A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 5
Capítulo 5 - Aprendendo a Ser Pai


Notas iniciais do capítulo

Gente é melhor eu distribuir cintas porque acho que muita gente vai querer usá-las para bater em Emmett. Porque viu... No começo o ursinho/ranzinza passa dos limites.
Eita urso danado u_u



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Emmett fez o trajeto até seu apartamento, um tanto incomodado com a presença da garotinha – sua própria filha –, sentadinha no banco de trás do veículo. Na cadeirinha de segurança Julia chorava baixinho, mexendo uma mãozinha na outra, desejando ter ficado com sua vovó. Seus lábios rosados, tanto quanto uma cereja, estavam projetados em um beicinho. Tudo culpa da indiferença daquele a quem deveria amá-la.


Seus olhinhos azuis, cheios de lágrimas, não deixavam as costas de Emmett por um segundo se quer. Julia sentia-se como se seu papai tivesse dito que a odiava.



– Quer fazer o favor de parar de chorar – esbravejou, batendo uma das mãos no volante do carro minutos antes de fazer uma curva a esquerda.



A pequena Julia colocou ambas as mãozinhas sobre o rosto, como se tentasse inutilmente esconder o choro mais uma vez.



Irritado, e de cara amarada, Emmett a olhou através do espelho retrovisor.



– Quer calar essa boca?!



Julia abriu uma brecha entre uma mãozinha e outra para poder olhar seu papai ranzinza.



– Eu quelo... – soluçou em meio ao choro. – Quelo a vovó...



Emmett bufou irritado, parando no sinal de transito que fechara. Aproveitou o momento para ficar frente a frente com a filha. Girou o corpo no banco de maneira que pudesse vê-la melhor.



– Escuta bem o que vou te falar – avisou. – A sua vovó não te quer por perto – seu timbre de voz estava totalmente alterado, causando medo à criança. A pequena Julia tremeu em seu assento ao som das palavras venenosas ditas pelo seu próprio pai.



– Pulque? – perguntou no exato momento em que uma lágrima apressada desceu rolando sua bochecha, chegando ao queixo. – Eu gosti da vovó... – soluçou novamente.



– Porque ninguém te quer. Será que você não percebeu isso ainda – esbravejou sem medir o tamanho da ferida que suas palavras estavam causando ao coração daquela criança. Uma criança inocente que não pediu para vir ao mundo tampouco para ser sua filha.



Rapidamente Julia fechou os olhinhos com força, levando ambas as mãozinhas aos ouvidos para que assim não pudesse prestar atenção ao que seu pai desalmado estava profanando.



– Você é meu papai... – sussurrou em meio ao choro como se quilo fosse um mecanismo de defesa. – Papai feio... – murmurou com o beicinho tremendo.



O sinal abriu novamente, então, Emmett voltou sua atenção ao fluxo de veículos que seguia adiante.



McCarty estava sendo cruel com aquela criança já tão machucado e com grandes traumas irreversíveis. Não estava preparado para assumir a paternidade, a qual ele julgou um dia ter se livrado. Muito menos agora com seu casamento em crise.



Fora exatamente o desejo absoluto de se ter uma criança correndo pela casa que levou seu casamento a discussões fatídicas e ao fracasso. Sua esposa saíra de casa ressentida com sua falta de flexibilidade em relação ao assunto adoção. Agora veja só o quão imprevisível pode ser o destino. Emmett McCarty tinha em suas mãos, mesmo contra sua vontade, a tutela legal de uma criança. A mesma criança que pagou para que fosse abortada quando soube que viria ao mundo. Entretanto, por uma razão que só Deus saberia explicar, a garotinha, sangue do seu sangue, estava agora sentada no banco de trás de seu veículo chamando-o de papai, quando no passado ele a renegara.



Mais alguns quilômetros percorridos, Emmett chegou ao prédio onde vive. Entrou diretamente na garagem subterrânea onde estacionou em sua vaga. Desligou o motor e saiu do carro batendo a porta desnecessariamente, o que ocasionou, mais uma vez, susto inesperado a criança que era nada menos de sua filha.



