I Love To Love You escrita por Senhorita Jackson


Capítulo 53
Desabafando


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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‘’As pessoas que você mais ama são as mais difíceis de manter por perto’’

~Questões do Coração~

Annabeth POV’s

O vento frio tocou minha pele desnuda, fazendo-me estremecer de leve. Abrir meus olhos com certa dificuldade vendo que a janela estava aberta. Tentei me levantar, mas braços ao redor da minha cintura impediram-me, um sorriso cresce em meus lábios ao recordar-me da noite agitada que tive.

Com cuidado para não acordar Percy me desvencilho de seus braços, o moreno se remexeu grunhindo algo indecifrável, mas voltando logo a roncar o que fez-me segurar uma risada. Cobrir seu corpo nu e beijei-lhe a testa.

Me pus a procurar minhas roupas espalhadas pelo quarto, rapidamente coloquei meu short do pijama e a camiseta de Percy que o cobriu, encaminhei até a janela, o céu ainda estava escuro, mas ao leste os primeiros raios de sol surgiam, fechei-a sem me preocupar em observar a paisagem.

O relógio que enfeitava meu criado mudo marcava, exatamente, seis horas da manhã, senti minha garganta seca e desci ao andar inferior indo em direção a cozinha, me arrependendo logo em seguida.

– Que adorável presença – Melissa tomava água encostada na pia – Mas foi uma ótima ideia ter acordado essa hora, precisava falar contigo.

– Diga – pronunciei ríspida. Caminhei até a geladeira e peguei outra garrafa d’água.

– Queria saber como está indo sua parte no acordo – disse – Sabe, quero dar o fora daqui o mais rápido possível.

– Ótima – tomei o último gole do líquido sentindo dificuldade em engolir. Melissa se aproximou perigosamente.

– Seu tempo está acabando pirralha – a ruiva segurou meu cabelo em um rabo de cavalo mal feito – Seria uma pena se seu namoradinho tivesse o mesmo fim que seu pai teve.

– Por favor – sussurrei segurando as lágrimas – Não faça nada com ele, eu te darei a pedra, prometo.

– Ótima querida – Melissa me empurrou fazendo minhas costas se chocar com a quina da pia, segurei um gemido de dor, com certeza ficaria roxo. A cobra subiu a escada rindo.

Fiquei ali parada por um tempo me negando a chorar. A história não podia se repetir mais uma vez, eu tinha que fazer algo, mas no momento não conseguia pensar em nada. Subi silenciosamente, meu namorado ainda babava no travesseiro. Troquei de roupa sem fazer barulho e escovei meus dentes. Nem sete horas era ainda, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Rafael.

‘’Rafa, assim que acordar, por favor, me ligue. Preciso conversar contigo’’

Com cuidado dei um beijo no rosto de Percy, esse que parecia uma pedra dormindo e me encaminhei ao andar de baixo, onde meu skate me esperava já na porta, ajeitei meu boné e o peguei.

Enquanto descia as ruas de Nova York, toquei as duas correntinhas que pendia em meu pescoço, conferindo se elas estavam ali. Peguei meu aparelho celular, sete e vinte da manhã, Rafael não me ligou, provavelmente faltou a aula para poder dormir até as três da tarde. Eu precisava falar com alguém, me sentia prestes a explodir, então disquei para a primeira pessoa que me veio a cabeça.

– Hey Corujinha – atendeu-me, virei uma esquina remando o skate, já avistava a praia de longe.

– Luke, ta afim de cabular aula hoje?

***

Luke me ouvia atentamente, enquanto eu despejava toda a história de minha vida, até os fatos que ocultei para Percy, sua expressão era neutra. Vez ou outra eu o observava cerrar os punhos e bufar, o loiro não interrompeu-me nenhuma vez e por mais difícil que seja de acreditar, não derramei uma lágrima sequer.

– Isso não é vida – sussurrou pela primeira fez desde que iniciamos a conversa – Quer dizer, cara – ele passou as mãos pelo rosto, indignado – Sua mãe lhe abandonou, você presenciou seu pai ser assassinado, sua madrasta é uma louca que te agredi, você foi e voltou do mundo das drogas e seu ex...

