A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 17
Capítulo 17 - Pedindo uma Chance


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou o/
Eu quero agradecer especialmente a: Rafael Cullen, NandaG, Grazi CWH, Tia Mia por terem recomendado a fic. AMEIIIIIII o que cada uma (um) escreveu. Obrigada, obrigada ♥ ♥ esse é especialmente para vocês.

**
Simbora lê galerinha :) e leiam também as notas finais.



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Rosalie caminhou sem pressa rumo ao estacionamento do hospital com Emmett a seu encalço. Olhou para trás apenas uma única vez, como se quisesse ter certeza de que ele a seguia. Embora seus sentimentos digladiassem dentro de si, não estava disposta a ceder tão fácil.

No momento Emmett somente desejava abraçá-la novamente. Se possível que o tempo parasse, lhe dando mais tempo para sanar a dor da separação forçada.

Naquela noite, assim como nos últimos dias, San Diego estava com temperaturas elevadas. Emmett já começava a sofrer com o calor, não estava acostumado a altas temperaturas e detestava o fato de se sentir suado. O tempo estava abafado, até mesmo a brisa noturna estava quente. Sob o tecido da camisa de botões que usava seus músculos imploravam por frescor. Enquanto andava sentia que poderia arrancar a camisa a qualquer momento. Os saltos das sandálias de Rosalie ecoavam no estacionamento subterrâneo.

Sem as chaves do carro em seu poder, ela apenas parou ao lado da porta do carona, permitindo os ombros cederem com cansaço físico e emocional. Sem pensar duas vezes Emmett a abraçou por trás envolvendo seus braços fortes na cintura curvilínea de Rosalie se permitindo aspirar o perfume do pescoço dela de maneira que a sensação perdurasse. Sentiu o corpo dela retesar ao encostar ao seu. Sem pressa de soltá-la deixou que os minutos se passassem. Rosalie parecia frágil, sedenta de seu carinho, mas ao mesmo tempo tão decidida. Em dados momentos Emmett ficava sem saber como agir por medo de magoa-la outra vez. 

Foi somente quando ela se mexeu que ele decidiu soltá-la. Emmett abriu a porta do carro para ela, que entrou em silêncio. Estava tão cansada, emocionalmente destruída. Primeiro foram às frustrações com o tratamento de inseminação. Depois a aversão, para ela, infundada, do marido no caso de adoção. A separação inesperada como uma saída desesperada de conseguir realizar seu sonho de ser mãe. E então veio a saudade devastadora, a qual ela não estava preparada para enfrentar. E o mais recente, a doença de sua mãe. Rosalie tinha certeza de que não aguentaria outro golpe do destino.

Emmett também não disse nada não convinha machucá-la ainda mais. Ele apenas fechou a porta e foi abri o porta-malas para guardar sua bagagem. Ao fazer isso, viu a mala de Rosalie. Ele reconheceria aquela mala em qualquer lugar do mundo, era a mesma mala que ela usara no dia em que saiu de casa. De repente sentiu-se como se fosse golpeado no estomago, ficando instantaneamente sem ar. Ela realmente estava indo ao seu encontro quando o destino interviu.

Ele fechou o porta-malas, com olhar resignado, observando as costas da esposa através do vidro da parte traseira do carro. Deu à volta em torno do veículo. Rosalie o observou entrar e se acomodar no banco do motorista. Emmett deu uma breve olhada no painel antes de inserir a chave na ignição. No momento que ele ergueu a mão para fazer isso, Rosalie ergueu a sua com a passagem aérea.

- O que? – perguntou confuso.

- Minha passagem para Detroit... – sussurrou ela, como se fosse sua obrigação confirmar tal informação para poder se sentir bem consigo mesma, ou apenas para fazer o marido entender.

Emmett segurou a mão dela, cuidadosamente fazendo-a recolher.

- Não precisa fazer isso, Rose.

- É melhor eu esclarecer antes que comece ser grosseiro...

As palavras de Rosalie o atingiram de forma que ele não esperava. Se sentindo mal com a necessidade dela em se explicar, apenas virou o rosto encarando o volante do carro do sogro.

A reação de Emmett pegou Rosalie de surpresa. Se isso tivesse acontecido há exato um mês atrás ele teria reagido diferente. Teria sido rude, reagido como se fosse o dono da verdade. Rosalie olhou o marido, de canto de olho, se perguntando o porquê algo nele lhe parecia diferente. Ele parecia tentar controlar suas atitudes estupidas, bem mais que antes.

- Ainda não te perguntei como está sua mãe – murmurou ele ainda encarando o volante. Pouco a pouco foi virando o rosto para olhá-la. – É muito grave o estado de saúde dela? Devemos nos preocupar com algo? Se ela precisa ser transferida para outro hospital...

Encarando os próprios dedos, Rosalie respondeu.

- Os médicos que a examinaram disseram que ela não corre risco de vida, mas que será necessário ficar alguns dias internada. É extremamente necessário para sua recuperação... Na verdade, essa primeira noite é primordial para como evolui o estado clinico dela. Isso me preocupa...

- Ela vai se recuperar bem. Você vai ver – assegurou, vendo-a guardar a passagem aérea de volta na bolsa, desejando que ela sentisse falta de seu abraço tanto quanto sentia do dela.