Emmett deu a volta em torno do veículo, uma vez que a cadeirinha de segurança que Julia estava havia sido adaptada ao assento de trás do carona. Sem gentileza alguma ele arrancou a criança de lá.



Inesperadamente Julia envolveu seus bracinhos em volta do pescoço do pai. Naquele instante algo titubeou no coração de Emmett McCarty, no entanto, ele mais uma vez negou-se aceitar. Afastou os bracinhos de Julia sem cerimonia alguma, colocando-a de pé no chão.



Julia fungava por conta do choro. Em seu rostinho de anjo havia caminhos de lágrimas secas e também recentes.



Com os lábios projetados em um beicinho ressentido a garotinha estendeu os bracinhos para Emmett, pedindo colo. Ele simplesmente a ignorou, como se sua presença não existisse no momento. Retirou a mochila cor de rosa do banco traseiro, fechou a porta acionando o alarme em seguida.



Fingindo não ver a criança, ele seguiu direto para o elevador. Julia ainda estava com os bracinhos erguidos pedindo colo, mas acabou desistindo, abaixando-os com a cabeça erguida, olhando para o pai que lhe parecia um edifício de tão alto em comparação a ela que era tão pequenina.



– Para o elevador – ordenou Emmett.



Julia abaixou a cabeça juntando as mãozinhas uma na outra, começando a segui-lo com passinhos vacilantes, chegando a tropeçar. Emmett entrou no elevador onde permaneceu, mais uma vez, esperando que Julia o alcançasse. Isso estava se tornando repetitivo. Em silêncio a pequena Julia entrou no elevador se posicionando ao lado do pai.



Enquanto o elevador subia para a cobertura, ainda alheio a presença da criança, Emmett verificou a hora no visor do celular. Passava das dezenove horas.



Sonolenta Julia se recostou a perna do pai, mas ele, por alguma razão idiota, afastou a perna o que ocasionou um encontrão da garotinha ao chão. O choro da pequena Julia, dessa vez, foi estridente, bem diferente do choro de outrora. Apavorado, talvez, por conta das câmeras de segurança, Emmett a pegou no colo rapidamente.



Julia chorava mantendo uma das mãozinhas sobre o lado esquerdo da cabeça, indicando que havia dor ali. Preocupado Emmett massageou o local, afastou minimamente os fios de cabelos castanhos da garotinha para verificar se havia ferimento aparente. Ficou mais tranquilo ao notar que parecia tudo bem. Exceto pelo choro. De certo não era nada grave, a pancada não havia sido tão forte assim, tinha sido maior o susto.



– Quelo a vovó... – pediu em meio a soluços causado pelo choro.



– A vovó não está aqui – disse Emmett, porém, dessa vez, em um tom menos agressivo. – Você vai ter que ficar comigo – passou uma das mãos nas costas da filha enquanto ela recostava a cabecinha ao seu ombro.



Nesse momento algo no coração de Emmett o fez sentir-se um monstro desprezível. Ao sair do elevador, Julia ainda soluçava em seu ombro. Passou pelo hall de entrada acendendo as luzes, usando a mão que segurava a mochila cor de rosa da filha.



Na sala de estar jogou a mochila sobre um dos grandes sofás quadrangular, e cuidadosamente – o que surpreendera a ele mesmo –, deitou Julia em outro. O choro havia cessado, no entanto, seu rostinho era de dar dó. Estava completamente marcado pelas lágrimas, e as bochechas revelavam alguns vasos sanguíneos.



– Quelo fazê xixi... – avisou em um fio de voz no momento em que Emmett virava as costas para se retirar.



Emmett voltou e a pegou no colo novamente, levando agora ao banheiro do corredor. Uma vez lá, colocou Julia de pé no chão ao lado do vaso sanitário. Fungando, ela abaixou a calcinha e ergueu o vestidinho, esperando que ele a erguesse para alcançar o vaso.



