A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 38
Capítulo 38 – A Gotinha de Amor Que Faltava


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Kamila Grey e liliswan, muito obrigada pela linda recomendação. Fiquei com os olhos brilhando ao vê-las. Valeu mesmo, meninas.



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Alguns dias depois...

Após terem pegado Julia na escolinha os três foram almoçar juntos. Depois disso foram direto para casa.

Rosalie deu banho na filha e antes de terminar de vesti-la, ela saiu correndo para brincar.

Agora estava, só de calcinha de algodão, cabelos molhados, penteados, indo de um lado para o outro com seus brinquedos.

Emmett e Rosalie assistiam tevê, juntinhos no mesmo sofá. De canto de olho ele observava Julia, de tempos em tempos, trazer um novo brinquedo para a sala. Segurava o riso toda vez que a filha fingia que as bonecas falavam umas com as outras.

Mas Rosalie estava ciente de que, em pouco tempo, Julia pediria para tirar uma soneca.

Levantou para ir a cozinha tomar água, segundos depois Julia apareceu esbarrando em suas pernas. Ela segurou a filha pelos ombros impedindo que caísse de costas.

– Oi, amor. Quer água também?

– Não. Quelo bicoito de echeio.

– Espera um pouco que a mamãe já vai pegar. Onde está o seu chinelinho? – perguntou ao perceber que ela estava de pés descalços.

– Tá lá, mamãe – respondeu, apontando o dedinho na direção da sala.

– O que a mamãe falou sobre ficar com os pezinhos no chão?

– Fica dodói?

– Isso mesmo, bebê.

Rosalie se movimentou pela cozinha, indo até o armário pegar os biscoitos que a filha pediu. Retirou da embalagem colocando-os em uma tigelinha de plástico. Quando fez menção de pegá-la para pôr na cadeirinha, ela se recusou.

– Não, mamãe. Com o papai.

– Você que ir comer os biscoitos lá na sala pertinho do papai?

Julia meneou a cabeça afirmativamente.

– Tudo bem. Pega aqui seus biscoitos – pediu, estendendo as mãos com a tigelinha. –Cuidado gotinha. A mamãe só vai tomar um pouco de água e já vai lá ficar com vocês. Quer suquinho também filha?

– Não. Bigado mamãe Ose.

– Tudo bem.

Ela ficou observando seu pequeno tesouro de retirar da cozinha. Tão bonitinha toda rolicinha de pernas de fora. Acabou rindo sozinha.

– Calça os chinelinhos – avisou.

– Julinha vai calxá, mamãe.

– Ah, sim, amor. Tudo bem então – concordou, novamente rindo. E ao ficar de frente a geladeira se deparou com o desenho da família que Julia tinha feito algum tempo atrás. Era impossível vê-lo, sempre que ia a cozinha, e não se enternecer com tamanha doçura que carregava aqueles traços infantis.

Ao retornar a sala encontrou Julia sentadinha sobre a barriga do pai. Os dois comiam dos biscoitos juntos. Julia retirava o recheio com a ponta do dedinho e comia. Depois o biscoito era colocado na boca do pai e ele os comia, também. Gargalhava toda vez que ele ameaçava morder seus dedinhos roliços.

Emmett ainda mastigava quando ela perguntou:

– Tá gotoso, papai? Tá? Tá gotoso? Muito gotoso?

Ele afirmou com um movimento de cabeça.

– Ará! – exclamou Rosalie. – Peguei. Então foi por isso que você quis vir comer aqui com o papai.

Mesmo que a mãe não estivesse realmente falando sério, por ser pega de surpresa, Julia acabou se assustando. O recheio que estava na ponta de seu dedinho acabou caindo no peito de Emmett. Com um beicinho enorme nos lábios ela inclinou a cabeça para olhar a mãe.

– Oh, não, não, amor. Não chora – apressou-se Rosalie, indo até ela, mas ela já estava chorando.

Emmett, que estava deitado, arrastou-se até conseguir uma posição mais elevada do tronco.

– Gotinha. Chora não filha – disse ele.

Rosalie se sentou na beirada do sofá, afagando o bracinho dela.

– Desculpe bebê. A mamãe não queria te assustar. Estava só brincando.

Julia olhou para Rosalie, com o beicinho tremendo e os olhinhos cheios de lágrimas, estendendo a mãozinha que segurava o biscoito para o pai.

– Pode dar o biscoito ao papai – incentivou, passando a mão nas bochechas molhadas de lágrimas da filha.

Com a outra mãozinha, Julia mostrou o recheio que caiu no peito dele.

– O papai pode comer esse? – Emmett pediu.

Sem dizer uma única palavra, apenas afirmou positivamente com a cabeça. Ele pegou o recheio do biscoito levando-o à boca. Ainda tinha o recheio na boca, quando ela deu pra ele a metade do biscoito que estava em sua mãozinha. Alçando o pratinho, que estava agora sobre uma almofada, pegou mais um biscoito. Separou as duas metades oferecendo agora uma a mãe. Rosalie aceitou, levando o biscoito à boca, com uma expressão de divertimento. Julia sorriu quando ela também fingiu morder seu dedinho.

Novamente retirou o recheio com a ponta do dedo, entregando a outra metade ao pai. Após lamber o dedinho comentou:

– Mamãe, sabia que Sofi vai ganhá um ismão.

– É amor?! Sofi falou pra você que vai ganhar um irmão?

Julia meneou a cabeça afirmativamente.

– Ela falô plá todas pessoas da ecolinha. A mamãe dela que vai dá um ismão. E tem té uma baíga muito gande.

Tanto Rosalie quanto Emmett acharam graça do comentário.

Alguns minutos de silêncio se seguiram enquanto Julia comia mais um recheio e dividia as metades do biscoito com os pais. E então veio o pedido que nenhum dos dois estava esperando.

