A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 8
Capítulo 8 - Instinto Paterno


Notas iniciais do capítulo

Capítulo chegandooooooo o/
Esse é dedicado a morgana Salvatore pela recomendação linda feita a fic. Obrigada mi amore, fiquei com um sorrisão :)) enquanto lia.

**
E lá vamos nós, desvendar um pouco mais do papai que começa a deixar de ser ranzinza ♥
Nos vemos nas notas finais :)



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No consultório pediátrico, tudo ia muito bem até chegada hora da coleta de sangue. A pequena Julia chorou horrores nos braços de Emmett, negando-se a se submeter ao procedimento médico. Em meio ao choro ela pedia com ressentimento.


“Não quelo... Não quelo... Vai ficá dodói. Não dexá ela fulá meu blacinho, papai.” – os lábios projetados em um beicinho e lágrimas rolando em suas bochechinhas coradas em meio a soluços angustiantes.


Emmett sentiu-se um monstro por ter que segurá-la contra vontade, durante a coleta de sangue, mas fora necessário, tudo o que ele pode fazer foi desejar que aquela tortura acabasse o quanto antes.


A doutora Kate Denali começou a contar historinhas divertidas para que assim Julia não chorasse tanto. Mas foi difícil, a criança estava muito assustada. Kate até lhe deu um pirulito enorme, o que fez a pequena soluçar e sorrir em meio ao choro. Então ela dissera, com a voz embargada, “Um pilili”, Emmett não pode deixar de sorrir com o que acabara de ouvir.


Após a coleta de sangue, Kate secou as lágrimas da pequena Julia, e afagou seu rostinho com carinho. Julia ainda soluçava, mas estava hipnotizada com o tamanho do pirulito. Certamente nunca tinha visto um tão grande.


- Eu ganhei um pilili, papai – disse ela, com os cílios molhados de lágrimas, olhando para o grande doce em suas mãozinhas.


- O papai está vendo – respondeu, afagando os cabelos da filha.


- É gande... – sussurrou ela.


- É sim, gotinha – respondeu Emmett. – Esse pirulito é bem grande. Vai levar muito tempo para chegar ao final.


Olhando para Kate, ele a chamou em um canto, e perguntou o que mais o estava preocupando. Revelou o medo de que sua garotinha tivesse sido molestada pelo maldito namorado da mãe drogada. Kate o tranquilizou, dizendo que sua filha estava perfeitinha assim como nascera, ninguém havia a tocado dessa forma.


Emmett olhou para a filha, que lambia o pirulito, e com um suspiro ele voltou para perto dela, pegou o vestidinho que estava sobre a maca de exames, para vesti-la novamente. Mas ele parecia um tanto atrapalhado, então Kate fez isso para ele. Assim que Kate terminou, ele pegou sua gotinha de amor nos braços, e ela se despediu da doutora, e juntos, pai e filha, se retiraram do consultório médico.


Na volta para casa, Emmett passou na farmácia onde comprou os medicamentos que a doutora prescreveu na receita. Algumas vitaminas, anti-inflamatório para os hematomas, cicatrizante em gel para as queimaduras de cigarro. Até que saíssem os resultados dos outros exames isso era o bastante. Kate também o aconselhou que marcasse uma sessão inicial com a psicóloga infantil para ajudá-la a superar os traumas.


Emmett estava a dois quarteirões de seu apartamento quando Esme ligou para o seu celular. Ele atendeu usando o bluetooth. Apertou um pequeno botão próximo ao volante, deixando no viva voz.


- Oi, mãe – disse ele, ainda prestando atenção no trânsito.


- Oi, filho. Como foi lá na clinica? Onde e como está a Julia agora? Você não judiou dela, judiou?


- Calma mãe...


- Minha vovó... – sussurrou Julia ao reconhecer o timbre daquela voz.


- Olá, meu pedacinho do céu. Fala para a vovó como você está?


- Tô bem vovó.


- Ah, que bom meu amorzinho à vovó estava preocupada. O seu papai foi malvado com você hoje?


Julia olhou para Emmett, com seus olhinhos ainda indicando que havia chorado recentemente. – Não vovó...


Incomodado, Emmett entrou na conversa.


- Mãe eu estou aqui – resmungou enquanto dirigia.


Esme maneou a cabeça ao ouvir sons de buzinas, e isso a deixou em alerta.


- Filho você está dirigindo?


- Sim mãe, mas estou com ambas às mãos ao volante, ok.


- Me ignore filho. Irei apenas me despedir de minha neta. Emmett rolou os olhos, embora Esme não pudesse vê-lo. – Então Julinha fala para a vovó se a doutora Kate foi boazinha com você, meu anjinho? – pediu.