– Não tonsigo... – murmurou olhando para o vaso sanitário.



Emmett suspirou antes de erguê-la, segurando por baixo dos bracinhos, sentando-a ao vaso para que ela não caísse. Era verídico que Emmett McCarty estava mais do que sem jeito com a tarefa de ser “pai solteiro”.



– Se você fosse um menino seria bem mais fácil para mim – murmurou naturalmente. – Acho que precisamos de peniquinho aqui, e não será azul, não é mesmo?! – tentou soar menos assustador.



Quando Julia terminou, ele a colocou de volta ao chão. Ela estendeu a mãozinha para puxar um pedaço de papel higiênico para poder se secar e acabou puxando o rolo quase por completo. Rapidamente seus olhinhos buscaram por Emmett para ter certeza de que ele não estava bravo.



O grandão ranzinza disfarçou um sorriso com a confusão que a criança fizera. Julia secou-se a seu próprio modo – bem atrapalhado –, com um emaranhado de papel que não tinha fim. Vestiu a calcinha novamente, porém, o elástico das perninhas ficou completamente enrolado.



Emmett sorriu consigo mesmo, olhando a confusão.



– Vem cá – a chamou. Assim que Julia se aproximou segurando o vestidinho na altura do estomago, Emmett arrumou a confusão que havia ficado o elástico da calcinha dela. – Pronto, assim está bem melhor, não é?!



Julia soltou o vestidinho olhando com carinho para o pai, que a pegou no colo novamente e a segurou em frente a pia para lavar ambas as mãozinhas. Ele ajudou secá-las depois a colocou de volta ao chão.



– Me espera lá fora – avisou.



– Tá bom papai – respondeu Julia ao sair do banheiro, mexendo uma mãozinha na outra.



Emmett usou o banheiro, lavou ambas as mãos e se retirou.



– Julia – chamou quando não a viu por perto. Andou mais alguns passos e chegou à sala de estar novamente, onde a encontrou abrindo a mochila. Procurava por seu paninho e a chupeta. – Você está com fome?



Julia maneou a cabeça positivamente, mas reforçou com palavras.



– Sim papai – respondeu colocando a chupeta na boca e o paninho entre as mãos.



– Ok. Certo – disse ele, meio incerto a respeito do que poderia dar para ela comer. – Eu vou até a cozinha preparar algo. Você me espera aqui – Julia se aproximou novamente da mochila e de lá retirou uma mamadeira vazia, entregando assim para Emmett. – Você quer leite?! – deduziu, com uma sobrancelha levemente erguida. Julia maneou a cabeça positivamente outra vez. – Com achocolatado? – ele quis ter certeza.



– Sim – respondeu, retirando a chupeta da boca.



– Certo, eu já volto. Acho que precisaremos de mamadeiras novas também – falou consigo mesmo encarando a mamadeira, já um tanto velha, em suas mãos.



Emmett foi à cozinha, durante o caminho esteve desconfiado quanto a possíveis bactérias, aquela mamadeira lhe parecia tão velha, achou melhor lavá-la antes com o jato de água quente. Só então começou a preparar o leito com achocolatado para Julia. Para ele pegou macarrão com queijo na geladeira, e colocou no microondas.



Na sala, sozinha observando tudo a sua volta, a pequena Julia encontrou sobre um console diversos porta-retratos com fotografias de Rosalie. Havia um quadro bem grande na parede próxima ao corredor. Julia ficou encantada com a imagem que encontrara; seus olhinhos azuis mal piscavam. Há muito custo ela conseguiu desvia-los passando assim a observar as que estavam em porta-retratos.



Ergueu a mãozinha direita, ficando nas pontinhas dos pés pegou o menor. Analisou com olhos atentos a Rosalie que sorria na imagem parada no tempo. Deu um beijinho na mesma, e levou consigo para o sofá. Colocou o porta-retratos sobre uma almofada enquanto lutava para sentar no sofá novamente. Depois de muito tentar ela enfim conseguiu. Ficou sentadinha apenas observando a imagem da fotografia.