– Mamãe.

– Oi, amor.

– Dá um ismão plá Julinha também?

Quase que instantaneamente as palavras lhe fugiram. Não houve outro jeito a não ser buscar apoio no marido, de repente se sentindo perdida.

Emmett comeu todo o biscoito que restava em sua boca. Limpou os lábios e tentou a melhor forma de explicar aquilo a filha.

– Gotinha, presta atenção no que o papai vai dizer – ela olhou pra ele, piscando os olhinhos. – Para nascer um bebê, um irmãozinho, o papai precisa colocar uma sementinha na barriga da mamãe. Mas, acontece que, não sei por que, as sementinhas que o papai tem não viram mais bebês. Não funcionam.

– Ahhh – ela lamentou, com as sobrancelhas se curvando, confusa, e um pouco tristonha também. – Não fununcia. Pulquê não fununcia sementinha do papai?

Ele acariciou seu rostinho com a ponta dos dedos.

– Com o papai e a mamãe as sementinhas não estão dando certo. Mas, você sabia que existe mamães generosas que deixam outras pessoas adotarem seus bebês?!

Rosalie arqueou uma sobrancelha para aquela explicação usada para descrever mães que não querem seus filhos. Tudo bem, sua filhinha era só um bebê ainda, não entenderia a extensão real de tudo aquilo.

– Então, o que me dizem de adotarmos um irmãozinho ou irmãzinha?

Os olhos de Rosalie se arregalaram em pura surpresa e emoção diante a proposta do marido. Mesmo ele estando mudado, não estava à espera dessa oferta. Julinha olhava novamente para ele com expressão feliz. Embora não entendesse a real história sobre aquele assunto.

Como ela nada disse, ele insistiu.

– Amor?

Emocionada, se inclinou beijando de leve os lábios dele.

– Diz alguma coisa – ele pediu assim que ela voltou se afastar, com olhos marejados.

Julinha olhava de um para o outro sem entender o que estava acontecendo. Bastou às lágrimas da mãe surgirem para que estendesse a mãozinha com intensão de limpá-las.

Emmett continuava esperando pela resposta, ansioso. Com um pouco de medo, também.

– Acho que é muito cedo ainda – Rosalie começou, olhando nos olhos dele. Aliviado por não tê-la magoado, deixou que as covinhas viessem à tona. – Julinha ainda é muito pequena e tem passado por tanto... Estou certa de que, no momento, devemos nos dedicar inteiramente a ela. Quem sabe, daqui alguns anos, quando já for mais crescidinha.

– Como você quiser – ele anunciou. – Exatamente como você quiser – levou a mão direita à nuca de Rosalie, fazendo um afago. – Mas, quero que saiba que se sua resposta fosse sim. Um “sim” para esse momento. Iria hoje mesmo dar entrada no cadastro de espera para adoção.

Rosalie abriu um sorriso, mesmo com os olhos molhados de lágrimas, revelando o quanto aquelas palavras significavam para ela. No entanto, nesse momento, se sentia completa.

– Você tá tliste mamãe Ose?

– Como poderia estar triste se tenho você, minha gotinha de amor. Eu te amo tanto. Tanto, tanto, tanto. É um amor tão grande que dói em mim.

– Onde que tá o seu dodói, mamãe? O papai dá um beijinho no dodói e ele sala.

– Se o papai beijar o dodói ele sara? – a mãe perguntou, achando graça.

– Eu definitivamente gostei disso – Emmett comentou, exibindo as covinhas.

Rosalie empurrou o ombro dele com uma das mãos.

– Mamãe não tem um dodói, meu anjo. É apenas modo de falar.

– Julinha não vai tê um ismão? – Julia recapitulou o assunto.

Abraçando o corpo pequenino por trás, a mãe respondeu.

– Quando você for mais velha, quem sabe ganhe dois irmãozinhos.

– Nossa!

Os pais gargalharam.

– Por enquanto apenas minha gotinha de amor – murmurou Rosalie, cobrindo-a de beijos.

Emmett olhava as duas, satisfeito. Jamais imaginou que pudesse ser tão bom fazê-las felizes. Que a paternidade fosse capaz de lhe trazer tanta satisfação. Estava certo de que viveria apenas para fazê-las felizes.

E foi assim, assistindo a esposa cobrir a filha de beijos – o riso fácil, o brilho nos olhos das duas – que sentiu vontade de fazer algo mais por elas. Algo do qual nunca nada, nem ninguém poderiam revidar.

[...]

No dia seguinte, após deixar a filha na escola e a esposa no trabalho, Emmett seguiu para a empresa da família. O mesmo pensamento ainda estava ocupando sua mente.

– Bom dia, Janine. Meu pai e meu irmão já chegaram?

– Sim, senhor. Precisa que os localize?

– Não. Apenas localize o advogado da família. O doutor Maddox. Assim que localizá-lo, peça que venha falar comigo.

– Sim, senhor.

– Obrigado, Janine.

Assim que ele entrou no escritório, a secretaria deu inicio as buscas pelo advogado da família.

Pouco tempo depois, duas leves batidas à porta levaram Emmett pedir que entrasse.

– Já localizei o doutor Maddox. Ele está cuidando de assuntos da empresa a pedido de seu pai. Disse que virá falar com o senhor mais ou menos pelo horário do almoço, que é quando estará livre.

– Ok. Avise-me assim que chegar.

– Seu pai pediu que fosse até a sala dele.

– Estou indo – avisou fechando uma das gavetas de sua mesa de trabalho.

Assim que Janine deixou o escritório, ele pegou o celular buscando o contato de Rosalie na agenda. Ela atendeu no segundo toque.

– Oi, ursinho.

– Muito ocupada?

– Não. Pode falar.