- Obrigada por ter vindo. Não é sua obrigação estar aqui... – completou em um sussurro.

- Minha obrigação é fazê-la feliz – sussurrou em resposta.

Rosalie ergueu a cabeça encontrando o olhar do marido. – Irônico você me dizer isso – disse com um leve sarcasmo.

Emmett soube exatamente ao que ela se referia e institivamente pensou em Julia. Se perguntou internamente como Rosalie reagiria quando ficasse sabendo de toda verdade. Quando soubesse da existência de sua gotinha de amor.

- Você nunca irá me perdoar, não é? – perguntou, com a culpa o corroendo por dentro.

- Emmett eu não quero ter que falar sobre isso agora. Você me magoou muito, mas eu te amo e, por esse motivo, estou dividida... – Emmett sentiu seu coração se encher de alegria, ouvi-la dizer que ainda o amava era tudo o que ele queria e precisava.

- Então quer dizer que está disposta a nos dar uma nova chance? Você tinha decidido isso quando resolveu ir a Detroit?

O calor ainda o castigava, com o ar-condicionado do veículo ainda desligado, sua testa já começava a suar.

- Na verdade precisamos discutir nosso casamento. Mas agora não estou com cabeça para isso... Só me leve para casa... Por favor.

Emmett voltou a encarar o volante do carro. Com um maneio de cabeça ele apenas obedeceu ao desejo dela, girando a chave na ignição dando vida ao motor. Fazendo a manobra ele sussurrou.

- Eu te amo... Te amo desde que a conheci. Te amo com a mesma veneração e veracidade do dia em que nos casamos.

Rosalie virou o rosto para o lado da janela do carro em movimento, fechando os olhos com força.

“Se ainda me ama porque me magoa tanto?”, pensou ela.

O carro entrou no trânsito. Emmett já começa a sentir menos calor depois do ar-condicionado ligado. Ambos ficaram em silêncio durante todo o trajeto, que levou alguns minutos, até a casa dos pais de Rosalie.

Quando estacionou no jardim em frente à casa dos Hale, Emmett foi o primeiro a sair do carro, sentindo o ar quente atingir seu corpo. Abriu o porta-malas novamente, dessa vez, retirando sua mala e a de Rosalie. As levou até a varanda e ela ainda permanecia dentro do carro.

Emmett voltou a passos curtos. – Rose... – a chamou enquanto se aproximava, mas ela não se mexeu. Preocupado, Emmett abriu a porta do carro estendendo a mão para ela.

- Vem amor. Vem comigo...

Rosalie ergueu a cabeça buscando o olhar do marido. Somente então segurou a mão dele, aceitando o convite. Não puderam evitar a torrente de calor liquido que percorria seus corpos sempre que se tocavam. Rosalie saiu do interior do veículo e encostou a testa no peito forte do marido, começando a chorar baixinho, porém esse choro foi se tornando cada vez mais angustiante e carregado de soluços, foi como se liberasse a válvula de escape de uma tristeza que a consumia há tempos.

- O que foi? – perguntou, com um leve desespero no tom de sua voz, acariciando os cabelos dela.

- Tudo – respondeu Rosalie, como se não suportasse mais guardar toda tristeza e lamento dentro de si. – Não quero que nada de mal aconteça a minha mãe. A quero de volta em casa ao lado do meu pai. Os quero juntos novamente. Tudo isso deve ser culpa minha... – soluçou. – Tenho perturbado ela com meus problemas desde que cheguei aqui. Sinto falta da minha casa, da nossa casa. Do meu trabalho... – soluços a atrapalhava a cada palavra que falava. – Das minhas amigas...  Do meu marido. Do marido com quem me casei... – seus dedos grudaram na frente da camisa de Emmett, apertando cada vez mais forte.

- Eu estou aqui amor. Bem aqui... – sussurrou ao pé do ouvido, abraçando-a com força.

- Porque tudo tem que acontecer comigo? Porque simplesmente as coisas não podem dar certo para mim...?

- Vem vamos entrar. Você precisa descansar. Está muito nervosa com tudo isso o que está acontecendo – Emmett lhe segurou a mão guiando-a até a varanda. Mesmo não sendo combinado, seus olhos buscaram ao mesmo tempo as alianças de casamento nas mãos um do outro. A confirmação gerou no coração de cada um deles, conforto e esperança.

Mesmo com tantas brigas e o afastamento repentino nenhum deles teve coragem para retirar de seus dedos o símbolo singelo, abençoado na casa de Deus, do laço matrimonial que os unia.

Rosalie olhou na direção da casa de Emma, a vizinha que esteve no hospital, notando que as luzes estavam acesas. Emma tinha saído assim que o horário de visitas chegou ao fim.

Emmett olhou a porta da casa dos sogros, fechada, depois voltou a olhar a esposa. – Você está com a chave?

- Uhumm... – murmurou, fadigada.

Devagar soltou a mão do marido para em seguida procurar as chaves da casa dentro da bolsa. Ela fez menção de abrir a porta, mas Emmett a interrompeu, pegando as chaves de sua mão, cuidadosamente. Inseriu a chave na fechadura girando-a devagar. Quando a porta estava aberta ele se recostou ao batente cedendo passagem para Rosalie, que entrou sem olhá-lo. Estava cansada de tudo, apenas desejava cair na cama e dormir até que chegasse a hora de voltar ao hospital para ver a mãe. Ela bem desejava dormir ao lado do marido, e como desejava, mas não estava preparada tampouco confortável a ceder aos instintos.

