A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Inesperado Acontece


Notas iniciais do capítulo

Um obrigado todo especial a três pessoas que quase me fizeram ter um treco de felicidade e surpresa. Assim que entrei aqui, no dia seguinte a postagem, já tinha três recomendações o/ o/ o/ e as autoras delas foram: Nayane Mikaelson Chase, Ivi Swan Hale, Mia Cullen. OBRIGADAAAAAAAAAA!!! ♥ ♥

O Capítulo é dedicado a todas que leram e comentaram, pois VOCÊS fizeram a diferença ♥

*Lembrando que o dialogo infantil contém erros propositais.



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Emmett seguiu para a empresa o mais rápido possível, mas ao chegar, sua surpresa fora além do imaginável.


Da garagem subterrânea ele subiu direto ao andar da presidência, usando o elevador privado.


Ao sair do elevador, na antessala, encontrou uma jovem mulher que beirava seus vinte e dois anos de idade. Cabelos negros e ondulados que chegavam ao meio de suas costas. Sua pele estava levemente bronzeada, e seu semblante cansado. Ao lado da jovem mulher estava uma garotinha que deveria ter em torno de três anos de idade. Seus cabelos lisos em tons de castanho alcançavam a sua cintura. Lindos olhos azuis com cílios compridos. No entanto, aqueles olhos tão lindos e ingênuos ocultavam uma grande tristeza. Seus pequenos lábios rosados se destacavam, como uma cereja em contraste com sua pele tão clara.


Entre suas mãozinhas se encontrava um paninho com estampa de bichinhos, algo que lembrava uma mantinha infantil.


Emmett McCarty paralisou chocado, admirando os traços físicos daquela pequena garotinha a sua frente. A garotinha lhe sorriu, revelando assim covinhas encantadoras exatamente iguais às suas. Naquele instante McCarty sentiu-se como se levasse um soco no estomago. Embora a pequena não tivesse ideia de quem poderia ser aquele homem enorme a sua frente, ainda assim ela lhe sorrira.


Emmett ficou incomodado com a semelhança inoportuna daquele pequeno sorriso de covinhas. Passou ambas as mãos sobre a cabeça como se tentasse desviar a rota dos pensamentos.


Desviou os olhos da pequena garotinha, que o observava com atenção. Deixando de lado a presença perturbadora da criança, ele seguiu em direção à mesa de trabalho de sua secretaria, que também parecia chocada.


– Onde está a Rose? – questionou de forma rude. – Ela está em minha sala? – continuou perguntando grosseiramente.


– A Rose? – disse a secretaria com grande surpresa. – Me desculpa senhor McCarty, mas a sua esposa não está no prédio.


Emmett cerrou as mãos em punho, cerrando os lábios em uma linha fina, frustrado e ao mesmo tempo confuso.


– Você me fez vir até aqui acreditando que era urgente... – resmungou com grande irritação.


– Senhor – disse a secretaria, um tanto desconfortável. – A pessoa que o espera está ali – apontou o dedo em direção a jovem mulher que estava ao lado da garotinha, sentadas no sofá de espera. – Ela afirmou que só sairia daqui quando falasse pessoalmente com o senhor. E que se o senhor se recusasse a recebê-la faria o assunto virar manchete de jornal. Não haveria um só tabloide que ficasse fora disso.


Emmett olhou mais uma vez naquela direção, e, dessa vez encontrou a garotinha escondendo o rosto atrás do braço da jovem mulher.


“O que está acontecendo aqui”, pensou ele.


Então voltou a olhar para a secretaria e ordenou.


– Aguarde um minuto e as mande entrar – disse ao virar de costas indo em direção a grande porta dupla de sua sala.


Nesse meio tempo a secretaria olhara de soslaio para a jovem mulher que estava ao lado da pequena garotinha, que parecia assustada.


Passou-se exatamente um minuto após Emmett ter entrado em sua sala. Sendo assim a secretaria pediu que a jovem mulher entrasse com a garotinha.