Na cozinha Emmett continuava se arriscando a preparar algo, mesmo que congelado. O microondas apitou avisando assim do seu termino. Ele retirou sua comida, depositando sobre o balcão. Ali ao lado ele pegou a mamadeira de Julia e foi até a sala entregá-la.



– Aqui está – disse ele ao passar a mamadeira com leite para Julia, que o olhou com carinho. – Você toma tudo e depois vai dormir – avisou.



Enquanto ele falava a pequena Julia retirou a chupeta da boca, ansiosa por tomar seu leite com achocolatado o quanto antes. Deitou a cabecinha em uma das almofadas, começando a sugar a mamadeira avidamente. Ao que parecia estava cheia de fome. Chegou tossir um pouco, mas não retirou a mamadeira da boca.



– Ei vai com calma – sugeriu Emmett, inclinando-se para recolher o porta-retratos que continha a fotografia de Rosalie, e Julia o mantinha ao seu lado sobre o sofá. Ele olhou para a pequena Julia, sua expressão séria novamente. – Não pode retirar as coisas do lugar – avisou. – Você entendeu?



Julia retirou a mamadeira da boca, respirando fundo antes de se desculpar.



– Diculpa...



– Dessa vez é só um aviso, ok?! – disse ele ao se retirar indo pôr o porta-retratos no local onde estava antes. – Estou indo jantar na cozinha, e você faça o favor de não mexer em absolutamente nada – avisou.



Julia pareceu não ter prestado atenção à nova regra, apenas continuou tomando seu leite, balançando os pezinhos de um lado para o outro. Ao que parece seu leite com achocolatado estava saboroso. Ao menos em algo seu papai ranzinza acertou.



Na cozinha, Emmett fazia sua refeição improvisada, enquanto relutava com seus pensamentos.



“Não acredito que isso esteja realmente acontecendo”, pensou. Olhou para o teto como se buscasse algo. – Está me pondo à prova, não é? – questionou como se questionasse a Deus. – Justo eu que neguei a minha esposa o pedido de adotar uma criança, estou agora com uma, tomando mamadeira no sofá da sala. Tão pequena e tão frágil. Eu não sei lidar com isso... A Rose saberia, na verdade, ela amaria lidar com isso, mas levando em consideração o laço que une essa criança a mim, já não tenho certeza. É possível que ela veja isso como uma traição, talvez não no sentido literal, mas no sentido de lhe ocultar parte de meu passado. – resmungava consigo mesmo, quem o visse de fora acharia que estava louco.



Em meio a tantos resmungos solitários, Emmett iniciou o processo de limpeza da louça que usara. De forma alguma gostaria que sua mãe voltasse ao apartamento e encontrasse louça suja. Esme havia sido bem clara quanto a isso. Ele a conhecia muito bem para saber o quão ela ficaria brava.



Assim que deixou boa parte da cozinha em ordem, ele voltou para a grande sala de estar onde encontrou a pequena Julia dormindo no sofá. Ela sugava a chupeta e mantinha sempre o paninho colado a uma das bochechas.



Através da grande parede de vidro da sala, as luzes da cidade chamavam atenção, mas não tanto quanto a criança dormindo no sofá onde nenhuma outra estivera antes.



“Ah Rose, queria tanto que estivesse aqui”, pensou observando a garotinha dormir. Maneou a cabeça, incomodado com algo, o qual não saberia explicar. – Eu sou um desastre, faço tudo errado – falou consigo mesmo. Então se inclinou pegando a filha nos braços levando-a para o quarto de hospedes onde acomodou cuidadosamente sobre os cobertores macios e perfumados. O quarto que Rosalie ansiava para seu bebê, ainda estava vazio, por isso a pequena Julia não pode ficar com ele.