Automaticamente, como se estivesse programada para isso, ela caminhou através da sala de estar, sentando-se em um dos sofás começando a retirar as sandálias de salto alto que usava.

Emmett ficou parado entre o hall e a sala de estar apenas observando a esposa.

- Não fique parado aí Emmett. Eu não vou te expulsar se você entrar e sentar.

- Das outras vezes que estive aqui, você me expulsou – sussurrou ele.

- Mas não farei novamente – respondeu ela, igualmente em sussurro.

- Na verdade, estou matando a saudades... – sussurrou ele, novamente.

Rosalie inclinou a cabeça para o lado, olhando para ele. Em sua mão estava uma das sandálias que já havia retirado. Antes de falar algo, deixou a sandália sobre o carpete.

- Do que? – perguntou, desconfiada.

Sentindo-se mais confortável, Emmett deu um passo à frente.

- De te observar... – respondeu. – Meu Deus, Rose, como sinto sua falta – observando-a retirar a outra sandália não pode deixar de mencionar. – Você adorava quando eu retirava suas sandálias, ou sapatos, e massageava seus pés e tornozelos. Não pode ter se esquecido disso... Apesar das brigas tivemos bons momentos juntos.

- Para Emmett – exigiu, evitando olhá-lo naquele momento.

Embora Emmett soubesse que seu pedido não estava relacionado a parar de se mover. Parou exatamente onde estava. Sua atitude chocou Rosalie. Ela parou com ambas as mãos sobre a fivela da sandália e foi erguendo a cabeça devagar, não acreditando no que acabara de acontecer. O Emmett que ela deixou para trás, em Detroit, jamais teria obedecido. De forma alguma teria parado de falar tampouco de andar.

- Eu posso preparar um café se você quiser...  – ele sugeriu.

Rosalie sorriu chocada, por falta de outra reação. – Desde quando você sabe preparar café?

Emmett colocou as mãos no bolso, olhando o chão, estranhamente sem jeito.

- Desde que você me deixou sozinho... – sussurrou.

Rosalie estreitou os olhos, encarando o marido, achando tudo aquilo muito estranho.

- Para com esse joguinho Emmett. Não precisa se controlar tanto para não ser grosso comigo. Eu te conheço. Você não é assim. Você nunca entrou em uma cozinha para nada, além de comer.

- Estou aprendendo muitas coisas Rose...

- Não imagino o que seja... – retrucou em um sussurro.

“Não mesmo”, pensou ele, imaginando como estaria sua gotinha de amor há essa hora com os avós. Será que tinha jantado? Será que estava dormindo? Será que estava sentindo sua falta? Será que estava chorando? Eram todas perguntas que o preocupava. Era tão estranho ter alguém com quem se preocupar que não fosse apenas Rosalie.

- Eu vou subir para tomar um banho – avisou Rosalie ao ficar de pé. – Pretendo arrumar ainda hoje algumas coisas para levar amanhã para o hospital. Nem sei se conseguirei dormir essa noite... – murmurou, de costas para ele.

- Rose...?

Ela virou novamente para olhá-lo.

- Posso pedir uma pizza se você estiver com fome.

- Eu não estou com fome, mas, de qualquer forma, obrigada. Eu só quero tirar o cheiro de hospital de meu corpo e arrumar o que tenho que arrumar antes que o cansaço me domine por completo. Quero tentar falar com meu pai, antes de cair na cama, para ter certeza de que minha mãe está bem.

- Ela está... – respondeu Emmett.

- Como pode ter tanta certeza se você nem chegou a vê-la?

- Eu posso não tê-la visto, mas eu prefiro pensar que esteja. E, bem... Eu não a vi porque não liberaram minha entrada. Por falta de vontade não foi.

- E por quê? – perguntou. Completando mentalmente. “Se você sempre teve tendência a se preocupar com seu próprio umbigo, com seu ego, com sua estupidez.”

- Como assim porque, Rose? Porque eu te amo. Porque Grace é uma boa mãe e você a ama. Não quero te ver sofrer...

- Deveria ter pensando nisso antes de destroçar meu coração como você tem feito.

Emmett encarou o chão, passando a mão na nuca. – Você nunca irá me perdoar por isso, Rose?

Rosalie, que subia os primeiros degraus da escada, parou para olhá-lo.

- Eu já comecei a te perdoar Emmett, ou do contrario, não teria te deixado passar pela aquela porta – apontou na direção do hall de entrada.

Emmett suspirou. Sabia que era um terreno arenoso por onde teria que caminhar agora. No entanto, ainda havia uma pequena chance. Ela mesma havia acabado de mencionar, não diretamente, mas deixara a ideia a ser trabalhada.

- Você pode subir e tomar banho no quarto de hospedes se quiser. Na geladeira deve ter algo para o jantar... – disse ela, friamente, voltando a subir as escadas.

- Obrigado, mas irei tomar banho em um dos banheiros daqui de baixo mesmo.

- Se prefere assim...

- É eu acho que prefiro... – respondeu incomodado com a indiferença da esposa.

Rosalie seguiu escadas acima deixando um Emmett observador para trás. Emmett bufou frustrado, arrancando a camisa para logo depois arrastar a mala até o banheiro próximo ao corredor.