– Vocês já podem entrar – disse ela, enquanto segurava uma caneta em uma das mãos.


A jovem mulher ficou de pé. Pegou a garotinha em seus braços e seguiu em direção as portas duplas. Deu duas leve batidas, anunciando assim sua chegada.


A garotinha se encontrava com a cabeça apoiada ao ombro direito da jovem mulher. Seu paninho praticamente grudado a sua bochecha branca como a neve.


– Entre – entoou a voz máscula, ecoando autoridade e mau humor.


A jovem mulher abriu a porta devagar, se deparando com uma grande parede de vidro por trás da mesa de trabalho do senhor McCarty. Certamente vistas amplas faziam parte do bom gosto de Emmett McCarty. Ou talvez fosse um toque pessoal de sua esposa Rosalie.


A garotinha ergueu a cabeça e olhou para Emmett, porém, a expressão dele não mudara. Então ela voltou a esconder o rosto novamente.


– Quem é você e o que quer aqui?– disse Emmett, curto e grosso. Mexendo em alguns papeis ele resmungou. – Seja rápida não tenho o dia inteiro. Se quer ajuda, não fazemos esse tipo de trabalho.


A jovem mulher estalou a língua, incomodada com a prepotência com a qual McCarty se dirigiu a ela.


– Me chamo Harper, e ao contrario do que você pensa, não estou aqui para te pedir nada, senhor McCarty – disse ela com segurança, mantendo a cabeça erguida. – Vim apenas lhe entregar algo que lhe pertence – completou, olhando para Emmett, que se encontrava sentado em uma cadeira de luxo atrás de sua mesa de trabalho.


– E o que seria? – perguntou ele com descaso.


A jovem mulher se aproximou da mesa e colocou a garotinha sentada em uma das grandes cadeiras confortáveis, que se localizava de frente para a mesa de Emmett.


– A sua filha, senhor McCarty.


Emmett sentiu todos os seus músculos tencionarem em protesto absoluto. Rapidamente ficou de pé, exasperado. Uma sensação absurdamente estranha o fez sentir vontade de rir, porém, um riso cheio de desconforto.


A garotinha olhou com carinho para Emmett, mas ele não demonstrou nenhum tipo de afeto. Em seus olhos azuis só havia desprezo. Então ela ergueu os bracinhos pedindo o colo da jovem que a trouxe até ali.


– Fica aí, querida – disse a jovem mulher, afagando os cabelos da garotinha.


A garotinha sentiu seus lindos olhinhos azuis – tanto quanto os de Emmett –, se encherem de lágrimas enquanto abaixava os bracinhos ressentida.


– Eu não tenho uma filha – esbravejou com descaso.


– Ah você tem sim – a jovem mulher insistiu.


– Eu ao menos te conheço – disse ele com ultraje.


– Mas conheceu muito bem a Savannah.


Emmett paralisou em um nanosegundo, vasculhando assim o fundo de sua memoria. Então ele olhou novamente para a garotinha, que agora chorava em silêncio, agarrada ao seu paninho. Emmett levara um balde de água fria, claro, agora fazia sentido à semelhança entre ambos.


– Não. Não pode ser – murmurou ele. – Ela me garantiu que tinha feito um aborto...


A jovem mulher o interrompeu.


