A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 9
Capítulo 9 - Tentando Ser Um Bom Pai


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas, como estão?

**
Esse capítulo é dedicado especialmente a Ariane Dorali de Souza e Rosalie Potter, que recomendaram a fic. Meninas, que coisa linda o que vocês escreveram, eu ameiii muito. Obrigada!!

**
Agora vamos matar a saudade desses danados :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/328735/chapter/9


Após ter terminado seu banho, sentindo-se renovado, Emmett foi ao escritório onde realizou algumas ligações, relacionadas à empresa da família.


A pequena Julia continuava distraída, no quarto de hospedes, assistindo à TV. Estava tão quieta envolvida em seu mundo, de diferentes formas e cores, que por um fugaz momento Emmett chegou a esquecer-se que ela estava no apartamento. Era estranho, mas, às vezes, ele ainda esquecia-se de sua presença quando ela ficava quieta demais.


Passava das dezenove horas quando Emmett decidiu ir a cozinha descongelar algo para comer. Desde que sua esposa, Rosalie, decidira sair de casa que suas refeições resumiam-se a congelados e alimentos de fast foods. Não andava disposto a frequentar restaurantes caros, nos últimos dias, onde grande parte dos frequentadores assíduos eram conhecidos seus. Loucos para especular o porquê de não estar acompanhado da esposa.


Já com os amigos mais chegados, não havia desconforto, talvez, por esse motivo Emmett estivesse sempre acompanhado por esses, em casas noturnas, enchendo a cara. Como ele mesmo dissera para sua mãe: estava afogando as magoas, tentando entender o fato de sua esposa ter lhe dado o pé na bunda, e esses amigos não o jugavam.


Enquanto mexia na geladeira Emmett pensara. “Quem diria Emmett McCarty, a filha que você jurava, de pé junto, não ter nascido está agora com você.”


Maneou a cabeça ao notar que sua geladeira estava recentemente abastecida com diversos alimentos infantis. Certamente sua mãe estivera ali, em sua ausência, e abastecera com tudo o que uma criança pudesse se alimentar.


Da geladeira, retirou uma lasanha e uma latinha de Coca-Cola. Inseriu a lasanha no microondas, ajustando o tempo de preparo. Aproximou-se do balcão, se deparando com a meia dúzia de mamadeiras que comprara para Julia mais cedo. Perguntou-se se deveria esterilizá-las antes do primeiro uso. Por via das dúvidas, decidiu lavá-las com o jato de água quente, da torneira de inverno.


“Será que ela dormiu? Está tão quita”, pensou ele enquanto lavava todas as mamadeiras. Irônico, mas, ele jamais se imaginou fazendo tal coisa. Entretanto, o destino o acertou em cheio, lhe presenteando com sua gotinha de amor. Sem que o coração ranzinza se desse conta, um sorriso de satisfação suavizou seu rosto.


Dirigiu-se novamente até a geladeira onde, dessa vez, pegou a caixa de leite. No armário encontrou o achocolatado que procurava. O micoondas apitou avisando o termino da lasanha. Emmett retirou sua janta, deixando-a sobre o balcão, e em um recipiente colocou o leite para aquecer. Em pouco tempo estava pronto, inseriu o leite a mamadeira juntamente com o achocolatado e uma pitada de açúcar, chacoalhou algumas vezes, em seguida testou a temperatura no dorso de sua mão esquerda.


Movimentando-se na cozinha, maneou a cabeça, ainda não acreditando naquilo que estava fazendo. No que estava fazendo nas últimas horas. Decidiu ir ao quarto de hospedes levar a mamadeira para a pequena Julia. Lá, ele a encontrou cochilando com a chupeta na boca e seu paninho colado a uma das bochechas. Na TV passava um desenho, o qual Emmett desconhecia, uma vez que sua casa jamais foi frequentada por crianças, nem mesmo por filhos de amigos seus. Tudo isso chateava muito Rosalie, toda essa resistência a deixava sem saída. Ela já trabalhava com festas infantis quando ele a conheceu, ele sabia de seu amor por crianças, mas parecia não se importar.


- Ei, gotinha – disse Emmett ao se aproximar da cama.


Ao som daquela voz, a pequena Julia abriu os olhinhos, sonolentos, coçando-os devagar. Ao vê-lo com a mamadeira na mão, ela institivamente retirou a chupeta da boca e estendeu o bracinho para recebê-la.


