Percy POV’s

Estava deitado em minha cama relembrando tudo que ocorreu essa tarde, e por alguma razão a declaração de Rafael para Katie veio-me á cabeça.

- Katie, durante esses anos todos eu venho cultivando algo dentro de mim, algo novo e bom, algo que me faz sentir feliz. Não sei se o que sinto por você é amizade, há muito tempo eu deixei te vê como uma simples amiga e percebi que o que vem crescendo em meu peito é amor. Eu me apaixonei por você, e tinha medo de falar e não ser correspondido. Annabeth vem me ajudando e hoje aqui na frente de todos e quero lhe fazer um pedido.

Ele se ajoelhou e pegou as mãos de Katie, essa que tinha lágrimas nos olhos.

- Você aceita ser minha namorada? – a ruivinha nem hesitou e pulou nos braços de Rafael beijando-o e soltando um bocado de ‘’sim’’. Senti uma alegria no peito, agora eu tinha certeza que Rafa e Annie eram apenas amigos.

Eu já sabia que estava apaixonado pela loirinha, mas será que essa paixão poderia virar amor? Pressionei minhas têmporas, eu nunca amei nenhuma garota, não sabia amar, mas Annabeth era diferente, nunca vi nenhuma menina agir dessa forma, tão equilibrada e ao mesmo tempo tão maluca, porque bem, eu sabia que ela tinha alguns parafusos soltos. Ela não se importava com nada de que diziam dela, e se alguém mexer com seus amigos, com certeza era porrada na certa, isso era uma de suas características que mais me agradava.

Meus pensamentos se vão, ao ouvir batidas na porta. Levantei-me caminhando para abri-la, torci para que fosse Annabeth, mas quem estava do outro lado era a pessoa que eu nunca imaginava me fazer uma visitinha: Rafael.

- Oi – falou me fitando com uma expressão de seriedade – Podemos conversar?

Demorei um pouco para absorver a pergunta.

- Hãn... claro – dei espaço para ele entrar, Rafael se sentou em uma cadeira perto da cama – Conversar sobre o que?

- Annabeth – suspirei e me sentei de frente para ele – Tem algumas coisinhas que você precisa saber sobre ela.

Fiquei inquieto na cadeira, Rafael se sentou mais a frente e entrelaçou suas mãos.

- Coisinhas? – perguntei.

- É, bem, acho que ela te contou de seu passado – assenti me lembrando de nossa conversa – Então, quando Annabeth se envolveu com drogas, ela meio que se envolveu com um cara, outro usuário, ela nunca me contou, mas eu suspeitava que ele batia nela, quase todas manhãs Annie aparecia com um hematoma diferente na escola, quando eu perguntava ela sempre inventava alguma desculpa. Em uma noite decidi segui-la, Annabeth foi se encontrar com esse cara e eu vi.

Rafael fechou os olhos com força e assim que os abriu eles estavam marejados, eu podia sentir a dor que ele estava sentindo.

- Aquele desgraçado a agrediu – percebi a raiva que imanava de sua voz – Acho que ela não tinha conseguido o que ele queria. Quando Annie estava indo embora, a puxei pra canto.

Rafael POV’s

Flashback #On

Annabeth quase gritou de susto, mas tampei sua boca com uma de minhas mãos, ela ainda esperneava, mas assim que percebeu que era eu, foi se acalmando aos poucos. Devagar retirei minha mão de sua boca.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou, sua voz estava fraca, ela tremia, eu não sabia dizer se era de frio ou medo.

- Quem é ele? E por que te agrediu? – Annie contraiu os lábios e olhou para cima, eu a conhecia bastante para saber que estava a ponto de chorar. A loira abriu a boca várias vezes, mas nenhuma frase era formulada, então sem esperar ela agarra meu pescoço, me sufocando em um abraço. Ali em meu ombro Annabeth chorou, chorou até soluçar. Eu sabia que precisava ajuda-la.

- Annie, olhe para mim – mas ela se limitava em afastar, delicadamente levanto seu rosto. Seus olhos tinham perdido o brilho e adaptado ao cinza fosco, seu hálito estava com o cheiro da maconha – Eu vou te ajudar.

Levei-a para casa, onde tomou um banho e se deitou e minha cama. Ela só foi acordar no outro dia. Meus pais já tinham saído para o trabalho, eu decidira faltar de aula para cuidar da loirinha. Preparei uma mesa cheia de coisas gostosas, pois sabia que depois que o efeito da droga passa, o estômago da pessoa vira um buraco negro.