– Embora fosse o que você desejava senhor McCarty – disse ela com sarcasmo. – A Savannah não o fez. O lamentável de tudo isso é que não foi por amor à criança que ela levou a gestação até o fim. Foi meramente por vingança. Ela queria se vingar de você por não tê-la proposto casamento. E o que ela fez? Usou uma criança indefesa, sua própria filha, para descontar suas frustrações e seu rancor. Maltratou a Julia desde que ela nasceu. Cada vez que olhava para a filha, ela só via você – chegou mais perto da garotinha e ergueu a blusinha que ela usava, revelando assim hematomas de vários tamanhos e pequenas marcas de queimadura, que Emmett poderia jurar serem de cigarros. O mesmo ela fez com as perninhas, mostrando vários hematomas. – Tudo isso é culpa sua, senhor McCarty – o acusou. Tapou os ouvidos da garotinha e revelou. – Ela odiava a filha como jamais odiou alguém na vida. Depois que você casou-se com sua atual esposa a Savannah enlouqueceu de raiva. Então veio a depressão, o álcool, e infelizmente as drogas. E então ela foi perdendo sua identidade – a garotinha tentou tirar as mãos da jovem mulher que tapavam seus ouvidos. Olhando para a criança ela atendeu o seu desejo e se afastou.


Emmett parecia chocado e ao mesmo tempo raivoso. Era difícil decifrar sua expressão no exato momento.


– Ela te mandou vir até aqui com a criança para me extorquir ?! – esbravejou, retirando o talão de cheque da gaveta. – Quanto ela quer para desaparecer?


– Ela está morta – a jovem mulher esbravejou irritada. – Acha que se ela quisesse o seu dinheiro ela já não o teria procurado antes?!


Emmett deixou que o talão de cheque caísse de suas mãos em meio a total surpresa e incredulidade.


– Como assim está morta? Foi acidente? Doença? O quê? – questionava perplexo. Afinal Savannah sempre lhe pareceu bastante saudável.


– Overdose – revelou a jovem mulher.


A mandíbula de Emmett caiu. Se ele já estava chocado, agora então ele não sabia o que dizer. Que diabos estaria acontecendo com sua vida? Era isso, tudo agora iria desmoronar?


– Quando foi que ela se tornou usuária de drogas?


– Desde que a Savannah soube que você tinha se casado ela mergulhou de cabeça no que destruiu sua vida pouco a pouco. Um canalha, o qual ela conheceu já no final da gestação, fez as apresentações – disse com sarcasmo.


Emmett bateu as mãos em punho sobre sua mesa de trabalho, o que fez com que a garotinha pulasse de susto, seus olhinhos piscaram varias vezes seguidas, como se procurassem um foco.


– Eu não posso ficar com uma criança – esbravejou. “Meu casamento já está por um fio, droga”, penou ele.


– Você é a único parente que a Julia tem. Exceto por seus familiares, senhor McCarty. O que dá na mesma. Se ela tiver outros parentes, não é de meu conhecimento. Se você renegá-la a Julia vai acabar indo parar em uma instituição para crianças órfãs. Honre suas calças e crie sua filha como ela merece. Não faça essa criança sofrer e passar mais privações do que já passou em tão pouco tempo de vida.


Enquanto isso a garotinha tentava, com dificuldade, descer da grande cadeira acolchoada de couro preto. Quando enfim conseguiu agarrou-se as pernas da jovem mulher, que lutava verbalmente com o milionário que seria o responsável pelo seu futuro dali em diante.


– De onde você conhece a Savannah? – Emmett quis saber, pois a sua frente à garotinha demonstrava ter total confiança nela.


– Quem a levou para o mundo das drogas foi o meu irmão... – respondeu com pesar. – Conheço a Julia desde que ela tinha apenas um ano de vida. A mãe dela estava chapadona e os vizinhos acabaram levando a Julia para minha casa. Foi aí que a conheci, mas logo a Savannah foi buscá-la de volta – abaixou-se para falar com a garotinha que estava agarrada as suas pernas. – Você vai ficar com ele, está bem? – nos olhinhos da pequena havia acumulo de lágrimas, o que realçava ainda mais o seu tom de azul.


A pequena Julia maneou a cabeça negativamente em meio a soluços. Segurava seu paninho junto ao rostinho corado pelo choro recente.