[...]

Detroit

Durante o restante da tarde Julia brincou com o tio no jardim da mansão dos avós. Edward a ensinava pedalar, mesmo com rodinhas, enquanto Alice fotografava. Esme os observava da varanda lateral da casa, atenta a qualquer reação de Julia.

Quando começou escurecer, Esme levou Julia para dentro de casa. A levou para um banho de banheira e colocou um pijaminha. Para o jantar da neta, antes da mamadeira, ela preparou uma sopinha de legumes. Inicialmente Julia se negou a tomar a sopa e fez carinha de choro. Disse varias vezes que queria o papai. Esme fez de tudo para distraí-la contornando a situação com historinhas inventadas enquanto lhe servia a sopinha na boca.

Depois do jantar Julia brincou um pouco na sala com os tios. Quando o sono começou a chegar, ela buscou o colo do avô. Talvez buscando a semelhança com o colo de seu papai. No entanto, o aconchego no colo do vovô durou pouco tempo. Logo ela começou a falar que queria o papai novamente. Varias vezes encostou a mãozinha no rosto do avô e pediu que ele fosse buscar o seu papai. Carlisle contornou a situação, dizendo que logo Emmett chegaria, mas, à medida que as horas foram passando, Julia começou a ficar preocupada e cheia de saudade.

Esme a pegou no colo e levou para o quarto. Deitou na cama com Julia entre ela e Carlisle. Após Julia ter escolhido a historinha que queria ouvir, dos livros que Emmett havia colocado na mochila, Carlisle começou a ler. Inicialmente ela prestou atenção, mas pouco a pouco, sentindo o sono se intensificar, percebendo que o pai não chegava, começou a chorar.

Encolhida no colo da avó, com o avô lhe fazendo carinho nos cabelos Julia não parava de falar que queria o papai.

- Eu quelo o papai, vovó... – soluçava e fungava com a chupeta na boca.

Esme beijava seu rostinho vez ou outra, enquanto a ninava tentando fazê-la dormir.

- Dorme um pouquinho amor, que quando você acordar o papai não demora a chegar.

- Vovó já tá esculo... – soluçou. – E o papaizinho não chegô... Ele foi embola que nem a mamãe Ose. Não chega nunca palece... Quelo o papai, vovó – soluçou o pedido, retirando a chupeta da boca. – Calinho tá com medo...

Esme passou a mão no rostinho dela, secando as lágrimas. – Fala para vovó do que o Carinho está com medo? – perguntou Esme, sabendo que os sentimentos do pônei eram uma projeção dos da neta.

- Calinho tem medo de ficá sozinho... – soluçou. – Tem medo da pessoa que faz um dodói...

Esme ficou de pé, com Julia nos braços. – Ninguém vai machucar a Julinha e o Carinho. Nem a vovó, e nem o vovô irão deixar que isso aconteça.

Edward apareceu na porta do quarto e caminhou até a mãe, preocupado com a sobrinha. Parado ao lado de Esme ele afagou a perninha de Julia em seguida depositou um beijinho. Julia inclinou o pescoço para ver quem era, mas ao ter certeza de que não era Emmett, o choro só aumentou.

- Titio... – ela soluçou com a chupeta na boca. – Bucá o meu papai... Ele foi embola e deixô a Julinha sozinha de amanhã e semple.

Fazendo carinho na perninha dela, Edward respondeu.

- Seu papai não foi embora não Julinha. Ele só foi visitar algumas pessoas, mas ele volta. Quando você dormir e acordar, quando não estiver mais escuro, aí ele vai chegar. Você não está sozinha, nós estamos aqui com você bonequinha.

- Tenho medo... – sussurrou ela.

Alice entrou no quarto, devagar, apoiada em suas muletas. – Não chora minha jujuba linda – pediu, chegando mais perto, ficando ao lado do irmão.

- Eu vou ligar para Emmett – avisou Edward, decidido.

Quando Julia ouviu o nome do pai esticou os olhinhos, olhando na direção da porta do quarto.

- Melhor esperar um pouco, filho. Seu irmão disse que iria ligar. Talvez ele não possa falar agora, por isso não ligou ainda – explicou Esme.

- Acho que Edward tem razão mamãe. Deveríamos ligar – concordou Alice.

Esme andava de um lado para o outro com a neta nos braços tentando consolá-la.

- Vamos esperar um pouco – definiu Esme, beijando a testa de Julia. – Dorme um pouquinho, meu pedacinho do céu, logo o papai vai chegar – sussurrou em seu ouvidinho.

Julia soluçou. – Tô com sodade do papai, vovó...

- Own meu amorzinho, aposto que o papai também está com saudades suas. E muita. Mas o papai vai voltar... Dorme um pouquinho.

- Eu quelo o Calinho – pediu entre um soluço e outro.

Esme olhou em volta procurando o pônei com o olhar. – Carlisle pega pra mim, por favor, Carinho está em cima da cama.

Carlisle pegou o pônei e levou até Julia, que estendeu os bracinhos para recebê-lo. Depois a pegou do colo de Esme.

- Vem com o vovô. Vem Julinha.

Julia não demonstrou recusa, sendo assim Esme a entregou aos braços de Carlisle.

- Vocês dois já podem ir dormir. O pai de vocês e eu cuidaremos dela.

