A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 16
Capítulo 16 - Por Amor


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoinhas :)

Capitulo chegando o/ para alegria de quem estava à espera. É isso aí pessoal, entrem mais uma vez no mundo do papai e da gotinha de amor ♥

Simbora ler :)



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Enquanto Emmett fazia a malinha de Julia, ela brincava no tapetinho colorido do quarto com algumas de suas bonecas. Por via das dúvidas preparou uma mala com itens para dois dias e duas noites. Não tinha certeza de quanto tempo ficaria em San Diego dependeria muito da gravidade do estado de saúde da sogra. A cada peça de roupa que guardava na malinha da filha, ele acrescentava uma de reserva. Essa decisão viera depois de ter lembrado que Julia fazia xixi na roupa quando ficava muito assustada. Em todo caso era melhor ter sempre a mais, embora ele soubesse que Esme compraria qualquer coisa que a neta precisasse. Entretanto, seu coração vinha sofrendo mudanças assombrosas em relação à filha. Era um tipo de amor que Emmett, até então, desconhecia. Ele ainda estava se adaptando as emoções do amor que, às vezes, transcendia a razão.

Quando a malinha cor de rosa, de etiquetas da Barbie, estava pronta, ele deixou sobre a e voltou para pegar as mochilas. Uma delas também era da Barbie. A outra, da Moranguinho. Como a da Barbie era maior, Emmett decidiu pôr os brinquedos nela. Já a outra, reservou para guardar os pós para o preparo da mamadeira.

Emmett se aproximou de Julia, segurando a mochila já aberta.

- Vamos pôr nessa mochila os brinquedos que você quer levar para a casa da vovó? – sugeriu, agachando-se.

Julia, que estava distraída com as bonecas, olhou para o pai, segurando um boneco de pelúcia dos backyardigans, Tasha, a hipopótamo amarela.

- Esse pode papai? – perguntou, esticando os bracinhos com o brinquedo.

- Pode, mas esse é grande para pôr na mochila, então a gente leva na mão mesmo, junto com Carinho. Vamos guardar os menores, está bem?!

Julia deixou Tasha, a hipopótamo, sobre a mesinha colorida que havia no quarto, e foi escolher outros brinquedos para guardar na mochila. Emmett apenas observava vendo-a escolher e entregar a ele. Quando não cabia na mochila, ele apenas avisava para pegar um menor. Entre alguns brinquedinhos da Fisher Price, ela escolheu o que Isabella havia lhe dado no dia anterior.

- Esse eu quelo que vai.

- Esse que a titia Bella te deu?

- Aham – ela maneou a cabeça afirmativamente, segurando o brinquedo com as duas mãozinhas erguidas na direção do pai.

- Então traz aqui para o papai guardar na mochila.

Julia andou com cuidado, ainda assim tropeçando em alguns brinquedos que estavam espalhados no tapetinho, até chegar onde o pai estava. Emmett recebeu o brinquedo das mãozinhas dela e o guardou na mochila abarrotada. Antes que não coubesse mais nada, ele pegou os giz de cera e os livros, tantos os de colorir quanto os de histórias. 

Emmett olhou a bicicletinha cor de rosa, no canto, próximo à entrada do banheiro, o que o fez lembrar que Julia praticamente não tinha brincado com ela. Talvez fosse uma boa ideia levá-la também. Seria mais uma distração enquanto ele estivesse fora.

- Vamos levar a bicicletinha também – sugeriu, fazendo os olhinhos de Julia brilhar. – Na casa da vovó tem bastante espaço, tanto dentro quanto do lado de fora. Lá você vai poder brincar de montão no jardim. Aposto que a titia e o titio irão adorar te ensinar como pedalar.

Julia sorriu empolgada com a ideia de levar sua bicicletinha da Barbie para a casa dos avós. Com tanto espaço no jardim, seria o local perfeito.

- Papai, e a minha pepeta? – perguntou, já agarrando o pônei embaixo do braço.

- A chupeta? Eu acho que está lá no sofá da sala de estar. Vamos pegá-la e guardá-la na mochila também, mas não nessa – se referiu a dos brinquedos. – Vamos guardar nessa daqui – avisou, indicando a mochila da Moranguinho que, até então, estava vazia.

- Não papai, eu quelo ficá com a pepeta.

- Mas o papai também vai levar essa mochila. É nela que vamos guardar sua mamadeira e as coisas para preparar o seu papá.

- Emédio não – avisou, gesticulando com o dedinho indicador.

- Está bem. Nada de remédio – Emmett disfarçou enquanto pegava a malinha e as mochilas, não se esquecendo da bicicletinha.

Julia saiu correndo na frente, levando apenas Carinho, indo em busca da preciosa chupeta exatamente onde o pai havia falado que deveria estar.

Emmett deixou as coisinhas dela no hall e foi para a cozinha guardar os pós de preparo da mamadeira na mochila que ainda estava vazia. Ele guardava a última lata, que era de Nutren, quando Julia chegou com a chupeta na boca, com passinhos lentos.

- Emédio não papai. Só comidinha – avisou, esticando os olhinhos para ver o que ele guardava.

Emmett sorriu, sem olhar para ela, percebendo o quanto a filha estava invocada com os remédios.

- Não se preocupe gotinha, o papai só pegou a comidinha – disse ele, virando-se para vê-la. – Vamos guardar essa chupeta na mochila também?!

 Ela colocou a mãozinha na frente da boca, como se tentasse proteger a chupeta.