A garotinha estava tão cansada do dia exaustivo que tivera, sendo arrastada de um lado para outro, que nem chegou a se mexer. Emmett agradeceu por isso. Estava com os pensamentos vivendo uma revolução, não estava afim de ficar por horas tentando fazê-la dormir. Sendo assim, não se incomodou em acordá-la para escovar seus dentinhos, afinal, segundo ele, fora só leite. Puxou os cobertores com cuidado para não acordá-la, retirou as sandalinhas que ela usava e a cobriu. Se inclinou como se fosse lhe dar um beijo de boa noite, mas acabou desistindo. Deixou um abajur aceso e a porta entreaberta ao sair.



Na suíte do casal, Emmett jogou-se sobre a cama com o notebook em mãos. Usando o travesseiro como base, ele começou a checar sua caixa de e-mails. Para seu desanimo e mau humor, nenhum deles era de Rosalie, mas sim relacionado à empresa.



Estendeu o braço até alcançar a mesinha de cabeceira onde recentemente colocara o celular. Rapidamente encontrou o contato de Rosalie, ligando para ela. De uma forma estranha e inesperada ele ficou ansioso. Enquanto a ligação estava sendo realizada, ele sentiu-se como se fosse um adolescente nos tempos de colégio.



[...]



San Diego, Califórnia.



Rosalie assistia TV ao lado da mãe. Seu corpo até poderia estar naquela sala, mas sua mente, no entanto, estava bem distante dali.



Perdido em algum canto do sofá, seu celular começou a tocar insistentemente. Rosalie cavou por baixo das almofadas até que o encontrou. Assim que notou de quem era a chamada, Rosalie sentiu seu coração esmurrar forte o peito em uma traição ordinária. Um frio estranho percorreu sua espinha dorsal, revelando que a saudade e a ansiedade por vê-lo, ou até mesmo falar com ele, era bem maior do que ela podia se quer supor.



“Estou com tantas saudades, amor”, pensou ela mantendo o celular próximo ao peito.



– Não vai atender filha? – a senhora Hale – uma mulher tão bela quanto à filha, com os mesmo cabelos dourados, porém em um corte moderno, na altura dos ombros –, perguntou, desejando que a resposta fosse um “sim”. Estava cansada de ver a filha chorar todos os dias, morrendo de saudades do marido, entretanto, relutando com seu orgulho ferido.



– Não posso mamãe... – murmurou angustiada. – Se eu atender acabarei cedendo, ou até mesmo discutindo com ele novamente.



– Porque não lhe dá uma chance, filha? Volte para sua casa, para seu marido. Ele deve estar sentindo muito a sua falta, assim como você está sentindo a dele. Não fique sofrendo por orgulho, Rose. Se orgulho fosse bom não haveria tantas pessoas magoadas umas com as outras. Não vale a pena ficar se lamentando quando o seu coração diz o contrario filha.



– Emmett foi egoísta, mamãe. Ele não pensou em minha dor em momento algum. A atitude dele me feriu muito mais do que sua recusa em adotar uma criança. Ele precisa de um tempo sozinho para reavaliar suas atitudes.



– Me martiriza vê-la sofrer assim filha. Desde que chegou aqui não tem feito outa coisa além de chorar. Não come direito, até perdeu peso. Está abatida, mesmo estando no litoral você está pálida. Não pode continuar desse jeito Rose.



– Eu estou bem... – resmungou, com os olhos cheios de lágrimas.



– Não está não Rosalie. A quem você está querendo enganar com isso?! – rebateu a senhora Hale. – Você só ficará bem, de verdade, quando perdoá-lo pela magoa que lhe causou. O perdão não te torna fraca, filha. O perdão te torna nobre.



Rosalie escondeu o rosto em uma almofada para que sua mãe não a visse chorar mais uma vez. Então levantou bruscamente, jogando a almofada ao chão, e saiu de casa deixando a porta aberta atrás de suas costas. Andou sem destino pelo calçadão da orla da praia até encontrar um banco de madeira onde se sentou. Mesmo não tendo a intensão de atender ao celular ela levou consigo. A cada chamada que era direcionada a caixa postal outra se iniciava. Era estranho, mas mesmo sem intenção de atender Rosalie não teve coragem de se afastar do aparelho que tocava insistente. Era como se esse ato a fizesse se sentir perto de Emmett, mesmo estando distante.



