Dramione - Só Sei Dançar Com Você escrita por Mahizidio


Capítulo 5
Capítulo 4




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Hermione ficou horas e horas virando na cama antes de dormir. A conversa que tivera com Malfoy pouco antes dele ir embora não saia de sua mente. Ela sabia que, se realmente quisesse voltar a ser quem sempre fora, ali estava a oportunidade perfeita para isso. Além de ter demonstrado o quanto Draco estava disposto a lhe dar.

Eu tenho uma proposta para te fazer, Hermione. As palavras voaram para mente dela novamente. Lembrava da sensação do seu nome soando tão naturalmente enquanto saia dos lábios dele, como se sempre houvesse dito daquela maneira.

Ambos estavam sentados frente a frente na bancada novamente. Hermione prendeu ligeiramente a respiração ante as palavras dele. Draco pareceu inclinado a pousar uma de suas mão sobre as de Hermione, que descansavam unidas no tampo da mesa, mas desistiu no meio do caminho. Olhou com o mesmo olhar que parecia fazer uma leitura critica do rosto pálido dela, deixando-a nervosa. Por fim, depois de insuportáveis segundos, disse:

– Onde você anda conseguindo dinheiro para se manter, Hermione?, o olhar dela arregalou-se um pouco com a pergunta. Nunca imaginou que ele fosse pensar sobre isso.

Um pouco desorientada, ela disse que boa parte era da indenização que recebia mensalmente do Ministério pelo marido – não teve coragem de pronunciar o nome dele em voz alta, na frente de Malfoy – ter morrido em serviço, e o que faltasse retirava das economias que havia juntado durante toda a vida.

Por um momento o loiro não disse nada, como se avaliando a situação. Então, lançando um olhar cheio de expectativas a ela, disse:

– Você é advogada, não é? Advogada e costumava trabalhar com algumas empresas, certo?, com um meneio de cabeça ela concordou e ele prosseguiu: O Dr. Ledger, advogado da minha empresa com o Zabini, está doente. Temos uma equipe, mas ele era a cabeça de tudo. E estamos passando por alguns problemas; Hermione o observava com certa admiração, não estava mais falando com o Draco Malfoy que passou o dia inteiro cuidando de uma viúva inconsolável, ali era o empresário bem sucedido e que fizera muito esforço para chegar onde estava. Ele continuou: e eu acho que você seria uma pessoa tão competente quanto ele para assumir, temporariamente, esse cargo, Dra. Granger.

Hermione ficou espantada com a ideia e, por vários segundos, sem saber o que responder. Malfoy tampouco esperou por uma resposta. Levantando-se, disse:

– Não espero que você tenha uma resposta imediata para a minha oferta. Amanha eu te trago alguns papéis com informações relevantes para você poder analisar a situação melhor, mas, devo adiantar, não tenho muito tempo para que você se decida, Hermione. E, sinceramente, acho que isso seria muito bom para você.

O cansaço do dia finalmente foi tomando conta da mente de Hermione e ela teve um sono tranquilo, incrivelmente sem sonhos.

xx

Draco não acreditou quando já estava em sua casa, deitado na cama, pronto para dormir. Tinha sérias dúvidas se aquele realmente fora um dia de apenas vinte e quatro horas. Depois de ter feito a proposta de emprego à Granger, saiu sem esperar por qualquer resposta. E, tinha que admitir, estava com medo dela não aceitar e ainda se ofender. Mas não tinha ânimo para pensar sobre isso, precisava mesmo era de uma boa noite de sono.

xx

Ao abrir os olhos, Hermione constatou que o sol já estava alto no céu. Ela não conseguia nem se lembrar quando havia sido a última vez que dormira a ponto disso acontecer. Ainda cambaleante de sono, foi até o banheiro e depois desceu para a cozinha, o estômago dando sonoros sinais de fome. Olhando para a falta de sujeira costumeira, lembrou-se de tudo o que havia acontecido no dia anterior. Uma torrente de emoções a atingiu e ela teve que se apoiar na bancada para evitar cair. Lembrou-se também que não tinha comida alguma em casa. Malfoy inclusive havia dito que ela deveria ir ao mercado.

Soltou um riso irônico com a lembrança. Só ironia para fazê-la aceitar toda essa situação quase humilhante. E agora ele ainda lhe oferecera um emprego!

Hermione pensou seriamente em tomar um belo copo de uísque, já fizera isso várias vezes pela manhã; mas pensou que se Draco realmente fosse levar qualquer coisa que fosse para ela analisar, seria no mínimo esperado que ela estivesse sóbria. Respirou fundo, acendeu um cigarro e começou a abrir os armários a procura de uma lata de leite em pó que, ela sabia, tinha em algum lugar ali.