- Não, papai. Eu vô ficá com a pepeta.

- Então está bem – respondeu, fechando a amochila.

Julia olhou para a geladeira depois para o pai novamente.

- Papai?

- Fala gotinha.

- Eu quelo um Danoninho.

- Mas você vai ficar com a chupeta ou vai tomar o Danoninho?

- Quelo pepeta. Mas eu quelo Danoninho também.

- Não dá para tomar o Danoninho com a chupeta na boca, filha – Emmett abriu a geladeira retirando de lá um pote de Danoninho. – Entrega a chupeta para o papai – ele estendeu a mão com a palma para cima. Sem hesitar Julia retirou a chupeta, olhando o Danoninho na outra mão do pai. Sem reclamar ela entregou a chupeta para ele.

- Não deixa codidinha, tá bom papai. Essa minha pepetinha.

- Papai não vai esconder – disse ele, deixando sobre o balcão bem ao lado da mochila da Moranguinho. – Vou deixá-la bem aqui.

Julia estendeu as mãozinhas esperando pelo Danoninho, que Emmett lhe entregou já aberto junto com uma colherzinha de plástico. Julia encheu a colherzinha e levou à boca, com o rostinho feliz revelando o quanto apreciava o que tinha em suas mãozinhas.

- Danoninho é muito gotoso – disse ao retirar a colher da boca.

- Você gosta muito, gotinha?

- Muito, muito papai. Muito gotoso Danoninho.

Emmett fez carinho na cabeça dela. – Eu vou arrumar minha mala agora. Você vem com o papai?

- Eu vô sim – ela maneou a cabeça enquanto colocava a colherzinha no pote de Danoninho novamente.

- Então vamos, mas presta atenção para não cair.

- Uhumm – murmurou com a colherzinha na boca.

Emmett começou a andar com ela vindo logo atrás, andando devagar. O pônei ia embaixo dos bracinhos da melhor forma que conseguia carrega-lo no momento.

- Vamos filha.

- Eu tô ino papai, mas eu tô comeno.

- Desculpa gotinha. O papai está te apressando, né?! Mas é que o papai precisa ser rápido agora.

Julia aumentou os passinhos e ao chegar perto do pai agarrou suas pernas. Sorrindo, Emmett a pegou no colo e segurou Carinho, o pônei. No console próximo ao corredor, Julia avistou o porta-retratos com a foto de Rosalie. No meio de tantas fotos, ela sempre preferia aquele em especial.

- A mamãe, papai. Mamãe da foto. Mamãe Ose – suspirou com a colherzinha na mão. –Você deixa levá na casa da vovó?

Olhando para a foto da esposa, depois para a filha em seu colo, ele ponderou. Já que ela ficaria sem sua presença talvez fosse aconselhável deixá-la com a foto da única mãe que ela amava, mesmo que nunca tenha visto pessoalmente.

- Está bem – assentiu, pegando o porta-retratos com a foto preferida de Rosalie. Mesmo com o pouco tempo de convivência ele já havia notado que a filha se sentia bem, e mais confiante, com aquela fotografia por perto. – Mas só dessa vez.

Quando entrou na suíte principal, Emmett colocou Julia sentadinha na cama terminando de tomar o Danoninho, com Carinho e o a foto de Rosalie ao lado. Vez ou outra, ela acariciava o rosto da Rosalie da fotografia.

Emmett entrou no closet para preparar sua mala. Ultimamente não gostava muito de entrar ali, mas não tinha escolha. Havia muitos pertences de Rosalie, e olhá-los era uma tortura, a qual não conseguia evitar.

Parado em frente ao local onde estavam as camisolas e robes de seda da esposa, não resistiu e acabou pegando uma camisola vermelha. O tecido delicado deslizou suavemente entre seus dedos. Entre suas mãos. Ele fechou os olhos com força, encostando o tecido na pele de seu rosto sentindo a textura suave, como se pudesse tocar a pele de Rosalie através daquele tecido.

Aspirou o perfume sem pressa, sentindo o coração se comprimir dentro do peito. Sentia tanta falta dela. Ah, se ao menos soubesse o quanto a amava, era o que ele pensava. Nem mesmo a mãe biológica de sua filha ele chegou a amar como ama Rosalie. Talvez, apenas talvez, ela não entendesse seu jeito torto de amar. Mas, sobretudo ele buscava a perfeição porque era louco por ela. Deus sabia o quanto amava aquela mulher.

Antes de pôr a camisola de volta no lugar, ele ainda aspirou o perfume mais duas vezes, se embriagando com o perfume dela, se torturando com a dor saudade.

Após um longo suspiro Emmett dedicou-se a fazer a mala, porém, sem afastar a imagem da esposa da mente. Seu coração chegava a doer de tanto que a amava. Sua mente brincando de torturá-lo, forçando-o a lembrar de todas as vezes que a viu usar a maioria daquelas peças somente para ele. Algumas, ela ainda nem chegara a usar.

Lembrou-se de como seus cabelos dourados caiam displicentemente sobre os ombros deixando-a perigosamente sexy. O corpo curvilíneo e delicado junto ao seu, propagando o calor de seus corpos. A maciez e o sabor inigualável de seus lábios quentes. Por Deus como sentia falta daquela mulher. Só de lembrar todos os bons momentos em que viveram juntos, corpo e alma se aqueciam.

De repente sentia-se tão ansioso para vê-la, talvez tanto quanto um adolescente preparando-se para o primeiro encontro.

