‘’Eu não posso sentir
Da mesma maneira que sentia antes
Não vire as costas para mim
Eu não vou ser ignorado
O tempo não vai curar
Esse dano nunca mais’’

~Linkin Park~

Annabeth POV’s

Me olhei no espelho e sorri satisfeita com minha roupa, uma regata preta com o símbolo do Rolling Stone, meu tradicional jeans rasgado e o inseparável all star. Estava de maquiagem preta, realçando meus olhos e meus cachos agora estavam todos lisos.

Toquei as dois pingentes em meu pescoço, faltava poucas semanas para o ano acabar, um ano inesquecível para mim.

– Você está linda – sobressaltei com a voz que vinha atrás de mim. Percy estava encostado na parede, seus olhos brilharam quando sorrir.

– Me fale uma coisa que eu não saiba – ele se aproximou e puxou minha cintura colando nossos corpos.

– Convencida também – ri e o beijei, esvaziando o nervosismo que sentia – Pronta?

– Sim, só um pouco nervosa – confessei – Se não ganharmos, perdemos a viagem e a nota.

– Relaxa, vamos nos sair bem – Percy pegou algo em seu bolso – Tenho uma coisa pra lhe dar.

O moreno levantou o colar que Sally havia lhe deixado antes de partir, fiquei boquiaberta diante da beleza simples que era.

– Percy ficou louco em me dar isso? – ralhei, por algum motivo sem lógica ele gargalhou.

– Não vejo pessoa melhor pra cuidar dele – acertei um soco em seu braço – Ai Annie.

– Se Melissa pega...

– Ela não vai pegar, confio em você pra guardar e proteger essa joia.

– Você é um jumento mesmo – Percy riu e colocou o colar em minha mão, fechando-a logo em seguida.

– Um jumento que você ama incondicionalmente – sorri sem mostrar os dentes.

– Tipo isso.

Estávamos ao lado do palco, esperando nossa vez de subir lá e fazer aqueles adolescentes mexer o esqueleto. A escola fora decorada com o tema ‘’rock’’, o que me agradou muito, e confesso que pela primeira vez no ano me sentia feliz em estar naquele lugar. Sinto meu celular vibrando e atendo-o.

– Hey Gracinha – Rafael gritava do outro lado da linha – Olhe para trás.

Assim que me virei, fiquei estática diante da surpresa. Meus pés me traíram e ficaram grudados no chão, abri a boca diversas vezes, mas nenhum som saia. Diante de mim, estavam meus melhores amigos, todos eles.

– Essa é a hora que você vem correndo e nos abraça né – John brincou abrindo os braços. Nem hesitei e fiz exatamente o que ele falou. Como eu senti falta dele.

– Deuses – me soltei do loiro, para logo em seguida ser puxada por Silena e Katie, que me ensurdeceram com seus gritinhos estridentes.

– Quanta saudade Annie – Katie segurou uma de minhas mãos assim que nos soltamos do abraço triplo – Você está tão...

– Tão diva – Silena gritou, dando seus típicos pulinhos entusiasmados – Olha essas roupas, essa maquiagem e por Zeus, seu cabelo esta show.

Rir do modo que ela dissera. Olhei para Charles e estiquei os braços, ele me abraçou e me girou no ar.

– Você parece tão feliz – disse ele assim que me colocou no chão.

– Também, com um namorado como eu – Percy chegou e cumprimentou o pessoal – Que bom que vieram.

– É, a ideia foi minha e até agora eu to aqui esquecido pela minha melhor amiga sem ganhar nem um abraço. Okay, muito obrigado pelo reconhecimento Annabeth, vejo que na sua vida só existe os seis ai né.

Os meninos riram, e eu os acompanhei.

– E depois eu que sou a dramática – brinquei me pendurando em seu pescoço. Só então fui me dar conta da falta que eu sentia de seu abraço. Rafael pensou a mesma coisa, pois senti seus braços me apertando mais.

– Esse abraço não tem fim não? – Percy disse, recebendo um tapa na cabeça vindo de John.

– Ah cara, ainda continua ciumento? Você te chamar agora só de Percymento.

Observei Percy revirar os olhos e bufar.

– Isso foi desnecessário.

Enquanto riam, Charles apontou para meu pulso.

– Bela tatoo hein – parei de rir no mesmo instante e encarei Rafael, esse que fechou a cara.

– O que? – perguntou, então eu lhes contei a história.

– ... e ai acordamos no bar com essas belezinhas.

– Você perdeu o juízo de vez Annabeth? – Rafa elevou a voz, mas acabou respirando fundo e se acalmando – Da próxima vez eu te dou umas palmadas.