Annabeth acordou, pedi para tomar um banho, depois de alguns minutos, ela se junta á mim na mesa. Durante algum tempo, não pronunciamos nada, de certa forma eu sabia que ela estava envergonhada, e como previsto, Annie comeu até quase estourar.

- Agora você pode me contar – falei, ela empertigou-se na cadeira e fitou as mãos em cima da mesa. Estava magra e pálida, seu cabelo cor de ouro tinha a coloração cinza, os lábios estavam rachados, seus olhos caídos e sem brilho.

- Aquele era Dylan, ele me pediu para comprar algumas pedras de crack, como eu não tinha dinheiro, não consegui compra-las – sua voz saia baixa e fraca de maneira que eu tive que me curvar para ouvir.

- E então ele te bateu – digo, Annabeth assente envergonhada, me pego olhando para seus pulsos e arregalo os olhos – Annie, você andou se cortando de novo?

A loira mais do que rápido tira seus braços de cima da mesa e os coloca debaixo.

- Eu posso te ajudar a sair dessa.

Annabeth trinca o maxilar e ergue a cabeça.

- Eu agradeço, mas não, eu entrei nessa sozinha e vou sair...sozinha – eu odiava esse orgulho que ela possuía.

- Você sabe que não vai dar conta de sair sozinha. O mundo das drogas é mundo cruel, onde cada vez mais te puxa para ele.

Uma lágrima escorre pelo seu rosto.

- Não quero que você se envolva nisso Rafa, é meu problema.

- É por isso que você tem aqueles que se chamam amigos. Eu e o pessoal podemos lhe ajudar.

Ela se levanta em um pulo quase derrubando a cadeira e se apoiando na mesa para não cair, pois ainda estava fraca.

- Você tem que prometer que não vai contar para ninguém – seu rosto perdeu a cor que restava.

- Mas...

- Prometa – respirei fundo e levantei segurando-a, pois eu sabia que ela iria cair á qualquer momento.

- Eu prometo Annie, mas pelo menos volte para a cama, vou ligar para seu pai falando que vai passar o dia aqui.

Ela me encara, seus olhos suplicantes e marejados. Por um momento o desespero toma conta dela. Annabeth temia em decepcionar mais Frederick, a pessoa que ela mais amava.

- Não vou contar, isso vai ser mais um segredo nosso – isso pareceu alivia-la, seus músculos relaxaram e a levei novamente para o quarto. Me sentei ao seu lado da cama e ela apoiou a cabeça no meu colo.

- Você é o melhor amigo que eu pude arrumar – falou, sorrir e fiquei mexendo em seu cabelo – Eu vou sair dessa Rafa. Vou sair, por você e pelo meu pai.

Mexi em seu cabelo até ela cair na escuridão de seu subconsciente.

Flashback #Off

Percy POV’s

Rafael se segurava para não chorar, eu me segurava para não chorar. Essa história tinha me abalado, eu não podia imaginar Annabeth com aquele rosto de anjo, como uma drogada. O ódio tomou conta do meu ser, preenchendo cada parte do meu corpo, eu queria socar alguém, de preferência esse Dylan, queria soca-lo, até ele virar ração para cachorro.

- Duas semanas depois Frederick morreu – Rafael também parecia com bastante raiva, pois seus punhos estavam cerrados e seus olhos ficaram vermelhos – Percy, o que quero dizer é que, mesmo que Annie pareça durona, ela sofre por dentro. Cuidado com o que fala e também como age, Annabeth é imprevisível. Ela é capaz de tudo para proteger quem ama.

Essa última frase eu não entendi muito bem o motivo dele falar, mas eu seria incapaz de ferir Annie.

- Rafael, farei de tudo para nunca magoa-la, tudo que quero é vê-la feliz. Eu gosto de verdade dela.

Ele se levantou da cadeira, seus olhos azuis estavam mais gelados que a neve. Nesse momento eu soube que se algum dia eu ferir o coração de Annabeth, eu era um rapaz completamente morto.

- Você ainda tem muito que aprender sobre Annie, ela é igual um labirinto, muito difícil de desvendar.

Rafael se dirigiu a porta, mas antes de sair ele fala:

- Você é um cara legal Percy.

E com isso ele se foi, deixando minha mente mais confusa que o normal.