Sua mala levou menos tempo que a de Julia para ficar pronta. Quando saiu do closet encontrou sua gotinha de amor deitada, com Carinho de um lado e a foto de Rosalie do outro. O pote de Danoninho, agora vazio, estava dispensado na beirada da cama com a colherzinha ao lado.

Emmett sentiu um nó se formar na garganta vendo Julia olhar a foto de Rosalie com tanto amor. Amor esse que ele não compreendia como surgira. Havia algo além do compreensível ali, eram almas destinadas. Talvez mãe e filha em outras vidas. Julia a amava e a queria por perto tanto quanto ele a queria.

- Eu quelo você mamãe... – sussurrou ela.

“Se tivermos sorte, minha gotinha, um dia a mamãe estará com a gente”. “Que ela me perdoe por tudo o que eu fiz”, pensou ele.

Sabendo que a mãe não se negaria a cuidar de Julia, considerando o que estava acontecendo em San Diego, Emmett pegou o telefone fixo sobre a mesinha de cabeceira e voltou para o closet, para que Julia não ouvisse a conversa. Falando baixo, tomando todo o cuidado para Julia não ouvir o nome de Rosalie ser mencionado, ele explicou para Esme o porquê estava indo. Esme concordou, levando em consideração o motivo pelo qual o filho estaria se ausentando.

Assim que terminou de falar com a mãe, ele ligou para o aeroporto para tentar fazer uma reserva no próximo voo para San Diego. Por sorte conseguiu para dali uma hora e meia.

Quando saiu do closet novamente nem Julia, nem Carinho, nem a foto de Rosalie estavam mais na cama, somente o pote de Danoninho vazio.

- Julia? Gotinha? – ele a chamou enquanto recolhia o pote de Danoninho. Saiu do quarto se perguntando onde ela estaria. No corredor, tentou mais uma vez. – Julinha onde você está filha? – ele andou pelo apartamento olhando cada cômodo por onde passava e acabou deixando o pote de Danoninho vazio sobre uma mesinha de vidro próximo ao escritório. Foi quando ouviu o som da televisão, que havia acabado de ser ligada. – Gotinha? – ele a chamou, colocando a cabeça para dentro da sala de TV. – Porque não falou para o papai que vinha para cá? Eu estava te procurando.

Julia se virou para olhá-lo, em suas mãozinhas estava o controle da televisão.

- Calinho quelia vê um desenho, papai – disse ela, piscando os olhinhos como se estivesse com sono. – Ele quelia com a mamãe da foto.

Emmett olhou em volta, buscando pelos objetos, e foi no sofá onde seus olhos encontraram o pônei cor de rosa ao lado do porta-retratos com a foto de Rosalie.

- Porque não ligou a TV do quarto do papai, e ficou lá na cama mesmo?

- Não tem isso, papai – ela esticou o bracinho, mostrando o controle.

- Eu vou me arrumar para a gente sair. Você não quer assistir o desenho lá no quarto do papai? Eu ligo a TV de lá.

- Eu quelo – ela maneou a cabeça, reforçando a fala.

Emmett estendeu os braços em um convite. – Então vem com o papai.

Julia desligou a TV, deixando o controle sobre o sofá. Com uma mãozinha ela pegou Carinho e com outra o porta-retratos. Ela ameaçou correr ao encontro do pai, que estava parado na passagem da porta, mas ele a advertiu.

- Sem correr gotinha. O papai não quer que você se machuque com o porta-retratos. Julia encarou as mãozinhas com os objetos antes de caminhar ao encontro do pai, que a pegou no colo, beijando seu rostinho.

- Você já vai visitá à pessoa dodói?

- Eu vou me arrumar para te deixar na casa da vovó Esme. Aí sim, depois eu vou visitar essa pessoa.

- Vovó vai bincá com a Julinha e Calinho?

- Vai. A vovó vai adorar brincar com vocês – respondeu enquanto voltavam para a suíte do casal. – A vovó já está até te esperando.

- Vovozinha tá epelano?! – sorriu, olhando para o pai.

- Aposto que a titia e o titio, e até o vovô, estão te esperando também.

- Todas pessoas? – perguntou, encolhendo os ombros, adorando a ideia de toda a família estar a sua espera.

- Todo mundo querendo brincar com a Julinha e o Carinho – disse Emmett, com uma piscadela.

Julia sorriu, chegando a fechar os olhinhos enquanto suas covinhas marcavam seu pequeno rosto. Quando Emmett entrou no quarto a colocou novamente sobre a cama, perto dos travesseiros. Julia ajeitou Carinho e a foto de Rosalie ao seu lado em seguida se deitou esperando que Emmett ligasse a televisão. Ele olhou em volta, fazendo uma breve busca pelo cômodo com o olhar em busca do controle remoto. Quando enfim o encontrou, ligou a TV deixando no canal Discovery Kids.

- Papai eu quelo minha pepeta – sua voz soou dengosa enquanto coçava um dos olhinhos.

- A chupeta ficou lá na cozinha porque o papai vai guardá-la na mochila para levar para a casa da vovó. Lembra?

- Bucá ela papai, pô favô. Eu quelo minha pepeta – dessa vez sua voz saiu com um muxoxo de choro.

- Daqui a pouco o papai pega. Espera eu me arrumar primeiro, gotinha.

- Eu quelo...

- Espera um pouco filha.

- Tá bom... – Julia assentiu, com carinha triste encostando-se aos travesseiros, abraçada a Carinho.