Há tanto tempo não fazia compras que Hermione mal sabia o que devia comprar. Depois de várias horas perambulando pelo supermercado do bairro, achou que já havia pegado tudo do que precisava e voltou para casa. Quando chegou, percebeu que havia um envelope deixado na porta. Era de Draco, colado a ele tinha um bilhete dizendo que ele não poderia se encontrar com ela naquele dia, mas que pela manhã do dia seguinte iria até lá e que precisava de uma resposta sobre o emprego também até o dia seguinte.

Uma sensação frustrante passou pelo corpo dela ao ler aquelas palavras. Até aquele momento ela não havia percebido, mas estava inconscientemente esperando por Draco. Enquanto jogava-se no único lugar não poeirento do sofá, deixou que a mente vagasse mais uma vez para aquele beijo. Viu-se fechando os olhos e tocando os lábios, como uma adolescente que finalmente havia havia trocado seu primeiro beijo. Mas ela não era uma adolescente, tampouco aquilo estava certo. Tratou de afastar aqueles pensamentos e logo abriu o envelope que Draco mandara.

xx

Malfoy não acreditou quando finalmente estava batendo à porta de Granger, parecia que tinha ficado o dia anterior inteiro segundo a respiração e só agora se dera conta disso. Já não era tão cedo assim, e havia avisado à Granger o horário que iria até lá; começou a preocupar-se quando ela não abriu a porta, duvidando que ela ainda estivesse dormindo.

Depois de cerca de cinco minutos batendo, usou um feitiço para destrancar a porta e entrou na casa. Aquele cheiro horrível que o deu náuseas dois dias antes já estava bem mais fraco, e uma rápida olhada em volta o fez perceber que já não havia tanta poeira em todos os lugares. Deixou um sorriso de lado escapar pelos lábios, Granger estava começando a reagir, afinal.

Olhando para a cozinha, viu que a porta que dava para o lado externo da casa estava aberta. Logo que passou pôde ver Hermione. Por um momento, Draco prendeu a respiração. Ela estava deitada em uma cadeira de jardim. Vestia uma regata e um shorts curto, deixando quase toda pele demasiadamente pálida à mostra. Mesmo já passando do meio do outono, o dia estava bem quente e, milagrosamente, o céu estava de um azul cristalino. Os olhos dela estavam fechados e, em uma das mãos que pendiam do braço da cadeira, tinha um cigarro aceso. Os fios soltos do cabelo mexiam-se com a leve brisa que soprava, o sol batendo diretamente no rosto dela dava uma vida que há muito ele não conseguia enxergar naquela mulher. Queria simplesmente chegar pero dela e tocar-lhe a pele clara, sentir o calor dos raios solares naquele corpo, e afundar-se novamente nas sensações que o consumiram enquanto se beijavam.

Mas, não podendo fazer nada do que desejava, respirou fundo e caminhou os poucos metros que os separavam. Antes de alcançá-la, ainda com os olhos fechados, Hermione levou o cigarro até os lábios. Sem saber porque, Draco se lembrou de quando o cigarro era um de seus escassos amigos. Sempre mandava que comprassem do mais caro para ele. Não importava a marca, desde que soubesse que haviam gastado o máximo possível para sustentar o vício dele. Sabia que os Comensais deviam, por ordens do próprio Voldemort, fazer tudo o que ele pedisse. E comprar cigarros era uma dessas coisas. Lembrava-se de fazer feitiços para apagar as frases “Smoking kills” ou qualquer outra ameaça à saúde que vinham impressas nos maços. Odiava essa hipocrisia, era muito mais fácil proibirem de vender do que ficar com essa baboseira, todo fumante sabe os riscos que está correndo. E ainda teve um lamentável dia em que não aceitou o cigarro que haviam comprado. Davidoff Classic Gold. O maço era vermelho, um vermelho Grifinória que o deu nojo na hora. Disseram que não tinha o que ele estava acostumado, Embassy ou qualquer coisa do tipo (incrível como a mente humana é, ele se lembrava perfeitamente do nome de um cigarro que sequer fumou, mas tinha dúvidas sobre o nome do que já havia se acostumado), e que compraram do mais caro, como ele pedira. Agora ele era capaz de rir com uma cena dessas, mas em seu sexto ano um simples maço de cigarros que lembrasse a Grifinória o fazia ter incríveis ataques de insanidade.

Assustada, Hermione abriu os olhos e sentou-se ereta na cadeira. Malfoy estava à frente dela, com aquele olhar que parece chegar até a mente de quem ele olha. Ela respirou fundo e tentou inutilmente cobrir um pouco do corpo. Havia se esquecido da hora e não percebeu que ele já devia estar chegando. Pretendia estar um pouco mais formal, afinal, aquilo era quase uma reunião de trabalho. Draco continuava a fitá-la e Hermione achou melhor desviar o olhar; sentia que seu coração poderia pular pela boca a qualquer momento.

