Peeta vai embora antes que ela possa se explicar. Ótimo, Gale. Perfeito. Você é um idiota. Você estragou tudo. De novo. Por que eu fui dar ouvidos à ela? Ela nunca gostou da Katniss. Agora eu entendo. Mais ou menos. Johanna vai me pagar!
Ela olha pra mim com uma fúria visível nos olhos. Mas eu mesmo estou furioso demais para ficar triste.
–Me desculpa? - eu digo friamente
–Não. Desta vez não.
–Tudo bem então. Eu já vou indo, preciso falar com uma pessoa - eu me viro sem dar mais nenhuma palavra.
Vou em direção ao quarto de Johanna. Quero que ela esteja dormindo. Quero acordá-la de seus maravilhosos sonhos. Ela não se apega a ninguém, então não tem pesadelos.
Bato na porta, ninguém atende. Bato de novo. Nada. Não importa, ficarei aqui a noite toda se precisar. Tento abrir a porta, mas está trancada. Ela nunca confiou nem confia em ninguém. Continuo batendo na porta. Uns 10 minutos depois, ouço um forte barulho e sinto batidas no chão. Ela deve ter se levantado com muita raiva. Eu estou encrencado. Assim como ela. Ela abre a porta e grita:
–O que você quer, Gale?!
–Não grita! Preciso falar com você - Eu a levo para dentro do quarto. Ela senta na cama e eu sento ao seu lado.
–Por que fez isso? - eu pergunto
–Pode, ao menos, me dizer o que eu fiz?
–Você fez eu tentar a Katniss só pra ela brigar comigo! Você me convenceu a tentar separa-los só pra ela ficar com raiva de mim! - Ela fica com um grande sorriso no rosto.
–Então, quer dizer que ela ficou brava por você ter tentado beijar ela de novo? - ela diz com deboche
–Não - Ela parece surpresa - Ela ficou brava por que por minha causa, Peeta terminou com ela. - eu digo contrariando-a
–Sério?! - Ela não parece tão feliz agora. Acho que isso não fazia parte dos seus planos - Bom... tanto faz.
–Mas, me explica... Por que fez isso?!
–Porque ela ama Peeta e você também merece coisa melhor! Não pode se atrelar à essa garota. Ela não quer nada com você!
–Não fale mal dela e isso não é da sua conta - Tento me manter calmo - Não se meta nisso. Por que isso te importa tanto?! - Mas não consigo, já estou quase gritando.
Então ocorre a coisa mais inesperada que se poderia acontecer. Ela me beija. Johanna Mason está me beijando. Mas ela não se importa com ninguém, ela não gosta de ninguém... Mas não importa, apenas desfruto de seu beijo. É um beijo quente e delicado. Calmo e extenso. Apenas alguns minutos que parecem uma eternidade. Nós nos afastamos e ela me olha sem graça. Ainda estou surpreso.
–Você merece coisa melhor - ela me diz ainda olhando para mim. - Não pode passar sua vida atrás de uma garota que não vale a pena - Ela ainda está bem próxima
–Tem razão - Eu a beijo desta vez. Quando nos afastamos, ela sorri de orelha à orelha.
–Eu venho tentando fazer isso desde que você me salvou na Capital
–Mas a gente se conheceu lá... - Estou confuso. Como ela pode ter pego sentimento por mim tão rápido?
–Exatamente. Você sempre foi e sempre vai ser meu herói. - Nós ficamos fitando um ao outro com sorriso no rosto.
–Ah, e foi mal pela sua amiguinha. Só não queria que você ficasse com ela. - Ela ri um pouco
–Você poderia só ter me beijado, sabia? Não precisava ter arruinado um namoro e amizade de anos.
–Tanto faz.
–Por falar nisso, tenho que falar com Peeta - Ela me olha suspeita - Katniss é minha amiga e não quero vê-la triste.
–Tudo bem - Dou um selinho nela e saio em direção aos outros quartos. Com certeza ele não está em seu quarto com Katniss, então terei de procurá-lo. Felizmente o trem não é tão grande.
Passo por vários quartos vazios. Encontro um fechado. Bato na porta e ninguém atende, mas ouço um barulho. Ele não está dormindo. Deve pensar que é a Katniss.
–Peeta, sou eu! Gale! - ele não me atende. Como sou burro! É claro que ele também não quer falar comigo! - Peeta sei que está acordado, abra a porta!
–Me deixe em paz e vá atrás da sua namoradinha! - ele grita
–Não dá, Johanna já foi dormir! - Eu falo tentando conter o riso. Ele abre a porta na hora
–Como é?
–Peeta vamos conversar, não foi o que você viu
–Nunca é, né Gale! Nunca é...
–Peeta-
–Vocês estão sempre de segredinhos, me escondendo as coisas...
–Peeta, volta com ela, não foi culpa dela...
–Não! A culpa foi sua, mas ela correspondeu. Ela sempre corresponde. Ela sempre está confusa. Isso não é novidade.
–Eu sei que eu sempre trago confusão, a culpa é inteiramente minha. Eu nunca devia ter saído do 2...
–Gale-
–Peeta, ela te ama!
–Não sei, Gale. Já não sei o que ela sente à esse ponto. Preciso dormir. Por favor, vá embora
–Tudo bem, mas pense nisso - Eu saio e ele fecha a porta atrás de mim. Mas que muleque teimoso.
Vou para o meu quarto e durmo. Foi um dia exaustivo