Edward observava Carlisle sentar na poltrona com Julia no colo, cantando para ela uma canção de ninar tão conhecida por eles.

- Eu não vou conseguir dormir sabendo que ela está triste assim... – confessou ele.

- Nem eu, mamãe – concordou Alice, entristecida.

[...]

San Diego

Emmett havia acabado de entrar no banheiro, levando a mala. Escolheu o pijama que iria vestir para dormir, ou, pelo menos, tentar dormir. Mas antes de entrar embaixo do chuveiro retirou o celular do bolso e ligou para a casa dos pais em Detroit. Estava estranhamente preocupado precisava saber se Julia estava bem.

[...]

Detroit

Logo que o telefone fixo começou a tocar Alice teve a iniciativa de atendê-lo.

- Deve ser ele – tagarelou ela a caminho. – Alô!

- Oi Alice. Sou eu, Emmett – disse ele, esticando os olhos na direção da porta do banheiro, que estava aberta, para ter certeza de que Rosalie não estava por perto e acabasse descobrindo tudo de forma equivocada.

- Até que fim você ligou Emm. Estávamos quase te ligando...

Emmett a interrompeu.

- Aconteceu alguma coisa com a minha gotinha?

- Aconteceu que ela te ama, seu cabeçudo.

Esme se aproximou de Alice, estendendo a mão, pedindo o telefone.

- Ela está chorando... – Emmett falou consigo mesmo ao notar que a filha chorava em algum lugar perto de onde estava o telefone. Nesse instante, Alice passou o telefone para Esme.

- Oi, filho.

- Mãe porque minha gotinha está chorando?

- Ela quer você aqui com ela, filho. Está com saudade. Já sabíamos que isso iria acontecer. Ela acha que você foi embora.

- Onde ela está agora?

- Está aqui, no colo do seu pai. Estamos tentando fazê-la dormir, mas ela não quer dormir sem você por perto, disse que Carinho tem medo. Seu irmão estava louco querendo te ligar, eu pedi que esperasse um pouco. Não sabemos como andam as coisas por aí.

- Eu te explico tudo daqui a pouco mãe. Me deixe falar antes com a minha gotinha.

- Claro filho. Quem sabe assim ela fica mais tranquila ouvindo sua voz – de repente Emmett ficou ansioso para ouvir voz infantil da filha, como nunca imaginou que ficaria. – Eu vou passar o telefone para ela.

Esme voltou para perto de Carlisle sentando-se no braço da poltrona.

- Julinha, é o papai amor – explicou estendendo a mão com o telefone para Julia, que olhou em volta procurando o pai.

- Cadê o papai, vovô? – pediu a Carlisle, com os lábios projetados em um beicinho. – Eu não tô veno ele.

Do outro lado da linha, Emmett esboçou um sorrio.

- É no telefone Julinha. O papai quer falar com você pelo telefone.

Com os olhinhos cheios de lágrimas, ela encarou o telefone nas mãos de Esme, antes de encostá-lo ao ouvidinho. Quando Emmett sentiu a respiração leve da filha, seguida de uma fungada, ele começou a falar com ela.

- Porque a gotinha do papai ainda não foi dormir?

Os olhinhos azuis brilharam ao ouvir a voz de Emmett. O coraçãozinho se agitou com alegria dentro do peito, esquecendo um pouco o medo que sentia antes.

- Papai... – murmurou ela. Os avós e tios sorriram, vendo seu o rostinho ficar menos tristonho.

- Fala para o papai, porque minha gotinha linda está chorando?

- Pulque não chegô papai? Já tá esculo...  Saiba? Já esculo...

- Desculpa gotinha. O papai não vai poder dormir pertinho de você hoje, mas prometo que amanhã estarei aí.

- Eu quelo você papai, eu tô com sodade – choramingou. – Julinha tem muita sodade.

- Papai também está com saudade, filha. Mas você lembra que o papai falou que precisava visitar uma pessoa que estava triste, porque a pessoa que ela gosta está dodói?!

- Calinho tá tliste pulque papaizinho não tá aqui...

Alice sorriu, prestando atenção na expressão do rostinho de Julia ao falar.

- Amanhã quando você for dormir o papai já vai estar aí com você e com o Carinho. Não chora não, meu bebezinho.

- Você já ablaçou a pessoa que tava tliste?

- Sim – Emmett sorriu por ela ter lembrado. – O papai já deu um abraço bem forte nela, mas ela ainda está um pouco triste.

- Então conta uma histolinha pla ela... – gaguejou. – E dá um pilili.

Dessa vez todos sorriram, observando Julia falar.

- Essa é uma boa ideia, gotinha. O papai vai tentar conseguir um pirulito pra ela. Você acha que ela vai ficar feliz?

- Acho sim. Julinha quelia um pilili.

Emmett sorriu, cheio de vontade de abraçá-la.

- Amanhã a vovó te dá um pirulito. Mas agora você tem que dormir. Promete para o papai que não vai mais chorar e que vai dormir bem gostosinho na cama da vovó e do vovô?

- Plometo, papai – respondeu, coçando o olhinho.

- Agora manda o beijo bem estalado para o papai – pediu Emmett.

Julia deu um beijinho estalado no telefone, fazendo todos rirem.

- Que beijo gostoso. Agora o papai vai mandar um pra você.

