P.O.V. Percy

   Fiquei assistindo televisão, até que minha boca ficou seca acho que era pelo nervosíssimo de espera-las, então me levantei e fui até a cozinha beber um pouco de água. Ouço passos pela escada, coloco a cabeça na porta para ver e deparo com Melissa com um sorriso diabólico no rosto, ela passa pela sala e sai pela porta da frente, sem hesitar sair correndo para encontrar Annabeth. Cheguei ao quarto do meu pai e vejo que Annie está encolhida perto da parede.

   - Annie - sussurro me ajoelhando ao seu lado puxando-a para um abraço, aloira esconde o rosto na curva de meu pescoço, enquanto eu me delirava ao sentir seu cheiro, ficamos ambos calados por um tempo, eu acariciando seu cabelo, e ela me apertando mais. Até que nos separamos, passei a mão pela sua bochecha.

   - O que aconteceu? – perguntei com a maior delicadeza, ela apenas deu de ombros.

   - O mesmo de sempre, mas nada de mais – Annabeth era sempre assim, misteriosa e orgulhosa demais para se abrir, mas respeitei sua opinião, me levantei e ajudei-a a ficar de pé. Quando íamos saindo, a loira segura meu pulso, fazendo-me encarar seus olhos cinzentos, agora mais cristalinos, quase azuis.

   - Obrigada – disse sorrindo. Me aproximei  ficando a centímetros dela, podia sentir sua respiração e seu hálito de morango, delicadamente retiro sua franja que caia sobre seus olhos.

   - Por nada Sabidinha – outro sorriso se forma em seus lábios avermelhados, não pude deixar de sorrir também – Mas Annie, aquela mulher é louca, isso não vai ficar assim.

   Annabeth arregalou os olhos, e segurou meus braços.

   - Me prometa que você não vai fazer nada – sua voz demonstrava algo diferente nela, demonstrava medo, desespero.

   - Mas Annie...

   - Me prometa Percy – diante dela, eu não conseguiria negar, então assenti.

   - Eu prometo – percebi seus ombros relaxarem, ainda estávamos muito próximos, ela então passou a mão pelo meu cabelo descendo pelo meu rosto, e lançou um olhar de agradecimento.

   - Vamos cabeça de alga, ou vamos chegar atrasados – estávamos perto da escada, quando decidir brincar um pouco. Sem que ela esperasse a peguei e a joguei por cima dos ombros igual saco de batatas.

   - Percy, seu cabeça de vento me solta – a loira se esperneava, mas acabou rindo junto comigo.

   - Acalma ai Annabeth, você agora vai andar no expresso Jackson – falei e em troca recebi um tapa na cabeça.

   - Percy a visão daqui de baixo não está das melhores – reclamou me arrancando uma gargalhada.

   - Pois a daqui de cima está.

   - Pare de olhar minha bunda seu tarado – comecei a descer a escada.

   - Ei – protestei rindo – Não sou tarado.

   Annabeth ainda tentava se livrar, mas em vão.

   - Percy quando eu sair daqui vou quebrar seu outro braço – eu sabia que estava mexendo com fogo, mas a vida só é bem vivida quando se arrisca. Acabei de descer com ela em meu ombro, agora vinha à parte mais difícil, coloca-la no chão e sair correndo. Bom, tentei fazer um movimento rápido, mas ela acabou no chão e me fuzilando preparei para correr, mas Annabeth colocou o pé fazendo-me ir de cara no chão. A loira então subiu em cima de mim e prendeu meus braços, ela tinha uma força sobrenatural para uma garota, mas acabei lembrando-me que ela não era uma menina comum e sim Annabeth Chase.

   - Seu besta, filho da mãe – enquanto ela me xingava, eu ria de sua cara, até que Annie se sentou do meu lado puxando meu braço esquerdo, sim pessoal ela estava me dando uma chave de braço.

   - AIAIAIAIAI – eu gritava, até que a porta se abriu e um Nico confuso apareceu. Se não fosse pela dor que eu estava sentindo, com certeza teria caído na risada com sua expressão – Nico será que podia para de olhar com cara de babaca e me ajudar aqui.

   Ele pareceu se tocar, largou sua mochila no chão e foi tentar desgrudar Annabeth do meu braço.

   - Nico isso é entre eu e ele – rosnou a loira.

   - Annie amigo, amigo – brincou o moreno passando a mão pelo cabelo de Annabeth.

   - Nico – praticamente gritei – Tira essa maníaca de mim.

   Acho que não podia esperar muita ajuda do Di Angelo, pois ele mesmo caiu no sofá e tinha lágrimas nos olhos de tanto rir.

   - Nicolas – o chamei – Meu braço está sendo decepado e você fica ai rindo?

   O moreno se recuperou por um momento, então se levantou e conseguiu tirar aquela louca desalmada de mim, rapidamente me levantei.

   - Garota você é maluca – disse esfregando meu braço que recebera o golpe, ela apenas deu de ombros.

   - Não mandei você olhar para minha bunda.