– Acho que não poderei almoçar com você e a Julinha hoje.

– Aconteceu alguma coisa?

– Terei uma reunião com o doutor Maddox mais ou menos pelo horário do almoço. Acredito que não vai dar tempo de nos encontrarmos.

– É coisa séria?

– Nada com que se preocupar.

– Tudo bem então. Julinha e eu sentiremos sua falta.

Emmett olhou a foto, onde apareciam os três, no porta-retratos sobre a mesa do escritório.

– Será um almoço horrível pra mim – dessa vez Rosalie teve que rir. – Onde você pensa em ir almoçar com Julinha.

– Ainda não sei. É possível que vá para a casa de sua mãe. Ela e Alice vão estar lá. Vou confirmar com elas, já te ligo de volta pra avisar.

– Beijo – disse ele.

– Beijo – disse ela de volta.

Ele já se encontrava na sala do pai quando Rosalie retornou a ligação confirmando que Julia e ela iriam almoçar na casa dos pais dele. Avisou que passaria para buscá-las na mansão assim que pudesse.

Esteve ocupado praticamente à manhã inteira na sala do pai. Quando o advogado enfim chegou, Janine foi procurá-lo.

Em seu próprio escritório, de portas fechadas, disse o que esperava que fizesse.

– Isso é o que quero – ressaltou depois de uma longa explicação.

– Não é algo muito comum. Mas darei um jeito.

– Estou contando com isso. Faça o impossível. Dinheiro não será o problema. Consiga um especialista no assunto se for preciso. Apenas faça isso acontecer.

– É um processo lento. Pode levar meses, talvez anos.

– Não importa desde que o resultado seja o que espero.

– Vai ser. Com tudo o que me contou e os laudos médicos. Não tenho dúvidas de que será o resultado que busca.

– Isso era tudo o que queria ouvir. E, lembre-se de que ninguém deve saber até que esteja tudo resolvido.

– Não se preocupe. Saberei manter sigilo. Em breve estarei entrando em contato.

Ambos se puseram de pé dando-se as mãos.

– Estarei aguardando.

Quando o advogado deixou a sala já passava das quatorze horas. Faminto, Emmett pediu a Janine que mandassem entregar seu almoço no escritório. Como o pai tinha ido almoçar em casa, almoçou apenas na companhia do irmão.

Por volta das 17h30 os dois também deixaram o prédio. Cada um em seu próprio carro.

Emmett foi o primeiro a entrar na casa. Ouviu vozes na sala de tevê. Estava indo até lá, quando encontrou com Rosalie, que voltava da cozinha, na sala de estar.

– Oi, ursinho. Que bom que chegou.

Ela foi até ele, passando os braços em volta de seu pescoço, ficando nas pontas dos pés. Emmett passou os braços em torno da cintura dela, enquanto a tomava em um beijo saudoso.

– Como foi seu dia? – ela pediu, após beijá-lo, sem afastar os braços de onde os havia colocado.

– Chato! Sem você e Julinha, trancado naquele escritório, não podia ser de outro jeito.

– Sinto muito – lamentou, apertando as bochechas dele.

– E o seu?

– Não foi chato como o seu. Apesar de também sentir sua falta – esclareceu entre um beijo e outro, no queixo dele.

– Onde está a Julinha? Ela sentiu minha falta?

– Claro que sentiu. Que pergunta é essa, amor?! Ela perguntou pelo papai dela várias vezes. Esse papai lindo que ela ama tanto.

E lá estava ele exibindo aquelas covinhas salientes em cada uma de suas bochechas.

– Ela me ama mesmo, não é?

– Mas é claro que te ama. É o melhor papai que nossa gotinha poderia ter.

Ambos viraram a cabeça na mesma direção ao sentiram a presença de mais alguém na sala de estar.

– Oi, Rose – disse Edward, com a chave do carro em uma das mãos.

– Oi – ela respondeu sorridente.

– Cadê a Julinha?

– Iria responder a mesma pergunta a seu irmão nesse exato momento. Ela está na sala de tevê, brincando.

– Com quem? – os dois pediram ao mesmo tempo.

Se afastando de Emmett, sugeriu.

– Vão até lá e vejam vocês mesmo.

Os dois trocaram olhares curiosos. E então fizeram exatamente como ela havia sugerido. Pararam no umbral da ampla porta, de olho no que acontecia lá dentro.

Brincando com Julia estava o avô Calisle, a tia Alice e mais alguém cujos irmãos não conseguiram identificar.

Carlisle usava uma mascara de lobo mal. Julia, Alice e o visitante usavam uma mascara do que pareceu serem os porquinhos do conto infantil.

A suposta casa do porquinho Alice já tinha ido ao chão. Assim como a do porquinho Julia. Estavam as duas agora na terceira casinha junto ao porquinho desconhecido.

Carlisle fazia toda uma encenação soprando e soprando a terceira casinha.

Sobrepondo o tom de voz dele, os gritinhos de entusiasmo de Julia chegavam aos ouvidos do pai e do tio. E sempre que o avô, fingindo-se de lobo, falava algo, ela agarrava-se a tia.

Os irmãos olharam para Rosalie, carrancudos.

– Quem é aquele cara? – pediram.

Rosalie encostou uma mão no ombro de cada um deles.

– Relaxem garotos. Ele é amigo da irmã de vocês – ela tentava não rir com a informação falsa que estava passando aos dois.

No sofá estava Esme segurando Carinho a pedido da própria Julia, que não parava de gargalhar e gritar.

– Desde quando Alice tem um amigo? – resmungou Edward.

– É, desde quando? – Emmett repetiu.

– Qual o nome dele? – Edward exigiu.

Tentando controlar o riso, Rosalie mordeu os lábios. Porém, antes de responder, buscou uma distância segura.