- Ela me fulou... – respondeu ressentida.


- Ah que feia, furou a garotinha da vovó – brincou Esme. – E ela furou a garotinha da vovó com o que? – Esme já podia imaginar com o que, mas perguntou somente para ouvi-la falar com seu jeitinho fofo.


Julia suspirou antes de responder. – Com uma gula. Mas ela não é feia vovó. Ela deu um pilili pla mim – sorriu olhando o pirulito entre ambas as mãozinhas. Emmett também sorriu, olhando-a através do espelho retrovisor.


- Foi mesmo, amor?!


- Aham... Um bem gande.


Esme sorriu. – Não vai comer tudo, e depois ficar com a barriguinha doendo, hein?! – Julia sorriu. – A vovó vai desligar está bem? Depois passo na casa do seu papai para te ver. Tchau, meu pedacinho de céu.


- Tchau vovó.


- Te vejo mais tarde filho. Depois do jantar seu pai e eu iremos até seu apartamento para que nos conte como está sendo a experiência de aprender a ser pai. Beijo, filho.


- Beijo, mãe.


Mais alguns minutos, e, Emmett entrou na garagem subterrânea do prédio onde vive. Saiu do veículo, retirou a filha e a levou no colo para o apartamento. Foi preciso voltar duas vezes para recolher todas as sacolas com as compras que fizera durante o dia. Enquanto isso, Julia ficou andando de um lado para o outro dentro do apartamento, se lambuzando com o pirulito.


Assim que todas as compras estavam no hall de entrada, ele levou tudo para o quarto de hospedes, o qual a pequena Julia estava usando atualmente. Se preocuparia em organizar todas as coisas somente depois. Estava cansado, ansiava por um banho, mas antes precisava dar banho na filha, sua gotinha de amor.


Julia estava abraçada ao pônei, e segurava o pirulito com uma das mãozinhas. Seu rostinho estava totalmente lambuzado e grudento.


- Papai dexá eu assisti um desenho? – pediu enquanto seguia Emmett.


- Depois gotinha, agora é hora do banho – avisou, recolhendo os produtos de higiene infantil que estavam nas sacolas, e levando-os para o banheiro do quarto de hospedes. Inclusive um dos dois peniquinhos que comprara. O outro ele levaria para o banheiro do corredor logo mais.


Julia lembrou-se do banho que tomara anteriormente e isso a preocupou.


- Não pecisa... – tentou cair fora.


Emmett saiu do banheiro, parando recostado ao batente da porta.  – Ei, precisa sim. Você passou o dia inteiro de um lado para o outro. Sem falar que está grudando de doce. Eu não vou lavar o seu cabelo. É só um banho rápido, ok.


- Não pecisa papai, eu tô cheilosa – disse ela, encostando o rostinho ao ombro. – Quelo assisti um desenho. Oto dia eu tomo banhinho.


- Eu sei que você está cheirosa, mas colabora comigo vai?!


- Não pecisa... – choramingou.


- Julia, agora – exigiu Emmett.


Com os olhinhos arregalados, Julia desceu da cama se arrastando devagar, segurando o pônei e o pirulito.


- Os dois ficam aí – avisou Emmett. – Deixa o pirulito na mesinha e o pônei na cama. Quando você voltar eles estarão ai onde você os deixou.


Julia fez o que o pai sugeriu, mas antes de correr para o banheiro ela beijou o pônei de pelúcia cor de rosa.


Emmett maneou a cabeça, inconformado, porque o pônei certamente ficaria grudento e depois ela iria querer dormir com ele. – Fica tranquila, ele não vai fugir. Com você dando tanto amor a ele assim, é impossível que isso aconteça.


- Você vai dá amô pla mim, papai? – perguntou, olhando para cima, com os olhinhos azuis brilhando na expectativa.


Emmett sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto seu rosto se torcia em uma careta.  Devagar ele tocou a pontinha do nariz de Julia.


- Vai para o banheiro gotinha.


A pequena Julia saltitou entrando no banheiro, e Emmett foi logo atrás.


- Você já deu um nome pro seu pônei?


- Eu já dei sim – disse ela, segurando na perna da calça que o pai usava.


- E qual foi?


- É calinho.


- Porque carinho? – questionou Emmett, curioso.


- Pulque ele gota de calinho. Ele disse pla mim que gosta de ablaço e de beijinho.