– Julia, presta atenção lindinha – pediu a jovem mulher. – Ele é o seu papai – tocou o rostinho da pequena, que continuou negando com a cabeça. – Ele vai te amar muito, não precisa ficar com medo. Ele só é grandão assim, mas não vai te fazer mal – a jovem mulher ficou de pé, voltando sua atenção a Emmett. – Faça alguma coisa pelo futuro dessa criança, senhor McCarty – com essa frase ela seguiu em direção a porta do escritório.


– ESPERA – exigiu Emmett. – Não pode deixá-la comigo. Não tenho a mínima ideia de como cuidar de uma criança. Definitivamente não estou preparado para isso. Não seja ridícula, leve essa criança com você.


A jovem mulher virou-se para olhá-lo.


– Me desculpa senhor McCarty, mas não há nada que eu possa fazer. A Julia é sua responsabilidade agora. Sua esposa pode ajudá-lo nessa tarefa. Ela é mulher e sem duvida saberá o que fazer – e então ela abriu a grande porta e se retirou sem ao menos olhar para trás.


“Minha esposa”, pensou Emmett com sarcasmo.


De pé no meio do escritório do homem o qual ela acabara de descobrir sendo seu papai, a pequena Julia chorava baixinho. Entre suas mãozinhas apertava o seu paninho.


– Estou ferrado e mal pago – resmungou consigo mesmo ao passar ambas as mãos na cabeça. – O que farei com você? – questionou, olhando para a garotinha que parecia assustada.


Mesmo sentindo-se intimidada a pequena Julia estendeu sua mãozinha em direção à de Emmett, mas ele recusou-se a segurá-la. Ergueu a cabeça e voltou para sua mesa de trabalho, onde pegou o telefone e discou o número da casa de seus pais.


Julia fungou, passando o paninho no rosto de forma bem atrapalhada. Com passinhos curtos ela seguiu em direção ao sofá chesterfield de couro preto, que se localizava ao lado direito da porta. Sem deixar o paninho de lado, ela tentou sentar, o que lhe tomou alguns segundo de tentativas. Deitou-se recostando a cabeça em um dos cantos do sofá e ali permaneceu chorando em silêncio.


Emmett mal ouvia seu chorinho contido. Ele a olhou de soslaio, e achou até estranho que Julia não estivesse fazendo um escanda-lo. Maneou a cabeça e insistiu na ligação para a casa de seus pais. Sua mãe, Esme, atendeu ao terceiro toque.


– Oi filho.


– Mãe, eu estou definitivamente ferrado... – lamentou-se.


Diante o que acabara de ouvir Esme não podia ter outra reação que não fosse o espanto.


– O que aconteceu dessa vez, filho? Rose te procurou para pedir o divorcio? Se for isso pode deixar que falarei com ela. Não precisa entrar em pânico. A convencerei do contrario, querido.


Emmett passou uma das mãos sobre a cabeça, nervosamente.


– Não é isso mãe... Mas temo que seja algo que vai conduzir a isso... – disse Emmett com uma pitada de nervosismo em seu timbre de voz.


– O que você aprontou Emmett? – questionou com autoridade de mãe.


– Nada – respondeu rapidamente. – Quer dizer, no passado talvez. Mas acontece que o meu passado está agora diante dos meus olhos...


– Filho você está me assustando. O que pode ter feito de tão ruim para achar que seu passado voltou para atormentá-lo? O que esconde de sua família?


– Mãe você lembra da Savannah? Aquela garota com quem eu sair algumas vezes antes de começar namorar a Rose?


– A Savannah, claro que lembro. Ela estava sempre ligando para casa, procurando por você. Mas o que aconteceu? Por favor, Emmett, não me diga que você traiu sua esposa com sua ex-namorada. Se o assunto envolve traição desde já antecipo que não ficarei do seu lado. Não apoiarei uma canalhice sem tamanha, mesmo que seja meu filho.


– Por favor, mãe. Não é nada disso. O que a senhora pensa a meu respeito?! – disse Emmett, incomodado com a suspeita de sua mãe.