– Jasper. O nome dele é Jasper.

Os dois viraram o pescoço, olhando para o visitante, sem acreditar.

– O cara das mensagens – alertou Emmett ao irmão.

– Ele quer beijar na boca dela – disse Edward, com horror e indignação, lembrando-se da mensagem que tinha lido no celular da irmã, enviada pelo tal Jasper um tempo atrás.

– O pai de vocês deixou – avisou Rosalie.

– O que? Beijar na boca dela? – Edward inquiriu.

– Frequentar a casa. Acho que beijar na boca dela também – definitivamente, não conseguiu se controlar e caiu na gargalhada. – Digam “olá” ao cunhado de vocês.

Dizendo isso se juntou a sogra no sofá, deixando-os com cara de esponto.

Emmett estava prestes a abrir a boca, quando Julia, de onde estava, notou sua presença.

– Papai. O papai chegô. E o titio das histólias plíncipe, também. Já chegalam.

Sem retirar a mascara de porquinho, correu ao encontro dos dois.

– Papai – disse, quando ele a pegou no colo. E então retirou cuidadosamente a mascara que ela usava. – Titio – ela estendeu o bracinho alcançando o rosto do tio com a mão pequenina.

Tanto o pai quanto o tio sorriram em resposta. Emmett beijou seu rostinho e Edward sua mãozinha.

– Papai, você viu Julinha blincano da histólia de tlês polquinhos? O vovô Calai é o lobo do mal. A titia balalina e o titio do cachinhos doulados ela polquinhos que nem Julinha.

– O papai viu, sim. Mas não quero que continue brincando com aquele porco de cabelo enrolado, não – sussurrou ao ouvido dela.

– Titia falô que é camonado dela igual titia Bella, que não é da Fela, é camonada do titio das histólias plíncipe.

– Então ela já anda dizendo por aí que ele é namorado dela?! – resmungou Edward.

– Não acredito que nosso pai permitiu isso – esse foi Emmett se queixando.

– Pulquê tão assim? Vocês tão gimal da titia? Não pode ficá gimal da titia. Não pode. Julinha não qué que fica gimal. Pô favô, papai e titio, não fica gimal da minha titia.

– Está bem – os dois responderam, olhando de canto de olho, Jasper sentar com Alice no sofá. Ambos haviam retirado a mascara de porquinho, da mesma forma que Carlisle também havia feito.

Apesar de estarem invocados com a presença de Jasper, responderam educadamente quando ele os cumprimentou.

Emmett foi sentar ao lado da esposa, com a filha no colo. Edward sentou ao lado da mãe. Julinha pegou Carinho de volta abraçando-o forte. Rosalie afagou os cabelos finos de Julia enquanto ela se aconchegava ao colo do pai.

Alice enfim apresentou Jasper aos irmãos como sendo seu namorado. Embora ciumentos, não fizeram mais drama. Como o próprio pai já sabia e tinha aceitado numa boa, invalidava qualquer atitude contraia dos dois.

[...]

Meses depois...

Rosalie ficou eufórica por vários dias, com a proximidade do aniversário de Julia. Há meses vivia a vida que sempre sonhou. A maternidade; sua realização pessoal. E o marido totalmente renovado.

No último mês esteve por várias horas do dia, imaginando, formulando o que seria a primeira festa de aniversário de Julia. Sua filha.

Pensar que sua garotinha jamais comemorou um aniversário a fazia desejar que fosse algo ainda mais especial. Algo do qual fosse lembrar por toda vida. Porque aquela garotinha junto com seu papai eram os donos absolutos de seu coração.

Nas últimas sete noites, Julinha não teve pesadelos. Ainda assim um ou outro sempre levantava e ia buscá-la para ficar na cama com eles.

Na manhã de seu aniversário não havia de ser diferente. Os pais tinham a necessidade de fazer daquela data inesquecível. Queriam que Julia se sentisse amada e protegida. Especial. Ela podia nunca antes ter sabido dessa data tão especial, mas agora, com pais que a amam, ela saberia. E sentiria por todo o dia o valor de sua existência na vida daqueles que a amam. Pessoas que, para protegê-la, dariam a própria vida.

Ainda muito cedo, Rosalie despertou. Virou-se de lado para poder dar o primeiro beijo de aniversário da filha. No entanto, ao fazer isso, percebeu que o marido, já acordado, acarinhava Julia roçando o nariz a sua bochechinha. Tendo tempo ainda de ouvi-lo sussurrar.

– Feliz aniversário, gotinha preciosa do papai.

– Não é justo – queixou-se Rosalie, fazendo bico. – Você fez isso antes de mim.

Emmett ergueu o olhar para encontrá-la bicuda com o rosto bem próximo ao seu.

– Desculpe amor. Foi mais forte que eu.

Suspirou quando as pontas dos dedos dela mergulharam entre os curtos fios de seus cabelos. As unhas compridas raspando de leve em seu couro cabeludo. Muito cedo a mão foi afastada, indo afagar os cabelos de Julia logo depois.

– Só desculpo porque ela está dormindo ainda. Então, não te viu fazendo isso sozinho.

Roçou de leve o nariz na bochecha de Julia, depois planou um beijou no local.

– Feliz aniversário, luz da minha vida – sussurrou da mesma forma que o marido havia feito antes.

Julinha abriu os olhos, o azul imaculado transbordando felicidade e satisfação. Ela sorriu preguiçosamente, voltando a fechar os olhinhos, como se tivesse os aberto apenas para dizer-lhes que os tinha ouvido.

– Tá sonhano... – murmurou sonolenta.

– Está sonhando não amor – esclareceu a mãe, acarinhando seu rostinho marcado pelo paninho.

– Acorda gotinha – pediu o pai. – Vem comemorar seu aniversário com papai e a mamãe.