Luke não conseguiu completar sua fala, suas bochechas estavam vermelhas, ele simplesmente esmurrou a própria perna.

– Ele abusava de você Annie – assenti fechando meus olhos com força.

– Eu fazia de tudo para não perder a única coisa que me restava, minha virgindade – olhei para a imensidão infinita que era o mar, estávamos sentados em uma rocha, onde as ondas a golpeavam fazendo respingos d’água bater em nossos rostos – Mas Dylan ameaçava meu pai, e eu tinha tanto medo Luke.

Pude sentir minhas lágrimas querendo cair, mas me neguei a chorar.

– Só de lembrar de sua boca passeando pelo meu corpo, de sua mão entrando onde não devia, cara meu estômago revira todo.

– Esse cara não tem humanidade – sua voz tremia, eu pude ver o ódio que inalava de seu olhar – E esse acordo de Melissa?

– Melissa seduz os homens, faz com que eles fiquem caidinhos por ela á ponto de convencê-los a fazerem um testamento, passando seus bens para seu nome. Logo depois – puxei o ar com dificuldade sentindo o olhar de Luke sobre mim – Ela os mata.

Os olhos do garoto ao meu lado se arregraram no mesmo instante.

– Foi isso que aconteceu com meu pai, Melissa pagou Dylan para mata-lo. Entrei em seu escritório em São Francisco pouco tempo depois da morte de Frederick, seu computador estava ligado, tinha recebido um novo e-mail, curiosa eu o abrir e lá estava tudo combinado com Dylan, bem na hora ela entrou me pegando no flagra. Me lembro de ter apanhado, muito, Melissa disse que se alguém ficasse sabendo, não só eu iria morrer, mas meu amigos também e todos aqueles que eu amava.

Luke ficou calado, em choque, provavelmente era informação demais para ele. Me senti culpada de ter lhe contado, o loiro tinha seus próprios problemas e eu aqui despejando os meus sobre ele.

– Olha Luke, me desculpe por ter jogado isso pra você – pedi, encarando meu skate – Eu só precisava de alguém para confiar já que Rafael está quase do outro do mundo e...

Senti seus braços me apertando, escondi meu rosto na curva de seu pescoço aproveitando o ombro amigo. Era disso que eu precisava naquele momento, não de palavras de conforto, mas de um abraço verdadeiro.

– Annie, você pode confiar em mim, eu quero saber de tudo, quero te ajudar. Pare de bobeira de que eu também tenho problemas, tenho sim, mas eu quero que você divida esse fardo comigo, porque é muita coisa pra aguentar sozinha.

O apertei mais me arrependendo de não ter contado para ele no inicio. Eu estava sem palavras para agradecer seu gesto.

– Agora me fale – disse quando nos soltamos – Qual é o lance dela com Poseidon?

– O de sempre. Ela quer tudo, propriedades, imóveis, dinheiro, e ainda por cima a pedra que Sally deixou para Percy.

– Pedra? – assenti.

– É uma pedra preciosa, tipo uma jóia. Melissa já tinha investigado a vida toda de Poseidon antes de investir nele, e descobriu pelos seus ‘’contatos’’ que Sally deixou uma herança para Percy um Hope Diamond – Diamante da Esperança – essa é uma das pedras mais preciosas que existe.

– Percy sabe disso? – Luke quis saber, ele estava tão surpreso que quase rir.

– Não sei, é ai que entro nesse ‘’plano’’. Tenho que descobrir onde está, e dá-la para a cobra ruiva. Poseidon se limita a dizer.

– E se caso você não conseguir cumprir sua parte.

Hesitei, senti meu lábio inferior tremer e uma lágrima descer pela minha bochecha.

– Ela mata Percy.

***

Estávamos almoçando em um restaurante perto da praia. Decidi encerrar o papo por hoje, mas eu me sentia mais leve desde que contei para Luke, esse que foi um doce comigo.

– Você ficou sabendo? – neguei enquanto chupava um macarrão que ficou fora da minha boca – Adiaram o Festival de Bandas, agora é no final do ano.

– Por quê? – Luke riu, provavelmente eu estava com a boca toda suja de molho.