Como tinha tomado banho há pouco tempo, ele foi ao closet apenas para se vestir. Antes de virar as costas, permitiu-se dar uma breve olhada na filha. Julia olhava para a tela da TV com carinha triste. Emmett se perguntou se não deveria ir buscar a chupeta. Mas ela riu logo em seguida, com alguma coisa no desenho, isso o fez deixar a chupeta para depois.

No closet, evitando olhar os pertences de Rosalie, ele se vestiu apropriadamente, em tempo recorde. Quando saiu conferiu na bagagem de mão se estava tudo ok. Tudo conferido levou a bagagem até a porta do quarto.

- Vamos gotinha. Papai já está pronto – ele avisou, voltando para perto da cama.

Julia sentou na cama, com os olhinhos vidrados no pai. Emmett chegou mais perto a pegando no colo para logo em seguida colocá-la no chão. Como Julia estava com Carinho nos braços, ele pegou apenas o porta-retratos com a foto de Rosalie.

- Não. Não papai, não – ela se desesperou achando que Emmett fosse guardar a foto como sempre fazia antes de saírem do apartamento.  

- O papai não vai guardar. Calma! Vou colocar na mochila, também, para levar pra casa da vovó como você pediu filha.

Julia ficou na pontinha dos pés, esticando os bracinhos, com as mãozinhas nervosas abrindo e fechando.

- Eu quelo...

- Eu vou te devolver quando chegarmos à casa da vovó.

Julia abaixou a cabeça encarando as mãozinhas com cara de choro. Como estava apressado Emmett devolveu o porta-retratos para ela e saiu do quarto, levando a bagagem apenas. Julia ia a seu encalço. Ele deixou tudo no hall e voltou a passos largos para a cozinha. Pegou a mochila com o pós para o preparo da mamadeira e guardou a chupeta também. Quando voltou esbarrou em Julia, que o seguia. Emmett agiu rapidamente impedindo-a de cair de bumbum no chão.

Apressados, pai e filha saíram do apartamento direto para o hall exclusivo da cobertura. Emmett levou tudo para dentro do elevador e por pouco não esbarrou em Julia novamente. Quando as portas se fecharam, Julia o olhava com o pescoço inclinado. Emmett lhe fez cafuné na cabeça, e ela lhe sorriu. Preocupado com o horário, ele retirou o celular do bolso verificando a hora. Julia sentou no piso do elevador mantendo Carinho e o porta-retratos no colo.

- Ei no chão, não. Vem para o colo do papai.

- Não pode blincá no chão, papai? Não pode?

- Não. Aqui não – respondeu, pegando-a no colo.

Na garagem, ele guardou tudo no porta-malas de seu Range Rover, branco. Na vaga ao lado da sua, estava o carro de Rosalie – um Maserati Kubang, prateado –, último presente de Emmett para ela. Foi inevitável não sentir um aperto no peito, exatamente como em todas às vezes que passava por ali. Era torturante ver todas as coisas dela deixadas para trás. Além da tortura emocional que todas elas lhe causavam, isso o fazia se sentir, como todas as outras coisas, substituível.

[...]

Minutos depois, Emmett dirigia rumo à casa dos pais. De tempos em tempos olhava sua gotinha de amor através retrovisor. Ela segurava com necessidade e adoração os dois objetos. Era como se seu subconsciente a alertasse do que seu papai estava prestes a fazer; visitar a mamãe que ela tanto amava, mesmo sem nunca tê-la visto pessoalmente.

Em frente à mansão dos pais, Emmett estacionou o carro. Saiu do veículo e deu a volta para retirar Julia da cadeirinha. Ela esticava o pescoço, olhando os portões enquanto Emmett a retirava do carro. Logo depois a colocou no chão e foi abrir o porta-malas para retirar suas coisinhas.

Julia caminhou sem pressa até os portões de ferro ornamentado da residência dos avós. Através das grades, ela observou além do jardim.

- Vovó... Vovó, a Julinha chegô – murmurou ela.

Emmett sorriu, tocando a campainha.

- Assim a vovó não vai te ouvir, filha. Vem cá – ele estendeu os braços convidando-a. –Fala aqui que a vovó te ouve – indicou a campainha, inclinando Julia para mais perto.

- Quem é? – a voz de Esme soou através do interfone.

Julia ficou intercalando, entre o pai e o interfone, com olhinhos arregalados de curiosidade.

- Fala que é a Julinha – cochichou Emmett em seu ouvido.

- Vovó tá onde, papai? – perguntou confusa. Esme sorriu ao ouvir a pergunta da neta. – Você tá plesa aí vovozinha?

- Não, meu pedacinho do céu. A vovó está dentro de casa. Eu estava te esperando, sabia?! Já estou indo aí te receber está bem, meu amorzinho?

- Tá bom vovó, tô epelano – respondeu, sorrindo, olhando para o pai.

- Aguenta só um pouquinho filho. Já estou indo – avisou, apertando o botão que permitia que os portões fossem abertos. Mesmo sabendo que o filho não iria entrar por estar com pressa.

Emmett se afastou do interfone colocando Julia no chão novamente. Ajoelhou-se na calçada para ficar mais perto dela enquanto falava.

- Gotinha olha para o papai – pediu, notando que ela olhava o jardim para ter certeza de que a avó estava a caminho. – O papai vai visitar a pessoa...

Antes que Emmett pudesse concluir, Julia o interrompeu.

- A pessoa dodói?