Emmett entregou a mamadeira para a filha, como se não acreditasse que ela era real, ou apenas ilusão de sua mente. Talvez, pela culpa, por não ter feito o que sua esposa queria tanto.


- Obligada, papai... – agradeceu, antes de se recostar novamente aos travesseiros com a mamadeira na boca. Seus olhinhos ainda pareciam bem sonolentos, tanto que Emmett pensou que ela não fosse terminar de tomar o leite antes de cair no sono.


- Está gostosinho? – perguntou Emmett, observando-a com atenção. Julia maneou a cabeça positivamente enquanto sugava o bico da mamadeira com muita vontade. Até começara a balançar os pezinhos, sentindo-se bem à vontade.


Emmett sorriu consigo mesmo diante a cena graciosa que era ver sua filha, sua gotinha de amor, tomando a mamadeira, balançando o pezinho. Como se houvesse nascido naquele apartamento, sentindo segurança naquele lar.


- Julia, eu vou voltar para a cozinha, ok? Vou jantar, depois volto aqui para ver como você está – ele caminhou em direção à porta, mas antes de se retirar permitiu-se dar mais uma olhada em sua filha. Algo em seu intimo confessou que Julia era uma criança adorável, e, irrevogavelmente, era uma gracinha em todos os momentos. “Talvez Rose e a minha mãe tenham razão. Ser pai é algo bom”, concluiu ele em pensamento.


Caminhou até a cozinha, pensando em Rosalie. Em o quanto gostaria que ela estivesse ali, dividindo esse momento com ele. Sentou-se à mesa e começou a comer sua lasanha em silêncio. Jamais se acostumaria estar longe de sua esposa. Era tão estranho ter que jantar sozinho, tanto quanto qualquer coisa que fizesse sem a companhia de Rosalie. Minutos depois, ele terminou de jantar, porém, continuou sentado à mesa, canalizando seus pensamentos nela. Na mulher que ama, na mulher pela qual ele deixou a mãe biológica de sua filha no passado. 


Nesse meio tempo, Julia apareceu na cozinha, segurando em uma das mãos a mamadeira vazia, e na outra o pônei de pelúcia cor de rosa. Ela estava fascinada com aquela pelúcia, essa era a verdade. Não era a toa que lhe dera o nome de “carinho”. Carinho era tudo o que aquela criança precisava.


- Você tá tliste, papai? – questionou, com os olhinhos curiosos, parada em frente ao pai.


Emmett levou alguns segundos para entender que aquela criança, mesmo sendo praticamente um bebê, estava preocupada com ele. De repente sentiu-se miserável ao lembrar que, no passado, pagou para que aquela gotinha de amor fosse impedida de vir ao mundo. Por ironia do destino Deus não permitiu que tal crime fosse cometido. E hoje a culpa da decisão errada o atormentava.


Olhando nos olhos daquela criança, exatamente iguais aos seus, ele decidiu que Julia jamais ficaria sabendo disso. Não por ele.


Passou a mão direita na testa da filha, afastando alguns fios de cabelos para o lado.


- Não – disse ele, em reposta a pergunta dela. – Só estou pensando na vida – ele recebeu a mamadeira da mão de Julia e colocou sobre a mesa. – Você quer mais leite? – ela maneou a cabeça negativamente.


Julia coçou os olhinhos, antes de perguntar algo que Emmett jamais poderia ter imaginado.


- Você tá tom saudade da minha mamãe?


Emmett a encarou, completamente confuso. – De quem você está falando, gotinha? Da Savannah? – arriscou, semicerrando os olhos.


Julia contorceu o rostinho, em uma careta, como se estivesse sentindo dor, e seu lábio inferior se projetou em um beicinho. Apenas o nome daquela mulher cruel, lhe causava desconforto.


- Avannah não é uma mamãe – disse ela, quase chorando. – A mamãe que tem ali – apontou o dedinho indicador em direção à sala de estar.


Emmett sorriu, de orelha a orelha, com as palavras inocentes da filha. Certamente que sua esposa Rosalie soltaria fogos de artificio se presenciasse aquela gotinha de amor referisse dessa maneira a ela.


- A Rose – disse ele, orgulhoso. – Você gostou mesmo dela, desde o primeiro instante que entrou aqui e viu aquela foto, não é?


- Minha mamãe... – repetiu Julia, com convicção, mesmo estando sonolenta, e piscando os olhinhos, tentando não dormir.


- Sim gotinha, ela é sua mamãe. Ela só não descobriu isso ainda, mas ela é a mamãe que você precisa, e você a criança que ela tanto desejou.