Sentada ao banco de madeira polida, abraçada aos próprios joelhos, sentindo a brisa marinha soprar seu rosto, Rosalie chorou sem reservas. Era difícil se afastar daquele a quem se tem amor, mesmo que seja por uma boa causa.



[...]



Detroit, Michigan.



Emmett estava extremamente irritado com a recusa de Rosalie.



– Que merda, Rosalie – esbravejou, atirando o celular sobre o colchão da grande cama de casal. Fechou o notebook com raiva e empurrou para o lado, desistindo assim de checar qualquer e-mail. – Porque você não atende a droga do celular?– continuava esbravejando, agora, afofando o travesseiro, cheio de raiva.



Deitou de barriga para cima, mas logo estava virando-se de um lado para o outro sem conseguir dormir. Mesmo com medo que sua esposa lhe pedisse o divorcio ele estava disposto a lhe contar a respeito da pequena Julia, no entanto, mais uma vez Rosalie se recusou a falar com ele.



Depois de horas virando de um lado para o outro na cama, Emmett enfim conseguiu pegar no sono. Porém minutos depois fora desperto com o choro estridente da pequena Julia que dormia no quarto de hospedes.



A garotinha estava aos prantos pedindo para que alguém parasse com algo, que parecia lhe causar dor. Em meio ao choro angustiante Julia pedia.



“Pala, pala...”



Indiferente, Emmett tapou os ouvidos com o travesseiro, virando-se de bruços na cama. Tentando ao máximo ignorá-la. Julia continuava com o choro, mas não era um choro de manha ou birra. Era de desespero.



– Cale a boca e vai dormir! – esbravejou com impaciência.



Sua indiferença só a fazia sofrer ainda mais. Julia não parava de chorar enfiada embaixo dos lençóis, pingando de suor. Depois de alguns minutos ela despertou do sonho ruim chamando por seu papai.



– Papai... Papaizinho... – soluçou em meio ao choro. – Quelo você...



– Vai dormir Julia – Emmett continuava a gritar, irritado com o choro da criança.



Julia continuou sendo ignorada por cerca de quinze minutos até pegar no sono novamente.



– Graças a Deus! – resmungou Emmett quando o silêncio retomou ao ambiente. Então pode voltar a dormir, naquilo que ele julgava ser um sono tranquilo.



Enquanto ele ressonava, sua filha se debatia na cama, sofrendo de parassonia – terrores noturnos causados por traumas –, seus cabelos úmidos de suor, a chupeta em um canto da boca prestes a cair, e os lençóis molhados de xixi.



Julia carregava consigo grandes traumas de um passado recente e torturante, fruto do abuso de uma mãe desequilibrada. E o pai ainda não se dera conta disso.



Que tipo de pai seria Emmett McCarty? Um monstro desprovido de sentimentos, ou apenas alguém que precisava aprender como amar e proteger uma criança sofrida?



Teria ele que aprender a amar com a sua gotinha de amor?








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Notas finais do capítulo

Aposto que muitas (os) de vocês estão agora com a cinta na mão prontas para usá-la contra Emmett u_u hahahahah

Ele foi monstruoso quanto gritou com a Julinha que ninguém a queria *Que feio Emmett* isso não se faz.

Mas até que ele deu uma aliviada na grosseria quando entraram no apartamento, até chegar a hora de dormir...

Viram que fofinha ela pegando a foto da Rose?! ♥

Bom, tivemos um pouquinho de como Rose se sente, e um pouco da insegurança de Emmett em relação a Rose saber que Julia é filha dele.

A mamita está com a campanha #VOLTAROSE# quem quiser aderir deixa um review com a tag.

Estou amandooo ver a interação de vocês, amo de paixão cada review deixado, e respondo com muito carinho.

Recomendações são sempre um combustível a mais o/

Beijo, beijo

Sill