- Também. Mas o papai precisa muito estar com a que gosta bastante da pessoa que está dodói. Por isso ela está triste. Eu prometo que volto logo filha.

Esme parou atrás de Julia, onde ficou observando Emmett se despedir.

- Dá um ablaço nela papai, que ela não fica tliste. E a pessoa dodói dá um emédinho pla ela, daí sala o dodói. Que nem papai faz no dodói da Julinha. E tem o desenho da dotola blinquedo que canta assim, ô papai: Estô culada. Concetada. Obligada pô tilá de mim meus dodóis. Melholei batante do jeito que você plometeu, estô culada, estô...

Emmett sorriu abraçando o corpo pequenino, lhe dando um cheirinho na bochecha e outro no pescoço.

- Papai promete que vai dar um abraço bem forte nela. Um verdadeiro abraço de urso – Julia sorriu. – E a pessoa dodói, o médico já está cuidando dela filha. Não se preocupe ela vai ficar bem. Agora vai lá com a vovó – ele deu mais um beijo nela e ficou de pé. – Cuida dela pra mim, mãe. Eu prometo que volto rápido. Amanhã à noite já devo estar de volta. Estou indo para que ela saiba que ainda me importo, mesmo que me ignore.

Esme olhou para Julia, que estava distraída observando as flores no jardim.

- Sabe que ela vai chorar quando perceber que você não volta hoje, não sabe?

- Sei... – disse ele, observando a filha encostar o dedinho indicador na pétala de uma rosa amarela. – Mas eu preciso fazer isso, mãe. Minha esposa está precisando de mim. Juro que volto amanhã. Estou com o coração apertado só de imaginar que ela terá pesadelos essa noite e eu não estarei ao seu lado para confortá-la e assegurá-la de que ninguém vai machucá-la novamente. Promete que vai niná-la, que vai dizer que volto logo e que a amo?

- Nem precisava me pedir para dizer isso, filho. Vai tranquilo. Seu pai e eu cuidaremos bem de nossa netinha. Só não se esqueça de que não pode ficar muito tempo fora.

- Eu volto amanhã mesmo, mãe – Emmett olhou novamente para a filha, que estava agora do outro lado do jardim. – Eu ligo para falar com ela antes dela dormir. Bem... Espero conseguir pegá-la acordada. Vai depender muito do horário que eu puder ligar. Ela está grudada naquele porta-retratos com a foto da Rose desde que eu falei que iria sair e ela iria ficar. Eu já troquei a parte protetora que antes era de vidro por uma de plástico, mas, mesmo assim, tenho medo que ela se machuque com a moldura. É melhor não deixá-la correr enquanto estiver com ele nas mãos.

Esme tocou o ombro do filho, gentilmente. – Não se preocupe. Cuidarei direitinho da minha netinha. Sua gotinha de amor estará segura e protegida conosco.

- Ei seu disso, mãe. E somente por isso a deixo com vocês. De todas as pessoas no mundo, vocês e a Rose são as únicas pessoas com quem eu deixaria minha gotinha, sem medo.

Emmett, que mantinha as duas mochilas de Julia pendurada no antebraço às entregou a Esme.

- Nessa da Barbie estão os brinquedos que ela escolheu para trazer. E nessa outra aqui, da Moranguinho, estão os pós para o preparo da mamadeira, os remédios e a chupeta.  Ah – disse ele parecendo lembrar-se de algo muito importante. – Não deixe que ela perceba que eu trouxe os remédios. Se ela descobrir vai ficar muito chateada, ela me avisou um monte de vezes, que remédio não – ele sorriu ao lembrar do pedido da filha. – De forma alguma deixe que ela perceba que a senhora colocou na mamadeira, porque se ela descobrir não vai aceitar, e vai insistir com carinha de choro que prepare outra. Eu sei por que já aconteceu comigo, mãe. Foi difícil dobrar ela.

Esme sorriu. – Filho se tranquilize. Eu sei como cuidar da minha netinha. Esqueceu que sou mãe de três. E que esses três já tiveram a idade da Julinha? Não se preocupe, sua gotinha vai ficar bem.

Emmett arrastou a malinha cor de rosa pelo puxador. – Aqui está tudo o que ela vai precisar até eu voltar.

Esme sorriu orgulhosa do seu primogênito, com o cuidado e dedicação em fazer a malinha da filha e se preocupar em guardar tudo separado.

- Certo querido.

- E a piscina, mãe? Depois daquele susto, outro nunca mais. Pelo amor de Deus.

- Estão trabalhando nisso. Até amanhã já deve estar tudo pronto. Não se preocupe Emmett, mesmo com a piscina já cercada não a deixarei brincar do lado de fora sozinha. Definitivamente outro susto daquele nunca mais.

- Ah, mãe, você pode pedir para que alguém vá ao meu apartamento fazer todas as proteções de janelas e sacadas enquanto eu estiver fora. Até agora venho evitando deixar portas e janelas abertas de locais onde ela possa ir. Com tudo pronto ficarei mais tranquilo com ela andando pelo apartamento quando eu voltar.

- Já fiz isso filho. Já falei com o pessoal, eles vão mandar alguém ir até lá quando terminar com a piscina.

- Certo... Então acho que já vou indo – murmurou, olhando de canto de olho a filha no jardim, enquanto entregava as chaves do apartamento para a mãe. – Gotinha vem dar um beijo no papai, filha, que o papai já está indo.

Julia virou o rostinho para olhá-lo. – Papaizinho – disse ela indo ao encontro dele, agarrando-o pelas pernas. – Não vai embola papai...