Julia olhou em volta observando os rostos dos tios e avós. Ela sorriu quando ouviu o estalar do beijo do pai através do telefone.

- Calinho tá com sodade. E ele tem medo, papai.

- Abrace ele bem apertado e fique pertinho da vovó que o medo vai embora filha. Mas se ficar com muito medo, abraça o vovô que ele expulsa esse medo feioso. Igual o papai faz.

- E o titio também sabe?

- Sabe. O titio também sabe. Os dois mandam o medo ir para bem longe da minha gotinha. Agora dorme direitinho. Amanhã o papai vai te abraçar e beijar muito. Papai te ama muito, minha gotinha. Agora pega sua chupetinha e fica no colinho do vovô esperando o soninho chegar, enquanto ele lê uma historinha para você. Agora deixa o papai falar com a vovó um pouquinho.

Julia estendeu a mãozinha com o telefone para Esme.

- Papai qué falá com a vovó – disse ela.

Esme estendeu a mão para receber o telefone. – Obrigada, meu pedacinho do céu – no momento em que Esme recebeu o telefone Carlisle ficou de pé, levando Julia para a cama.

- Oi, filho.

- Mãe dá a chupeta com o paninho para Julia e a deite de bruços caso esteja impaciente. Dessa forma ela dorme melhor.

- Pode deixar filho, farei exatamente como está me pedindo. Mas agora, depois de ter falo com você, ela vai dormir direitinho. Já até parou de chorar. Não está mais achando que você foi embora e a deixou.

- Mãe...?

- Sim, filho.

- Quando ela acordar de madrugada, chorando por causa dos pesadelos, por favor, dê todo amor e atenção que puder a minha gotinha. Ela vai estranhar eu não estar por perto. Se ela demorar a se acalmar peça para o papai deitá-la de bruços sobre o peito dele, e fazer carinho nos dedinhos da mãozinha dela, dessa forma ela sentirá como se eu estivesse por perto.

Esme olhou a cama de casal, do outro lado do cômodo, e lá estavam eles, Julia aconchegada nos braços do avô com a tia afagando seu bracinho, e o tio se preparando para ler uma historinha.

- Não se preocupe querido. Seu pai e seus irmãos estão enchendo ela de mimos nesse exato momento. Faremos tudo para mantê-la confortável, segura e feliz.

- Ah, coloque a fralda para ela não fazer xixi na cama.

- Já coloquei filho.

- Obrigado, mãe.

- Não me agradeça por isso Emmett. Apenas a satisfação de vê-lo ser um pai dedicado é a melhor forma de agradecimento que poderia me dar.

Eles conversaram por mais alguns minutos, Emmett explicou sobre o estado de saúde da sogra. Finalizou com o relato sobre Rosalie está um pouco fria com ele, mas que estava disposta a estabelecer um diálogo. E isso era um bom sinal.

Quando a ligação foi finalizada Esme devolveu o telefone ao gancho e foi se juntar ao restante da família. Edward lia a historia da Cachinhos Dourados para Julia, que mesmo sonolenta tentava prestar atenção.

- Titio pulque que a Cachinho Doulado fez bagunça na casa dos ulsinhos? E comeu o galgalzinho deles? A mamãe dela não dá comidinha pla ela?

- É que essa Cachinhos Dourados é uma sapeca – explicou Edward, beijou o pezinho de Julia fazendo com que ela o recolhesse, sentindo cocegas. Apenas mais dois trechinhos lidos, Julia dormiu aconchegada ao avô, que lhe afagava os cabelos. Alice cochilava com a cabeça repousando no travesseiro da mãe quando Edward a cutucou chamando para ir para o quarto. Com cuidado ele ajudou a irmã a se levantar e a acompanhou até o quarto dela. Quando Alice já estava acomodada ele foi para seu próprio quarto.

[...]

San Diego

Emmett deixou o celular sobre a pia. Retirou as roupas que usava e entrou no box. Minutos depois, ao sair do banheiro, deixou a mala novamente na sala, próximo ao sofá. Seu olfato capturou o aroma maravilhoso do perfume de Rosalie no ambiente, e foi olhando em volta que ele a encontrou deitada no sofá, segurando o telefone fixo entre ambas as mãos. A vontade absurda de ir até lá e deitar ao lado dela foi maior que tudo, mas precisava sentir que ela também desejava a mesma proximidade. Em outra época não daria a mínima para isso, no entanto, o Emmett de agora começava a ter uma nova visão do que acontecia a sua volta.

A passos lentos ele caminhou até lá, sentando-se na beirada do sofá. Rosalie não resistiu à proximidade e a sensação de segurança que ele lhe transmitia, acabou se arrastando até repousar a cabeça no colo do marido, em silêncio.

Institivamente Emmett começou a fazer cafuné nos cabelos dela. Controlando a vontade insana de deitar ao seu lado e aspirar o perfume de seus cabelos.

- Conseguiu falar com seu pai? Sua mãe está bem, não está?

- Consegui, sim. Ele falou rapidinho, mas deu para me deixar mais tranquila. Ela está bem, considerando seu quadro clinico. E você está com fome?