- Pulque ela nunca chega?  Ela foi embola pla bem longe, papai?


- Em algum momento ela vai voltar – disse Emmett, após um suspiro, cansado.


- Vamo bucá ela – disse Julia, estendendo sua mãozinha direita para Emmett, em um convite.


Com a saudade invadindo seu coração, Emmett suspirou antes de responder.


- Vamos deixar isso para depois, está bem?! É muito tarde, já está escuro lá fora. É hora de garotinhas irem dormir.


- Oto dia que não tivé esculo? – perguntou Julia.


Emmett não soube o que responder. Era tão estranho não saber o que dizer para uma criança. Havia ido buscá-la três vezes, dentro de um mês, e as três vezes foram um fracasso, o que ocasionara em mais discussões entre o casal, e Emmett encher a cara em uma casa noturna, tentando esquecer o fracasso de seu casamento.


Entretanto, agora era diferente, ele sabia que Rosalie voltaria rapidamente pela aquela gotinha de amor, mas não estava disposto a aceitar que somente isso fosse o motivo de seu retorno. Gostaria que ela voltasse por ele também.


Emmett ficou de pé, recolheu a louça que usara e a mamadeira, levando até a pia. Arriscou-se a lavar manualmente, embora bastante sem jeito. Era tão pouca louça que não valia a pena ligar a maquina de lavar.


Com dificuldade, Julia subiu na cadeira que Emmett estivera sentado antes. Colocou seu pônei sobre a mesa, e, de pé na cadeira, ela começou a brincar com ele. De repente ela pediu outra vez.


- Bucá ela, papai. Bucá a minha mamãe...


De costas para a filha, tentando mudar de assunto, Emmett fez um pedido.


- Canta uma musica para o papai?! Uma dessas músicas de criança – completou.


Fazendo de conta que o pônei saltitava sobre a mesa de jantar, Julia respondera. – Eu não sei... O calindo também não sabe.


Surpreso com a resposta da filha, Emmett virou para olhá-la. Em sua mão ele segurava o garfo cheio de espuma. Seu olhar era de incredulidade. Como assim, uma criança que não sabia cantar uma única musica?!


- Nenhuma? – insistiu ele, surpreso.


- Eu não sei papai. Diculpa... – se desculpou como se Emmett fosse ficar bravo por isso. – Onde eu molava não tinha musiquinha, nem desenho. Nem blinquedo... – seus olhinhos inocentes ficaram tristes, então, ela abraçou o pônei como se temesse perdê-lo.


Agora as coisas começavam a fazer sentindo para Emmett. Por isso sua gotinha de amor passara horas, no quarto de hospedes, com os olhinhos vidrados na tela da TV, sem incomodá-lo. Por vezes, ele chegara até esquecer-se de sua presença.


- Oto dia a moça contou uma histolinha pla mim – disse Julia, colocando novamente o pônei sobre a mesa.


- A moça que te levou no meu escritório? – perguntou Emmett. 


- Aham... – murmurou Julia.


- Ela era legal com você?


- Ela não ficava bava. Você fica bavo papai, mais – disse ela arrastando a palavra. – Eu quelo ficá com você e com a minha mamãe. Bucá ela papai – pediu olhando para Emmett, com os olhinhos sonolentos e a voz chorosa.


- Eu já expliquei isso para você Julia. Agora o papai não pode ir.


- Oto dia que não tivé esculo... – repetiu Julia, segundos antes de quase cair da cadeira. Emmett jogou o garfo dentro da pia e correu, em uma tentativa de segurá-la. Com o susto da quase queda, Julia tremeu, começando a chorar.


- Está tudo bem, gotinha. O papai está aqui, não vou te deixar cair – disse Emmett, segurando os ombros de Julia. – Quer aprender a cantar uma musiquinha? Bem, é a única que eu sei – sorriu consigo mesmo.


Com os olhos cheios de lágrimas, Julia olhou para o pai, maneando a cabeça positivamente.


- Certo! – disse Emmett. – Preste atenção para aprender direitinho, para quando sua mamãe voltar você cantar para ela – a pequena Julia sorriu, revelando suas covinhas iguais as do pai, mesmo com lágrimas nos olhos, a ideia lhe pareceu muito boa. “Que meus amigos não me vejam cantando isso”, pensou ele antes de começar. – A dona aranha subiu pela parede, veio a chuva forte e a derrubou, já passou a chuva, o sol já vem surgindo, e a dona aranha continua a subir ...