– Você está me parecendo bem melhor, Granger; ela já não se importava mais com o sobrenome, sabia que de nada adiantaria pedir para não ser chamada assim. Draco sentou-se na cadeira ao lado dela e pegou a pasta que estava em cima de uma mesa, dizendo em seguida: pelo visto você andou estudando os documentos.

Passaram um bom tempo discutindo a situação da empresa de Draco e, por fim, pouco antes do meio dia, ela disse que aceitaria o emprego. O loiro mal podia acreditar que havia conseguido, mas demonstrou quase indiferença e logo disse que eles deveriam entrar porque ele estava derretendo naquele sol insuportável. E, de fato, Hermione pôde perceber como o cabelo dele estava grudando na testa e nuca e a pele sempre tão branca, fincando avermelhada. Ela não queria ser culpado por Malfoy adquirir câncer de pele.

Hermione preparou um almoço, que, Draco teve que admitir, ficou muito bom. À tarde, foram terminar de arrumar a casa. O loiro percebeu que ela já havia limpado o chão e tirado a poeira de tudo, mas ainda faltava o amontoado de coisa sobre a mesa de jantar. E ele ainda estava com aquele manuscrito encasquetado na cabeça. Seria a oportunidade perfeita para saber o quê, e porquê, Granger escrevera sobre ele.

Ela não fazia ideia de quantas coisas tinham em cima daquela mesa. Contas de vários tipo, cartas, revistas, jornais, livros, pergaminhos. Colocou todos os livros espalhados pelas várias estantes – já repletas de livros – da casa. Jogou todas as cartas, sem nem mesmo abrir, em um saco de lixo. Arrumou todas as contas por ordem de vencimento, e se preparou mentalmente para ficar com saldo negativo no banco. Jogou todos os pergaminhos soltos e as revistas e jornais também no lixo. Estava prestes a jogar um calhamaço de pergaminhos fora quando Malfoy segurou sua mão.

– Granger, espera! Você viu o que é isso?, perguntou sabendo que se tratava do suposto livro de Hermione. Não podia acreditar que iria jogar até aquilo fora. Já estava planejando bisbilhotar o lixo de cartas dela, surrupiar mais esses papéis não seria problema nenhum caso ela realmente os descartasse. Hermione o olhou de lado e parou para ler o que tinha nas mãos.

Enquanto passava os olhos pelas linhas escritas com a própria caligrafia, soltou um Oh!, de reconhecimento e surpresa, o olhar se iluminando a cada linha que passava. Em seguida, sem dizer nada, guardou-os em uma das gavetas da estante onde ficava a televisão e voltou para a mesa. Draco ficou a fitando por alguns segundos e por fim disse:

– O que era aquilo, Hermione? No outro dia – eu sei, não devia ter feito, foi logo se justificando – eu li um pouco... e está falando de mim ai!

Os olhos de Hermione se arregalaram e ela abriu e fechou a boca várias vezes antes de conseguir formular alguma coisa, nada convincente, por sinal:

– Não tem nada sobre você naquilo, Malfoy. Você deve ter lido errado! Draco achou melhor ignorar e descobrir mais sobre isso depois.

xx

Os dias foram passando em uma rotina completamente nova para Hermione. Ela ia todos os dias para o prédio imponente onde ficava a empresa de Malfoy. Tivera várias reuniões com ele e Zabini – que se mostrou muito amigável – e com o Dr. Ledger, que, embora afastado do cargo, sempre a auxiliava com o possível. Ficava incessantes horas analisando documentos que não acabam nunca.

Assim, mal teve tempo de lembrar a morte de Rony; ia, quando dava tempo, visitá-lo no cemitério apenas nos finas de semana, e sabia que ainda aquilo já não era mais tão necessário. Estava começando a sentir-se viva novamente. Sua casa voltara ser apresentável, assim como ela mesma. Mas ainda faltava alguma coisa. Ela não saberia dizer se era realmente o lugar de Rony que continuaria sempre vazio, ou algo mais.

Já era meio de dezembro e ela estava almoçando com Draco no restaurante perto do escritório quando ele a surpreendeu com uma pergunta:

– Há quanto tempo não vê seus amigos, Hermione?, indagou calmo e cauteloso, como se soubesse que aquela era uma ferida ainda aberta.