- Eu vou, mas volto rapidinho – explicou, pegando-a no colo e beijando seu rostinho. –Fala pra vovó que você trouxe sua bicicletinha para brincar no jardim.

Julia inclinou o rostinho, olhando a bicicleta de rodinhas, tão pequenina que parecia de brinquedo, ao lado do portão, depois olhou para Esme.

- Essa biciquetinha é minha vovó. E eu vou bincá muito, muito, muito. E Calinho também.

Esme sorriu. – É mesmo, amor. Sabia que a titia e o titio irão adorar brincar com você no jardim?! É. Eles adoram uma farra, e se for com a Julinha então, aí é que eles adoram mais ainda.

Julia estava com olhinhos brilhando com a ideia de brincar com os tios no jardim.

- Ouvir dizer que uma garotinha linda, com olhos azuis tanto quanto um pedacinho do céu, trouxe uma bicicletinha para cá – brincou Edward se aproximando, sem pressa.

Julia olhou na direção da voz do tio. Quando o viu, sorriu para ele com covinhas marcando seu rostinho, chegando a fechar os olhinhos.

- Titio – disse ela, animada. – Você tava me epelano? Epelano a Julinha pla blincá. Titio plíncinpe das histólias – sorriu.

- Ah, eu fiquei te esperando sim, mas você demorou. Já estava pensando que não queria ficar com a gente. Nós íamos ficar muito tristes – Edward fingiu estar triste com a cabeça baixa.

Institivamente o rostinho de Julia também se entristeceu. – Não titio – mexendo a mãozinha ela pediu. – Não fica tliste. Papai... – murmurou olhando para o pai, fazendo beicinho.

- Ele não está triste não filha. Só está fingindo.

Julia olhou novamente para o tio. Edward lhe sorriu.

- Não estou triste não Julinha. Titio só estava brincando. E então, vamos ou não vamos brincar com essa bicicleta enorme? – ele deu ênfase ao “enorme”, fazendo-a sorrir.

- Vamo titio – ela se remexeu no colo do pai, pedindo liberdade.

Emmett passou a filha para os braços do irmão. – Cuida dela pra mim mano – pediu se sentindo um tanto estranho por ter que deixá-la.

- Eu cuidarei – garantiu, em seguida beijou o rostinho da sobrinha.

- Tchau papaizinho. Não demola senão Calinho fica tliste.

- O papai volta logo – disse ele. – Eu prometo.

- Tchau filho – disse Esme. – Seja paciente, não vá ser grosso com sua esposa agora, hein. Ela está passando por um momento complicado na vida dela. O casamento de vocês em crise... A mãe doente em um hospital. Seja compreensivo. Qualquer coisa é só ligar. Estaremos todos aqui a disposição, seja para o que for.

- Obrigado, mãe.

Ao lado do portão, Edward estava colocando Julia sentada na bicicletinha quando se despediu do irmão.

- Tchau Emmett. Tentem não brigar dessa vez.

- Tchau. Tenha cuidado com minha filha.

Edward começou puxar a bicicletinha pelo guidão, com a mão livre acenou para o irmão. Julia colocou na cestinha da bicicleta o porta-retratos com a foto de Rosalie, e o pônei. Mesmo com rodinhas ela ainda não sabia como andar, não conseguia pôr forças o suficiente para girar os pedais. O tio a conduziu dessa forma através do jardim rumo à entrada principal da casa.

- Cuidem da minha gotinha de amor... – sussurrou enquanto virava as costas para partir.

Esme seguiu o filho, Edward, levando a malinha e as duas mochilas da neta.

Preocupado com a reação de Julia quando descobrisse que ele não voltaria naquela noite, Emmett entrou no carro e dirigiu até o aeroporto. Deixaria o veículo em um estacionamento privado até seu retorno. À medida que se aproximava do aeroporto sentia-se como se um pedaço de seu coração ficasse para trás. E ele bem sabia a origem; a gotinha de amor que faltava.

Após ter deixado o carro em um local seguro, Emmett correu para o balcão da companhia aérea para fazer o check-in. Estava ansioso, não conseguia relaxar tampouco se distrair. Estava deixando sua gotinha de amor para trás e não conseguia entender a sensação estranha que estava sentindo por ter que fazer isso. Por outro lado, estava indo ao encontro da esposa que não via há algum tempo. A mulher que tinha seu coração. A mulher por quem é loucamente apaixonado. Entretanto, não tinha a menor ideia de como reagiria a sua presença quando foi ela quem se afastou.

A mala foi devidamente etiquetada para embarque em seguida despachada. Emmett caminhava pelo corredor de embarque quando seu celular avisou de uma mensagem de texto. Ele o retirou do bolso, sentindo o coração se agitar ao ver que era da esposa. Da mulher por quem estava embarcando em um avião agora.

A mensagem era breve. Apenas informava o endereço do hospital para onde levaram Grace. Para onde ele deveria ir. Explicou também como encontrá-la. E caso não estivesse no hospital quando ele chegasse o único local para o qual iria era a casa de seus pais, cujo Emmett já sabia o endereço.

Em pouco tempo Emmett estava dentro do avião, com a cabeça apoiada ao assento. Ele estava de olhos fechados, pensando na loucura que havia se tornado sua vida sem Rosalie por perto. Nas mudanças com a chegada de Julia. Somente abriu os olhos quando sentiu o avião decolar. Ele suspirou sentindo ansiedade só de imaginar que dentro de três horas e cinquenta e sete minutos, talvez quatro, estaria ao lado de Rosalie. Que teria a chance de abraçá-la mais uma vez.