Julia o interrompeu. – Eu não goto de alanha. Tenho medo, papai – resmungou mexendo ambas as mãozinhas uma na outra, com cara de choro.


- Tudo bem. Vamos fazer uma nova versão disso aí – sugeriu Emmett, tentando animá-la, antes de recomeçar. – A dona aranha feia subiu pela parede, a Julinha chamou o papai e ele a matou.


A pequena Julia gargalhou gostosamente, com os olhinhos ainda molhados de lágrimas. Então ela decidiu cantar a nova versão recentemente feita pelo seu papai.


- A dona alanha feia subiu pela palede, e a Julinha chamou o papai e ele matô – ela olhou para Emmett e lhe sorriu, chegando a fechar os olhinhos, o que fez o coração, não mais tão ranzinza assim, se encher de alegria. Então ela continuou, cantando uma parte criada por ela mesma – Pulque o papai é bonzinho e não deixou a alanha feia atlas de mim.


Pai e filha gargalhavam, quando foram interrompidos pelo som da campainha.


- Ei, deve ser a vovó e o vovô que ficaram de vir te ver – disse Emmett, cutucando a barriga de Julia com o dedo indicador. Julia se encolheu encostando o rostinho ao ombro.


Emmett a desceu da cadeira. Assim que Julia pisou ao chão saiu correndo, agarrada ao pônei, indo em direção ao hall de entrada.


- Essa correria toda é só para vê-los? – brincou Emmett, indo logo atrás da garotinha ansiosa. – Assim eu vou ficar com ciúmes.


Ao pararem em frente à porta, ele parou com a mão na maçaneta, provocando Julia, que mexia ambos os pezinhos impaciente. Sorrindo, Emmett abriu a porta, surpreendendo seus pais e sua irmã caçula, Alice.


- Minha vovozinha... – cantarolou Julia, agarrando ambas as pernas de Esme.


- Como vai o meu pedacinho do céu? – disse Esme ao pegá-lo ao colo.


Ao entrarem no hall, Carlisle e Alice cumprimentaram Emmett. Esme estava distraída com a neta, mas não deixou de sorrir para o filho, orgulhosa de como ele estava se saindo como pai “solteiro”.


Alice se apoiava ao pai, por conta de seu pé imobilizado pela botinha ortopédica.


- Ei, coisa mais gostosa da titia – disse Alice, apertando ambas as bochechas de Julia, que estava no braço da avó. – Parece que esse ranzinza está cuidando direitinho de você – Julia lhe sorriu.


Carlisle se aproximou, pegando a neta nos braços. – E esse pônei bonito quem te deu? – brincou ele.


- O calinho, foi o meu papai – disse Julia, orgulhosa, apontando o dedinho indicador para Emmett.


- E o nome dele é carinho?


- Aham... – respondeu ela, sorrindo para o avô, que lhe deu um beijo na bochecha.


- Ah que fofo – disse Alice. – O nome dele é calinho, quer dizer, carinho – sorriu.


Esme aproveitou que Carlisle pegou Julia no colo, e foi retirar um monte de sacolas que estavam no hall do elevador. Emmett a acompanhou para ajudá-la com as sacolas.


- Não precisava comprar nada para ela, mãe. Eu comprei um monte de coisas hoje.


Esme tocou o ombro do filho, carinhosamente. – Fico feliz que tenha mudado de ideia quanto a ficar com sua filha. Ah, e quanto a isso – disse, indicando as sacolas. – São só alguns mimos para a minha neta. São alguns jogos de cama infantil e alguns brinquedos.


Emmett rolou os olhos ao recolher algumas sacolas levando-as para a sala de estar, onde os outros estavam. Julia recebia mimos do avô e da tia a todo instante. Seus olhinhos azuis brilhavam.


- Vovó? – Julia a chamou, assim que viu Esme chegar à sala.


- Fala coisa linda da vovó.


Julia sorriu dengosa se recostando ao peito do avô. – Papai sinou uma musiquinha pla mim – disse ela, sentada na perna do avô. Alice estava sentada ao lado de Carlisle, o que a fazia estar ao lado de Julia também.


- Canta para a vovó e vovô – Carlisle pediu.


Julia o olhou, encostando sua mãozinha direita a bochecha de Carlisle. – De vedade que pode cantá?


- Claro que sim – confirmou Carlisle.


Então a pequena Julia olhou para todos a sua volta, e começou a cantar quase que sussurrando, apertando os dedinhos ao redor do pônei.


