minha garganta, rapidamente uma tonteira tomou conta de mim.

   - Sabe vida, você é inútil, nunca prestou para me agradar – eu já estava falando tudo enrolado, tomei mais um gole e novamente o álcool desceu rasgando até atingir meu estômago, comecei a rir sozinho – Eu te odeio, eu queria ser igual a você – disse apontando para uma pedra – Olha ai, tão quietinha na sua, sem mexer com ninguém.

   Eu peguei aquela pedra, não era muito grande, posso dizer que era em um tamanho razoável.

   - Você pedrinha – comecei a imitar voz de bebê – É a coisinha mais linda que já vi, claro depois daquela loirinha irritante, sabia que eu a odeio - voltei ao meu tom normal e tomei o resto da bebida de uma vez, cai de costas e fiquei lá deitado na areia rindo sozinho, fechei meus olhos e a imagem da minha mãe apareceu, a raiva tomou posse do meu corpo novamente, então estourei.

   - EU TE ODEIO MAIS AINDA POR ME ABANDONAR!! QUAL É SALLY, AGORA VEJA ONDE SEU ‘’AMOR’’ MATERNAL ME DEIXOU, OBRIGADA EU NÃO PRECISO E NUNCA VOU PRECISAR DA SUA AJUDA. ESPERO QUE SUA PESSOA ESTEJA DEBAIXO DA TERRA JUNTO COM SEU AMANTEZINHO DE MEIA TIGELA. EU TE ODEIO MAIS QUE TUDO NESSA VIDA, EU TE ODEIO !!

   Lágrimas vieram de repente, tentei me levantar, mas cai sentado na areia, esse era um dos efeitos do álcool, a embriagues, já estava acostumado á isso, sentado ali olhei para o céu e já estava escurecendo, vi a primeira estrela e as demais foram aparecendo, gargalhei do barulho das ondas, então uma vontade de nadar surgiu dentro de mim, engatinhando fui na direção do mar, minha visão embaçada, eu caindo toda hora, mas sempre continuava, até que ouvi um grito de garota.

   - PERCY – ela chegou mais perto, e me impediu de chegar ao mar.

   - Me solta, eu quero nadar – esperneei para tentar se livrar das mãos delicadas da garota, mas ela tinha uma força incrível, a menina me levou até uma rocha e me escorou lá, tudo que lembro foi de um par de olhos cinza me olhando com preocupação, depois apaguei.