– Por que essa pergunta agora, Malfoy?, rebateu, irritada, com outra pergunta. Ela já havia, inconstáveis vezes, pensado na falta que sentia dos amigos. Mas a dor de vê-los era tão grande quanto a falta que seu marido fazia. Ele, vendo que não chegariam a lugar algum com aquela conversa, meramente balançou a cabeça negativamente e disse:

– Vamos!

Mal haviam saído do estabelecimento, Hermione acendeu um cigarro. Fazia dias que Draco não a via fumando e arrependeu-se por ter feito aquela pergunta.

xx

– Devo admitir que me surpreendi quando recebi seu recado, Malfoy.

Draco apertou a mão estendida do rapaz de cabelos arrepiados e olhos verdes a sua frente e respondeu sem emoção alguma:

– Não esperava outra coisa de você, Potter.

Harry revirou os olhos e ambos sentaram-se na mesa entre eles.

Depois de fingir jogar fora todas as cartas de Hermione, Draco levou tudo para casa e leu uma por uma. Mais de cinquenta por cento era do Potter, a esposa e os pais de Hermione. Resolveu, com isso, que deveria ter uma conversa com “o menino que sobreviveu”. Embora não tivesse mais nenhuma desavença com Potter, ainda não suportava olhar mais do que alguns segundos para a cara de tapado dele.

Querendo quebrar o silêncio incomodo que ficou depois de o garçom ter se retirado, Harry disse:

– Não imagino o que você possa querer falar comigo...

Respirando fundo e indo direto ao assunto, Draco, olhando firmemente para o amigo de Hermione, disse:

– É sobre a Granger que eu quero conversar com você, Potter.

Dentre todos os assuntos inimagináveis para falar com Malfoy, Harry achou que esse seria o primeiro da lista. Há tanto tempo não falava com a amiga, nem recebia notícias dela e agora vinha justamente ele querer conversar sobre Hermione. Em quase estado de choque, Harry ficou mudo por vários segundos até que, beirando um ataque de fúria, disse:

– O que você quer dela, Malfoy?

– Não acha que ela já está bem grandinha para que você tenha que a defender, Potter? O que, certamente, você não conseguiu fazer nos últimos anos, se me permite dizer; falou transbordando sarcasmo. Como Harry não respondeu ele continuou: Provavelmente nada diferente do que você quer.

Muito resumidamente, Draco contou como tinha passado os último meses atrás de Hermione e que a cerca de um mês ela trabalhava para ele. Com uma risada seca, Harry disse ao terminar de ouvir o que Malfoy havia contado:

– E você acha mesmo que eu vou acreditar que você esta fazendo tudo isso por caridade?, cerrando os olhos, inclinou-se sobre mesa e quase sibilou: O que você quer dela, Malfoy?

Draco ficou o fitando por vários segundos, ponderando se seria prudente, em um local público, dar um soco na cara de um auror tão conhecido quanto o Potter. Finalmente, disse:

– Acho que eu estava superestimando a sua inteligência, Potter; falou o mais friamente possível. Ou você é surdo e não ouviu uma palavra do que eu disse?, ficou esperando até que Harry se encostasse na cadeira novamente e falasse alguma coisa.

– O que você me disse simplesmente não faz o menor sentido!

– Em momento algum eu disse que ia narrar algum conto de fadas, Potter; disse com um sorrisinho de canto que fez Harry ficar ainda mais irritado. A questão é que eu estou, sim, ajudando a sua querida amiga. E eu li todas as cartas que você e a Weasley mandaram para ela (Draco fingiu não ver a cara de indignação do auror) e, devo avisar, ela sequer se deu ao trabalho de abrir-las. Vocês têm que conversar, Potter. Não podem fingir que ela não existe e ela fingir que vocês não existem. Não é como se eu gostasse de dizer, mas vocês são parte da vida dela.

– E você acha que não tentamos conversar com ela, Malfoy?, disse levantando a voz. Não é porque está a ajudando que você a conhece! E nós não fingimos que ela não existe, como você bem deve ter visto, já que leu todas as correspondências dela.

– Eu agradeceria muito se você não gritasse, Potter. As pessoas estão começando a olhar para nós, e acho que você não vai querer arrumar uma confusão em público. Draco levantou-se e, olhando para Harry de cima, disse: Bem, se você acha que eu não posso fazer nada, não vou ficar aqui perdendo o meu tempo. Se mudar de ideia, sabe onde me encontrar.

Dizendo isso, Draco deixou o, ainda para ele, indesejável nº 1 sentado sozinho à mesa do restaurante enquanto caminhava lentamente para fora do local.


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Notas finais do capítulo

E ai, pessoal, demorou um pouquinho pro cap vir, mas ele chegou! o que acharam?? Comentários??(revisei, mas se ficou alguma coisa pra trás, desculpaaa!)Bjss! Até o prox! *-*