- Ah faz sentido. Bom, vamos tentar um milagre para não molhar seus cabelos – disse ele, tentando prender os cabelos de Julia com um elástico. Mas para ele aquilo parecia uma coisa do outro mundo. Julia fez careta ao levar ambas as mãozinhas à cabeça. E logo deu sinais de que iria chorar.  Notando a reação da garotinha Emmett se desculpou. – Desculpa, foi mal. Vamos prender dentro da touca, acho que é melhor – ele se afastou e pegou a touca de banho, fez um amontoado com os longos cabelos da filha, juntando tudo dentro da touca.


Ele também ajudou Julia a retirar o vestidinho. Antes de retirar a calcinha ela juntou as perninhas, como se estivesse muito apertada para usar o banheiro.


- Quelo fazê xixi, papai.


- Inaugura esse troninho aí – disse Emmett, com um sorriso de covinhas.


Julia retribuiu o sorriso ao correr para o seu mais novo peniquinho.


Emmett a deixou, por alguns instantes, sozinha, inaugurando o troninho. Enquanto isso foi escolher uma roupa confortável para a filha vestir depois do banho. Pegou um conjuntinho de short com blusa em tons de lilás e branco, com tema das princesas, e uma calcinha com estampas de florzinhas. Deixou tudo sobre a cama do quarto de hospedes ao lado dos medicamentos e retornou ao banheiro, onde a encontrou ainda sentadinha ao troninho, que estava terminando de tocar uma musiquinha. 


- Ei você tomou quantos litros de água hoje? – brincou ele.


- Eu fiz o númelo dois – avisou, mexendo ambas as mãozinhas. – Ele tocou musiquinha, papai. Eu gosti dele.


- Eu estou perdido – resmungou Emmett. – E agora como é que a gente resolve isso? Você sabe se limpar? – Julia deu de ombros. Emmett passou o papel higiênico para as mãozinhas dela, que o olhava como se dissesse “e agora?”.  – Limpa isso aí direitinho, e entra no box que o papai vai te ajudar no banho.


Julia olhou para ele com os olhinhos brilhando com ternura.


- O que foi? – disse ele.


- Você falou “o papai” ota vez – disse ela, apontando o dedinho indicador para Emmett.


- Bem, se eu não estiver enganado é isso que eu sou, não é?!


- Mais oto dia, você tava bavo. Assim oh – Julia fez cara de mal, olhando para Emmett.


Emmett sorriu, mesmo tentando não fazer isso. – E eu vou ficar bravo outra vez se você não for para o banho agora.


- Ainda o popô tá sujo – disse ela, coçando o olhinho esquerdo.


Emmett gargalhou, puxando um pedaço de papel higiênico – Levanta daí – disse ele. Julia ficou de pé, e ele mesmo a limpou. Depois ela correu peladinha para o box, e Emmett a seguiu. “Cadê você Rose? Vem me ajudar, amor”, pensou ele, enquanto abria o chuveiro.


Emmett sorriu consigo mesmo ao colocar sabonete liquido infantil em uma esponja de banho em formato de patinho. Aos olhos dele tudo parecia tão divertidamente fofo.


- Nunca me imaginei fazendo isso – resmungou ele, agachado, começando a esfregar os bracinhos e perninhas de Julia com a esponja enquanto ela brincava com as gotas de água que caíam do chuveiro.


 Julia gargalhou quando Emmett a fez segurar em seu pescoço, enquanto o mesmo esfregava seus pezinhos com a esponja.


- Faz coquinha, papai – disse ela, agarrada ao pescoço dele.


- Nunca ouvir falar dessa tal de coquinha – brincou Emmett, lavando o rostinho dela, que piscou os olhos varias vezes seguidas. Onde havia as queimaduras de cigarro em fase de cicatrização ele não esfregou a esponja. – Agora é com você – disse ele assim que enxaguo os pezinhos da filha e a colocou de pé usando chinelinhos. – Lava essa florzinha aí – avisou.


- Cadê, papai? – perguntou, sem saber ao que ele se referia.


- Cadê o que? – ele perguntou de volta.


- A flózinha – respondeu ela, estendendo as mãozinhas.


 - Ah, é esse fazedor de xixi – respondeu, sorrindo.


Julia olhou para si mesma e depois gargalhou. Emmett lhe entregou a esponja de banho, encantado com sua gotinha de amor. Ele tinha que admitir; ele se divertia com ela.


- Você tem flózinha também papai?


Inicialmente Emmett quis entrar no ralo junto com a água que caia do chuveiro, mas não levou muito tempo ele estava rindo feito bobo. Julia o olhava enquanto ele ria sem parar. Ela mantinha a cabeça levemente inclinada para o lado, sem entender o motivo de tanta graça.


- Papaizinho...