- A dona alanha feia subiu pela palede, a Julinha chamou o papai e ele matô...


Todos sorriram da nova versão da música infantil, Carlisle aproveitou que estava com a neta no colo e lhe beijou a bochecha.


- Coitada da dona aranha, morreu esmagada na big mão do Emmett – disse Alice.  Nunca pensei que viveria para ouvir essa versão onde a dona aranha se torna, era uma vez – sorriu.


Julia fez beicinho. – Não titia, elas são feias. E tem um monte de péna.


Esme, Carlisle e Emmett sorriram. Alice continuou tentando aceitar aquela versão.


- Mas porque ensinou ela a cantar dessa maneira, filho? – Esme quis saber, achando que fosse malcriação de Emmett.


- Porque quando eu cantei a versão original da música, ela me disse que tinha medo de aranhas, mãe. – disse Emmett, em sua defesa.


- Está vendo filho que estou com a razão – disse Esme. – Você cuidando de sua filha só trará resultados benéficos, tanto para você, quanto para ela. Se eu, ou uma babá, cuidasse da Julia para você, isso jamais seria possível. Vocês continuariam distantes. Percebe agora onde estou querendo chegar, quando imponho que você mesmo cuide de sua filha?!


- Mas isso é muito complicado mãe. Não vou negar que houve momentos que gostei de estar com ela. Ela é engraçada e fofinha, mas não posso fazer isso sozinho – resmungou ao sentar em um dos sofás.


Alice já tinha esquecido sua ofensa com relação à nova versão da canção da dona aranha, e já cantarolava com a pequena Julia, tendo Carlisle como “jurado”.


- Eu sei que é complicado filho, mas tudo de bom que se faz nessa vida tem uma recompensa. Não vai me dizer que em algum momento você não se pegou com um sorriso bobo no rosto? E nem mesmo soube ao certo sua origem?


Emmett encarrou o chão, um tanto envergonhado.  – Bem – disse ele. – Confesso que ela me fez sorrir algumas vezes. Algo que já não fazia há algum tempo. Desde que as discussões entre Rose e eu começaram...


- Está vendo filho. Isso é apenas o começo de uma jornada cheia de sorrisos e carinho. Ser pai, ou mãe, é das melhores coisas da vida. Você vai perceber isso com o tempo. O tempo é o senhor de tudo.


- É, talvez você esteja certa – resmungou, encarando as próprias mãos. Era difícil para ele ter que admitir para a mãe que estava gostando de ter a pequena Julia ao seu lado, uma vez que outrora agira de forma vergonhosa.


- Você tem alimentado ela direitinho? Eu abasteci sua cozinha hoje com coisas que, talvez, ela possa gostar. Mas, confesso que estou preocupada em relação a algum tipo de alergia.


- Eu sabia que tinha sido você, mãe – disse ele, com um sorriso de covinhas.


Esme lhe sorriu como se tivesse sido pega no flagra. – Além de sua esposa, eu sou a única pessoa que disponibiliza de uma copia da chave do seu apartamento. Embora eu só use em caso de emergência, e, alimentar a minha neta é de grande emergência. Na sua cozinha não havia nenhum tipo de alimento para crianças. A não ser o achocolatado o cereal e o leite, porque você come cereal até hoje, filho.


- Mãe ninguém precisa saber disso – resmungou ele.


- Acho que seu pai e a sua irmã sabem bem disso. Não é nenhum segredo para eles. E a Julinha é sua filha, e vive com você agora. Certamente ela mesma já o viu comendo cereal.


- Ok, você venceu mãe.


- Não seja ranzinza, filho – disse Esme, tocando a mão de Emmett. – Mas, voltando à alimentação da Julia, tem conseguido fazer isso direitinho?


- Não sei exatamente o que ela gosta de comer, exceto o leite com achocolatado que ela me pediu desde a primeira vez que entrou aqui. Ela tem comido outros alimentos, mas ainda não sei suas preferencias. Ah – disse ele, parecendo lembrar-se de algo. – Ela gosta muito de batatas fritas, mas, isso todo mundo gosta. Então não há segredo.


- Ela já tomou o leite agora à noite? – Esme quis saber.


- Sim, ela terminou de tomar poucos minutos antes de vocês chegarem.


- Está se saindo muito bem, filho – elogiou Carlisle. Emmett lhe sorriu, feliz com o comentário do pai.


- É, cabeçudo, ser pai não é um monstro de sete cabeças. Talvez, de uma – brincou Alice.