Julia sorriu ainda de olhos fechados, mas os abriu assim que o pai, com as duas mãos, lhe fez cocegas na barriga.

– Papai – ela falou em meio a risos.

– Minha gotinha já acordou?

– Gotinha já acodô – respondeu.

– Sabe que dia é hoje? – sondou ele. E então olhou para Rosalie, mas, sem afastar as mãos da barriga de Julia. – Hoje é dia de que amor?

– Dia do aniversário da Julinha – ambos falaram ao mesmo tempo.

– Vevesálio de eu? – os olhinhos ganharam um brilho diferente. – E de Calinho?

– De Carinho também – eles voltaram a falar juntos.

– Felize vevesálio plá Julinha e Calinho – ela mesma comemorou.

Rosalie gargalhou chegando até mesmo curvar o pescoço para trás.

– Isso mesmo, minha vida. Feliz aniversário pra Julinha – ela concordou.

Julia se sentou puxando Carinho para seu colo.

– Espera um pouquinho que o papai e a mamãe já voltam – avisou Emmett, segurando na mão de Rosalie, deixando a cama juntos, indo em direção à porta do quarto.

– Não vai sair daí gotinha. Espera – dizia Rose, ao ser levada pelo marido.

Julia ficou observando com curiosidade e divertimento a reação dos dois. Seus olhinhos permaneceram vidrados na porta aberta, por onde eles haviam se retirado. Teve vontade de levantar e ir atrás deles, mas permaneceu sentadinha onde estava.

Colocava a chupeta na boca quando os viu retornar. Cada um deles trazendo uma coisa nas mãos. Emmett trazia um pônei de pelúcia em tamanho real. Rosalie, um bolo cor-de-rosa com quatro velinhas em cima.

Naquele momento os dois cantavam para a filha a canção que ela mais desejava ouvir.

Parabéns pra você

Nesta data querida

Muitas felicidades

Muitos anos de vida

Julinha ficou de pé na cama. Os pezinhos emaranhados nos lençóis. Ela os assistia cantar como se aquilo fosse a coisa mais fascinante de todo o mundo.

É pique, é pique

É pique, é pique, é pique, é pique

É hora, é hora

É hora, é hora, é hora

Ra-ti-bum

Parabéns!!

O coraçãozinho estava batendo agora em ritmo muito forte. Ela passou as mãos nos olhinhos enquanto os lábios pendiam em um beicinho, emocionada.

Rosalie deixou o bolo sobre o recamier e foi abraçá-la.

– Não é pra ficar triste, minha vida. Hoje é um dia muito especial. Para você e para nós que te amamos.

– Julinha não tá tliste. É uma coisa... – ela sussurrou, sem saber se explicar com precisão.

– Está emocionada – sussurrou Rosalie, afagando o peito dela. – Own meu bebê.

– Olha o que o papai comprou – anunciou Emmett, carregando o pônei pelo pescoço.

– Ele é muito gande! – exclamou Julia.

– Dá até pra você montar nele filha. Só não dá pra sair cavalgando por aí – brincou, exibindo seu sorriso de covinhas. – Mas, ainda assim, está valendo. O papai comprou pensando em você.

O pequeno sorriso de covinhas irradiou felicidade.

– Deixa Julinha vê papai. Deixa. Deixa.

Emmett chegou mais perto colocando o enorme pônei de pelúcia sobre a cama. Julia olhou do pai para o brinquedo, depois agarrou o pescoço do pônei em um abraço apertado. Após soltá-lo mencionou:

– Calinho gotó dele. Palece té o papai do Calinho – sorriu.

– É claro que ele gostou – comentou o pai, sem tirar o sorriso do rosto.

– Vem com a mamãe. Vem soprar as velinhas do seu bolo e fazer um pedido.

– Pode sê qualqué coisa?

– O que você quiser – respondeu, beijando-a no rostinho. – Vem ursinho. Segura o bolo pra ela soprar as velinhas. Esse é só o primeiro – avisou pra filha. – Mais tarde você terá o oficial. E todo mundo: os vovôs, as vovós, as titias, os titios, vão estar lá comemorando junto com você. E todos os coleguinhas da escola também. E mais alguns, que são filhos de amigas da mamãe. Vamos, meu amor, fecha os olhinhos e pensa em algo que você queira muito.

Julia prestava atenção nela com aqueles olhinhos lindos brilhando feito um cristal, quando enfim fez como havia sugerido.

De olhos fechados, seguido de um suspiro, desejou com toda sua alma que a mamãe Rose jamais fosse embora. E o papai continuasse sendo sempre bonzinho.

E então devagar abriu os olhinhos, olhando de um para o outro. Ambos lhe sorriram com o mais puro amor.

Julia olhou novamente para o bolo e soprou as velinhas. Uma delas não se apagou tão facilmente, e Rosalie precisou ajudá-la. Depois disso o bolo foi levado para a cozinha onde cortaram e comeram dele.

Após terem tomado banho foram direto para casa dos pais de Emmett.

Grace e Ryan estavam a caminho, chegariam a qualquer momento.

Ainda nem tinha chegado o horário da festa e Julia já tinha ganhado uma infinidade de presentes da família.

Rosalie a deixou por algumas horas e foi à casa de festas conferir os últimos detalhes. Ela não sabia, mas, alguns minutos depois de ela sair, Emmett também saiu. Por sorte conseguiu retornar antes dela.

Julia esteve tão cercada de cuidados e carinho que sequer teve tempo para lamentar a ausência deles.

Por volta do horário do almoço Grace e o marido, Ryan, chegaram. Beijos, afagos e presentes não faltaram para a única netinha do casal.

Rosalie já estava de volta e todos puderam se juntar à mesa para o almoço.