– Há exato um mês você tem saído todas as noites e voltado para casa bêbado. O que quer que eu pense quando me diz que seu passado está diante dos seus olhos, e ainda ressalta sua ex-namorada, ex-ficante, o que seja.


– Mãe, por favor, só preste atenção – houve uma pausa, tanto de um lado, quanto do outro da linha. Então Emmett prosseguiu. – A Savannah estava gravida quando terminamos – do outro lado da linha Esme ficou ainda mais atenta ao assunto. – Mas ela ficou irritada e disse que eu teria que me casar com ela. E obvio que eu me neguei. Nessa época eu já estava afim da Rose e dava os primeiros passos em nossa relação. Foi quando ela disse que se eu não a pedisse em casamento ela faria um aborto.


– Filho? – murmurou Esme, com espanto.


– Eu disse a ela que até pagaria para que isso acontecesse, e foi o que eu fiz. Coloquei nas mãos dela todo o dinheiro que me pediu para que sumisse de minha vida com a criança.


– Como pode ser capaz de algo tão cruel, meu filho?! Estou sem chão Emmett diante o que acaba de me revelar. Um filho que criei com tanto amor, desejou tirar a vida de uma criança sangue de seu sangue. Como pode ser capaz de algo assim, Emmett? E ainda esconder isso de sua família por tanto tempo.


Emmett sentiu-se envergonhado diante as palavras de sua mãe. Mesmo sem intenção ele acabara de lhe causar um grande desgosto.


– Eu sei que errei mãe, mas poso dizer que venho pagando por isso...


– Filho só agora percebo que o fato de você não querer adotar uma criança tem a ver com o seu passado. No fundo você tem remorso por não ter aceitado seu próprio filho. E usa disso para se punir. Na verdade, Deus te puniu, fazendo se apaixonar por uma moça estéril. Jamais terá um filho com a mulher que ama, mas a Rose não tem culpa...


– Mãe – Emmett a interrompeu. – Acabo de descobrir que a Savannah está morta, mas o meu filho, quer dizer, filha. Ela está viva.


– Oh graças a Deus – proferiu Esme, com alivio imediato. Seus olhos se encheram de lágrimas instantaneamente. – Obrigada meu Deus por não ter permitido que o ato criminoso fosse consumado. Essa criança está agora em algum lugar da cidade, esperando por nós filho. Onde ela está?


– Está aqui na empresa em meu escritório, bem a minha frente mãe. Definitivamente não sei o que fazer com ela.


Do outro lado da linha um sorrio genuíno iluminou o rosto de Esme.


– Como não sabe o que fazer com ela?! É sua filha, vai cuidar dela como tem que ser. Vai registrá-la, vai lhe dar o seu nome. Vai amá-la e protegê-la como deveria ter feito desde o inicio. Eu preciso conhecê-la. Preciso ver o seu rostinho e descobrir com quem ela se parece. Parece com você, filho? – questionou com ansiedade de avó coruja.


– Um pouco – disse Emmett com indiferença. – Mãe eu não quero ficar com ela. Não sei como agir. Ela é tão pequena, e é uma garota. Não estou preparado para enfrentar isso. Não a quero, definitivamente não a quero comigo.


– Emmett McCarty Cullen não me faça sentir vergonha suas mais do que já senti. Filho, por Deus, onde foi que errei em sua criação? Às vezes você é tão ranzinza. Seu pai e eu não te demos amor o bastante aí você cresceu cheio de amargura? É isso? Ouça bem o que vou te dizer. Você vai ficar com essa criança mesmo que não queira, e vai aprender amá-la mesmo que seja na marra.


– Não posso mãe. Não me obrigue a isso. Eu só quero a Rose de volta, e a ninguém mais – foi categórico em sua última frase.


– Sinto muito filho, mas eu não vou te ajudar. Você vai aprender a ser pai e sozinho. Você está precisando disso para amadurecer como um homem que é. Não irei encobrir os seus erros, muito menos torná-los menos cruel e desumano.