- Não. Não se preocupe comigo, Rose. Eu posso me virar sozinho – ele esboçou um leve sorrio de covinhas e Rosalie se perdeu na doçura que aquele sorriso lhe transmitia. Suspirou lembrando quantas vezes desejou um bebê que herdasse aquelas mesmas covinhas. – Quando eu sentir fome, independente do horário, farei um lanchinho lá cozinha. Claro, isso se você não se incomodar.

- Claro que não Emm. Credo. Me sentiria até mal se você ficasse com fome. Eu sei o quão faminto você pode ficar. E, por favor, o fato de nosso casamento estar balançado, não quer dizer que não me importo com você. Porque se eu dissesse isso estaria mentindo.

- Eu te amo, Rose – murmurou, acariciando os fios dourados que estavam sobre seu colo.

De repente ela se remexeu voltando a sentar no sofá. Passou as mãos nos cabelos para afastá-los do rosto. Somente então encarou o marido, com um olhar observador.

- O que você queria me contar que não podia ser por telefone?

Inesperadamente Emmett sentiu uma fisgada no peito e seu coração começou a bater mais rápido. Ele não tinha certeza, mas desconfiava que fosse medo. Medo da reação de Rosalie. Embora ela desejasse desesperadamente ser mãe ele ainda temia que ela entendesse tudo errado e se afastasse ainda mais. Sabia que aquele não era um bom momento para revelações quanto à origem de sua paternidade. Ela precisava estar com a mente serena para discernir melhor o que acontecera no passado do marido.

Emmett sentiu-se desconfortável, suas mãos moveram-se como se não soubesse o que fazer com elas. Rosalie estreitou os olhos, estranhando a reação do marido. Emmett não era assim. Emmett McCarty não era assim. Não o Emmett com quem ela se casara. O homem com quem se casara era impulsivo. Não media as palavras antes de pronuncia-las, não se preocupava com as consequências que elas iriam causar. Era prepotente, não tolerava nada que julgasse inferior. Achava que o dinheiro poderia resolver qualquer coisa, bastava apenas retirar o talão de cheques do bolso.

O que ele estaria lhe escondendo, foi o que ela se perguntou.

- Eu não sei amor...

- Emmett... – sussurrou Rosalie, com uma leve pontada de medo em sua voz. – Não sabe o que? – era como se as palavras a ferissem.

- Não acho que esse seja o momento adequado para termos essa conversa. Sabe, com sua mãe em um hospital, você tão preocupada, cheia de medos e dúvidas. Preciso que esteja com a mente serena para ouvir tudo o que tenho a dizer. Com isso decidirmos como ficará nosso casamento. Nossa relação... Nosso futuro juntos...

Rosalie fechou os olhos com força quando uma suposição, com base nas atitudes do marido, invadiu sua mente.

Gesticulando a mão na frente do rosto enquanto maneava a cabeça negativamente, sentindo o coração se comprimir dentro do peito, ela falou as únicas palavras que sondavam sua mente.

- Não Emmett, por favor, não. Você não pode ter feito o que estou pensando.

Emmett arregalou os olhos, sentindo os medos dela se tornarem seus. Um medo totalmente sem fundamento, porque ele era louco por ela.

Ainda gesticulando nervosamente, Rosalie sentiu seus olhos arderem com o acumulo de lágrimas, seus lábios tremerem enquanto a dúvida fazia estragos em seu emocional já abalado. Tudo isso a deixava um tanto irritada. Queria ter o controle da situação, ou ao menos de suas emoções. Via diante de seus olhos todas as conversas que tivera com Grace, durante os dias que se passaram, tornasse ameaças reais.

Irritada consigo mesma, não só pelo medo da resposta, mas também por suas fraquezas como mulher, ficou de pé, derrubando algumas almofadas sobre o carpete. No momento em que seus pés firmaram no chão suas pernas reagiram como se tentasse se equilibrar em uma torre de gelatina. Deu alguns passos para a esquerda tentando sair dali, mesmo que suas pernas não colaborassem com o comando.

“Porque tudo tem que acontecer comigo”, ela pensava, controlando a vontade insana de chorar.

Desejou que a mãe estivesse ali para lhe dar suporte emocional, mas, por razões que somente o destino poderia decifrar, Grace estava em um quarto de hospital e ainda não tinha data certa para voltar.

Institivamente Emmett também ficou de pé. Preocupado, pouco a pouco foi diminuindo a distância entre ambos. Esticou o braço alcançando o ombro dela, devagar. Rosalie retesou diante o toque da mão do marido.

- Não me toque – exigiu sacudindo os ombros, beirando o choro.

- Rose... – ele suspirou derrotado. – Não é nada do que você possa estar pensando...

Ela virou-se ficando de frente para ele, gesticulando nervosamente com ambas as mãos. Lágrimas já rolavam em seu rosto.

- Como posso pensar o contrário quando tudo me faz crer que é outra coisa...