Como não vinha dormindo bem nos últimos dias, dormiu praticamente durante todo o voo. Chegou a San Diego por volta das vinte e uma horas e trinta minutos. Pegou um taxi e foi direto ao hospital que indicava no endereço. Faltando apenas dez minutos para as vinte e duas horas ele chegou ao local. Arrastando a mala, ele foi ao balcão de informações. Após ter se identificado e explicado que tinha vindo direto do aeroporto, a moça do outro lado balcão, verificou alguns dados no computador, mas ao olhar para Emmett explicou que ele não podia entrar. O horário de visitas já tinha chegado ao fim. Mas que o marido e a filha da paciente ainda estavam lá dentro conversando com o médico responsável pela internação.

Frustrado, tudo o que Emmett pode fazer foi esperar. Olhou em volta, e após pensar no que fazer, acabou sentando em uma das cadeiras de espera. Retirou o celular do bolso pensando em ligar para Rosalie, avisando que estava ali, mas seria um tanto grosseiro de sua parte atrapalhá-la caso estivesse falando com os médicos. Acabou optando pelo menos constrangedor; uma mensagem de texto, a qual ela leria assim que possível e não sairia dali sem vê-lo, ao menos era o que ele esperava.

[...]

Rosalie estava com o pai na sala de espera, reservada a família, quando ouviu o celular, dentro da bolsa, avisando da chegada de uma mensagem de texto. Sem fazer ideia de quem era apenas ignorou, prestando atenção nas palavras do médico, que logo em seguida se retirou.

Depois de Rosalie muito reclamar, Ryan conseguiu com que ela voltasse para casa, pois ele ficaria no hospital com a esposa aquela noite. Ryan lhe entregou as chaves do carro e da casa quando se despedia.

- Vá para casa e tente dormir um pouco. Descanse filha, amanhã teremos um longo dia... – disse Ryan, beijando a testa da filha. – Dirija com cuidado e não dê carona a nenhum estranho, de forma alguma.

- Claro que não pai – murmurou, apertando o corpo forte do pai em seus braços delicados. – Meu pai me ensinou que isso pode ser bastante perigoso. E que por trás de muita simpatia quase sempre se esconde um psicopata. É sempre bom ficar atenta.

- Essa é a minha garota – sussurrou Ryan, beijando a testa da filha novamente. – Agora fique tranquila, você ouviu os médicos, mamãe não corre risco de vida. Amanhã quando você vier traga algumas coisas para ela.

Rosalie se afastou. – E para você também, pai.

Juntos, pai e filha saíram da sala de espera, porém, seguiram direções opostas. Ryan ficaria para passar a noite no hospital ao lado da esposa, já Rosalie se encaminhou para a saída. Foi somente quando estava caminhando, sem pressa, pelos corredores gélidos do hospital que ela retirou o celular da bolsa para verificar a mensagem.

“Rose já estou aqui amor, mas não me deixaram entrar. A moça disse que o horário de visitas já havia chegado ao fim. Estou te esperando na sala do balcão de informações, na entrada do hospital.”

Rosalie sentiu os batimentos cardíaco acelerar descontroladamente, esmurrando seu peito. Suas pernas ficaram bambas, suas mãos começaram tremer. No entanto, dessa vez, não fora por culpa do medo como quando soube que sua mãe estava a caminho de um hospital. Dessa vez fora de ansiedade e dúvida. Ansiedade para vê-lo e dúvida do que iria fazer a seguir.

Institivamente passou as mãos nos cabelos, que estavam presos em um coque frouxo. Amava tanto aquele homem, e já fazia algum tempo que não o via. A cada passo que dava em direção a entrada principal do hospital, diminuindo a distancia entre ambos, sentia a respiração ficar pesada. Com mãos trêmulas, guardou o celular novamente na bolsa se recriminando, se sentindo ridícula por estar reagindo de tal maneira já que fora ela mesma quem tomara a decisão de se afastar.

[...]

Emmett estava impaciente, não parava de mexer os pés. Seus olhos não desviavam por um segundo sequer do corredor ao lado esquerdo do balcão de informações.

De tempos em tempos pessoas entravam e saiam da sala onde ele estava à espera de Rosalie. No entanto, sentia-se como se estivesse na cena de um filme, o qual não fazia parte. Tudo o que pensava e desejava era ver Rosalie. Por ela foi capaz de, mesmo com o coração partido, deixar sua gotinha de amor para trás sabendo que choraria sua falta.

Emmett ficou de pé, como em um filme em câmera lenta, quando a viu apontar no corredor. Seu coração deu um tranco dentro do peito para logo em seguida voltar a bater desesperadamente. Apesar dos olhos tristes ela estava tão linda quanto o dia em que saiu de casa. Ela estava de saltos, e o vestido que usava lhe caia como uma luva. A primeira coisa que Emmett pensou foi em abraçá-la. Abraçá-la até que toda a saudade que sentia se dissipasse como uma nuvem de chuva de verão.

Quando Rosalie notou a presença do marido, sentiu uma forte pressão no peito. Uma verdadeira confusão de sentimentos. Seu corpo reagia aos impulsos como se fosse puxada até ele por um imã invisível. Sentiu vontade de correr até ele e abraçá-lo, matar a saudade insana daquele corpo másculo. Sentir a pressão daqueles músculos contra seu corpo frágil. Ouvir o timbre daquela voz novamente sussurrando ao seu ouvido.