- Não gotinha, o papai tem pintinho – disse ele, meio sem jeito. Julia ergueu uma sobrancelha, igualzinho o pai fazia quando estava em duvida a respeito de algo. Emmett continuou. – Meninas tem florzinhas e meninos tem pintinho. Por isso cada um cuida do seu. E nunca. Olha para o papai, gotinha – pediu. – Nunca deixe nenhum menino ver a sua florzinha.


- Você é menino – ela tocou o dedinho indicador no braço de Emmett, que estava agachado ao seu lado.


- Eu sou o seu papai, e você ainda é um bebê. E, bem, acho que não temos muita escolha não é mesmo?! – disse ele, tocando a pontinha do nariz de Julia.


- Vovó é menina, então tem flózinha. Titia também – falou consigo mesma enquanto apertava a esponja de banho entre as mãos. Depois ela lavou a seu próprio modo a sua “florzinha”.


- Vamos mudar de assunto – pediu Emmett, meio sem jeito. – Você está com fome?


- Não papai. Eu quelo vê um desenho.


- Você vai ver desenho, calma. – disse ele ao envolvê-la em uma toalha de banho da Barbie.


- Eu gosti – confessou Julia, acariciando a toalha em volta de seu corpo pequenino.


- Eu sei, foi você quem escolheu – disse ele ao sair do box, em seguida do banheiro, carregando a filha nos braços.


Antes de colocá-la de pé sobre a cama, Emmett lhe deu um beijo na testa molhada. Retirou a touca dos cabelos dela, alguns fios haviam sido molhados, mesmo com o uso touca, porque ele não soube pôr corretamente. Ajudou Julia a se secar e vesti a calcinha. Logo depois sentou com ela em seu colo para cuidar dos machucados. Passou anti-inflamatório nos hematomas e a pomada nas queimaduras, tanto na mais recente, quanto nas mais antigas. Em seguida ajudou a vestir a roupa e lhe penteou os cabelos, deixando-os soltos, uma vez que ele não sabia como prendê-los.


Julia engatinhou sobre o colchão em busca de sua chupeta e de seu paninho. Inseriu a chupeta na boca e encostou o paninho na bochecha, agarrou o pônei novamente, recostando-se aos travesseiros.


- Desenho... – murmurou, com a chupeta na boca.


- Ei, você não escovou os dentinhos, e essa chupeta velha vai para lixo – avisou, estendendo os braços para Julia.


- Lixo não... Minha pepetinha... – resmungou, escondendo a chupeta entre os dedinhos. E, naquele momento, Emmett soube que teria problemas para se livrar da velha chupeta.


- Tudo bem, deixa a chupeta aí na cama e vem com o papai. “Depois preciso encontrar um jeito de me livrar dessa chupeta velha”, pensou ele, estendendo os braços para recebê-la.


Emmett a levou novamente ao banheiro, onde tentou ensiná-la como escovar os próprios dentinhos, porém não surtiu muito efeito. Julia gostou do creme dental e até tentou comê-lo, não fosse Emmett proibi-la, ela o teria feito.


Voltou para o quarto, deixando Julia novamente sobre a cama, chupando sua chupeta abraçada ao seu paninho e ao pônei. Ele ligou a TV, no Discovery Kids, e deixou que ela assistisse o desenho animado que tanto queria.


Antes de sair do quarto ele deu mais uma breve olhada na filha. Ela mexia em seu paninho – mantinha –, enquanto seus olhinhos estavam vidrados na tela da TV.


Emmett se retirou indo para a suíte principal, desejando um banho que o fizesse se desligar um pouco do dia estranho que tivera. Aquele dia havia sido totalmente fora dos padrões os quais estava acostumado a seguir.


Pai e filha estreitavam laços cada vez mais. A gotinha de amor o conquistava pouco a pouco...














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Notas finais do capítulo

Ele não quer admitir né gente, mas bem que se diverte com a filha.
Gostaram de como ele cuidou dela? Ele está tentando.

**

Notinha para que vocês entendem melhor como funciona a mente desse Emmett:

Ele tinha/tem horror à adoção porque ele pensava que tinha matado a própria filha. Então ele pensava assim Como criar o filho (a) de outra pessoa quando fui capaz de pagar para que o meu não viesse ao mundo.
E depois a Julinha chegou em um momento em que o casamento dele estava indo por água abaixo, então ele ficou confuso, e a raiva que ele vinha guardando foi meio que descontada na Julinha, mesmo sem ter culpa de nada.

Espero que tenha gostado do capítulo :)


E não se esqueçam de recomendar, caso ache que a fic merece.

Beijo, beijo

Sill