Por volta das quinze horas todos eles se encaminharam a casa de festas onde, pela primeira vez, Rosalie estava tendo a satisfação de realizar a festa de aniversário de sua filha.

A própria entrada do salão já dava uma ideia do que os aguardava lá dentro.

Um mundo mágico, de pôneis, arco-íris e muito, muito cor-de-rosa.

Julinha chegou a sua festa de aniversário nos braços do pai, com toda família por perto. Seus olhinhos capturando cada detalhe na decoração. Cada rosto. A emoção começava preencher seu pequenino coração.

Ela foi de bom grado quando a mãe lhe estendeu os braços. Seus olhinhos ficaram fixos nos dela por um instante. Rosalie beijou seu rostinho sentindo-se realizada.

Emmett chegou perto o suficiente para repousar a mão direita nas costas da esposa.

– Como se sente? – pediu ele, encantado com tudo assim como a filha.

– Não dá pra ver – arriscou Rosalie, radiante.

Quantas vezes idealizou aquele momento. Agora tinha certeza de que estava sendo melhor do que imaginou pudesse ser.

– Realizada, amor – murmurou, inclinando o rosto para beijá-lo.

Julinha se remexeu, querendo ir para o chão. Imediatamente a mãe a deixou ir. Ela olhou de um lado para o outro, e, com pescoço inclinado, olhou para os pais.

– É tudo plá Julinha?

A expressão em seu rostinho era tudo o que o casal desejava ver. Encantamento, felicidade e surpresa.

– Sim – afirmou Rosalie. – Tudo para você, minha vida. A mamãe não disse que te daria uma linda festa de aniversário?!

O sorriso de covinhas herdadas brincava no rostinho de feições inocentes. De repente Julia agarrou-se as pernas da mãe em um abraço apertado.

– Bigado, mamãe Ose.

Mantendo as mãos nos ombros da filha, enquanto se curvava, plantou um beijo nos cabelos finos.

– Não precisa agradecer gotinha. Apenas divirta-se com suas coleguinhas.

Julia se afastou das pernas da mãe para abraçar as do pai em seguida.

– Bigado, papaizinho. Muito Bigado.

Emmett ficou de joelhos diante dela.

– Sabe o quanto o papai te ama, não sabe?

Ela ainda mantinha o mesmo sorriso nos lábios enquanto afirmava com a cabeça.

– Da mesma tontidade de estelas no céu somado a todos peixinhos do oceano – recitou o que o pai havia falo pra ela outras vezes, passando os bracinhos ao redor do pescoço dele.

– Isso mesmo, minha gotinha. Agora vamos aproveitar essa festa.

Emmett se pôs de pé, segurando na mãozinha dela. Rosalie se aproximou segurando na outra. Carinho ficou com a avó paterna enquanto eles a levavam para ver todo o salão decorado especialmente para o seu dia. O dia em que nasceu.

Entusiasmo estava agora presente nos olhinhos daquela criança que um dia já fora tão maltratada.

Pouco a pouco todos os convidados chegaram. Cumprimentaram a família e a aniversariante, deixando os presentes na área reservada, na entrada do salão.

O fotografo que trabalha com Rosalie se encarregou de fotografar toda a festa. Outra equipe se encarregava da filmagem.

Julia usava um vestidinho com babados em um tom de rosa suave, meia-calça branca e sapatinhos pretos. Cabelos soltos, com cachos feitos em babyliss, e um arquinho com um laço lateral no mesmo tom do vestido.

As duas amiguinhas, Mabel e Sofi, sempre estavam por perto brincando e rindo junto com ela. O restante dos coleguinhas estavam espalhados por todo o salão, se divertindo uns com os outros. A professora, senhorita Megan, também estava lá. Até mesmo Sabine.

Embora os monitores estivessem auxiliando havia sempre alguém da família por perto, rondando-a.

Música infantil, em modo aleatório, preenchia o ambiente.

Em determinado momento, Rosalie viu Julia correr para os braços da avó paterna. Preocupada, foi até lá para ver o que estava acontecendo. Não foi preciso perguntar, ainda a caminho viu a avó retirar os sapatinhos de sua filha. Logo depois Julia voltar correndo na mesma direção que ela, pisando com as meias no chão.

– Mamãe Ose, Julinha vai na piscina de bolinha, tá bom?

– Tudo bem, meu amor. Mas não se esquece de vir calçar os sapatinhos novamente assim que deixar a piscina de bolinhas.

– Tá.

– Ai, meu Deus, quanta criança. Nem consigo brincar com a minha jujuba linda. Não é justo – queixou-se Alice se pondo ao lado da cunhada.

– Ué – comentou Rosalie –, vai lá brincar com elas.

– Vai parecer muito infantil.

– Estou certo de que seu irmão não pensa assim – respondeu Jasper, que, ao se aproximar, segurou na mão de Alice.

As duas viraram o rosto para ver do que ele estava falava. Ficando totalmente surpresas ao perceber que Emmett havia retirado os sapatos e estava entrando também na imensa piscina de bolinhas coloridas.

– Vem papai – convidou Julia, toda animada. – Vem blincá com Julinha. Papaizinho.

Rosalie meneou a cabeça, sorrindo.

“Essa é a minha família”, pensou.

– Ele vai esmagar todas aquelas crianças. Será que não percebe isso? – contestou Alice.

– Não, ele não vai – Rosalie o defendeu. – Ele é extremamente cuidadoso – olhou da piscina de bolinhas para Alice, e novamente a piscina de bolinhas. Encontrando Julia gargalhando junto ao pai. – Eles se adoram – acrescentou orgulhosa.

– Tipo assim – começou Alice – você é a dona de tudo isso aqui. Será que posso me juntar a eles? – seus olhos azuis, assim como os do irmão e os da sobrinha, brilharam a espera de ouvir um sim.