– Duvido – murmurei – Mas venham, vou apresentar vocês a galera daqui.

Graças aos deuses, todos ali se deram muito bem, ficaram trocando histórias, falavam de músicas, contavam piadas e se gabavam.

– Hey Luke, Annabeth nos contou da sua vitória – John disse, estourando uma bola que havia feito de chiclete. Luke mexeu no cabelo.

– Graças á ela, agora tenho patrocinador e começo a viajar pelo mundo mês que vem. No final acho que ela não é tão doida assim.

– Você que não sabe das histórias - Katie comentou. Percebi que Nico estava muito quieto, sentado afastado do pessoal, me aproximei sentando ao seu lado.

– E ai, porque ta calado dessa forma, geralmente você é mais comunicativo – ele riu sem humor.

– Só pensando em algo – esperei para ele me contar mais, mas o moreno permaneceu em silêncio.

– Sabe que pode contar comigo né. Eu não sou tão louca igual eles falam.

Nico riu e me abraçou de lado, bagunçando meu cabelo.

– Você é pior – dei um leve soco em seu estômago, rindo junto com ele.

Percy olhou em nossa direção e fechou a cara.

– O que aconteceu entre você e o Percy? – quis saber, porém Nico apenas me soltou e se levantou.

– Só espero que você me perdoe – fiquei sem entender o que ele queria dizer com aquilo. Perdoar o que? Pelo que eu saiba, Nico nunca fez nada de mal á mim. Balancei a cabeça e me levantei, indo até Rafael que se empanturrava de salgadinhos.

– Quer um? – perguntou de boca cheia me oferendo uma coxinha, peguei sem hesitar e mandei pra dentro – Parece que Percy não gostou ver você junto com o cara emo.

– Percy é jumento mesmo, será que ele não percebe que eu e Nico somos só amigos? – Rafa riu e chamou John que virava mais um copo de Bacardi.

– Fala.

– Sabe o cara emo? – John assentiu – Descreva como ele olha pra Annabeth.

– Ele te olha como se tivesse apaixonado por você – John riu – Vai me dizer que não percebeu isso.

Foi ai que a ficha caiu, tudo agora fazia sentindo, os ciúmes em excesso de Percy quando me viu junto á Nico, a rixa entre os dois.

– Ai meus deuses – estapeei minha própria testa – Como não percebi isso antes?

– Vai ver você está passando tempo demais com o Percy – disse John rindo como se tivesse visto um palhaço, sinal que ele tinha passado da conta, peguei seu copo de Bacardi e bebi o que restava nele, ouvindo o loiro reclamar – Nem se pode mais beber.

John saiu reclamando algo que não consegui compreender. Rafael riu ajeitando o cabelo.

– Você magoou os sentimentos dele – estreitei meus olhos e lhe mandei tomar em um lugar desagradável, para logo em seguida sair a procura de Percy.

A voz do diretor soou no microfone, iniciando o campeonato. Observei um grupo subir no palco e se posicionar diante dos instrumentos. A música escolhida era Help dos Beatles. Praguejei em grego sem nem perceber, excelente escolha e eles eram bons, tipo muito bons.

O pessoal se aglomerou em frente ao palco, estavam todos pulando e cantando.

– Somos melhores – ouvi a voz de Thalia atrás de mim, me virei para encara-la.

– É Beatles Thalia – falei como se fosse óbvio – Beatles.

A morena riu do meu desespero.

– Relaxa branquela, vamos conseguir – passei a mão pelo rosto e fitei a garota a minha frente, os olhos azuis estavam com uma pontada de tristeza, puxei Thalia para um canto mais afastado, onde o barulho era menos.

– Vai, desembucha – cruzei os braços – Por que está assim?

A Grace suspirou e se encostou na parede, olhando as pessoas que dançavam animadas.

– Luke – falou depois de um tempo – Me chamou para viajar com ele.

– E isso não é bom? – ela bufou claramente irritada.

– É... quer dizer não sei – gaguejou indecisa – Tipo eu quero ir com ele, mas também não quero entende?

– Não.

– Sei lá, você não acha precipitado demais? – segurei seus ombros.

– Thalia eu transei com o Percy na segunda semana de namoro – ela fez uma careta, o que foi engraçado – Isso sim foi precipitado, mas hora nenhuma eu me arrependi. Você e Luke demoraram séculos para ficarem juntos, e agora você vai deixa-lo ir assim?

Ela pensou e sorriu.

– Acho que você tem razão Chase – abri os braços rindo.

– E quando é que eu não tenho Grace.

Estávamos todos afastados do palco, diversas bandas já haviam apresentado, confesso que fiquei impressionada com algumas, já com outras tive que me segurar para não cair na gargalhada, mentira, eu quase enfartei de rir.