– Colocaram no lugar do baile – o loiro mandou uma garfada de macarronada para dentro.

– Bem melhor, falta apenas alguns meses e eu não estava a fim de usar vestido e maquiagem e colocar aquelas pendenga de louvor no cabelo.

Luke solta uma gargalhada cuspindo macarrão em mim.

– Que nojo – limpo meu rosto com o guardanapo – Você é um porco.

Prolongamos ali por algum tempo, conversando e rindo sobre assuntos aleatórios e nada normais. Depois de sairmos do restaurante, decidimos da uma volta de skate pela cidade, brincamos, apostamos corrida, zuamos com as pessoas. Passar a tarde com Luke foi uma decisão de mestre, há muito tempo eu não me divertia assim. Amo o Percy, e adoro passar o tempo ao seu lado, mas de vez em quando tenho que da um tempo com a ‘’melação’’.

– Nervoso? – perguntei, já passava das quatro da tarde, estávamos deitados na grama do Central Park comendo cachorro quente. Luke iria para o campeonato ás sete.

– Acho que vou fazer xixi na calça – engasguei com um pedaço do meu hot dog, iniciando uma crise de riso.

– Então é melhor colocar frauda, não queremos meu aluno boiando nos próprios sapatos.

– Eca Annie – comentou no meio dos risos, comi o último pedaço do cachorro quente e fitei o céu.

– Sabe Luke, eu queria ser igual ao Dean e ao Sam – comentei sonhadora, o loiro franzia a testa, provavelmente sem entender – Caçadores de demônios – falei fazendo um gesto sem sentido com a mão – Ah deuses.

Sentei encarando o garoto confuso ao meu lado, dei um tapa em sua barriga.

– Você não assiste Sobrenatural? – perguntei abismada.

– O filme? – abri minha boca indignada, soquei seu ombro ouvindo-o reclamar.

– Você não tem cultura moleque? Que filme o que, a série sabe, os Winchesters, Castiel, o Impala louco do Dean, os demônios.

Ele ainda me encarava sem entender.

– Annabeth você está bem? Tomou seus remédios direitinho?

– Cara você é um tolo, como pode alguém não assistir Sobrenatural? – ergui uma sobrancelha desconfiada – Ou...

– Ou o que?

– Você pode ser um demônio – gritei me levantando rápido, junto com o pingente de Rafael também tinha um em forma de pentagrama, qual é eu acreditava nisso – Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incuriso infernalis adversarii, omnis legio, omnis congredatio et secta diabólica...

– Okay Annabeth – Luke se levantou – Você está me assustando. E onde aprendeu a falar latim?

O observei, talvez Luke seja mesmo Luke e nenhum demônio tenha possuído seu corpo.

– Você é mesmo você – disse soltando o pentagrama em forma de pingente – Meu pai me ensinou, assim como me ensinou a falar grego antigo. Ele era professor.

– Velho, acabei de crê que você possui problemas sérios de cabeça – disse sério – Annabeth você tem que se tratar.

– Puff, já fui em um psicólogo, não adiantou muita coisa.

– Acho que percebi.

Liguei meu celular, que até esse momento estava desligado. Tinha umas cinco mil ligações de Rafael e oitenta milhões do Percy, fora as mensagens. Rir imaginando o quão desesperados eles estavam.

– Devemos ir – falei pegando meu skate e vi Luke fazer o mesmo, o abracei forte – Obrigada por tudo Lukito, você fez meu dia ficar mil vezes melhor.

Ouvi sua risada.

– Sempre que precisar loirinha eu vou estar aqui – ele beijou o topo da minha cabeça – Apesar de suas loucuras.

Dei um tapa em seu braço, rindo.

– Te vejo no campeonato – beijei sua bochecha e subi em meu skate indo para casa, mal sabia eu que lá tinha um bando de doidos me esperando para dar a maior bronca que um ser pode receber.


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Notas finais do capítulo

Hey hey hey !! Então capítulo cheio de revelações né, gente eu literalmente amo Sobrenatural e não podia faltar em uma história minha !! Espero que vcs tenha gostado !!
Comentem, recomendem, favoritem !!
Beijos
Karol Oliveira