– Mas mãe...


– Mas nada, Emmett. Você me decepcionou imensamente como jamais tinha feito antes. Eu vou fazer meu papel de mãe te obrigando amadurecer, corrigindo os seus próprios erros. E tenho absoluta certeza de que sua esposa voltará quando você aprender aceitar as coisas como elas são. “Você vai aprender amar essa criança e quando isso acontecer terá sua esposa de volta. Eu mesma farei questão de ir buscá-la na casa dos pais em San Diego”, em pensamento Esme concluiu. – É filho, Deus sabe o que faz. Você recusou-se a realizar o pedido de sua esposa e veja o quão maravilhoso é Deus. Ele a trouxe para vocês, sangue do seu sangue. Agora não pode fugir dessa responsabilidade. Leve-a para seu apartamento, passarei mais tarde para vê-la. Seja cuidadoso filho, ela é só uma criança.


Emmett bufou extremamente irritado. Não fosse sua mãe ao telefone, certamente teria agido grosseiramente sem se importar.


– Vai me ajudar? – perguntou na esperança de ouvir um “sim”.


– Não. Irei apenas conhecer minha neta. Até mais tarde filho – e então ela desligou. Seu coração de mãe estava subjugado. Queria correr para ajudar ao seu filho e conhecer sua neta enchendo-a de beijos e mimos, no entanto, Emmett precisava de uma dose de realidade para aceitar que errou e precisa corrigir.


Emmett colocou o telefone de volta a base, e ao fazer isso, seus olhos alcançaram a fotografia de Rosalie que estava em um porta-retratos sobre sua mesa de trabalho.


– Volta pra mim, Rose – pediu, tocando o rosto da Rosalie da fotografia. – O nosso lar sem você já não é o mesmo. Estou com medo de que me despreze ainda mais quando souber o que está acontecendo aqui. Vai me odiar, não vai? – questionou a Rosalie do porta-retratos, como se ela pudesse respondê-lo. Correu os dedos sobre o vidro que protegia a fotografia e olhou de soslaio para a pequena Julia que estava quieta demais encolhidinha em um canto do sofá chesterfield.


Emmett ficou de pé, deu a volta em torno de sua mesa de trabalho, seguindo em direção ao sofá onde se encontrava a garotinha, que por mais incrível que pareça, era sua filha.


Ao se aproximar notou que ela cochilava sugando uma chupeta, e coladinho a sua bochecha, manchada de lágrimas, estava o paninho. Abaixou-se e olhou atenciosamente ambas as perninhas da pequena Julia, notando assim os vários hematomas contidos ali. Alguns adquirindo a tonalidade amarelada, sinal de que eram os mais antigos. E outros, no entanto, bem escuros, esses seriam os mais recentes. Algo em seu coração quis se manifestar, mas Emmett relutou contra qualquer que fosse o sentimento.


– Vamos! – ordenou inesperadamente para a criança que cochilava. Isso fez com que a pequena Julia se assustasse. A prova nítida disso foi que ela tremeu dos pés a cabeça, como se tivesse levado um choque na tomada.


Ainda assustada, ela sentou-se no sofá olhando para Emmett. A chupeta na boca, prestes a cair. Emmett ficou de pé rapidamente, pegou a mochila cor de rosa que continha os poucos pertences de sua filha e seguiu em direção à porta.


– Acho que você não quer ficar aí sozinha, não é? – disse com sarcasmo como se a criança entendesse o que era cuspir veneno. – Então levanta e começa a andar – ordenou. –Vamos!


Julia se arrastou no sofá até alcançar o chão. Rapidamente correu estendendo sua mãozinha para Emmett, que mais uma vez se negou aceitar. Apenas ergueu a cabeça e se retirou da sala, segurando uma pasta de documentos em uma das mãos e a mochila de Julia na outra.