– Parecem hipopótamos em uma competição de quem ronca mais – John disse enquanto nós ríamos. Ele não estava bêbado, mas feliz, bem feliz.

– Ou gaivotas gêmeas com dor de barriga – comentei, na nossa rodinha, agora eu e John éramos os únicos que estavam rindo.

– Eles são sempre assim? – Luke perguntou. Charles deu tapinhas camaradas em suas costas.

– Geralmente são piores.

– E nunca aposte com esses dois – Katie avisou, cortando nosso barato – Eles também fazem as piores apostas.

– Hey nem sempre são as piores – John protestou tendo meu apoio.

– É, tem umas até legais.

– Claro que tem – senti a ironia de Silena de longe – Tipo se vestir de galinha e andar pelas ruas de São Francisco. Tão normal isso.

Percy riu, provavelmente se lembrando daquele dia.

– E não se esqueça do dia do jantar e do cemitério – ele lembrou.

– Vocês poderiam nos deixar ser felizes sem encher o saco né – John disse secando a bunda de uma mulata que passava.

– Aposto que você não consegue pega-la – disse sorrindo desafiadora.

– Vai começar – Charles reclamou bebendo um gole do seu refrigerante.

– Isso é uma aposta? – John ergueu as sobrancelhas.

– Não, não é – Rafael se colocou no meio, interrompendo nossa conversa, mas eu e o loiro o ignoramos.

– Se eu conseguir pega-la?

– Eu arranco minha blusa no meio de toda escola – Percy se intrometeu na hora.

– Opa, opa, opa – seus braços se apertaram mais em mim – Acho melhor deixarmos essa aposta de lado.

– Concordo com o Percy – Rafael o apoiou – Vocês beberam um pouco além do que precisavam né.

– Mas Rafael, ela me desafiou e eu não recuso desafios – rir da maneira que John falou, igual uma criancinha de sete anos.

– Mas esse você vai recusar.

– É, você vai recusar porque é um frango – provoquei, ouvindo algumas risadinhas.

– Annabeth – Percy censurou-me – Ajuda okay.

Antes que eu pudesse abrir a boca para retruca-lo, a voz do diretor vaga pela quadra.

– Bom trabalho meninos – nem tinha prestado atenção nos meninos cantando – A próxima banda a animar a noite de vocês, pirralhos melequentos, elas são as Perfs.

E no palco, lideradas pela vadia da Drew, seguia Rachel e Calipso, todas vestidas de rosa claro, com exceção da vaca líder, ela estava com uma saia rodada preta e uma blusa decotada vermelha, provocante ate demais.

– Percy se você pensar em olhar para os peitos dela, eu juro que arranco suas órbitas – ele riu e beijou meu pescoço.

– Prefiro os seus – comentou – Se bem que os dela...

Ele não terminou pois acertei seu amiguinho, e o ouvir gemer de dor com a cabeça apoiada em meu ombro.

– O que você ia dizendo?

– Nada não – sorri satisfeita. Silena fez uma careta assim que elas entraram em cena.

– Ela está vestida para rodar bolsinha na esquina? – rir e troquei um soquinho com ela.

– Pra quem não sabe – Drew começou a falar – Perfs, é abreviação de ‘’perfeitas’’.

– Até o nome é podre – Thalia gritou, fazendo-me rir mais ainda. Drew ignorou, claramente irritada.

– Será que vocês poderiam soltar o som?

Assim que a música começou a tocar, eu parei de rir imediatamente.

– Can’t count the years on one hand / That we’ve been together.

Thalia me encarou com os olhos arregalados.

– Essa não é a música que íamos tocar? – Luke perguntou ajeitando o cabelo.

– Eu vou degolar essa piranha – a morena bufou, já indo na direção do palco, mas Luke a segurou.

– Calma ai Thalia – o loiro se virou pra mim – Como elas sabiam?

– Elas roubaram nossa música – isso mesmo pessoas, depois de cinquenta anos Percy percebe que fomos ‘’roubados’’.

– Percy, você é bobo assim ou fez cursinho? – ele pareceu não entender, o que me levou a dar um tapa em sua cabeça – Burro, é claro que elas pegaram nossa música.

– Vocês falaram da música que escolheram pra elas? – Charles quis saber, todos nós negamos.

– Não entendo como esses energúmenos sabiam. E onde está o Nico?

– Oi – falando em fantasma... – Annie, não era a gente que ia tocar Paramore?

– Era – falei já formando uma ideia – Mas tenho uma ideia melhor. Vamos superar essas plagiadoras do caralho.