- De qualquer forma – disse Esme. – Farei uma listinha com todos os alimentos que você deve inserir na alimentação diária da Julia. E nunca deixe de tê-los em casa. Acabou, pede para alguém comprar, ou me liga que farei isso para você. À medida que vocês forem se adaptando a essa nova realidade, tudo ficará mais fácil. Você vai ver filho.


Emmett pareceu pensar em algo para dizer. Mas, não encontrava as palavras certas para prosseguir...


[...]


San Diego


Rosalie estava sentada na cama, de seu antigo quarto, na casa dos pais. Seu cabelo estava preso em coque. Ela usava o notebook, conferindo o site de seu buffet infantil em Detroit. Havia deixado tudo aos cuidados de suas funcionarias, Jessica, Ângela e Emily. Elas eram boas funcionarias, e mesmo não tendo dúvidas sobre o que deveriam fazer, ainda assim, sempre procuravam Rosalie por telefone ou e-mail. A moça que procurara Rosalie recentemente, já estava com a festa de aniversario de seis anos de sua filha agendada.


Rosalie olhou para o celular, que estava ao seu lado sobre a cama, e pensou em ligar para alguém em Detroit. Alguém que ela sabia que não contaria para Emmett.


Mexendo na agenda do celular, ela decidiu ligar para Ângela. Apenas alguns segundos e a ligação fora atendida.


- Oi, Rose – disse Ângela, do outro lado da linha.


- Oi, Ângela.


- Está tudo bem, chefa? Estou te achando meio tristinha esses últimos dias. Eu sei que você não quer falar sobre isso, e, sei também que não me interessa. Mas, eu acho que aconteceu alguma coisa entre você e Emmett, por isso você está aí.


Rosalie sorriu, meio sem graça, embora Ângela não pudesse vê-la. – É verdade, nós discutimos sim. Estou tão confusa...


- Há algo que eu possa fazer para ajudá-los?


- Na verdade, não, Ângela. É um assunto bastante complexo. Mas, você pode me dizer se o viu nós últimos dias. Se ele está bem.


- Desculpa Rose. Eu não o vi. Ele não apareceu mais no buffet, nem procurou nenhuma de nós para pedir alguma informação. Ah – disse ela, parecendo se lembrar de algo. – Houve uma vez que Mike, aquele meu primo, mencionou o fato de tê-lo visto bebendo com alguns amigos. Desculpa Rose, mas, Mike mencionou que ele estava caindo de bêbado.


Rosalie sentiu-se culpada por aquilo estar acontecendo. Ela sabia o quanto ele a amava e sabia o quanto era difícil para ele ficar sozinho. E sabia, também, que muitas mulheres tentariam se aproximar. Mas, ainda assim, ela estava disposta a arriscar deixando-o sozinho.


- Ângela, em alguma dessas ocasiões, Mike mencionou tê-lo visto com alguma mulher?


- Não. Mike disse que só havia a namorada de um dos amigos dele, e que você a conhece.


Rosalie suspirou. – Obrigada Ângela. Bem, eu vou te deixar em paz agora. Qualquer coisa me procura.


- Pode deixar chefa. E, vê se volta logo, todos sentem sua falta por aqui.


- Juro que vou tentar. Tchau, Ângela.


- Tchau, Rose.


A ligação fora finalizada, com uma Rosalie angustiada pensando em Emmett. No que ele estaria fazendo agora. Se estaria sozinho no apartamento deles, ou na companhia de alguém. E se estivesse com outra mulher o que ela faria? Nem mesmo ela soube a resposta para sua pergunta interna.


Ela só não imaginava que seu marido estava agora com a filha que ela tanto desejava. Que ele estava com a família, e que tentava ser um bom pai para a sua gotinha de amor. E que até lhe ensinara a versão maluca de uma conhecida música infantil. Que sua gotinha tinha ficado triste quando ele disse que não podia ir buscá-la para ela.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? De como Emmett está se saindo como pai?

Que fofinha a Julinha pedindo para ele ir buscar a Rose ♥

Ele até ensinou ela a cantar uma musiquinha, de um jeito que ela se divertisse hahahahah

Odeio aranhas, se vocês me vissem quando vejo uma, achariam que eu estava louca de pedra. hahahahaha Nunca consegui entender porque diabos fizeram uma música infantil que fala de aranhas *indignada eternamente*

Vejo vocês nós reviews :)

Vocês não imaginam como amo respondê-los e me divirto quando alguém menciona as falas da Julinha ♥

Beijo, beijo

Sill