– O que está esperando. Vai lá, sua boba! – incentivou Rosalie.

– E se estragar as bolinhas?

– Não acho que vá fazer maior estrago do que o que meu marido já está fazendo. Você já reparou no tamanho dele?! – comentou, erguendo uma sobrancelha de forma divertida.

– Tá legal! Jasper me espera aqui. Não foge, hein.

– Não irei – ele avisou, enquanto um sorriso torto alcançava seus lábios.

Alice se abaixou retirando as sandálias de salto alto. E ao olhar novamente para a piscina de bolinhas, não acreditou no que viu: Seu irmão Edward havia acabado de se juntar a eles.

– Ah, que saco. Até o Edward já está lá – queixou-se.

Rosalie gargalhou assistindo a cunhada correr para a piscina de bolinhas. Ouvindo Julia gritar:

– Titio das histólias plíncipe.

Ryan se aproximou parando ao lado da filha. Devagar passou o braço em volta dos ombros dela, plantando um beijo na têmpora direita. Rosalie suspirou, encostando a cabeça ao ombro dele.

– Feliz? – Ryan pediu, sem desviar sua atenção da cena na piscina de bolinhas.

Alice já tinha se juntado a eles na brincadeira. O barulho era imenso: risos e gritos felizes de crianças por todos os lugares.

– Eles são exatamente tudo aquilo que sempre quis – sussurrou, observando a mesma cena que o pai.

Julia convidava agora a tia Isabella, que estava de pé apenas vendo eles se divertirem.

– Titia que não é da Fela, vem blincá também. Vem blincá com todas pessoas.

Isabella parecia indecisa.

– Acho melhor não Julinha.

– Acho melhô sim titia – insistiu.

– Você acha melhor sim? Então a titia vai.

– Isso titia, vem – Julia comemorou.

No minuto seguinte, a tia Isabella se juntava a eles. Alice agora descia no escorrega trazendo Mabel, a garotinha ruiva, no colo.

– Então – prosseguiu Rosalie falando com o pai – onde está a mamãe?

Ryan deu uma breve olhada em volta antes de responder.

– Olha ela vindo aí – avisou ao reconhecer a figura loura que se aproximava.

Rosalie afastou a cabeça do ombro do pai. Notando a mãe se aproximar pela esquerda

Grace segurou seu rosto entre as mãos e plantou um beijo na testa.

– Ver você assim, realizada, é o que a mamãe sempre quis – disse ela.

– Ah, mamãe, te amo tanto. Você teve um papel muito importante em tudo isso. Sua força, seus conselhos. Seu apoio foi o que me segurou quando fraquejei e temi.

Grace tocou de leve o peito do marido.

– Seu pai e eu temos uma novidade.

Rosalie olhou de um para o outro, desconfiada.

– O que? – pediu.

– Vamos aceitar o convite – a filha arqueou a sobrancelha, com um sorriso ameaçando surgir. – Vamos viver aqui em Detroit por um bom tempo – e então o sorriso se expandiu. – Seu pai e eu queremos acompanhar de perto o crescimento de nossa netinha.

Apertando o braço em torno do pai, ela murmurou.

– Ah, papai, eu sei o quanto ama viver no litoral...

Ryan beijou seus cabelos louros.

– Não vai ser sacrifício algum viver perto das três mulheres que amo: sua mãe, você e minha neta. Sempre fui fraco no que diz respeito as duas, e agora ganhei mais uma.

Rosalie precisou se inclinar um pouco para beijar o rosto do pai. E quando seus olhos alcançaram novamente a piscina de bolinhas, encontrou Emmett olhando em sua direção, sorrindo. Ele lhe deu uma piscadela, antes de voltar dar atenção à filha.

Esme e Carlisle se aproximaram.

– Parece que todos os meus filhos voltaram ser criança – ela comentou, com tanto orgulho que mal cabia em si.

– Tem certeza de que é uma boa ideia deixá-los ali – esse foi Carlisle, igualmente sorrindo. – Eles irão destruí o brinquedo.

– Não me importo. São tão queridos. Amam tanto minha filha.

– Tem razão querida – concordou Esme. – Momentos assim nós devemos apreciar ao máximo.

– Já ficaram sabendo da boa nova? – disse Rosalie aos sogros. – Mamãe e papai decidiram passar uma longa temporada aqui em Detroit. Isso não é o máximo?!

– Ah, é sim querida – concordou Esme. – Mas, confesso que isso nós já sabíamos.

– Já tinham conversado sobre isso antes? Como assim? E porque eu não sabia?

– Falamos sobre muitas coisas – esclareceu Grace.

Rosalie sorriu acompanhada pelas duas mulheres ao seu lado.

[...]

Algum tempo depois...

Todos estavam reunidos cantando os parabéns à Julia. Nos braços do pai, com a mãe ao lado e todas aquelas pessoas felizes ao seu redor, os olhinhos azuis não deixavam de brilhar um minuto sequer.

As mãozinhas batendo uma na outra e o mesmo sorriso de covinhas do pai brincando no rosto de feições delicadas.

Julia hoje sabia que a vida não é apenas dor e medo. Que tinha muitas coisas boas a oferecer. Amor incomensurável era sem dúvida uma dessas coisas.

Após soprar as velinhas o bolo foi cortado. O primeiro pedaço foi para o pai, e não foi surpresa alguma quando o segundo pedaço foi para a mãe.

Alice fingiu ficar triste alegando que tinha que ser dela. Mas logo admitiu ser brincadeira.

– Volto em um minuto – sussurrou Emmett, ao ouvido de Rosalie, que lhe lançou um olhar de consentimento.

– Papai – Julinha se apressou logo que percebeu ele se afastar.

– Papai já volta. Fique aí com a mamãe.

Ele continuou andando. Julia o observou até perdê-lo de vista.