À medida que Rosalie se aproximava Emmett ficava mais desesperado para senti-la em seus braços mais uma vez. Não conseguindo se controlar ele caminhou até ela, diminuindo a distância entre ambos, com passos apressados. Em um abraço mutuo e desesperado seus corpos colidiram com força. O abdômen forte prensando os seios frágeis enquanto seus braços se apertavam em volta do corpo um do outro.

Emmett sentiu o corpo de Rosalie tremer em um reconhecimento que se limitava a saudade. Ele a apertou com ainda mais força contra seu corpo, aspirando seu perfume como se sua vida dependesse única e exclusivamente daquilo.

Rosalie encostou o rosto no ombro do marido, aspirando o perfume, relembrando como era bom abraçá-lo, estar com ele. Mas lembrou-se do motivo pelo qual saíra de casa. Lembrou-se de como ele se irritava facilmente e de como repugnava a ideia de adoção. Com a última lembrança, Rosalie se remexeu incomodada tentando sair do abraço de urso.

Perdido na sensação maravilhosa de senti-la em seus braços novamente, Emmett só se deu conta de que ela tentava se afastar quando ouviu seu pedido de forma verbal.

- Emmett... Me solta.

Inicialmente ele se sentiu rejeitado, mas a soltou quando percebeu que estava exagerando no abraço. Rosalie se afastou, fazendo-o se sentir vazio outra vez.

- Não. Não. Não... – pediu ele, desesperado tentando trazê-la de volta para perto.

Rosalie se deixou abraçar novamente. Quando os olhares se encontraram a respiração de ambos ficou entrecortada. Emmett quis beijá-la e pouco a pouco foi diminuindo a distância entre seus lábios. No entanto, Rosalie se afastou mais uma vez.

Emmett entendeu que precisava fazer por merecer aquele beijo, e tantos outros, se a quisesse de volta em sua vida.

Pessoas continuavam passando vez ou outra por ali, mas isso não os afetava. O casal estava excluso em uma bolha pessoal de sentimentos conflitantes.

- Ainda estou brava com você Emmett – disse Rosalie por fim. – Com suas atitudes, com tudo o que me fez sofrer. Aceitei falar com você porque temos uma relação a ser resolvida. Porque apesar de tudo, ainda te amo – Emmett sorriu com a declaração verdadeira. Rosalie notou os olhos dele se encherem de esperança. – Mas – falou pausadamente. – Não significa que já te perdoei.

Emmett suspirou longa e pesadamente. – Tudo bem, eu estou disposto há esperar o tempo que for preciso pelo seu perdão. Espero ser merecedor dele.

Suas palavras, tão verdadeiras, fizeram o coração de Rosalie ficar ainda mais abalado. Tentando não agir apenas pelo coração, tentando manter a todo custo à razão à frente de tudo, com a expressão cansada, ela passou ambas as mãos no rosto.

- Estou cansada... – sibilou ela. – Estou preocupada, apesar dos médicos terem falado que a mamãe vai ficar bem. Não sei... Sinto-me tão estranha... É como se eu precisasse fazer algo, mas não sei o que é. Como se devesse seguir uma direção, mas volto sempre à direção errada.

- Tente não pensar nessas coisas Rose. No momento pense apenas em descansar. Eu chamo um taxi e vou com você a casa dos seus pais.

- Não é necessário chamar um taxi, eu estou com as chaves do carro do meu pai. Ele deixou comigo para que eu pudesse ir para casa. Ele tem pavor de me deixar andar sozinha a noite. Ele é assim desde a minha adolescência...

Emmett estendeu a mão com palma para cima.

- Eu dirijo – Rosalie semicerrou os olhos. – Não vou te raptar. E... Bem... Ainda sou seu marido. Não precisa me olhar com essa cara. Não sou um psicopata te pedindo carona na estrada. Por favor, Rose, mesmo que fiquemos em silêncio, me deixe ficar perto de você.

Após um suspiro, Rosalie colocou as chaves na palma da mão do marido.

- Onde está sua mala. Não veio para cá sem mala, não é?!

Emmett olhou em volta, parecendo não lembrar onde a tinha deixado.

- Ela está bem ali – disse ele, começando a caminhar em direção à mala.

Rosalie seguiu em frente rumo ao estacionamento. Emmett a seguiu de perto. Em momento algum conseguira desviar os olhos dela, era como se tivesse medo de perdê-la de vista. Como se ela fosse evaporar de um momento para o outro, lhe provando que era apenas mais um sonho entre tantos outros que tivera desde sua partida.

Com todo seu coração, uma vez ranzinza, Emmett sabia que a amava. Entretanto, já não sabia se era merecedor de seu amor.


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Notas finais do capítulo

Quem queria que eles se encontrassem (que desse certo dessa vez), levanta a mão e comemora o/. Ele saiu direto do aeroporto para o hospital por causa dela, mesmo não tendo a certeza de que ela o receberia bem. Mesmo com um aperto no peito por ter que deixar a filha.

E nossa Gotinha nem imagina que o papai está com a mamãe Ose agora. Ela não quis de jeito algum se afastar da foto de Rose, talvez fosse um prelúdio. O titio e a vovó distraíram ela por enquanto.

E não se esqueçam de deixar suas impressões quanto ao capítulo nos reviews, combinado galerinha?

Se achar que a fic merece, recomende o/

Beijo, beijo

Sill