   - Percy não acredito que você estava olhando para bunda dela – Nico fingiu estar ofendido, mas logo soltou uma risadinha – Agora apanhar para uma garota – ele caiu na gargalhada.

   Annabeth e eu passamos a encara-lo, ela com a mão na cintura e batendo o pé.

   - Estamos em pleno século XXl e você ainda continua com esse machismo? Já tem mulheres trabalhando como motorista, na área de mecânica, já tem lutadoras profissionais , caminhoneiras, então Di Angelo fecha bem essa boca antes de falar uma besteira dessa.

   - Toma – falei rindo, Annie me olhou assustadoramente.

   Nico levantou as mãos como se estivesse se rendendo, mas com um sorriso no rosto.

   -Okay minha linda – falou abraçando a loira. O que? Minha linda? Que ridículo, e por que esse abraço estava demorando demais. Então puxei aquele babaca.

   - Vamos nos atrasar.

   Pegamos nossas mochilas, eu tranquei a casa e entrei no meu conversível junto com Nico, Annabeth ia de skate. No caminho, percebi que ela mandava super bem no skate, era cada manobra de louco. Chegamos a Goode e eu estacionei minha máquina e descemos, Annabeth chegou log depois se juntando a nós.

   - Devo admitir que você manda muito bem no skate – disse caminhando ao lado dela.

   - Eu sei – respondeu, Nico soltou uma risadinha eu apenas revirei os olhos.

   - Convencimento mandou lembranças – falei.

   - E eu mandei um beijo – essa garota é insuportável.

   - Chata nem um pouco hein – ironizei.

   - Só o bastante para calar a boca de algumas pessoas.

   Calei-me, mas ai percebi o que ela tinha falado.

   - Ei – protestei, ela e Nico começaram a rir.

   - Você é mesmo um cabeça de alga – a olhei incrédulo.

   - E você é mesmo muito tirada.

   - E você é nervosinho.

   - E você é uma desalmada

   Nico assistia igual a uma partida de ping-pong.

   - E você é burro – parei de andar.

   - Burro? – perguntei irritado.

   - Sim, burro.

   - Eu não sou burro.

   - É sim, seu burro.

   Quando percebemos nós estávamos gritando um com o outro, atraindo atenções de todos, até que Nico se interfere.

   - Ei vocês dois parem – ele alterou a voz – Estão parecendo crianças.

   - Foi ele/ela que começou – falamos em uníssonos eu apontando para ela, e ela apontado para mim. Annabeth me deu um tapa no braço.

   - Para de roubar minhas falas – passei a mão onde levei o tapa.

   - Annabeth será que você tem problemas mentais?

   E começamos a discutir de novo, aos berros. Até que minha amável priminha do coração chega.

   - PAREM – gritou – Vocês dois estão igual cão e gato.

   - É, mas eu sou o gato – falei convicto, e recebo outro muro no braço – Ai, isso está virando mania né – Annabeth apenas deu língua.

   - Gato não sei aonde – estreitei os olhos para ela.

   - Querida, eu sou todo gato.

   Annabeth soltou uma risada irônica.

   - Percy, você esqueceu de tomar seus remédios hoje? – perguntou fingindo está preocupada, ergui uma sobrancelha, já estava prestes a responder quando Thalia ergue a mão, fazendo sinal para pararmos.

   - Estou aqui para saber se a banda ainda está de pé – disse a punk. Olhei para Annabeth e deixei meu orgulho de lado.

   - Sim ainda está de pé – pelo canto do olho pude vê-la sorrindo – Ensaio lá em casa hoje.

   - Ou ou ou – falou Annie – Hoje não posso.

   - Por que? – Nico perguntou.

   - Rafael está aqui, e bem, fiquei de me encontrar com ele.

   Senti a raiva crescendo dentro de mim, novamente esse Rafael.

   - Então você vai trocar a banda pelo seu amiguinho? – senti todos olharem para mim.

   - Amiguinho não, ele é mais que um amigo para mim, e sim, hoje eu vou sair com Rafa.

   - Então vai Annabeth Chase, sai com seu amiguinho que é mais que amigo e deixa a gente então – estourei, ela levantou uma sobrancelha me encarando, mas nada disse.

   - Annie porque você não leva seu amigo então – propôs Nico, o olhei prestes a pular em seu pescoço.

   - Pode ser – falou a loira, eu permaneci calado.

   - Percy qual o motivo de você está tão irritado? – Thalia perguntou.

   - Eu não estou irritado, porque eu estaria irritado, só porque você pensa que eu estou irritado, não quer dizer que eu esteja irritado, eu nunca que estaria irritado, irritação pra mim não existe, entendeu? Não estou irritado – gritei atraindo olhares.

   Annabeth revira os olhos.

   - Aff irritadinho – e sai, acompanhada de Thalia. Era incrível como ela conseguia me deixar naquele estado, furioso, mas ao mesmo tempo feliz. Essa tarde ainda ia dá o que falar.