A pequena Julia praticamente corria para alcançá-lo.


A secretaria parou imediatamente o que estava fazendo, impressionada com a indiferença com a qual seu chefe estava tratando aquela criança.


Emmett entrou no elevador privado onde permaneceu por alguns segundos, aguardando impaciente, que a pequena Julia o alcançasse.


Assim que Julia entrou no elevador e as portas se fecharam ele esbravejou.


– Não posso ficar com você. Tenho meu casamento para salvar...


Julia apenas ergueu a cabeça para observá-lo. Suas bochechinhas coradas estavam marcadas pelo choro, caminhos de lágrimas secas chamavam atenção.


[...]


Tão logo as portas do elevador se abriram na garagem subterrânea, Emmett pegou a pequena Julia pela cintura e a colocou embaixo do braço, como se fosse uma bola de futebol americano.


Ao se aproximar do veiculo – um range rover, branco com preto –, colocou a pasta de documentos e a mochila de Julia sobre o capô, em seguida desativou o alarme. Abriu a porta traseira e acomodou Julia em um dos bancos, tentando da melhor forma adaptar o cinto de segurança a criança.


– Reze para que os guardas de transito não a vejam aí sem a maldita cadeirinha de segurança – bateu a porta do carro com força desnecessária. Deu a volta em torno do veiculo, sentando-se assim no banco do motorista.


Através do espelho retrovisor ele observou a pequena Julia, que brincava com a chupeta entre os dedos.


– Você está com fome? – perguntou ele.


Julia maneou a cabeça negativamente.


– Você sabe falar? – questionou irritado ao manobrar o veiculo para a saída.


– Sim papai... – murmurou em um fio de voz, seu timbre era tão doce e suave que lembrava a doce melodia de um anjo celestial.


Emmett freou o carro bruscamente. Era a primeira vez que a ouvia falar desde que a viu. A doce voz de sua filha lhe soara tão angelical e ainda assim ele se irritou.


– Meu nome é Emmett – disse ele com frieza desmedida.


– É o meu papai... O meu paizinho... – sussurrou com os olhinhos repletos de lágrimas.


– Eu não quero ser o pai de ninguém – esbravejou com irritação. – Porque você tinha que aparecer, garota?! E eu achando que você nem existia... – sussurrou.


– Não sei papai...– respondeu ela, entre um soluço e outro.


– Não me chame de papai – reclamou mais uma vez, enquanto dirigia já na avenida movimentada. – Me chame pelo meu nome, Emmett. Vamos repita comigo, Emmett.


– Não quelo... – murmurou com ressentimento.


– PARA DE CHORAR – exigiu Emmett, grosseiramente.


A pequena Julia escondeu o rostinho entre as mãozinhas roliças, tentando parar de chorar, por obediência à custa do medo. No entanto, isso só a fazia chorar ainda mais.


Tudo o que aquela criança queria era um tiquinho do amor de seu papai, mas para ele isso parecia imensamente doloroso.


Precisaria Emmett McCarty de uma dose de realidade?







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Notas finais do capítulo

Gente para que vocês não queiram trucidar o Emmett, aviso de antemão que ele vai se render de amores por essa gotinha de amor, mais cedo do que vocês imaginam. É só uma fase de negação.

Espero vê-las novamente :) vocês me deixaram muito feliz no capitulo passado ♥

Deem uns petelecos nele via comentário :) expressem suas opiniões quanto ao coração ranzinza e ao capitulo. Quanto mais comentário, mais rápido vem o capítulo o/

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Para quem não conhece minhas outras duas fics Rose&Emmett que estão em andamento, deixo o link, caso queiram conferir.

Quando o Amor Acontece:

http://fanfiction.com.br/historia/139550/Quando_o_Amor_Acontece/

E

Amor Amigo:

http://fanfiction.com.br/historia/237119/Amor_Amigo/

Beijo, beijo

Sill