Alguns minutos depois, ele retornou trazendo em uma das mãos um envelope grande.

– Aonde você foi amor? – pediu Rosalie, sentada à mesa reservada a família, com Julia no colo.

Emmett puxou a cadeira ao lado, voltando a sentar-se.

– Fui ao carro buscar isso – comentou estendendo o envelope a ela. – Eu sei que nosso aniversário de casamento é somente daqui três dias, mas, ainda assim, quero te dar um presente.

– A mim? – sondou, desconfiada. Os olhos fixos no envelope que ele segurava em sua direção.

– Na verdade, é um presente para as duas – completou, olhando da esposa para a filha, que agora parecia bem cansadinha.

– O que pode ser?

– Pegue e veja você mesma – ele instruiu, sacudindo o envelope.

Quietinha, Julia observava a mãe abrir o envelope. Tremores acometeu Rosalie quase que instantaneamente ao reconhecer o papel. Seu coração deu um solavanco e voltou a bater em um ritmo mais apressado.

Mas foi ao iniciar a leitura que emoção maior arrebatou seu coração aflorando seus instintos. Lágrimas rolaram rapidamente em seu rosto.

– São papéis de adoção... – sua voz tremeu. – Você entrou com um processo de adoção unilateral... Isso faz de Julia também minha filha – ela chorava agora tomada por uma forte emoção. – Ursinho. Como?...

– Olhe no outro papel – ele pediu ansioso. Seus olhos começando marejar também.

– Oh, meu Deus! – ela murmurou ao notar que era uma certidão de nascimento.

Enxergando através de lágrimas teve dificuldade para ler o que estava escrito nela.

– Oh, meu Deus. Meu Deus – ela repetia, tremendo. – É a nova certidão de nascimento de Julia.

– Sim – ele afirmou, segurando brevemente as mãos dela.

– Deus...

Rosalie desabou em lágrimas quando reconheceu seu nome na certidão de nascimento de Julia.

– O que você viu amor? – ele pediu, sorrindo.

– Aqui diz que sou a mãe dela. Julia é oficialmente minha filha... – soluços fortes acometeram impossibilitando-a de falar.

Emmett se afastou da cadeira, abraçando a esposa de forma meio desajeitada, para logo depois voltar a sentar.

– Como...? – Rosalie forçou as palavras saírem.

– Meu advogado conseguiu fazer isso pra mim. Ele usou todos os laudos médicos que comprovavam os maus tratos. E o fato de ela nunca ter sido aceita pela mãe que a gerou. Você só tem que assinar alguns desses papéis.

– Não posso acreditar... É muito mais do que desejei.

– Eu te amo tanto. E sei que minha filha e você não mereciam ter que olhar sempre aquele nome. Ninguém amará e cuidará melhor de nossa gotinha de amor. Essa é a garantia de que, se algum dia eu faltar, ninguém jamais poderá tirá-la de você. Porque esse alguém jamais encontrará motivos. Você é a mãe que Julia sempre sonhou. Desejou. É a única mãe que ela sempre terá. No papel e na vida, a outra deixou de existir.

– Ursinho isso é a coisa mais linda que já fez por mim. Eu te amo. Amo nossa filha mais do que pensei pudesse amar alguém na vida.

– Eu sei. E por isso você é a única a quem confio Julia.

Rosalie se curvou beijando o topo da cabeça da garotinha. Lágrimas molharam brevemente alguns fios de cabelos dela.

– Minha filha – murmurou. – Para sempre minha. Obrigada amor – ela ergueu o olhar, com intenção de beijá-lo. E ele se curvou indo ao encontro dos lábios dela selando-os em um beijo calmo.

Julia encostou uma mãozinha no rosto de cada um deles.

– Meu papai ulsinho e minha mamãe Ose – cantarolou.

O casal sorriu entre beijos. Afastaram-se um do outro apenas o suficiente para poder beijar o rostinho da filha, ambos ao mesmo tempo, esmagando suas bochechinhas coradas.

– Ela aprendeu com você, me chamar de ursinho.

– É – disse Rosalie.

E então ele lembrou de que ainda faltava algo.

– Ainda tenho mais um presente.

– O que é? – pediu Rosalie, ainda assimilando o primeiro.

– Como sabe, dentro de três dias será nosso aniversário de casamento. Como sempre viajamos, e, dessa vez temos nossa filha conosco... Vamos para Orlando.

– Disney?! – Rosalie acrescentou, com um enorme sorriso, mesmo tendo vestígios de lágrimas, da surpresa anterior, ainda em seu rosto.

– Sim.

– Acho que não aguentarei tanta emoção – confessou.

– Julinha vai vê as plíncesas?

– Vai, amor – a mãe confirmou.

– Vai sim, gotinha.

– Viva! Calinho nós vamos vê as plíncesas – comemorou, agarrando o pônei de pelúcia em um abraço apertado.

Os pais gargalharam. E juntos beijaram suas bochechinhas novamente.

A mulher realizou seu maior sonho. A criança descobriu o poder de um carinho.

O amor singelo e a inocência de uma criança venceram as barreiras da frieza e da insensibilidade ensinando a um homem adulto como amar verdadeiramente.

Porque não há coração ranzinza que resista a uma gotinha de amor.

Fim


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estiveram me apoiando durante esse tempo, seja com um comentário, uma recomendação ou favoritando a história. Obrigada mesmo, de coração. Vocês foram incríveis fazendo a diferença.
Espero que tenham curtido, mesmo que apenas a metade do que eu curti ao escrevê-lo.
Vou aproveitar para deixar registrado aqui o link de uma fic que acabei de postar. Dentro de alguns dias estarei postando outra.
http://fanfiction.com.br/historia/608243/Um_Lugar_Para_Ficar/

Beijo, beijo
Sill