- Porque eu te amo Rosalie – ele passou as mãos na cabeça, nervosamente. – Por Deus, eu sou completamente louco por você. Desde que saiu de casa, cada dia para mim tem sido uma verdadeira tortura – confessou desesperado.  – Sabe como me sinto toda vez que me deito em nossa cama e não está ao meu lado? Sabe como me sinto todas as manhãs quando acordo e percebo que não está ao meu lado para me dar um beijo de bom dia? Sabe o quanto me sinto fracassado ao chegar à noite e não a encontrar para jantarmos juntos e me contar como foi o seu dia? Ou simplesmente o fato de poder sentir o seu perfume. Sinto falta de tudo em você Rose... Do seu cheiro... Da sua voz... De sua presença... Do seu toque... De suas caricias... De como fazíamos amor. Antes mesmo de sair de casa você já não estava mais me permitindo e tocar. Acha que me sentia como em relação a isso? Acha que não é difícil pra mim? Eu nunca... Presta atenção Rose, porque não quero que fique dúvidas quanto a isso. Eu nunca te trair com mulher alguma. Se houve outras mulheres em minha vida, foram antes de te conhecer. Você é a mulher que quero ao meu lado para o resto da vida. Você é a mulher que eu amo.

Rosalie respirou fundo, totalmente afetada pela declaração do marido. Estava estampado nos olhos dele o desespero de ser ouvido. O desespero de se fazer entender.

- Posso deixar de sentir medo...? – murmurou ela, com a voz arrastada.

- Nunca deveria sentir medo em relação a isso, porque eu me rastejo aos seus pés, meu amor. Você é a única mulher com quem quero deitar e acordar todos os dias de minha vida. A única com quem anseio fazer amor...

Notando o desespero nos olhos de Emmett tudo o que ela conseguiu pensar foi:

“Você me machucou muito, onde mais me doía. Por isso te machuquei de volta. Mas eu te amo Emmett.” – É tudo tão difícil – sussurrou.

- Por favor, Rose, não desista de mim... Do nosso casamento... Me deixe, pelo menos, tentar te mostrar que posso ser um homem diferente. Um bom marido...

- Como...? – suplicou cansada de tantas brigas e frustrações em seu casamento.

- Tudo o que eu te peço é um voto de confiança, Rose. Quando sua mãe sair do hospital, quando você estiver mais calma teremos aquela conversa. E a partir daí saberemos o futuro de nosso casamento. E, por favor, acredite em mim. Eu nunca te trair.

- Isso pode levar dias... – ela declarou, cansada.

- Eu não me importo em esperar desde que me prometa que vai ao meu encontro quando tudo estiver bem por aqui. Eu sei que você quer, e deve cuidar de Grace. Prometa que não vai fugir de mim como vinha fazendo. Não posso ficar aqui com você, embora eu desejasse muito. Mas quero que mantenha contato comigo me deixando informado a respeito da recuperação de sua mãe. Quero falar com você todos os dias, no horário que lhe for mais conveniente. E quando Grace estiver totalmente recuperada vá a meu encontro.

Rosalie passou ambas as mãos no rosto, secando as lágrimas.

- Tudo isso me parece muito estranho e suspeito. Mas você tem razão, não dá para definir nada agora. Estou muito confusa... Só quero que minha mãe saia logo daquele hospital. Que ela volte para casa com meu pai, e que eles continuem felizes juntos – ela suspirou antes de prosseguir. – Como isso foi acontecer, Emmett? Ela parecia tão bem quando meu pai foi me levar ao aeroporto. E agora veja só, quase a perdemos.

Emmett estendeu a mão direita em um convite. – Vem, você precisa deitar um pouco.

Meio hesitante ela estendeu a mão colocando sobre a dele. Se tornando impossível a reação que isso os causavam. Havia algo, uma formigação que disseminava pelo braço a caminho do coração e nenhum deles podia negar.

Emmett sentou novamente no sofá guiando-a para permanecer ao seu lado. Rosalie não recusou as instruções do marido, deitando novamente no sofá repousando a cabeça no colo dele. Com uma das mãos sobre a coxa do marido ela pediu.

- Emmett só me diz uma coisa... – hesitou antes de prosseguir. – Essa conversa não irá me destruir emocionalmente, irá?

- Não tenha medo, amor...

- Eu juro que vou tentar – respondeu, fechando os olhos, quando sentiu os dedos de Emmett percorrer por entre seus fios de cabelos dourados.

Emmett ficou em silêncio por alguns instantes, apenas afagando os cabelos de Rosalie, desfrutando da sensação maravilhosa que era a maciez dos cabelos dela. Desejava tanto poder beijá-la, mas sentia que ela não estava preparada ainda para esse passo do perdão.

Embora Rosalie desejasse realizar o sonho de ser mãe, a notícia de que Emmett era pai de uma garotinha de três anos, seria, sem dúvida, uma revelação perturbadora. Um baque que, no momento, não estava preparada emocionalmente para receber. Precisava estar com a mente aberta para aceitar e discernir como tudo acontecera, para que não houvesse brechas para o mau entendimento e acusações.

No entanto, Emmett preferia acreditar que ela ficaria feliz.


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Notas finais do capítulo

E aí o que tem a dizer sobre o capítulo?
Bem, Emmett está tentando uma proximidade e Rosalie já desconfia que ele está um pouco mudado, mas não sabe ainda a fonte de tudo isso.
Não esqueçam de comentar :) estarei ansiosa esperando.

**
Ahhh, antes que eu esqueça. Acabei de postar uma one-shot que nos últimos dias foi minha paixão escrevê-la. Lá a Julinha é um bebê e é filha de Rose e Emmett. MAS preparem os corações e os lencinhos.

Segue o link, e não esqueça de comentar no final:

http://fanfiction.com.br/historia/424445/Amor_Alem_Da_Vida/

Beijo, beijo

Sill



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